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Imunidade Animal

Imunidade, Imunidade, Imunidade!

Publicado: 18 de abril de 2006
Por: Alltech do Brasil
Atualmente, a imunidade parece ser o ‘calcanhar de Aquiles’ da produção mundial de suínos. Tudo o que pudermos fazer para melhorar o estado imunitário natural de nossos animais deve ser uma prioridade para a próxima década. Portanto... imunidade, imunidade, imunidade!
Na minha época de jovem produtor, a imunidade era conhecida como ‘resistência natural’. Sabíamos que muitas das instalações apresentavam condições desfavoráveis de limpeza, no entanto era comum observarmos animais em ambientes ‘extremamente limpos’ apresentando súbitas epidemias de doenças que, apesar de curtas, não poderiam ter ocorrido em instalações tão meticulosamente limpas. Mas elas ocorriam. E nós buscávamos a razão para isso. Os especialistas daquela época afirmavam que os animais não haviam sido suficientemente ‘desafiados’ para adquirir um nível de imunidade adequado.
Atualmente, os especialistas têm um maior conhecimento sobre a aquisição de imunidade natural em suínos. Podemos até mesmo saber quão ‘limpas’ estão as instalações (Tabela 1).
Tabela 1. Análises com swab, típicas para avaliações microbiológicas.

  Bactérias viáveis/cm2
Imediatamente após a saída dos animais 50.000.000
Lavagem normal 20.000.000
Lavagem com água quente e detergente para limpeza pesada 100.000
Alvo após desinfecção 1.000

Fonte: Waddilove (1999)
No entanto, estamos começando a reconhecer os efeitos negativos da necessidade de um bom estado imunitário sobre o desempenho de leitões de alto ganho de alto potencial genético na fase de crescimento (Tabela 2).
Tabela 2. Leitões geneticamente melhorados sob condições de alto e baixo desafio de doença.

  Desafio imunitário  
  Baixo Alto Diferença
Consumo (kg/dia) 0,97 0,86 +12,8%
GMD (g) 677 477 +42%
CA 1,44 1,81 25% melhor
Ganho protéico (g/dia) 105 65 +62%
Ganho de gordura (g/dia) 68 63 +8%

Fonte: Adaptado de Stahly et al. (1995)


A Tabela 2 mostra que os leitões submetidos a condições de alto desafio de doença consomem menor quantidade de ração, apresentam crescimento mais lento e pior qualidade de carcaça.
Sabemos que, ao contrário dos leitões na fase de crescimento – onde se mantém o estado imunitário em um nível baixo, porém suficiente para maximizar os benefícios de conversão alimentar – o rebanho de matrizes é exposto a desafios de doença por períodos 5 a 7 vezes mais longos do que os animais nas fases de crescimento e terminação. Portanto, as matrizes necessitam o quanto antes de uma sólida barreira imunitária e por longos períodos.
Os aditivos podem ajudar na imunidade?
O estresse nutricional é um fator comumente observado na produção animal. Isto ocorre porque as dietas são sub-especificadas, o que é raro atualmente, ou porque os animais simplesmente não estão consumindo quantidades suficientes de ração. O estresse – nesse caso ansiedade ou frustração – compromete a imunidade. Realmente, estresse e imunidade não parecem ser compatíveis.


Zinco
Há muito tempo, a suplementação de zinco tem sido recomendada por médicos, particularmente para sustentar as defesas imunitárias de pacientes idosos. Nos animais, sabe-se que o zinco desempenha um papel crítico na reprodução e no sistema imune, porém infelizmente não existem direcionamentos claros quanto às exigências para o fator imunitário. Os níveis parecem ser consideravelmente mais altos, em comparação às exigências para a fase de crescimento. Considerando a imunidade dos animais, o zinco apresenta tanto um efeito positivo sobre a resposta imune aos patógenos quanto sobre a prevenção de doenças, por manter o tecido epitelial saudável.
Portanto, se as exigências de zinco são maiores na atuação sobre o sistema imunitário – quanto maiores? Ainda não temos esta resposta. O que poderia ser um importante avanço é a maneira como os microminerais orgânicos são melhor utilizados pelos animais.


O conceito de minerais orgânicos
No caso do zinco, o mineral é ligado a um aminoácido, neste caso a metionina, que o ‘carrega’ até o ponto de absorção (para a metionina) no intestino, onde o zinco é absorvido. Como resultado, mais zinco é absorvido de uma mesma taxa de inclusão. Além disso, uma menor quantidade é excretada pelos animais e, conseqüentemente, a contaminação de pastagens e poluição das águas são reduzidas substancialmente.
O zinco é melhor utilizado tanto para a produção quanto para o estado imunitário? Parece que sim, embora tenhamos mais evidências voltadas para a produtividade do que para a imunidade – onde os efeitos são muito mais difíceis de se medir.
Estamos certos de que uma maior quantidade de nutrientes é necessária quando temos um desafio de doença. Em aves, por exemplo, aproximadamente 1% das exigências nutricionais são utilizadas na manutenção de um status imune normal. Esta porcentagem aumenta para 7% quando ocorre uma doença, que ativa as defesas da ave. Pesquisadores americanos afirmam que isto pode ocorrer em proporções ainda maiores no caso dos suínos. De qualquer modo, a utilização de uma forma orgânica de zinco traz muitos benefícios.

Oligossacarídeos
Os oligossacarídeos são açúcares simples derivados de subprodutos da produção de cerveja (frutoligossacarídeos ou FOS) ou da fabricação de levedura (mananoligossacarídeos fosforilados ou MOS).
Originalmente, estes compostos eram conhecidos principalmente pelo mecanismo de exclusão competitiva de patógenos intestinais. Isto realmente ocorre, porém, no caso dos mananoligossacarídeos fosforilados, outros mecanismos complexos parecem ocorrer.
 A literatura tem descrito efeitos surpreendentemente positivos dos mananoligossacarídeos fosforilados sobre algumas doenças, afirmando que estes efeitos provavelmente não são apenas devidos à sua ação sobre as bactérias patogênicas, mantendo-as ‘presas’ até serem removidas nas fezes. Eles melhoram a função imune de diversas outras maneiras.
  • Estudos da Oregon State University mostraram um aumento de 25% na concentração de IgA quando se utilizou mananoligossacarídeos fosforilados na dieta
  • Pesquisas têm demonstrado que os mananoligossacarídeos fosforilados melhoram a resposta dos macrófagos
  • Outros pesquisadores concluíram que os mananoligossacarídeos fosforilados influenciam positivamente os sistemas imunitários celular e humoral de suínos ‘germ-free’ , embora os níveis medidos tenham sido muito diferentes.
Portanto, os mananoligossacarídeos fosforilados facilitam as complexas interações de todos os compostos envolvidos na luta contra as doenças. Este efeito é chamado de imunomodulação, ou seja, o efeito sobre a resposta imune. Ainda há muito a ser descoberto, no entanto diversas pesquisas demonstram que os mananoligossacarídeos fosforilados resistem a infecções por E. coli, Campylobacter e Salmonela. Portanto, os efeitos benéficos desta alternativa aos antibióticos promotores de crescimento podem agora, após a comprovação por diversos experimentos científicos, ser adicionados aos benefícios originais de adsorção de patógenos.


Alguns termos imunológicos

Imunidade humoral - células B, linfócitos

Células de memória que permanecem atrás após uma infecção, reconhecem a reaparição do patógeno e rapidamente ‘recruta’ as defesas novamente.

Imunidade celular – células T

Mantêm a guarda contra o desafio de patógenos, sendo limitadas às células corporais em vários tecidos suscetíveis à entrada de patógenos.

Imunidade sistêmica ou da mucosa

Anticorpos humorais ou celulares presentes quando as superfícies do corpo são expostas ao meio externo – nariz, garganta, intestino e trato reprodutivo externo.

Imunidade ativa
Após a exposição à infecção, anticorpos são formados e permanecem no organismo do animal.

Imunidade passiva
Os leitões recebem os anticorpos maternos pelo colostro. Como nenhuma célula de memória é formada, a imunidade não é permanente.
Antígenos
Materiais estranhos que desencadeiam o mecanismo de defesa do organismo – patógenos ou vacinas.

Anticorpos
Estruturas protéicas (IgA, IgM, etc.) que ‘lutam’ contra os antígenos, prevenindo a ocorrência de doenças.

Fagócitos
Células que ingerem e destroem os patógenos.
Macrófagos
Grandes células imóveis, geralmente originadas na medula óssea, que se tornam móveis quando estimuladas por inflamações, reatores imunes e produtos microbianos.

Citocinas
Proteínas mensageiras que controlam os macrófagos e linfócitos.


Adaptado de Gadd, J. the Pig Pen. 7 (1), 2001
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Jackson Coelho Castro
Jackson Coelho Castro
7 de junio de 2006
Boa tarde.Os médicos recomendam zinco mais o que eu queria saber se com o aumento da matéria prima de zinco,que vem acontecendorecentes especulações e na LME,a substituição na utilização do sulfato de zinco mono 35% no lugar do óxido de zinco na fabricação de ração e sal mineral é uma realidade?Pelo que sabemos o sulfato em relação ao óxido tem algumas vantagens como ser totalmente solúvel e conter índices menores de metais pesados.Porém queria saber um pouco mais destas vantagens,pois estamos tendo uma troca bastante considerável deste produto.
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