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Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção

Publicado: 22 de dezembro de 2023
Por: ÉDISON JOSÉ FASSANI2, ANTONIO GILBERTO BERTECHINI3, BENEDITO LEMOS DE OLIVEIRA3, TARCÍSIO DE MORAIS GONÇALVES3, ELIAS TADEU FIALHO3.
INTRODUÇÃO
A produção de ovos, como atividade industrial, busca sempre melhorar a eficiência em termos produtivos e econômicos, beneficiando-se do potencial genético apresentado pelas atuais poedeiras. Contudo uma preocupação constante recai sobre a casca dos ovos, motivada pelos prejuízos econômicos associados à má qualidade da casca.
Muitos fatores influenciam na ocorrência de cascas consideradas de má qualidade, tais como: genética, fisiologia, comportamento, idade, ambiente e nutrição, que em conjunto, podem representar uma significativa perda econômica para a avicultura de postura comercial. Em 1997, o plantel de poedeiras, em postura, foi estimado em 52 milhões de aves, com uma produção de 1,05 bilhões de dúzias de ovos. Considerando esse plantel e a perda de ovos de 7,4% indicada por Campos, et al. (1981) para o Brasil, os produtores Brasileiros tiveram, no ano de 1997 uma perda de aproximadamente 39,6 milhões de Reais ou R$ 0,76 por ave. Na prática, o fator idade é um dos mais influentes no aumento de perdas de ovos. Keshavarz (1994) afirmou que a qualidade da casca decresce expresivamente no final da postura, com ovos cada vez maiores e cascas finas. Também Roland (1977) relata perdas maiores em aves com idade avançada, assinalando ser essa variável um problema severo para a avicultura comercial.
Submeter as aves no final do primeiro ciclo de produção a um programa de muda forçada, é uma forma de se obter em ovos melhorados na casca, após a retomada da postura, além de incremento na taxa de postura e ovos mais pesados. É conhecido o objetivo da muda forçada, na recuperação do sistema reprodutivo da ave, no qual o sistema reprodutivo passa por um repouso, regressando à necessária capacidade produtiva, melhorando a qualidade dos ovos e reduzindo o nível de perda, por baixa qualidade dos ovos (Miyano, 1993). As atuais linhagens de postura têm uma grande capacidade genética para produção de ovos, o que viabiliza e estimula a adoção da muda forçada. Além do mais uma poedeira mudada fica abaixo de 60% do custo de uma franga de reposição (Oliveira, 1993). Oliveira (1996) enfatizou que a prática da muda forçada tem-se intensificado no Brasil, com índices de produção bastante elevados, com ovos maiores e, por isso mesmo, exigindo níveis nutricionais mais ajustados à nova realidade. Porém essa melhoria experimentada após a muda tem duração de aproximadamente 12 a 16 semanas, e é a partir desse período que se nota uma redução acentuada da qualidade dos ovos e elevados níveis de perdas.
Alguns microminerais ocupam função importante na produção e na qualidade dos ovos. Nesse contexto, o manganês (Mn) é um exemplo, que participa ativamente do processo produtivo e é essencial para a atividade fisiológica normal das aves. A deficiência de Mn pode aumentar a incidência de ovos com casca mole ou sem casca (Scott, Neshein e Young, 1982). As cascas de ovos produzidos na deficiência de Mn, são mais finas, menos resistentes e contêm menor teor de hexosamina e ácido hexurônico do que as produzidas por aves com suprimento normal de Mn (Leach Jr. e Gross, 1983). Hill e Mathers (1968) constataram redução no teor de Mn e na espessuara da casca de ovos produzidos por poedeiras que receberam níveis baixos de Mn no período de pré-postura e durante o período de postura, sendo que alguns desses ovos apresentaram cascas irregulares com áreas translúcidas, quando olhados contra a luz. Cox e Balloun (1968), pesquisando a necessidade de Mn e o efeito de níveis de cálcio (Ca) na dieta, sobre o desempenho e qualidade dos ovos de poedeiras, suplementaram a dieta com Mn em níveis de 0, 33 e 66 ppm, em uma ração contendo 20 ppm de Mn analisado, e o Ca em níveis de 2,5; 3,0 e 3,5%, não observando resposta da adição de Mn em nenhum critério avaliado. Maurice e Whisenhunt (1980), realizaram dois ensaios com poedeiras. No primeiro experimento, testaram-se dois níveis suplementares de Mn, um baixo (25 mg/kg) e outro alto (200 mg/kg), em combinação com três níveis dietéticos de fósforo (P) (0,40; 0,50 e 0,60 %), não obtendo efeito significativo nos parâmetros produtivos e de qualidade de ovo, porém verificaram uma maior resistência à quebra, nos ovos das aves alimentadas com o nível alto em Mn, quando submetidos ao teste de força dinâmica. No segundo ensaio repetiram os dois níveis dietéticos de Mn (25 e 200 mg/kg), fixando o nível mais baixo de P (0,40 %), encontrando neste ensaio uma menor perda de ovos nas aves tratadas com o nível alto de Mn na dieta.
Em um experimento conduzido na UFLA, Sazzad, Bertechini e Nobre (1994), avaliaram o requerimento de Mn em rações práticas utilizando poedeiras comerciais de duas linhagens (Hy-Line e Lohmann) em primeiro ciclo de produção, suplementando uma ração basal contendo 25 ppm de Mn analisado, com níveis de Mn de 0, 20, 40, 60 e 80 mg/kg, não verificando melhorias significativas na produção de ovos, peso dos ovos e conversão alimentar por massa de ovos, admitindo que essa resposta se deveu à baixa exigência de Mn para esses parâmetros, nos quais o Mn fornecido pela dieta basal supriu o requerimento mínino sem afetar a produção. Porém a qualidade da casca dos ovos medida como espessura de casca foi melhorada signicativamente com a suplementação de 80 mg de Mn por kg de dieta.
O efeito de níveis de fósforo disponível (Pdisp) na dieta (0,25; 0,35 e 0,45%) e a suplementação de Mn (25, 50 e 75 mg/kg) para poedeiras comerciais na idade de 42 a 50 semanas, foram avaliados por Hossain e Resende (1996). Nesse ensaio os autores relatam que aumentando os níveis de Pdisp e Mn na dieta não foi encontrado efeito significativo no consumo de ração e na conversão alimentar, no entanto verificaram que aumentando o Mn na dieta a produção de ovos foi reduzida e o peso dos ovos aumentado significativamente, não observando porém, efeito na espessura da casca dos ovos.
Geralmente as exigências dos microminerais são determinadas usando-se dietas purificadas, o que pode não refletir a exigência verdadeira durante condições práticas em que normalmente se utilizam ingredientes como milho e farelo de soja, nos quais certos fatores podem estar presentes e influenciar sua utilização. Por exemplo, a ligação de microelementos no alimento, formação de quelatos, interações com outros elementos e também com outros componentes orgânicos da dieta, além da biodisponibilidade nos ingredientes e suas fontes. A idade, fase de produção e estado sanitário das aves também exercem grande influência nas exigências de microminerais.
O manganês é essencial para deposição normal da casca e sua espessura. A suplementação desse microelemento em dietas à base de milho e farelo de soja tem levado a interações com fitatos presentes, reduzindo sua disponibilidade para a ave. Além desse fato, rações com altos teores de cálcio, normalmente utilizadas para poedeiras, podem interferir no aproveitamento desse micromineral.
As recomendações encontradas na literatura são para poedeiras em primeiro ciclo de produção, não havendo recomendações para poedeiras de segundo ciclo. Scott, Neshein e Young (1982) indica 33 mg/kg de Mn na dieta para poedeiras após 40 semanas de idade. Rostagno et al. (1992), recomendam 72 mg/kg, como concentração mínima de Mn na dieta para as poedeiras. Hossain e Rezende (1996) relatam que o melhor resultado de postura e peso de ovo foi conseguido com uma suplementação com Mn em 50 e 75 mg/kg, respectivamente. Leeson e Summers (1997), determinam que 70 mg/kg na dieta seja suficiente para rações de postura. A recomendação da Hy-Line (1996/1997), é de 66 mg/kg de ração.
O NRC (1994), tem recomendado o uso de 20 ppm na ração de poedeiras, o que representa um nível muito baixo, em relação ao suplementado na prática.
Com base nessas considerações, pelo presente trabalho teve-se como objetivo determinar os efeitos de níveis de manganês suplementados na ração, sobre a qualidade e produção de ovos de poedeiras no segundo ciclo de produção.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras. Teve duração de 140 dias, divididos em 5 períodos de 28 dias cada, de 10/06/97 a 27/10/97.
As aves foram alojadas em galpão convencional de postura, com comedouro do tipo calha galvanizada, e bebedouros do tipo “nipple”, em número de um bebedouro para duas gaiolas (6 aves). Densidade de 3 aves por gaiola (30 x 40 x 40 cm), e a temperatura ambiente registrada diariamente por meio de termômetro de máxima e mínima, localizado no centro do galpão. No decorrer do experimento as temperaturas médias foram de 29,7 e 16,1ºC para máxima e mínina, respectivamente.
Foram utilizadas 576 poedeiras leves da linha gem Hy - Line W36, oriundas de plantéis comerciais, divididas em 2 grupos de 288 aves, os quais foram submetidos à muda forçada no final do primeiro ciclo (72a semana de idade). A muda e a alimentação das aves foram realizadas conforme Oliveira (1981), sendo um grupo mudado no mês de Agosto/96, na granja de origem e o outro em Abril/97, possibilitando dessa maneira estudar simultaneamente 288 aves na fase inicial e 288 aves na fase final de postura do segundo ciclo, sendo cada grupo distribuído em 24 parcelas com 12 aves cada.
Estas aves receberam manejo, alimentação e vacinações (Bronquite Infecciosa e New Castle) semelhantes ao primeiro ciclo de postura.
O experimento foi iniciado quando as aves da fase inicial de postura atingiram 50% de produção pós-muda, ou seja na 5a semana do grupo inicial e na 25a semana do grupo final de segundo ciclo. O regime de iluminação adotado foi de 17 horas de luz por dia (das 3 às 20 horas), e as rações experimentais administradas ad libitum, sendo os ovos coletados duas vezes ao dia.
Para cada fase de postura pós-muda (inicial e final), foram avaliados os efeitos da suplementação de 6 níveis de manganês: (0, 40, 80, 120, 160 e 200 ppm), administrados na forma de sulfato de manganês mono hidratado (MnSO4.H2O, 31%).
A composição dos ingredientes utilizados nas rações experimentais está apresentada na Tabela 01. Os níveis de Mn estudados foram fornecidos por meio de premix de sulfato de manganês monohidratado, utilizando como veículo q.s.p o caulim (Tabela 02). Preparou-se inicialmente uma mistura do sulfato de manganês monohidratado com 200 g de manganês por kg e com base nesse nível foi-se adicionando veículo para se obterem os níveis inferiores. Os demais microminerais foram administrados em um premix, isento de Mn. Para a formulação das rações experimentais, adotaramse as recomendações estabelecidas por Rodrigues (1995) e Oliveira (1995) para poedeiras de segundo ciclo (Tabela 03). As rações experimentais inicial e final, sem a adição de manganês apresentaram 27,35 e 22,00 ppm de Mn analisado, respectivamente.
TABELA 1 - Composição química média dos ingredientes.
Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção - Image 1
1 Análises realizadas no Laboratório de Pesquisa Animal do DZO/UFLA.
2 Dados obtidos de Rostagno et al. (1992).
3 Dados calculados de acordo com Rostagno et al. (1992).
Análise realizada pelo laboratório da empresa Nutriplant.
TABELA 2 - Composição do suplemento de manganês, conforme os níveis de suplementação na ração.
Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção - Image 2
1 645 g de MnSO4.H2O (31%); caulim q.s.p 1000 g.
Avaliaram-se em cada fase de postura, os parâmetros de desempenho: produção de ovos (%ovos/ave/dia), peso médio dos ovos (g), consumo de ração (g/ave/dia), conversão alimentar (g/g) e perda de ovos (%). Além dos parâmetros de qualidade do ovo: unidade Haugh (UH), peso específico (g/cm3 ), percentagem de casca, espessura da casca (mm) e peso da casca por unidade de superfície de área (mg/cm2 ). Ao final do experimento uma ave por parcela foi sacrificada e retirada sua tíbia esquerda, para proceder à análise da concentração de manganês, pelo método da absorção atômica, segundo metodologia descrita por Fialho (1992), utilizando espectofotômetro de absorção atômica modelo VARIAN - spectrAA-100, a fim de se avaliar o “status” de manganês ósseo. Sendo os resultados expressos na base da matéria seca desengordurada.
O delineamento experimental, foi o inteiramente casualizado, estudando-se em cada fase de postura os 6 níveis de manganês em 4 repetições e parcelas compostas por 4 gaiolas contendo 3 aves cada perfazendo 12 aves por parcela. Os resultados de desempenho e qualidade dos ovos foram submetidos à análise de variãncia e regressão, utilizando o pacote computacional SAEG, de acordo com Euclydes (1982).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com excessão do peso médio dos ovos e do consumo diário de ração, todos os demais parâmetros foram influenciados (P< 0,01) pela fase de postura, resultados estes apresentados na Tabela 04, estando coerentes de modo geral com os encontrados por outros autores, que trabalharam com poedeiras de segundo ciclo (Rodrigues, 1995; Oliveira, 1995 e Oliveira, 1998
a) Desempenho
Na Tabela 05, estão apresentados os resultados médios de todos os parâmetros de desempenho avaliados, segundo o nível de Mn suplementado e fase de postura do segundo ciclo. Verificou-se que, na fase inicial do segundo ciclo, houve efeito linear (P< 0,01) dos níveis de Mn na produção de ovos, fato esse que não foi observado para a fase final (P> 0,05), isso indica que o nível de Mn contido normalmente nos ingredientes utilizados nas rações de postura, foi suficiente para atender à necessidade desse micromineral para a produção de ovos.
O peso dos ovos, na fase inicial, apresentou efeito linear (P< 0,01), com 68,5g sem a suplementação de Mn e 69,4g com 200 ppm de Mn suplementar. Na fase final, não se obteve efeito do Mn (P> 0,05), estando esse resultado coerente com Cox e Balloun (1968) e Sazzad, Bertechini e Nobre (1994).
Pelos resultados encontrados dentro, não foi observada influência dos níveis de Mn no consumo médio diário de ração (P> 0,05) em nenhuma das fases de postura do segundo ciclo.
Não houve efeito (P> 0,05), para conversão alimentar (g/g), quando se avaliou a suplementação de Mn dentro de cada fase de postura isoladamente, estando de acordo com Sazzad, Bertechini e Nobre (1994), que do mesmo modo não notaram efeito de níveis de Mn na conversão alimentar de poedeiras de final de primeiro ciclo.
A perda de ovos do grupo de aves da fase inicial apresentou efeito linear (P< 0,05), com perdas médias de 3,09% sem a suplementação de Mn e 1,76% com suplementação de 200ppm de Mn na ração cujos resultados concordam com os encontrados por Maurice e Whisenhunt (1980). Resposta significativa também 
TABELA 3 - Composição das rações utilizadas no experimento.
Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção - Image 3
1Calcário fornecido na proporção de 2/3 de pó fino e 1/3 de calcário pedrisco (2 a 4 mm de diâmetro), de acordo com Oliveira (1995).
2 Suplemento vitamínico contendo por kg: Vit. A - 8.000.000 U.I.; D3 - 2.400.000 U.I. (fase inicial), D3 - 2.800.000 U.I. (fase final); E - 12.000 U.I.; K3 - 1.580 mg; B1 - 1.500 mg; B2 - 4.000 mg; B12 - 9,0 mg; Niacina - 20.000 mg; Ácido pantotênico - 9,0 g; Ácido Fólico - 500 mg; Colina - 200 g; Antioxidante - 10 g; Veículo q.s.p. 1.000 g.
3 Suplemento mineral contendo por kg: Zn - 60.000 mg; Cu - 8.500 mg; I - 610 mg; Fe - 70.000 mg; Co - 2.000 mg; Se - 150 mg; veículo q.s.p. - 1.000 g.
4 Inerte: Substituído pelos tratamentos de acordo com o apresentado na Tabela 02.
TABELA4 - Médias dos parâmetros avaliados nas fases de postura1
Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção - Image 4
1 Médias seguidas de letras diferentes, na mesma linha, diferem pelo Teste F (P< 0,01).
foi evidenciada nas perdas de ovos do grupo de aves da fase final de postura, porém com um efeito cúbico (P< 0,01), o que mostra apenas que a suplementação de Mn resulta em diminuição das perdas de ovos.
b) Qualidade de ovo
Na Tabela 06, estão apresentados os resultados médios dos parâmetros de qualidade de ovo, segundo o nível de Mn suplementado e a fase de postura do segundo ciclo.
Os níveis de Mn suplementados, não exerceram efeito (P> 0,05) nos valores de unidade Haugh (UH), em nenhuma das fases de postura, mostrando que o Mn não afeta a qualidade do albúmem.
A espessura da casca dos ovos, apresentou comportamento linear (P< 0,01), nas duas fases de postura, com os níveis de Mn suplementados. Sazzad, Bertechini e Nobre (1994), obtiveram do mesmo modo resposta linear na espessura da casca dos ovos, em poedeiras de primeiro ciclo. Porém, não foi encontrada coerência com outros autores , como os apresentados por Maurice e Whisenhunt (1980) e Junqueira (1997), que não indicaram haver alterações na espessura da casca dos ovos em poedeiras de primeiro ciclo tratadas com vários níveis de Mn.
Encontrou-se efeito linear (P< 0,01) dos níveis de Mn suplementados no peso específico dos ovos, para as aves da fase final, na qual os ovos produzidos sem a suplemetação de Mn apresentaram peso específico médio de 1,0778 e os produzidos com suplementação de 200ppm de Mn, apresentaram peso específico de 1,0793.
Não foram detectadas alterações (P> 0,05), na percentagem de casca, com a suplementação de Mn em nenhuma das fases de postura, concordando com resultados de Cox e Balloun (1968), que da mesma forma encontraram efeito do Mn na espessura da casca, mas não observaram aumento da percentagem de casca dos ovos.
A suplementação de Mn na ração das aves não exerceu efeito (P> 0,05), para o peso de casca por superficie de área (PCSA), em nenhuma das fases de postura do segundo ciclo. Não se encontrando dados comparativos na literatura.
c) Concentração de manganês nos ossos
Resultados significativos foram encontrados para a concentração de Mn na tíbia das poedeiras em ambas as fases de postura do segundo ciclo (Tabela 07).
Na fase inicial verificou-se um efeito quadrático (P< 0,01) na concentração de Mn na tíbia, o que indica 140 ppm de Mn como melhor nível de suplementação na ração, para se manter uma concentração adequada de Mn em nível ósseo, nas poedeiras em início de postura do segundo ciclo. Esses resultados diferem dos apresentados por Sazzad, Bertechini e Nobre (1994), talvez por causa fato de os autores terem trabalhado com aves em pico de postura de primeiro ciclo, e também por utilizarem amplitude pequena de variação nos níveis suplementados (0, 20, 40, 60 e 80 ppm). Porém, detectou-se efeito linear (P< 0,05) na concentração de Mn na tíbia das poedeiras na fase final do segundo ciclo. Apesar de ter apresentado baixo coefeciente de determinação (0,42), a análise de regressão não apresentou desvio de regressão (P> 0,05), indicando que o modelo foi adequado (ajustado).
TABELA 5 - Desempenho das poedeiras, segundo o nível de manganês suplementar e fase de postura do segundo ciclo.
Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção - Image 5
1 Efeito linear (P< 0,01)
2 Efeito cúbico (P< 0,01)
TABELA6 - Qualidade dos ovos produzidos, segundo o nível de manganês suplementado e a fase de postura do segundo ciclo.
Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção - Image 6
1 Efeito linear (P< 0,01).
2 Efeito linear (P< 0,05).
TABELA 07 - Concentração de manganês na tíbia de poedeiras comerciais de segundo ciclo, conforme a fase de postura e o nível de manganês suplementar.
Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção - Image 7
1 Efeito quadrático (P< 0,01)
2 Efeito linear (P< 0,05)
CONCLUSÕES
A suplementação de manganês melhora a qualidade da casca em ambas as fases de postura, após muda forçada.
O manganês contido nos ingredientes, normalmente usados nas rações de postura, é suficiente para manter a produção de ovos ( entre 22 e 27 ppm).
Há relação positiva entre o nível de manganês na ração e seu nível na tíbia.
A suplementação de 120 ppm de manganês, nas duas fases, propicia melhor qualidade de casca, sem prejudicar a produção de ovos.
PUBLICADO ORIGINALMENTE na Ciênc. agrotec., Lavras, v.24, n.2, p.468-478, abr./jun., 2000. Acesso disponível em: RI UFLA: Manganês na nutrição de poedeiras no segundo ciclo de produção

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Autores:
Antônio Bertechini
UFLA - Universidade Federal de Lavras
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