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Morfometria Duodeno Frangos Desempenho

Morfometria da mucosa do duodeno de frangos de corte suplementados com melhoradores de desempenho

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: Marcia Regina F. Boaro, BCS Fernandes, AA Mendes, EL Milbradt, BB Martins, EF Aguiar
Sumário

Um experimento foi realizado na FMVZ-UNESP Botucatu com objetivo de avaliar a morfometria da mucosa do duodeno, o peso e comprimento dos segmentos do intestino delgado de frangos de corte suplementados com melhoradores de desempenho alternativos aos antimicrobianos. Foram alojados 1080 pintos, machos, com densidade populacional de 12 aves por metro quadrado. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis repetições de 30 aves cada. Os tratamentos foram: T1 (controle): dieta basal sem adição de antimicrobianos e aditivos; T2: dieta basal mais adição de antimicrobiano (enramicina); T3: dieta basal mais probiótico; T4: dieta basal mais prebiótico; T5: dieta basal mais simbiótico (T3 + T4); T6: dieta basal mais ácidos orgânicos. Aos 42 dias de idade, 72 aves foram pesadas individualmente e eutanasiadas. Os segmentos do intestino delgado, o duodeno, jejuno e íleo, foram pesados, com auxílio de balança semi-analítica e medidos com auxílio de fita métrica. Foram coletadas amostras de duodeno para a análise morfométrica da mucosa de duas aves por repetição, totalizando 12 aves por tratamento, os quais foram abertos e lavados com água destilada e fixados em solução de formalina tamponada a 10%, por 24 horas. Posteriormente os segmentos foram submetidos aos procedimentos de rotina histológica e corados por Tricrômico de Masson. O intestino delgado apresentou maiores valores de peso relativo nos tratamentos com probiotico e prebiótico em relação ao antimicrobiano embora nenhum dos aditivos tenha diferido do controle. Não foi possível observar efeito benéfico dos aditivos melhoradores de desempenho utilizados sobre a morfometria da mucosa do duodeno de frangos de corte aos 42 dias de idade.
Palavras Chave: Ácido orgânico, Prebiótico, Probiótico, Simbiótico. Apoio: FAPESP.

Introdução
A avicultura de corte moderna apresenta altos índices de produtividade e grande importância na economia mundial. Para essa produção eficiente é necessário o uso de tecnologias de ponta em instalações, genética, manejo, nutrição e sanidade. Visando a melhora da eficiência produtiva são utilizados antimicrobianos em dosagens subclínicas, pois promovem resultados significativos no desempenho dos animais, melhorando os índices zootécnicos e maximizando a produção (Costa et al., 2007). Porém com a possibilidade de indução de resistência bacteriana e da presença de resíduos de antimicrobianos nos produtos de origem animal, alguns países têm imposto restrições quanto ao uso de antimicrobianos como promotores de crescimento.
A tendência para a remoção de antimicrobianos das rações tem aumentado a busca por produtos alternativos que mantenham alta produtividade dos animais sem afetar a qualidade do produto final. Entre essas alternativas podem ser destacados os probióticos, prebióticos, simbióticos, ácidos orgânicos, entre outros.
O trato digestório é um sistema aberto em suas extremidades, revestido por células epiteliais especializadas, que estão frequentemente expostas a microorganismos e outros agentes tóxicos introduzidos pela própria ingestão de alimento, água e eventualmente material de cama, podendo levar a perda da integridade intestinal. A integridade intestinal é de suma importância para que se tenha uma boa área de contato do alimento com a mucosa intestinal, garantindo assim uma digestão eficiente. Portanto o estudo das alterações que ocorrem na mucosa entérica quando em contato com fatores tróficos (como alguns aditivos melhoradores de desempenho) que possam eventualmente proteger ou estimular o trato intestinal durante as fases críticas do seu desenvolvimento, preservando a capacidade de desempenho da ave é importante (Boaro, 2009).
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a morfometria da mucosa do duodeno, peso e comprimento do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) de frangos de corte suplementados com diferente aditivos melhoradores de desempenho alternativos aos antimicrobianos.
Materiais & Métodos
Um experimento foi conduzido nas instalações da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, campus de Botucatu. Para isso foram alojados 1080 pintos de um dia, machos, com densidade populacional de 12 aves por metro quadrado. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis repetições de 30 aves cada. O arraçoamento foi dividido em quatro fases: 1 (1-10 dias), 2 (11-21 dias), 3 (22-35 dias) e 4 (36-42 dias). Os tratamentos foram: T1 (controle): dieta basal sem adição de antimicrobianos e aditivos; T2: dieta basal mais adição de antimicrobiano (Enradin® F80 10 ppm para fase 5 ppm para as demais fases); T3: dieta basal mais probiótico (produto comercial composto por bactérias anaeróbicas 107 UFC/g, enterobactérias fermentadoras de lactose 105 UFC/g, Enterococcus spp 106 UFC/g e Lactobacillus acidophilus 107 UFC/g na dose de 150 g/ton para fase 1 e 100 g/ton para as demais); T4: dieta basal mais prebiótico (mananoligossacarídeos 1 kg/ton para fase 1 e 500 g/ton para as demais); T5: dieta basal mais simbiótico (T3 + T4); T6: dieta basal mais ácidos orgânicos (produto comercial composto pelos ácidos microencapsulados fumárico (64,1%), propionato de cálcio (10,3%), formiato de cálcio (20,5%) e sorbato de potássio (5,1%) na dose de 600 g/ton para todas as fases). As aves foram vacinadas contra coccidiose via água de bebida, no segundo dia de idade, visto que não receberam nenhuma droga anticoccidiana na ração. A fim de aumentar o desafio sanitário foi utilizada cama de maravalha reutilizada.
Aos 42 dias de idade, 72 aves (duas aves por repetição de cada tratamento) foram pesadas individualmente e eutanasiadas. Posteriormente foi retirado todo o trato gastrointestinal das aves, os quais foram esvaziados e identificados o intestino delgado e grosso. Os segmentos do intestino delgado, o duodeno, jejuno e íleo (duodeno: a partir do piloro até a porção distal da alça duodenal; jejuno: a partir da porção distal da alça duodenal até o divertículo de Meckel; íleo: entre o divertículo de Meckel e a abertura dos cecos) foram pesados, com auxílio de balança semi-analítica e medidos com auxílio de fita métrica. Para a análise morfométrica da mucosa do duodeno foram coletadas amostras de duas aves por repetição, totalizando 12 amostras por tratamento, as quais foram lavadas com água destilada e fixadas em solução de formalina tamponada a 10%, por 24 horas. Posteriormente os segmentos do duodeno foram submetidos aos procedimentos de rotina histológica e corados por Tricrômico de Masson, de acordo com a metodologia preconizada por Behmer et al. (2003).
A morfometria da mucosa do duodeno foi obtida através das análises dos cortes histológicos realizadas com auxílio do microscópio óptico acoplado a um sistema computadorizado de captura de imagem (Leica Qwin 3.0). Foram realizadas 10 medidas da mucosa de cada lâmina estudada. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo programa computacional SAS (Statistical Analysis System, 2004). As diferenças entre as médias foram submetidas ao teste Tukey, utilizando o procedimento GLM (General Linear Models) ao nível de significância de 5%.
Resultados & Discussão
Não foi possível observar influência dos tratamentos sobre peso relativo dos segmentos de duodeno e íleo. Para o segmento de jejuno o maior valor de peso relativo foi observado no tratamento com prebiótico em relação ao antimicrobiano, entretanto nenhum dos aditivos diferiu do controle. O peso relativo do intestino delgado como um todo apresentou os maiores valores (P<0,05) nos tratamentos com probiótico e prebiótico em relação ao antimicrobiano, porém nenhum dos aditivos diferiu do controle (Tabela 1).
Tabela 1. Peso relativo do intestino delgado de frangos de corte aos 42 dias de idade sob diferentes aditivos melhoradores de desempenho
Tratamentos
Variáveis
Peso aves (g)
Duodeno %
Jejuno %
Íleo %
I.Delgado %
Controle
2949,67
0,67
1,10ab
0,96
2,73ab
Antimicrobiano
2992,75
0,64
1,05b
0,92
2,60b
Probiótico
2936,08
0,77
1,19ab
1,08
3,05a
Prebiótico
2922,75
0,71
1,24a
1,10
3,05a
Simbiótico
2941,67
0,68
1,15ab
1,08
2,91ab
Ác. Orgânicos
2818,42
0,69
1,14ab
1,01
2,84ab
Média
2926,89
0,69
1,14
1,03
2,86
CV (%)
6,64
15,53
12,35
16,92
10,47
P
0,382
0,063
0,029
0,055
0,002
Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). CV(%): coeficiente de variação; P: probabilidade; I.Delgado %: peso relativo intestino delgado; Ác.: ácidos.
Para a outra variável avaliada, comprimento do intestino delgado, não foi possível observar influência (P<0,05) dos tratamentos (Tabela 2).
Tabela 2. Comprimento do intestino delgado de frangos de corte aos 42 dias de idade sob diferentes aditivos melhoradores de desempenho
Tratamentos
Variáveis (comprimento em cm)
Duodeno
Jejuno
Íleo
Intestino delgado
Controle
28,58
54,71
54,25
137,54
Antimicrobiano
29,50
57,50
52,29
139,29
Probiótico
31,54
59,33
55,25
146,12
Prebiótico
30,58
56,87
56,08
143,54
Simbiótico
30,00
58,92
55,79
144,71
Ác. Orgânicos
30,25
55,87
55,25
141,37
Média
30,08
57,20
54,82
142,10
CV (%)
10,32
13,07
11,50
9,56
P
0,298
0,646
0,714
0,622
CV(%): coeficiente de variação; P: probabilidade; Ác.: ácidos.
Em relação à morfometria da mucosa do duodeno também não foi possível observar influência (P<0,05) dos tratamentos (Tabela 3 e Fig. 1). Alguns ensaios concordam com os resultados encontrados, ou seja, não demonstraram resultados positivos dos aditivos melhoradores de desempenho sobre a morfologia intestinal. Entre eles, Pelicano (2006) testando probiótico (Bacillus subtilis e pool bacteriano) e mananoligossacarídeos (MOS) em frangos de corte aos 42 dias de idade e, Yang et al. (2007) estudando o efeito do MOS nestas aves.
Tabela 3. Comprimento (µm) da mucosa do duodeno de frangos de corte aos 42 dias de idade sob os diferentes tratamentos
Variável
Tratamentos
Controle
Antimicrobiano
Probiótico
Prebiótico
Simbiótico
Ác. Org.
Comp. mucosa duodeno (µm)
2162,19
2160,09
2207,41
2202,96
2264,73
2315,74
Média
2218,21
CV (%)
12,08
P
0,689
Comp.: comprimento; CV (%): coeficiente de variação; P: probabilidade; Ác. Org.: ácidos orgânicos.
Figura 1. Fotomicrografia da mucosa do duodeno de frango de corte aos 42 dias de idade.
Morfometria da mucosa do duodeno de frangos de corte suplementados com melhoradores de desempenho - Image 1
Em A: Tratamento controle; B: Tratamento com antimicrobiano; C: Tratamento com probiótico; D: Tratamento com prebiótico; E: Tratamento com simbiótico e F: Tratamento com ácido orgânico. Tricrômico de Masson, 5x.
Conclusão
Não foi possível observar efeito benéfico dos aditivos melhoradores de desempenho utilizados sobre a morfometria da mucosa do duodeno de frangos de corte aos 42 dias de idade.
Bibliografia
Behmer OA et al. 2003. Manual de Técnicas para Histologia Normal e Patológica. 2ª ed. Editora Manole, Barueri. 331p.
Boaro M. 2009. Morfofisiologia do trato intestinal. In: Conferência APINCO 2009. Facta: Porto Alegre. Pp. 262-274.
Costa LB et al. 2007. Extratos vegetais como alternativas aos antimicrobianos promotores de crescimento para leitões recém-desmamados. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa. 36(3):589-595.
Pelicano ERL. 2006. Desempenho, qualidade de carne e desenvolvimento da mucosa intestinal de frangos produzidos com probiótico e prebiótico. 117 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Jaboticabal.
SAS (Statistical Analysis System). 2004. SAS user's guide: Statistic. SAS Institute Inc., Cary, NC, USA.
Yang Y et al. 2007. Effects of mannanoligosaccharide on growth performance, the development of gut microflora, and gut function of broiler chickens raised on new litter. Journal Applied Poultry Research 16:280-288.
 
 
Conteúdo do evento:
Autores:
Marcia Regina F. Boaro
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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