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FITOGÊNICOS OU GLICERÍDEOS COM ÁCIDOS ORGÂNICOS SUBSTITUI ANTIMICROBIANO EM DIETAS PARA LEITÕES.

Publicado: 18 de março de 2016
Por: FABRÍCIO F. CASTRO1*2, MARIA C. THOMAZ1, PATRÍCIA V. A. ALVARENGA1, MARCO M. LIMA1, DANIELA J. RODRIGUES1 , MANUELA V. MARUJO1, MARYANE S. F. OLIVEIRA1, JADE L. SOARES1, SAMUEL C. PAGOTTI1. 1Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP– Jaboticabal/SP –, ²Bolsista FAPESP
Sumário

Objetivou-se avaliar os efeitos da utilização de fitogênicos (óleos essenciais e bioflavonoides) ou mono e diglicerídeos associados com ácidos orgânicos nas dietas de leitões, dos 21 aos 63 dias de idadesobre o desempenho. Foram utilizados 160 leitões distribuídos no delineamento em blocos ao acaso, sendo 5 tratamentos, 8 repetições por tratamento. Os tratamentos consistiram em um Controle Positivo: dieta com antimicrobiano (40 mg/kg de sulfato de colistina) na fase I; Controle Negativo: dieta isenta de antimicrobiano; AO+OE: Controle Negativo com adição de ácidos orgânicos e óleos essenciais; AO+BioF: Controle Negativo com adição de ácidos orgânicos e bioflavonoides; Gli: Controle Negativo com adição de mono e diglicerídeos de ácido butírico. Dos 21 aos 63 dias de idade, o ganho diário de peso foi maior (P<0,05) nos animais alimentados com a dieta Controle Positivo em comparação àqueles da Controle Negativo. As melhores conversões alimentares (P<0,05) foram observadas nos leitões que consumiram as dietas Controle Positivo, AO+OE e Gli, comparadas à dieta Controle Negativo. Conclui-se que a combinação de ácidos orgânicos com óleos essenciais ou mono e diglicerídeos de ácido butírico promovem efeitos positivos no desempenho, resultados semelhantes ao proporcionado pelo antimicrobiano, sulfato de colistina, nas dietas de leitões recém-desmamados.

 

Palavras-chave: bioflavonoides, nutrição, óleos essenciais, suínos.

 
Introdução
A globalização tem ocasionado mudanças importantes na produção animal, com mercados cada vez mais exigentes, tendo em vista a crescente preocupação dos consumidores com as questões relacionadas com a segurança alimentar. Desta maneira, o uso de antimicrobianos nas dietas de suínos tem sido proibido por alguns países, devido à possibilidade de resistência cruzada, para os seres humanos, de bactérias patogênicas. Os antimicrobianos melhoram o equilíbrio da microbiota intestinal com a diminuição do crescimento de organismos patogênicos e aumento de bacterias benéficas, tendo efeito positivo sobre os distúrbios digestivos, eficiência alimentar e desempenho dos animais. Devido a estes efeitos, os antimicrobianos são comumente utilizados nas dietas para leitões recém desmamados. O período pós desmame é muito crítico para o animal, pois o leitão sofre estresse psicológico e ambiental, devido à separação da mãe, mistura com outros indivíduos, mudança de ambiente e estresse alimentar, pela troca da dieta líquida (leite materno) pela dieta sólida (ração). Estes estresses afetam a fisiologia do animal, podendo inibir o consumo alimentar e a taxa de crescimento (DIAS et al., 2014). Devido a estes fatos, os nutricionistas têm buscado aditivos alternativos para o uso nas dietas de leitões recém-desmamados. O uso de ácidos orgânicos e fitogênicos, em substituição aos antimicrobianos na alimentação de leitões, tem sido uma alternativa promissora, pois seleciona os microrganismos que compõem a microbiota intestinal e melhora a função do intestino dos animais afetando, positivamente, o desempenho e a eficiência alimentar dos suínos (MENTEN et al., 2014). Outro aditivo que tem sido estudado para melhorar o desempenho dos animais são os glicerídeos complexados com ácidos orgânicos (TAHERPOUR et al., 2012). Estudos comprovaram que os ácidos orgânicos e os fitogênicos adicionados às dietas, têm efeitos sobre a saúde intestinal e desempenho dos leitões. No entanto, poucos avaliaram o efeito dos fitogênicos e glicerídeos associados com ácidos orgânicos em dietas para leitões recém-desmamados. Desta maneira, objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos de fitogênicos (óleos essenciais e bioflavonoides), mono e diglicerídeos asociados com ácidos orgânicos nas dietas de leitões, dos 21 aos 63 dias de idade, sobre o desempenho.
 
Material e Métodos
Foram utilizados 160 leitões recém-desmamados, 80 fêmeas e 80 machos castrados, com peso de 4,60 ± 0,53 kg, oriundos de granja comercial. Os animais foram distribuídos em delineamento em blocos completos casualizados, para controlar as diferenças no peso inicial, com 5 tratamentos, 8 repetições, sendo a unidade experimental representada por uma baia com 4 machos ou 4 fêmeas. As dietas experimentais foram formuladas de acordo com as exigências nutricionais de suínos machos castrados de alto potencial genético com desempenho superior, descritas por Rostagno et al. (2011), para as seguintes fases: I – dos 21 aos 35 dias, II - dos 36 aos 49 dias e III – dos 50 aos 63 dias de idade, sendo as dietas das fases I e II acrescidas de uma fonte de lactose. As dietas experimentais consistiram em: - Controle Positivo: dieta com antimicrobiano (40 mg/kg de Sulfato de Colistina) na primeira fase (dos 21 aos 35 dias de idade); - Controle Negativo: dieta isenta de antimicrobiano; - AO+OE: controle negativo com adição do blend 1 de ácidos orgânicos e óleos essenciais (Composição do Blend 1: 26,50% de ácido lático, 10,85% de formiato de amônio, 10,85% de ácido fórmico e 1,50% de óleos essenciais); - AO+BioF: controle negativo com adição do blend 2 de ácidos orgânicos e bioflavonóides (Composição do Blend 2: 39,50% de ácido fórmico, 9,90% de ácido propiônico e 2,00% de bioflavonoides); - Gli: controle negativo com adição do blend 3 de mono e diglicerídeos de ácido butírico (Composição do Blend 3: 35,00% de mono e diglicerídeos de ácido butírico, equivalente a 22,20% de ácido butírico). Nas fases I, II e III, foram incluídos 0,75; 0,50 e 0,50% do blend 1 (AO+OE); 0,30; 0,20 e 0,20% do blend 2 (AO+BioF) e 0,30; 0,25 e 0,20% do blend 3 (Gli), respectivamente. Para avaliação do desempenho, os animais, a ração fornecida e as sobras de ração foram pesados no início e no final de cada fase do experimento, para determinar o ganho diario de peso, em kg/dia; o consumo diário de ração, em kg/dia e a conversão alimentar. Os dados observados foram analisados nos seguintes períodos: I- dos 21 aos 35 dias de idade; II – dos 21 aos 49 dias de idade e III – dos 21 aos 63 dias de idade. As análises foram realizadas pelo programa estatístico SAS modelo 9.2.
 
Resultados e Discussão
Os efeitos das dietas experimentais sobre as variáveis de desempenho, ganho diário de peso, consumo diário de ração e conversão alimentar, avaliados nos 3 diferentes períodos são apresentados na Tabela 1. As dietas experimentais não influenciaram (P>0,05) o ganho diário de peso e a conversão alimentar nos períodos I e II, assim como o consumo diário de ração em todos os períodos. No período III, o ganho diário de peso foi 24,82% maior (P<0,05) nos animais alimentados com a dieta Controle Positivo em comparação àqueles da Controle Negativo, sem diferirem dos demais tratamentos. As melhores conversões alimentares (P<0,05) foram observadas nos leitões que consumiram as dietas Controle Positivo, AO+OE e Gli, apresentaram melhora de 8,35%, 9,29% e 8,60%, respectivamente, quando comparadas à dieta Controle Negativo, sem, no entanto, diferirem (P>0,05) da AO+BioF. A adição de ácidos orgânicos e fitogênicos em dietas para suínos estimula a proliferação de bactérias benéficas e auxilia nos processos fisiológicos, possibilitando melhores variáveis de desempenho (JACELA et al., 2010). Os glicerídeos permitem a dissocição lenta do ácido butírico em várias partes do trato gastrintestinal, aumentando o tempo de atividade bactericida do ácido (LEESON et al., 2005). Desta forma, os fitogênicos (óleos essências) ou glicerídeos (mono e di) associados aos ácidos orgânicos podem atuar de forma sinérgica, resultando em efeitos positivos no desempenho dos leitões. A melhora na conversão alimentar dos animais, observada neste experimento, pode ser explicada pela ação antimicrobiana dos aditivos, que resulta na diminuição de patógenos e, consequentemente, na produção de toxinas contribuindo, assim, para a manutenção do epitélio intestinal, proporcionando melhor digestibilidade das dietas e contribuindo positivamente para a conversão alimentar (MENTEN et al., 2014).
 
Tabela 1 - Valores médios e erro padrão da média (EP) das variáveis de desempenho em função das diferentes dietas experimentais.
FITOGÊNICOS OU GLICERÍDEOS COM ÁCIDOS ORGÂNICOS SUBSTITUI ANTIMICROBIANO EM DIETAS PARA LEITÕES. - Image 1Médias seguidas de letras iguais, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
 
Conclusão
Os resultados encontrados neste trabalho permitem concluir que a combinação de ácidos orgânicos com óleos essenciais ou mono e diglicerídeos de ácido butírico pode substituir o antimicrobiano, sulfato de colistina, nas dietas de leitões recém-desmamados, pois promovem efeitos positivos e semelhantes no desempenho.
 
Referências Bibliográficas
1. DIAS, C. P.; SILVA, C. A.; MANTECA, X. Bem-Estar dos Suínos, Londrina: o Autor, 2014. p. 181-378. JACELA, J. Y.; DEROUCHEY, J. M.; TOKACH, M. D.; GOODBAND, R. D.; NELSSEN, J. L.; RENTER, D. G.; DRITZ, S. S. Feed additives for swine: Fact sheets – prebiotics and probiotics, and phytogenics. Journal of Swine Health and Production, v. 18, n. 3, p. 132-136, 2010.
2. LEESON, S.; NAMKUNG, H.; ANTONGIOVANNI, M.; LEE, E. H. Effect of butyric acid on the performance and carcass yield of broiler chickens. Journal of Poultry Science, v. 84, p. 1418-1422, 2005.
3. MENTEN, J. F. M.; LONGO, F. A.; VIOLA, E, S.; RIZZO, P. V. Antibióticos, Ácidos Orgânicos e Óleos Essenciais na Nutrição de Monogástricos. In: SAKOMURA, N. K., SILVA, J. H. V.; COSTA, F. G. P.; FERNANDES, J. B. K.; HAUSCHILD, L. Nutrição de Não-Ruminantes, Jaboticabal: FUNEP, 2014. p. 511-536.
4. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; OLIVEIRA, R. F.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.; BARRETO, S. L. T.; EUCLIDES, R. F. Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos – Composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa: Imprensa Universitária/UFV, 2011, 252 p.
5. TAHERPOUR, K.; MORAVEJ, H.; TAHERI, H. R.; SHIVAZAD, M. Effect of dietary inclusion of probiotic, prebiotic and butyric acid glycerides on resistance against coccidiosis in broiler chickens. Journal of Poultry Science, v. 49, p. 57-61, 2012.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Fabricio Faleiros
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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