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Volatilidade: desafios na nutrição animal

Publicado: 13 de dezembro de 2022
Por: Adisseo
Atualmente nós estamos passando por um período difícil de alta nos preços das matérias-primas e restrição no fornecimento de algumas. O uso de matérias-primas menos comuns, mas de fácil e rápido acesso pode ser uma alternativa às fontes tradicionais de proteína e energia, contribuindo para diminuir a pressão nos custos da ração. Porém, esses ingredientes alternativos requerem atenção extra: devem ser adequados para o processamento da ração, livres de contaminantes e capazes de fornecer a quantidade certa de nutrientes para a saúde e o desempenho ideal dos animais.
 A volatilidade dos preços alavanca a busca por ingredientes alternativos para ração. Porém, como é possível manter a qualidade das dietas e o desempenho dos animais com esses ingredientes?
 A busca por ingredientes alternativos
De acordo com os últimos dados do Rabobank (2022), o milho e a soja ainda predominam no mercado mundial os principais ingredientes nas dietas pelo valor nutricional, estabilidade na qualidade e disponibilidade. Mas com os picos de dois dígitos nos preços de mercado no ano passado, esses ingredientes, em sentido figurado, não estão muito longe de também ter valor de ouro.
Por causa do aumento dos preços, os nutricionistas e produtores rurais vêm buscando novas formas de reduzir os custos com alimentação. Essa tarefa não é fácil, pois é limitada a disponibilidade de fontes alternativas de energia e proteínas, as quais também foram bastante afetadas pela guerra.
Quadro 1. Caraterísticas de alguns ingredientes alternativos (em comparação ao farelo de soja).
Quadro 1. Caraterísticas de alguns ingredientes alternativos (em comparação ao farelo de soja).
É necessário atenção extra para otimização do uso
Apesar do fornecimento limitado, o uso de outros ingredientes tornou-se imprescindível na maior parte do mundo. Ao substituir o farelo de soja e o milho, por outros ingredientes é fundamental determinar o seu valor nutritivo e a sua qualidade. O uso de outros ingredientes menos comuns pode ser especialmente benéfico do ponto de vista dos custos e da nutrição, mas pode exigir maior atenção para achar a melhor maneira de utilizá-los na dieta animal. Os novos ingredientes podem apresentar teor variável de fibras e proteínas (consulte o Quadro 1), conter altos níveis de micotoxinas, reagir de forma diferente nos equipamentos existentes de processamento da ração e/ou ter um certo sabor a que os animais não estão acostumados (o que afeta o nível do consumo alimentar). É importante lembrar que não há ingredientes ruins, devendo ser simplesmente utilizados da forma correta.
Adaptação das práticas na fábrica de ração
O uso de novos ingredientes pode afetar as fábricas de ração animal em diferentes níveis, além do impacto nos custos. Antes começar a utilizar algo diferente, é preciso saber se o ingrediente é seguro e se é compatível com os equipamentos existentes na fábrica, não devendo aumentar os custos de processamento da ração. Isso pode ser um problema, pois ingredientes diferentes podem ser fornecidos em menor quantidade (por exemplo, em sacos menores), vir de outras regiões e não ser adequados para conservação em silos. Tudo isso pode vir a demandar tanto mais mão-de-obra como mais espaço de armazenamento.
A densidade do ingrediente, a sua resistência a pragas e bolores, e os níveis de encolhimento também podem variar. Além disso, as propriedades da ração (tais como a dureza, o teor de umidade e de fibra e o tamanho das partículas) podem afetar a capacidade produtiva (kg/hora) e o consumo de energia dos equipamentos de processamento. Alguns ingredientes, por exemplo, podem exigir um tempo maior de mistura, aumentando-se assim os custos com energia. A utilização de outros ingredientes também pode aumentar os custos com controle de qualidade, pois são feitas mais análises nas novas matérias-primas.
Mini-adaptações quando se altera a formulação da ração
O uso de novos ingredientes pode reduzir os custos da alimentação e da produção em geral, essa será a principal vantagem com o uso de ingredientes alternativos. Mas isso só é verdade se a nova dieta não tiver um efeito negativo no consumo alimentar, nem no desempenho e na saúde dos animais. Se for esse o caso, os ingredientes mais econômicos podem acabar saindo caros, pois o uso de ingredientes não palatáveis pode influenciar no desempenho dos animais de forma negativa.
Alguns exemplos de componentes que podem implicar em repercussões incluem as lectinas, o gossipol e os alcaloides que influenciam o consumo alimentar. Quando se altera a formulação, os animais talvez tenham de fazer algumas mini-adaptações, o que pode causar pequenos soluços associados à ingestão. Isso é comum de observar no início da ingestão de novas dietas ou sempre que a qualidade do ingrediente for ligeiramente distinta (como um DDGS de qualidade e cor diferentes), como mostra a Figura 1. É evidente que se deve evitar a ocorrência de muitas reduções no consumo alimentar, pois isso vai ter influência negativa na eficiência e no desempenho totais dos animais.
Figura 1. Adaptação a uma nova formulação pode levar a uma queda no consumo de alimento
Figura 1. Adaptação a uma nova formulação pode levar a uma queda no consumo de alimento
Tabela de Cores de DDGS
Em especial os animais ruminantes e os suínos são mais sensíveis ao sabor da ração, tendo ambos mais papilas gustativas do que os seres humanos e os cães. Quando identificam algo amargo, o instinto natural dos animais é parar de comer, pois na natureza esse sabor é geralmente sinal de componentes tóxicos e nocivos.
Algumas alternativas de ingredientes podem apresentar sabor amargo, dependendo do tipo de matéria-prima e do método de processamento utilizado, entre outros fatores.
Prevenir a perda de nutrientes por agentes contaminantes
 A contaminação dos ingredientes também pode comprometer o desempenho e a saúde dos animais. Um exemplo disso é a presença de bolores, bactérias e gordura oxidada que podem causar grandes perdas de nutrientes, além de reduzir a palatabilidade e os níveis de consumo alimentar. No caso de bolores produtores de micotoxinas na ração, o impacto no desempenho dos animais e as perdas econômicas podem ser ainda maiores. As micotoxinas são um problema difícil entre os ingredientes alternativos, pois a presença de até mesmo um baixo percentual na dieta pode contribuir para aumentar os riscos.
Outros ingredientes utilizados, como o DDGS e o farelo de trigo, apresentam riscos relativamente elevados de conter micotoxinas. No entanto, todos os tipos de matérias-primas são propensos à formação de micotoxinas e bolores, o que depende de inúmeros fatores, como condições climáticas, produção agrícola, colheita, transporte, armazenagem e processamento da ração. Há também a questão da falta de kits de teste rápido para verificar a presença de micotoxinas nas novas matérias-primas, levando-se mais tempo para monitorar um leque diversificado de commodities. No caso de uso de novos e diferentes ingredientes, é recomendável testar os alimentos acabados (dieta total) em intervalos mais curtos e não usar muitos ingredientes alternativos de uma só vez, para evitar ter de lidar com vários problemas ao mesmo tempo.
Soluções para manter a qualidade da dieta e o desempenho dos animais
Há várias estratégias eficazes para ajudar a tomar a decisão certa no uso de alternativas para ingredientes, em condições de mercado volátil e incerto.
1. Testes rápidos para análise da ração: O NIR é uma forma precisa e rápida de determinar os valores nutricionais, sendo fundamental para controlar a qualidade dos novos ingredientes a serem utilizados.
2. Enzimas: O uso de enzimas pode aumentar a digestibilidade dos novos ingredientes propensos a apresentarem alto teor de fibras, como o DDGs, além de ajudar a atenuar a sua variabilidade.
3. Inibidores fúngicos: A utilização dessas substâncias na alimentação animal pode evitar a formação de bolores e micotoxinas nos ingredientes de alto risco (como o DDGS).
4. Inativadores de micotoxinas: Reduzem os efeitos negativos causados pelas micotoxinas quando não é possível garantir que o alimento está livre de contaminação.
5. Antioxidantes: A suplementação da dieta com antioxidantes pode ajudar a prevenir a oxidação das gorduras e proteínas nos novos ingredientes sensíveis a esse tipo de degradação.
6. Palatabilizantes: Esses aditivos possibilitam maior flexibilidade no uso de novos ingredientes, garantindo a consistência na palatabilidade e a aceitação da ração pelos animais, solucionando inclusive a queda do consumo alimentar durante o período de adaptação no caso de mudança na formulação.
A Adisseo oferece inúmeras soluções essenciais para que os ingredientes alternativos atuem bem nas dietas. São elas: PNE (plataforma NIR de Avaliação para Nutrição de Precisão), os palatabilizantes, os intensificadores de digestibilidade (enzimas) e os produtos para o manejo de micotoxinas e a conservação de alimentos. O efeito positivo da enzima Rovabio® na digestibilidade da matéria seca foi demonstrado em teste in vitro (Quadro 2).
Quadro 2. Digestibilidade da matéria seca em diversos ingredientes de ração, com e sem enzimas.
Quadro 2. Digestibilidade da matéria seca em diversos ingredientes de ração, com e sem enzimas.
A utilização de novos ingredientes na ração está aumentando, principalmente por causa dos preços elevados das matérias-primas usuais, como o farelo de soja e milho. A qualidade e o valor nutricional desses ingredientes alternativos devem ser monitorados com atenção. Maior variação no teor de fibras e proteínas, maior risco de micotoxinas e presença de alguns componentes de sabor amargo podem reduzir a taxa de consumo alimentar e causar perda de nutrientes. Assim sendo, um ingrediente de baixo custo pode acabar apresentando um custo extra, devido a perdas no desempenho animal. Utilizar aditivos alimentares (como enzimas Rovabio®) e testar com regularidade os valores nutricionais dos ingredientes com testes rápidos (NIR na plataforma PNE), assim como os alimentos acabados para verificar a presença de agentes contaminantes, ajudam a controlar os problemas que surgem quando utilizamos ingredientes alternativos na nutrição animal.
Conhecer bem esses ingredientes é o grande fator de sucesso para nutricionistas e produtores rurais, caso contrário, o barato pode sair caro. Temos o maior prazer em conversar sobre as soluções da Adisseo para ajudar você a tomar decisões mais embasadas quanto ao uso de ingredientes novos e diferentes na formulação de ração animal.
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Autores:
Guilherme Vasconcellos
Adisseo
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