1. AS Aflatoxinas
- As aflatoxinas, assim como outras micotoxinas são metabolitos secundários, habitualmente tóxicos, produzidos por algumas espécies fúngicas. As micotoxinas são compostos policetónicos resultantes de reacções de condensação que se produzem quando, sob determinadas condições físicas, químicas e biológicas, se interrompe a redução dos grupos cetónicos na biosíntese dos ácidos gordos realizada pelos bolores. Estes ácidos gordos são metabolitos primários utilizados pelos bolores como fonte de energia. As micotoxinas formam-se habitualmente no final da fase exponencial ou no início da fase estacionária do crescimento dos bolores toxicogénicos (GIMENO & MARTINS, 2003).
As aflatoxinas são essencialmente produzidas por Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. O Aspergillus é um bolor que pertence sobretudo à flora de armazenagem. Geralmente, a temperatura mínima necessária para o seu desenvolvimento e produção de micotoxinas é 10 - 12º C. A actividade de água (aw) mínima necessária para o início do desenvolvimento e consequente produção de micotoxinas é de 0,75 e de 0,83, respectivamente. O Aspergillus cresce e pode produzir micotoxinas de forma óptima a 25º C, com uma actividade de água de 0,95. No entanto, existem estirpes de Aspergillus flavus que em substratos como o arroz, se desenvolvem entre 6 e 45º C, com um nível óptimo a 37º C, ocorrendo a produção de micotoxinas entre 11 e 36º C, com um nível máximo de produção a 30º C (HESSELTINE, 1976).
Actualmente, conhecem-se 18 tipos de aflatoxinas, de entre as quais as mais tóxicas são a aflatoxina B1 (AFB1) e a aflatoxina M1 (AFM1) (sendo esta um derivado metabólico da aflatoxina B1 proveniente do metabolismo de alguns animais), normalmente encontrada no leite e na urina.
Seguem-se, depois, por ordem decrescente de toxicidade, as aflatoxinas G1 (AFG1), M2 (AFM2), B2 (AFB2) e G2 (AFG2) (sendo a aflatoxina M2, um derivado metabólico da aflatoxina B2 e proveniente do metabolismo animal, detectada também no leite e na urina).
As aflatoxinas podem-se encontrar como contaminantes naturais nos cereais (essencialmente no milho, trigo e arroz) e nos subprodutos de cereais, bagaços de oleaginosas (algodão, amendoim, colza, coco, girassol e outros), mandioca, assim como numa série de alimentos para humanos de entre os quais se destacam os cereais, produtos de cereais, frutos secos, produtos de salsicharia, especiarias, vinhos, leguminosas, frutas, leite e derivados.
1.1. Toxicología
As aflatoxinas possuem uma elevada actividade cancerígena, teratogénica e mutagénica. A principal síndrome que produzem é hepatotóxica, podendo também provocar problemas renais. Os órgãos fundamentalmente afectados são o fígado, os rins e o cérebro (HESSELTINE, 1976; EDDS, 1979).
As aflatoxinas são imunossupressoras uma vez que inibem a fagocitose e a síntese proteica (os anticorpos são proteínas) interrompendo a formação do ADN, ARN e proteínas no ribossoma; a absorção dos aminoácidos vê-se alterada e sua retenção hepática aumenta (SMITH, 1982; SHARMA, 1993).
2. Absorção e Transmissão da Aflatoxina B1 no Organismo Animal
A AFB1 é absorvida via tracto gastrointestinal, dentro do sistema portal sanguíneo e é transportada para o fígado onde se processa a sua metabolização. Uma fracção da aflatoxina é activada e fixada nos tecidos hepáticos. Alguns metabolitos conjugados da AFB1 hidrossolúveis são excretados por via da bílis, através das fezes. Outras formas conjugadas hidrossolúveis, produtos de degradação da AFB1 e respectivos metabolitos não conjugados são excretados no sistema circulatório sanguíneo distribuindo-se por via sistémica e passando eventualmente para o leite, ovos, músculos e tecidos comestíveis (DENNIS & HSIEH, 1981). A AFM1 é um desses derivados metabólicos que passa para o leite, contaminando-o. A partir da AFB1 formam-se outros metabolitos, entre os quais, o aflatoxicol (com um grau de toxicidade 18 vezes menor que o da AFB1) e a aflatoxina B2a (não tóxica).
Geralmente, o organismo animal cria estes produtos metabólicos como um sistema de auto-destoxificação. A reacção que se produz a partir da micotoxina original não tem, forçosamente, de ser nem completa, nem irreversível.
3. Relação entre a quantidade de AFB1 ingerida e a concentração de AFM1 excretada no leite.
Nas vacas leiteiras, a relação entre a concentração de AFB1 na ração final (arraçoamento e/ou unifeed) e a da AFM1 excretada no leite pode ser de 300:1; contudo, essa relação é muito aproximada situando-se o nível entre 34:1 e 1600:1. Assim, em vacas leiteiras Holstein que ingeriram rações finais contendo 80, 86, 470, 557, 1493 e 1089 microgramas de AFB1/Kg (ppb) (de matéria seca) foram detectadas concentrações de AFM1 no leite da ordem das 1,5; 0,245; 13,7; 4,7; 12,4 e 20,2 microgramas/litro (ppb), respectivamente. Em vacas Brindle o nível de contaminação da ração foi 540 ppb de AFB1 e no leite de 0,92 ppb de AFM1. Noutras vacas os valores de contaminação na ração oscilaram entre 64 e 1799 ppb de AFB1, evidenciando resíduos de AFM1 no leite, entre 0,35 a 14,2 ppb (RODRICKS & STOLOFF,1977; GIMENO & MARTINS, 2000a).
Para uma ingestão de AFB1 correspondente a 2-60 mg/vaca/dia, os resíduos de AFM1 no leite podem oscilar entre 1 e 50 ppb (EDDS, 1979), representando rações finais contaminadas com 57 a 1714 ppb de AFB1 para níveis de consumo de 35 kg de ração/vaca/dia. A vaca consegue transformar a AFB1 em AFM1 no espaço de 12 a 24 horas após a ingestão do alimento contaminado. Inclusivamente, passadas apenas 6 horas podem aparecer resíduos de AFM1 no leite.
Alguns autores (PATTERSON et al,1980; VAN EGMOND, 1989) referem que o nível de resíduos de AFM1/dia (mg) no leite pode corresponder aproximadamente a 2,2% da ingestão diária de AFB1 (mg), com um CV entre 42 e 59%. Dividindo o resultado obtido pela quantidade de litros de leite produzidos/vaca/ dia e multiplicando por 1000, é possível obter a concentração de AFM1 (ppb) no leite.
Outros autores (SIEBER & BLANC, 1978; VAN EGMOND, 1989) afirmam que esta relação se situa entre 0 e 4% com um valor médio de 1%. Estes autores propõem a seguinte equação: y = -2,55 + 0,84x (r2 = 0,73; n = 43), em que x = mg AFB1/vaca/dia; y = microgramas AFM1/litro de leite (para uma média calculada de 20 litros de leite/vaca/dia).
A concentração de AFM1 no leite varia consoante a raça da vaca, a concentração de AFB1 na ração, a quantidade e a duração do consumo do alimento contaminado e o estado de saúde do animal. Contudo, deve-se acrescentar que estas discrepâncias de correlação entre os diversos autores se devem, entre outras razões, ao sistema metabólico de um animal poligástrico, o que explica que as concentrações de AFM1 no leite possam variar de animal para animal, de um dia para o outro e de uma produção de leite para a seguinte.
4.- Historial das Contaminações com AFM1 no Leite e Derivados, Nalguns Países da Europa.
Em 1981, em Portugal, foram analisadas 74 amostras de leite cru, 39% das quais se revelaram positivas para AFM1 com concentrações compreendidas entre 0,06 e 0,065 ppb e um número muito reduzido de amostras com 0,180 ppb. Os autores indicam que em leites comerciais pasteurizados e UHT (ultra high temperature-treated) [ultra-pasteurização] foram detectados níveis de contaminação semelhantes, muito embora o número de amostras em análise tenha sido inferior (OUAKININ & MARTINS, 1982).
Em Itália, durante 1991 e 1994, foram analisadas 223 amostras de queijos (Grana Padano), das quais 91% estavam contaminados com AFM1 em concentrações situadas entre 0,005 e 0,100 ppb e só 6,7% apresentavam níveis de contaminação entre 0,100 e 0,250 ppb (PEITRI et al, 1997). Em 1995, foram analisadas 159 amostras de leite líquido, 97 de leite em pó para lactentes e 114 de iogurte. O leite líquido apresentou níveis de contaminação com AFM1 < 0,001 a 0,108 ppb, numa média de 0,0102 ppb (86%). No leite em pó, os níveis foram < 0.001 a 0,103 ppb , numa média de 0,0218 ppb ( 84%) e nos iogurtes as contaminações situaram-se entre < 0,001 e 0,496 ppb, numa média de 0,018 ppb (80%) (GALVANO et al, 1998).
Também em Itália, durante 1996, foram analisadas 161 amostras de leite líquido, 92 de leite em pó para lactentes e 120 de iogurtes. O leite líquido revelou níveis de contaminações com AFM1 entre < 0,001 e 0,0235 ppb, numa média de 0,0063 ppb (78%). No leite em pó foram observados níveis entre < 0,001 e 0,0796 ppb, com uma média de 0,0322 ppb (53%) e nos iogurtes as contaminações situaram-se entre <0,001 e 0,0321 ppb, com uma média de 0,009 ppb ( 61%) (GALVANO et al, 2001).
Na Alemanha, em 1996, foram encontradas 284 amostras de leite líquido com níveis de AFM1 inferiores a 0,01 ppb. Na Holanda, durante 1994, cerca de 15 amostras de derivados de leite apresentaram contaminações inferiores a 0,02 ppb e 19 amostras de alimentos lácteos para crianças revelaram uma contaminação com AFM1 situada entre 0,02 e 0,06 ppb (JONKER et al, 1999).
Relativamente aos queijos, os estudos efectuados em França e Itália entre 1991 e 1995, num total de 311 amostras analisadas, revelaram contaminações entre < 0,005 e 0,25 ppb. Contudo, a maior percentagem (65%) evidenciava contaminações entre 0,005 e 0,10 ppb (JONKER et al, 1999).
A partir de 1996, e nalguns países da Europa, como França, Itália, Alemanha, Holanda e Portugal, os níveis de contaminação com AFM1, oscilaram entre < 0,001 e 0,060 ppb para o leite líquido comercial; < 0,001 e 0,080 ppb para o leite em pó; < 0,001 e 0,098 ppb para os iogurtes e < 0,005-0,500 para os queijos (COST, 2001; GIMENO & MARTINS, 2002; GIMENO & MARTINS, 2002a).
Em Portugal, em 1999, foram analisadas 101 amostras de leite líquido, das quais, 31 de leite cru e 70 de leite comercial UHT (18 amostras de leite gordo, 22 de leite meio gordo e 30 de leite magro). A incidência da contaminação com AFM1 foi de 80,6% para o leite cru com níveis < 0,005 ppb ( 19,4%), 0,005-0,010 ppb (54,8%), 0,011-0,020 ppb (6,5%) e entre 0,021 e 0,05 ppb ( 19,3%). No leite UHT, 14,28% das amostras evidenciaram contaminações inferiores a 0,005 ppb; foram observados níveis de contaminação oscilando entre 0,005 e 0,010 ppb em 12,85% das amostras; 35,7% apresentaram níveis de contaminação entre 0,011 e 0,020 ppb; 34,28% das amostras evidenciaram contaminações entre 0,021 e 0,050 ppb e em apenas 2,85% foram detectadas contaminações correspondentes a 0,059 e 0,061 ppb. A distribuição percentual de contaminação foi de 94,4% para o leite gordo, 90,9% para o leite meio gordo e 76,7% para o leite magro (MARTINS & MARTINS, 2000).
Num estudo recente, efectuado em Portugal sobre a contaminação de iogurtes com AFM1 foram analisadas 96 amostras de iogurtes (48 obtidas de iogurtes naturais e as outras 48 de iogurtes com pedaços de morango) e 18,8% (18 amostras) evidenciavam um grau de contaminação que oscilava entre 0,019 e 0,098 ppb. Nos iogurtes naturais apenas duas amostras revelaram um nível de contaminação situado entre 0,043 e 0,045 ppb e as 16 amostras restantes pertenciam aos iogurtes com pedaços de morango, observando-se a contaminação mais elevada em 4 amostras num nível entre 0,090 e 0,098 ppb (MARTINS & MARTINS, 2004)
4.1. Contaminação Média na Europa
Na sequência dos resultados de análise para AFM1 conduzida em 10778 amostras de leite procedentes de diferentes países da Europa, o valor médio de contaminação do leite correspondente ao tipo da dieta Europeia observado foi de 0,023 ppb (JECFA, 2001; WHO, 2002).
5. Distribuição da AFM1 nalguns derivados lácteos
A distribuição da AFM1 nalguns alimentos elaborados a partir de leite contaminado, é aproximadamente a seguinte: 40-60% em queijos, 10% nas natas e < 2% na manteiga.
Tendo em conta a elevada hidrossolubilidade da AFM1, não se compreende como é que a maior parte da toxina passa para o queijo e não para o soro. A associação da AFM1 com a caseína, quando esta é precipitada, afigura-se uma explicação razoável para este facto(YOUSEF & MARTH, 1989).
6. A legislação da União Europeia (UE) para as Aflatoxinas B1 e M1
A legislação da UE estabelece uma concentração máxima permitida de 0,005 mg de AFB1/kg de alimento (5 ppb) com um teor de humidade 12% para alimentos completos e alimentos complementares destinados ao gado leiteiro bovino, ovino e caprino (OFFICIAL JOURNAL OF THE EUROPEAN UNION, 2003).
No caso do leite cru, do leite destinado ao fabrico de produtos lácteos e do leite para consumo submetido a tratamento térmico, a concentração máxima permitida de AFM1 é 0,05 microgramas/litro ou kg (0,05 ppb) (OFFICIAL JOURNAL OF THE EUROPEAN UNION, 2003a).
No caso de formulas para lactentes, fórmulas de transição (incluindo leite para bebés e leite de transição)
e alimentos dietéticos destinados a fins medicinais específicos, especificamente destinados a bebés, a concentração máxima permitida de AFM1 é 0,025 microgramas/Kg (0,025 ppb) (OFFICIAL JOURNAL OF THE EUROPEAN UNION, 2004).
Não existe legislação nem para os queijos nem para a manteiga, contudo nalguns países da Europa como a Holanda e a Áustria, a concentração máxima permitida de AFM1 é, respectivamente, de 0,200 e 0,250 ppb para os queijos, e de 0,02 e 0,02 ppb para a manteiga (SMITH et al, 1994; PEITRI et al, 1997; CAST, 2003).
7. A legislação dos EUA (Estados Unidos da América) para a Aflatoxina M1
A FDA (Food and Drug Administration), entidade reguladora nos EUA, estabelece uma concentração máxima permitida de 0,5 ppb de AFM1 nos leites gordo, meio gordo, e magro (EHSO; U.S. FDA, 2000; CAST, 2003).
Esta norma foi também adoptada por alguns países da América Latina, nomeadamente os que formam parte do MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) (MICOTOXINAS ON LINE).
Constata-se, assim, que o nível de contaminação máximo permitido nos EUA e noutros países do continente americano é 10 vezes superior ao permitido pela UE. Voltaremos a abordar este tema no ponto seguinte.
8. Riscos para a Saúde Pública.
Os principais factores com influência na toxicidade das micotoxinas em seres humanos são: a) A biodisponibilidade e toxicidade das micotoxinas; b) Os sinergismos que ocorrem entre elas; c) O teor de micotoxinas ingerido diariamente em função da concentração de micotoxinas e da quantidade dos alimentos ingeridos; d) A continuidade ou intermitência da ingestão do alimento contaminado; e) O peso do indivíduo, respectivo estado de saúde e condição fisiológica; f) A idade do indivíduo. Como tal, as crianças e os jovens são mais sensíveis à toxicidade das micotoxinas devido à maior variabilidade do metabolismo basal e porque eventualmente não possuem os mecanismos bioquímicos suficientes para a destoxificação. Nas crianças, o desenvolvimento do cérebro decorre ao longo de muitos anos após o nascimento, circunstância que pode causar uma maior sensibilidade às micotoxinas que afectam o sistema nervoso central (KUIPER-GOODMAN, 1994).
O potencial carcinogénico da AFM1 é significativamente inferior ao da AFB1, como tal, a AFM1 e a AFB1 possuem uma TD50 (teor de micotoxina passível de desenvolver tumores malignos em 50% dos indivíduos) de 10,38 e 1,15 microgramas/kg p.c. (peso corporal)/dia, respectivamente, o que pressupõe que a AFM1 é cerca de nove vezes menos carcinogénica que a AFB1. A TDI (ingestão de micotoxina diária tolerada) para a AFB1 está compreendida entre 0,11 e 0,19 ng (nanogramas)/kg p.c./dia (0,00011 e 0,00019 microgramas/kg p.c./dia), com um factor de segurança de 5000 e um nível de risco de 1/100000. Os valores de NOAEL (nível de micotoxina estimado sem observação de efeitos adversos) para a AFM1 e a AFB1 são < 2,5 e 0,75 microgramas/kg p.c./dia, respectivamente (KUIPER-GOODMAN, 1990; KUIPER-GOODMAN, 1994).
Se dividirmos o valor de TD50 correspondente à AFM1 pelo factor de segurança 5000, poderemos, hipoteticamente, atribuir um valor TDI para a AFM1 de 2 ng/kg p.c./dia (0,002 microgramas/kg p.c./dia), o que representa, aproximadamente, uma tolerância dez vezes superior à AFB1 comparativamente ao valor mais elevado de TDI para a AFB1 (GIMENO & MARTINS, 2003).
Com o valor médio de contaminação do leite com AFM1 na Europa (anteriormente referido), correspondente a 0,023 ppb e à média de consumo de leite, foi estimada uma ingestão de AFM1 de 6,8 ng/pessoa/dia (0,0068 microgramas/pessoa/dia) para a dieta Europeia (JECFA, 2001, WHO, 2002). Caso se considerasse que todo o leite consumido estivesse contaminado com 0,05 microgramas/kg de AFM1 (nível máximo permitido na UE) ou 0,5 microgramas/kg (nível máximo permitido nos EUA e noutros países), a ingestão de AFM1 na dieta europeia seria assim, respectivamente, de 15 e de 150 ng/pessoa/dia (0,015 e 0,150 microgramas/pessoa/dia) (JECFA, 2001, WHO, 2002 ).
Tendo em conta os valores anteriormente referidos e para jovens com 50 Kg de peso, a ingestão de AFM1/kg p.c./dia seria, respectivamente, de 0,3 ng (0,0003 microgramas) e de 3 ng (0,003 microgramas), para os dois níveis máximos permitidos e anteriormente indicados. O primeiro valor situa-se abaixo da TDI para AFM1 que, hipoteticamente, se considerou ser de 2 ng/kg p.c./dia (0,002 microgramas/kg p.c./dia), não sendo o mesmo para o segundo valor. Aplicando estes cálculos a bebés com 10 Kg de peso, a ingestão seria, respectivamente, de 1,5 e de 15 ng/kg p.c./dia, para os dois níveis máximos permitidos, tal como atrás referido. O primeiro valor continua a ser inferior à TDI mencionada, mas já não é assim no caso do segundo. O nível máximo permitido nos EUA para AFM1, não é aceite na UE (GIMENO & MARTINS, 2003). Se os cálculos forem realizados de outra forma, para uma criança de 20 Kg p.c. que consuma diariamente 0,5 litros de leite contaminado com 0,05 ppb ou com 0,5 ppb de AFM1, a ingestão de micotoxina diária seria, respectivamente, de 1,25 ou de 12,5 ng/Kg p.c./dia. Assim, o primeiro valor é inferior à TDI já referida, ao contrário do segundo valor que a ultrapassa significativamente.
Contudo, devemos ter em conta que os valores da TDI dependem do factor de segurança aplicado, podendo oscilar entre 50 e 50000 (recordamos que uma das formas de obter a TDI, em caso de micotoxinas carcinogénicas, consiste em dividir a TD50 pelo factor de segurança e que depende do método ou critério de extrapolação utilizado) (KUIPER-GOODMAN, 1990; KUIPER-GOODMAN, 1994, GIMENO & MARTINS, 2000; GIMENO & MARTINS, 2003). Como este factor surge como denominador, é evidente que quanto mais elevado for, mais baixo será o valor da TDI e, por conseguinte, mais rigoroso e seguro, e vice-versa, quanto mais baixo for, mais alto será o valor da TDI e, como tal, menos rigoroso e seguro.
No entanto, e muito embora se considere que a AFM1 pode induzir o cancro hepático em roedores através de um mecanismo semelhante ao da AFB1, não existem estudos epidemiológicos adequados que relacionem a dose resposta entre a ingestão de AFM1, a exposição à hepatite vírica B ou C e o cancro hepático. Os riscos adicionais em termos de previsão do cancro do fígado utilizando níveis de AFM1 comparativos de 0,05 ppb (nível máximo permitido pela UE) e 0,5 ppb (nível máximo permitido nos EUA e outros países), são muito pequenos.
Em populações como a dos EUA e da Europa Ocidental, em que a prevalência de hepatite B vírica é de 1%, a prevalência adicional de casos de cancro do fígado associados à contaminação do leite com 0,5 ppb �versus� 0,05 ppb, seria de 29/1000 milhões de indivíduos/ano (JECFA, 2001; WHO, 2002).
Contudo, mantém-se o debate entre a União Europeia e os países que defendem que, o limite máximo de contaminação do leite com AFM1 seja de 0,5 ppb, em vez de 0,05 ppb (CCFAC, 1999; CCFAC, 2000; CCFAC, 2001; CODEX, 2002)
9. Estabilidade da Aflatoxina M1; prevenção e destoxificação.
A AFM1, revela-se geralmente estável em alguns queijos, iogurtes, leite pasteurizado, leite magro ou gordo e gelados. Em processos de pasteurização a 63ºC durante 30 minutos, pasteurização a 77ºC durante 16 segundos, processamento térmico a 64-100ºC durante 15-20 minutos, processamentos térmicos directos durante 3-4 horas e durante alguns processos de pasteurização e esterilização, a concentração de contaminação original do leite cru permanece praticamente inalterada (YOUSEF & MARTH, 1989).
Pelo contrário, através de tratamento térmico a 71-120ºC durante 30 min obtiveram-se reduções da contaminação da ordem de 12 a 35% e, nalguns processos de pasteurização, esterilização, evaporação, secagem Roller e Spray, foi possível conseguir diminuições da contaminação com AFM1 no leite entre 32 e 86%. Nalguns queijos, durante o respectivo processo de elaboração e através de aquecimento a 82-100ºC entre 5 a 30 min não foi possível reduzir as taxas de contaminação. Nalguns casos houve uma redução de 9% quando aquecidos a 90ºC durante 30 minutos. (YOUSEF & MARTH, 1989).
Para o tratamento do leite efectuado pelas centrais leiteiras é possível estudar a aplicação de alguns dos sistemas anteriormente referidos para reduzir a contaminação. No entanto, a melhor prevenção contra a contaminação com AFM1 consiste em não administrar aos animais rações contaminadas com AFB1.
Os métodos de selecção dos grãos de cereais e dos descascados, e posterior separação mecânica da casca e do pó, do resto do cereal, são adequados em termos de descontaminação uma vez que habitualmente a maior concentração de micotoxinas se verifica no pericárpio do grão e no pó do cereal. Sistemas como estes podem ser utilizados tanto nos alimentos para animais como para seres humanos.
Os tratamentos térmicos aplicados a uma matéria-prima ou a um alimento composto não se revelam muito eficazes uma vez que a AFB1 é resistente a temperaturas da ordem dos 120ºC. Apesar de nos sistemas �expander� a temperatura utilizada, nalguns casos, ser superior a 120ºC, o tempo de permanência a essa temperatura é curto e insuficiente para uma redução significativa do teor de AFB1.
Uma ração para poligástricos e, concretamente, para vacas leiteiras, não só contém matérias-primas secas (12-13% de humidade ou água livre) como também, forragens com um teor de humidade ou de água livre muito elevado, da ordem dos 70 a 85%, valores que podem dar origem a actividades de água (aw) muito elevadas de cerca de 0,85-0,98 a temperaturas entre 20 e 25ºC. Estas condições (inclusivamente com actividades de água (aw) inferiores 0,75-0,85) são ideais para o desenvolvimento do Aspergillus e provável formação de AFB1.
Para além das normas de higiene e de limpeza, bem como de fumigação contra insectos, roedores, bactérias e fungos na fábrica de alimentos compostos e na exploração, no tocante às matérias-primas secas gostaríamos de acrescentar que é aconselhável, sempre que possível, armazená-las com teores de humidade situados entre 8-9% e 11-11,5% para oleaginosas como o girassol integral e a soja integral, respectivamente, ou entre 12-13% para amiláceas como é o caso dos cereais, para proporcionar actividades de água (aw) da ordem de 0,65-0,70 a 25-30ºC (GIMENO, 2000), evitando-se, assim, o crescimento de bolores e a eventual produção da micotoxina. Isto é possível aplicando aos silos verticais e/ou celas um sistema de injecção de ar frio e seco introduzido sob a massa do grão e em direcção à superfície. A aplicação torna-se mais difícil em silos horizontais mas, também, é possível (GIMENO, 2000). No entanto, o problema manifesta-se quando as matérias-primas são fornecidas já contaminadas com AFB1 e, infelizmente, não é possível devolvê-las.
Quanto às forragens, o principal problema ocorre durante a elaboração das silagens, face às excelentes condições naturais de humidade e actividade de água (aw) que a matéria-prima base possui e que são ideais para a proliferação fúngica e eventual formação de aflatoxinas e outras micotoxinas. Não se deve esquecer que, em geral, a silagem participa na ração final numa proporção de cerca de 40 a 50% e que para a elaboração destas silagens a matéria-prima base deve ser conservada nas condições de humidade genuínas.
Relativamente às normas fundamentais a adoptar para a sua elaboração, destacaremos apenas uma das mais importantes e que consiste em assegurar sempre uma boa compactação da matéria-prima a ensilar, com um mínimo de câmara de ar possível e que o silo se encontre bem selado de forma a proporcionar uma atmosfera anaeróbia. Ensilar em boas condições de anaerobiose não só permite um bom processo de fermentação como, também, a ausência de oxigénio vai inibir a proliferação fúngica e eventual formação de aflatoxinas e outras micotoxinas, uma vez que a maioria dos fungos são aeróbios (GIMENO & MARTINS, 2002; GIMENO & MARTINS, 2003).
Geralmente, a utilização de fungistáticos eficazes e de amplo espectro de acção, inibe o crescimento e a proliferação fúngica, podendo evitar na presença do fungo a formação de micotoxina. Caso coexistam o fungo e a micotoxina, evitam a formação de mais micotoxina mas não agirão contra esta. Contudo, deverá ter-se em conta que o uso indevido de fungistáticos em concentrações sub-inibitórias, nalguns casos, pode desencadear a sua metabolização por algumas espécies de bolores toxicogénicos e favorecer a produção de micotoxinas (SMITH et al, 1994). Relativamente à destoxificação, está amplamente difundida a utilização quer no alimento composto complementar quer na ração final, de aditivos quimio-adsorventes (argilas, argilas filo-silicatos-HSCAS e glucomananos esterificados). No caso das aflatoxinas, estes aditivos quimio-adsorventes devem ser capazes de se conjugar, dentro do organismo animal, com os grupos beta-cetolactona ou alfa-bislactona contidos na molécula das aflatoxinas, formando complexos estáveis e irreversíveis que, posteriormente são excretados nas fezes, reduzindo assim, significativamente, a transformação da AFB1 em AFM1, e evitando ou até reduzindo os problemas tóxicos que a AFBI pode eventualmente provocar no animal (PHILLIPS et al, 1995; RAMOS & HERNÁNDEZ, 1996; RAMOS et al, 1996; RAMOS & HERNÁNDEZ, 1996; PHILLIPS, 1999; TAYLOR, 1999; GIMENO & MARTINS, 2000; PHILLIPS et al, 2002)
10. Métodos de análise da Aflatoxina M1 no leite e derivados
O método mais aconselhado consiste na utilização prévia de colunas de imuno-afinidade com anticorpos monoclonais específicos para AFM1 seguido de detecção e quantificação por HPLC (cromatografia líquida de alta resolução) (GIMENO & MARTINS, 2001). Contudo, também se podem utilizar métodos baseados no teste �ELISA� (enzyme-linked immunosorbent assay) muito embora em caso de resultados positivos, seja aconselhável proceder à sua confirmação através do método anteriormente referido, uma vez que o �ELISA� utiliza anticorpos policlonais que podem proporcionar �falsos positivos�. Uma publicação recente que comparou ambos os métodos (VELASCO et al, 2003), indica que o �ELISA� foi validado pelo �Community Bureau of Reference�.
Para o iogurte e queijos pode utilizar-se o método publicado por DRAGACCI et al (1995).
11. Comentários
As referências anteriormente indicadas (CCFAC, 1999; CCFAC, 2000; CCFAC, 2001; CODEX, 2002) contêm o resultado dos debates relativos ao nível máximo de contaminação com AFM1 de 0,05 ppb �versus� 0,5 ppb e das quais fazemos um pequeno resumo.
Tendo em conta as preocupações com a saúde pública, a UE continua a manter o nível máximo de 0,05 ppb de AFM1 no leite e de 0,025 ppb nos produtos lacteos para lactentes.
Se tivermos em consideração todos os dados atrás referidos relativamente à ocorrência de AFM1 no leite e indicados no ponto 4, e destacando que após a análise conduzida em 10778 amostras de leite na Europa, o valor médio da contaminação foi de 0,023 ppb, afigura-se bastante explícito que o nível de 0,05 ppb pode perfeitamente ser alcançado e deve aplicar-se o princípio ALARA (As Low As Reasonable Achievable), ou seja, o nível máximo deve ser tão baixo quanto razoavelmente possível, contrariando a opinião dos países que se opõem a esse teor e defendem o de 0,5 ppb.
Muito embora a AFM1 possua um potencial carcinogénico 10 vezes menor que a AFB1, e que na sequência dos estudos apresentados e anteriormente referidos (JECFA, 2001; WHO, 2002) o risco adicional de cancro hepático prognosticado seja insignificante caso se passe de 0,05 ppb para 0,5 ppb, a exposição a qualquer nível quando se trata de um carcinogéneo genotóxico, como é o caso da AFM1, pode pressupor um risco sanitário para os consumidores, em especial para as crianças. Este facto vem reforçar a aplicação do princípio ALARA, pois se afirma que para esse tipo de carcinogéneos, não existe uma dose máxima abaixo da qual não se produzam tumores malignos, pelo que o nível de exposição deveria ser 0 de forma a comportar um risco nulo em termos do problema do cancro do fígado passível de ser provocado pelas aflatoxinas em geral.
O Comité Científico da Comunidade Europeia indica que é necessário avaliar cuidadosamente os riscos decorrentes da exposição a estas micotoxinas, tendo em conta que a ingestão de leite e derivados em lactentes e crianças é considerável.
Os países que defendem o nível máximo de 0,5 ppb de AFM1 afirmaram que poder-se-iam produzir consequências económicas negativas, devido a dificuldade de exportação do leite para países que só aceitam o nível máximo de 0,05 ppb. Contudo, não foi apresentada qualquer informação detalhada da magnitude, importância, relevância ou impacto estimado de tais consequências económicas.
As delegações de alguns países afirmaram que o nível de 0,05 ppb era difícil de alcançar em diversas regiões do mundo, pelo que bastaria um teor de 0,5 ppb para a protecção da saúde pública e que este nível poderia ser atingido de forma razoável pela totalidade dos países. Acrescenta-se a estes factos, que nos países em desenvolvimento, poderia verificar-se uma redução significativa da disponibilidade do leite, com consequências negativas em termos da nutrição, caso se efectivasse uma redução significativa do nível máximo de 0,5 ppb. Inclusivamente, houve países que afirmaram que o limite máximo de 0,5 ppb de AFM1 deveria ser considerado o nível mínimo que seria possível alcançar devido a problemas na gestão das concentrações máximas de AFB1 nos alimentos compostos.
O Comité Científico para Alimentação Humana da UE respondeu que esta afirmação não se ajustava às recomendações mencionadas no Código de Boas Práticas para a redução da AFB1 em matérias primas, alimentos completos e complementares destinados a animais produtores de leite, adoptado pela Comissão do Codex Alimentarius, e do qual reproduzimos textualmente algumas destas recomendações:
�Caso seja detectada a presença de aflatoxina B1 deverão ser consideradas uma ou mais das seguintes opções.
1. Em todos os casos, dever-se-á assegurar que o nível de aflatoxina B1 da ração acabada é adequado à utilização prevista (ou seja, consoante a maturidade e a espécie dos animais de destino) e se ajusta aos códigos e directrizes nacionais ou aos requisitos veterinários qualificados.
2. Considerar a restrição das rações contaminadas com aflatoxina B1 numa percentagem da dosagem diária, de forma a que a ingestão diária de aflatoxina B1 não provoque a presença de resíduos significativos de aflatoxina M1 no leite.
3. Caso não seja possível pôr em prática a restrição das rações, transferir a administração de rações com nível elevado de contaminação para animais exclusivamente não leiteiros�.
Recordamos que a legislação da UE (OFFICIAL JOURNAL OF THE EUROPEAN UNION, 2003) estabelece uma concentração máxima permitida de 5 ppb AFB1 para alimentos completos e complementares (com um teor de humidade de 12%) destinados ao gado leiteiro.
No entanto, os animais de produção leiteira não consomem exclusivamente um alimento complementar e, por exemplo, no caso das vacas leiteiras, o alimento complementar pode formar parte da ração final numa proporção de cerca de 23-27%, como orientação genérica, sendo 45-50% composto por silagem e o restante por sêmea de algodão, subprodutos húmidos da indústria cervejeira, fenos, polpas e palha de cereais.
Desta forma, a contaminação com AFB1 que exista eventualmente na ração final pode resultar do alimento complementar e/ou do resto das matérias-primas que formam parte do alimento acabado. Se enquadrarmos a ração final para vacas leiteiras na designação �alimento completo�, podemos afirmar que o nível máximo de contaminação com AFB1 de 5 ppb deveria ser aplicado e fiscalizado também na ração final, produzida pelo criador.
Tendo em conta que uma ração final (arraçoamento e/ou unifeed) para vacas leiteiras pode apresentar um teor de humidade de cerca de 50% (valor normal para inúmeras rações finais, podendo oscilar na prática entre 40 e 55%), esta deveria estar contaminada com 2,84 ppb de AFB1 que representaria 5 ppb de AFB1 com 12% de humidade, para ainda se situar nos limites da legislação.
Aplicando a equação de cálculo referida no ponto 3, para uma produção média de 20 litros de leite/vaca/dia, com um consumo de 32 kg de ração final (50% de humidade), chega-se à conclusão que o consumo de AFB1/vaca/dia deveria ser de 3,09 mg para produzir uma contaminação do leite com AFM1 (estimativa) de 0,05 microgramas/litro (ppb), que é o nível máximo permitido pela UE (0,05 = -2,55 + 0,84x ; sendo x = 2,60/0,84 = 3,09 mg), o que representaria uma ingestão de ração final contaminada com AFB1 da ordem de 96,5 microgramas/kg (ppb) (3,09/32 = 0,0965 mg/kg = 96,5 microgramas/kg).
Se aplicarmos a mesma equação a uma ração final contaminada com 2,84 ppb de AFB1 (sobre 50% de humidade) = 5 ppb (sobre 12% de humidade), e nas condições de consumo de ração anteriormente referidas, o resultado previsto de AFM1 no leite seria negativo em termos numéricos.
Por outro lado e no que respeita à saúde pública, consideremos agora a maior contaminação com AFM1 observada no leite desde 1995 e referida no ponto 4, correspondente a 0,108 ppb. Se tivermos em conta que para uma contaminação média na Europa de 0,023 ppb a ingestão de AFM1 foi estimada em 6,8 ng/pessoa/dia (JECFA, 2001, WHO, 2002 ), para uma contaminação de 0,108 ppb, a ingestão estimar-se-ia em 31,93 ng/pessoa/dia. Para um jovem de 50 kg e uma criança de 15 kg, representaria, respectivamente, ingestões de 0,63 e 2,12 ng AFM1/kg p.c./dia. O primeiro valor situa-se abaixo, e o segundo ligeiramente acima, da TDI para AFM1 anteriormente mencionada (2 ng/kg p.c./dia).
Concluímos assim, no tocante à AFM1, que devemos continuar a manter o nível de risco o mais baixo possível, procurando estar constantemente alerta, mas não preocupados, uma vez que tal como tivemos ocasião de observar, a situação na Europa está bem encaminhada e sob controlo, com um nível de risco muito baixo. O risco que se corre actualmente face à exposição de outras micotoxinas, metais pesados, hidrocarbonetos, dioxinas,..etc, obriga a uma aplicação indispensável do princípio ALARA e, portanto, e no caso da AFM1, o nível máximo de 0,05 ppb é perfeitamente razoável e admissível.
Em relação às micotoxinas, talvez nos devêssemos preocupar mais com as contaminações com a aflatoxina B1 (altamente carcinogénica e genotóxica) nos frutos secos e outros géneros alimentícios; a ocratoxina A (nefrotóxica e eventualmente carcinogénica) nos cafés e vinhos; fumonisinas (associadas ao cancro do esófago) no milho e seus derivados e a vomitoxina ou deoxinivalenol (associada à inibição do crescimento infantil) no trigo e produtos derivados deste cereal (GIMENO & MARTINS, 2003).
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