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PRODUÇÃO DE LEITE EM AMBIENTE TROPICAL

Publicado: 15 de outubro de 2012
Por: Maria da Graça Pinheiro (Zootecnista, Doutor, PqC do Pólo Regional Centro Leste/APTA).
No período de 07 a 09 de março de 2012, cerca de 200 especialistas na área da cafeicultura estiveram reunidos em Poços de Caldas, Minas Gerais, para discutirem os novos rumos da cafeicultura brasileira e internacional. O evento foi organizado pela Syngenta Proteção de Cultivos Ltda e foi composto por palestras e debates sobre a situação da cultura no Brasil, Colômbia, Indonésia, América Central e África.
Foram apresentadas as palestras "Futuro e cadeias produtivas: desafios do setor de café" pelo professor Marcos Fava Neves – FEA/USP, "A golden opportunity for producers" por Maja Wallengren – Global Coffee Reporter, "cafeicultura na América Central" por João Peres Romero, "Cafeicultura na Colômbia" por Eng. Manuel Villegas – Casa Luker e "Coffee production in Africa" por Dr. Maina Runo – Tropical Farm, Kenia.
Em uma análise dos fatos, pode-se afirmar que a cafeicultura é responsável por cerca de 10% do total exportado pelo agronegócio brasileiro, com algo em torno de 35 milhões de sacas exportadas em 2011. O Brasil produz atualmente 50 milhões de sacas de café (2011/2012), o quê representa cerca de 40% de todo o café produzido no mundo.
Importante ressaltar que o consumo mundial da bebida também vem apresentando crescimento, com um crescimento mundial esperado em torno de 2% ao ano, ou seja, de 3 a 4 milhões de sacas. Grandes mercados encontram-se abertos, como por exemplo, a China e a Índia, com demandas para produtos mais refinados.
Com relação ao sistema produtivo, o Brasil, apesar dos percalços, apresenta um panorama favorável. Com a valorização do produto nos mercados externo e interno, o cafeicultor brasileiro apresenta hoje lucratividade na cultura, com novos investimentos, principalmente na renovação das lavouras, com novas tecnologias.
Entretanto, a abusiva carga tributária, aliada a legislação trabalhista vigente no país, coloca a expansão da cafeicultura brasileira em risco. Na tentativa de contornar estes entraves, os produtores precisam conciliar novas estratégias de marketing (inovação dos produtos com qualidade diferenciada), com gestão de custos e parcerias (fortalecimento de cooperativas e associações). Esta reformulação de estratégias fornece ao cafeicultor brasileiro uma nova perspectiva do agronegócio café, com vistas a um futuro promissor.
A análise do mercado mundial mostra que há uma tendência de déficit de café nos próximos anos, devido às perdas significativas que ocorreram na América Central e na Colômbia, associadas ao fato de Vietnã e Indonésia apresentarem pouco potencial de expansão das respectivas produções. Mesmo o Brasil estando inserido em um programa de renovação do seu parque cafeeiro, um aumento significativo de produção somente será real provavelmente em 2015.
Os países africanos foram apontados como potenciais expoentes no crescimento da produção mundial de café, entretanto, os problemas enfrentados são ostensivos: o problema do aquecimento global tem agravado as irregularidades climáticas; as linhas de crédito para os produtores são reduzidas dia a dia; há uma grande pressão governamental e social a favor da produção de alimentos e petróleo em detrimento de produtos considerados de luxo, além da falta de uma política agrícola de longo prazo que gere estabilidade entre os cafeicultores africanos.
Atualmente os cafeicultores estão com o poder de influenciar os preços globais do produto, além de poderem interferir, mesmo que parcialmente, no mercado de oferta e demanda. A palavra do momento é "qualidade". A adoção de tecnologias que tornem a cafeicultura sustentável, com aumento de produtividade e qualidade do produto final tornou-se fundamental para a continuidade deste poder dos produtores. Em termos reais, os únicos países com condições para aumentar significativamente a produção são Brasil, Vietnã, Tanzânia, Peru, Honduras e Nicarágua, mas mesmo assim, o café terá que concorrer com outras commodities além do desenvolvimento industrial. O certo é que, mesmo que haja um aumento da produção, no curto prazo ele será suficiente apenas para atender ao aumento da demanda pelo produto, não alterando os estoques mundiais.
O Brasil pode, e deve, aproveitar este cenário, pois em termos gerais apresenta características vantajosas em relação aos demais países produtores: possui tradição na cultura, produz café de qualidade e com volume suficiente para abastecer o mercado interno e grande parte do externo.
As fronteiras devem ser expandidas em termos nacionais. O Espírito Santo é apontado como o estado brasileiro com maior potencial de expansão da produtividade. Tecnologias mais avançadas, como irrigação e variedades adaptadas regionalmente são ferramentas chave para o Brasil alavancar a sua produtividade, reconstruindo seus estoques.
O estado de São Paulo é expressivo na cafeicultura brasileira, com cerca de 3,5 milhões de sacas, ficando atrás somente de Minas Gerais e Espírito Santo, com 22,5 e 12 milhões de sacas, respectivamente. A região Centro Oeste do estado de São Paulo possui atualmente cerca de 70 mil ha plantados com café, com uma previsão de safra de 1,3 milhões de sacas, sendo que não há previsão de aumento de área. Entretanto, a tecnificação das lavouras vem aumentando com os anos, ainda a passos vagarosos, mas de maneira real.
A região precisa vencer grandes desafios como o incremento na qualidade do café produzido, aumento da produtividade com redução de custos (otimização de insumos), além da renovação das lavouras. Os desafios devem ser encarados como oportunidades. A organização dos produtores regionais em cooperativas e/ou associações, além de um programa mais atuante de assistência técnica aliada à pesquisa científica é fundamental para uma maior inserção dos produtores no mercado de cafés especiais.
A hora é agora. O Brasil possui todos os requisitos para aumentar sua produtividade, com café de qualidade, em sistemas rastreados e com sustentabilidade. Esta é a conclusão dos especialistas da cafeicultura brasileira.
Figura 1. Participantes da Reunião
PRODUÇÃO DE LEITE EM AMBIENTE TROPICAL - Image 1
**O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 
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Autores:
Maria da Graça Pinheiro
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