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leptospirose em bovinos

Leptospirose Bovina

Publicado: 9 de fevereiro de 2011
Por: Dr. Joseir Monteiro (Coordenador Técnico e Comercial - Laboratório Microsules do Brasil Ltda.)
A leptospirose é uma doença infecciosa de distribuição cosmopolita, causada por bactérias do gênero Leptospira, que acomete entre os animais domésticos tais como: bovinos, suínos eqüinos, muares, gatos e cães, podendo ocorrer também em vários animais selvagens. 
Sua relevância se deve a seu potencial zoonótico, podendo levar a doença humana, onde as principais características é febre, icterícia, alterações hepática e renal, além de cefaléia, alterações gastrointestinais e a febre hemorrágica, podendo levar a óbito em pouco tempo.
Podemos dizer que nos bovinos tem grande interesse econômico, pois são eles os grandes reservatório e disseminadores da doença, principalmente quando se instala em forma crônica, geralmente esta é assintomática sendo então um portador em potencial e que poderá eliminar a bactéria por longo período, contaminando as pastagens e os estábulos.É causada por espiroquetas: Ordem Spirochaetales; Família Spirochaetaceae; Gênero Leptospira.
O gênero contém 7 diferentes espécies, com mais de 200 sorovariantes em todo o mundo, sendo que no Brasil, as mais importantes em bovinos são: pomona, wolfii, sejroe, hardjo e bratislava. e interogans.   
Leptospirose Bovina - Image 1
EPIDEMIOLOGIA 
A leptospirose bovina é endêmica no Brasil, podendo nos bovinos, ocasionar alterações congênitas, abortos, distúrbios reprodutivos (retenção de placenta e natimortos), com infecções subclínicas capazes de prejudicar a eficiência reprodutiva do animal, levando-o à infertilidade. 
São acometidos bovinos de ambos os sexos, porém com perdas mais significativas em fêmeas, levando a perdas zootécnicas principalmente na produção de leite, devido a problemas com mastites.

TRANSMISSÃO

A via de transmissão mais importante é pela urina. A via venérea constitui vetor pelo trato genital de vacas durante um período de oito dias após o abortamento e encontra-se, também, no trato genital de touros. A via transplacentária (não é comum, porém a infecção neonatal é provavelmente contraída no útero) e mamária ou até o hábito de limpeza da genitália, escroto, tetas ou outras partes entre os animais, pode constituir-se vias de transmissão.A transmissão ao homem é carreada pela urina ou órgãos e infectam o humano pelo contato direto com a pele, mucosa oral e conjuntival com água contaminada e outras fontes, sendo risco para fazendeiros, trabalhadores rurais, pessoal de lida no frigorífico e veterinário.PATOGENIA
Após a penetração da pele ou mucosa, os microorganismos fazem bacteremia, sendo carreados ao fígado, multiplicando-se e fazendo nova bacteremia. Podem se reproduzir no sangue, levando a um quadro de septicemia, com hemólise e hemoglobinúria (este quadro é mais comum em bezerros). Se o animal sobreviver a esta fase, poderá evoluir para a fase renal.

A lesão capilar é comum a todas as sorovariantes e, durante a fase septicêmica, hemorragias petequiais são comuns. A lesão vascular também ocorre no rim, levando a um quadro de nefrose hemoglobinúrica. Diferentemente de outros animais e do homem, o quadro de insuficiência renal no bovino é muito mais raro de acontecer e o abortamento é uma seqüela comum após a invasão inicial sistêmica, com ou sem degeneração placentária. 
Podem ocorrer várias semanas após a invasão sistêmica, com mais freqüência na segunda metade da gestação, provavelmente devido à maior facilidade de invasão da placenta neste estágio. 
O abortamento sem prévia doença clínica também é comum. Raramente as leptospiras estão presentes no feto abortado, e o período de incubação na leptospirose, usualmente, vai de quatro a dez dias.

SINTOMAS  
A forma aguda é relacionada à fase inicial da doença, que coincide com a bacteremia, e geralmente é de difícil visualização, sendo descritos, entretanto, sinais de febre alta (40,5 a 41,5o C), hemoglobinúria, icterícia, anorexia, aborto em animais prenhes e queda na produção do leite devido a uma mastite atípica, com o úbere podendo apresentar-se edematoso e flácido à palpação e o leite amarelado ou tingindo de sangue. Porém estes sintomas são comuns em várias outras enfermidades. A anemia leva à taquicardia e dispnéia. Nesta fase, a taxa de mortalidade é alta, principalmente em bezerros, ou quando sobrevivem, a convalescência é prolongada.
Na forma subaguda, são também descritas diminuição na produção do leite, a febre é moderada entre 39 a 40,5 °C, levando a uma leve icterícia e diminuição da ruminação. Na forma crônica, as alterações estão restritas à esfera reprodutiva, culminando em sinais como abortos que ocorrem com maior freqüência do quinto ao sexto mês de gestação, retenção de placenta, culminando em deficiências reprodutivas e natimortos. As formas agudas e subagudas são mais observadas em animais jovens e em vacas em lactação.
Nos bezerros além do quadro agudo, alguns apresentam rigidez dos membros posteriores. Ao baixar a temperatura os animais afetados voltam ao normal, porém retardam o crescimento em relação aos que não sofreram a doença. O prognóstico em animais de produção é bom, pois a doença é normalmente benigna, exceto pelos casos que ocorram em neonatos e abortos, havendo um grande prejuízo funcional e econômico.

DIAGNÓSTICO 

O diagnóstico da leptospirose depende de um bom exame clínico, boa anamnese, histórico de vacinação e avaliação laboratorial empregando-se testes voltados para o diagnóstico da leptospirose. 
 Em bovinos os abortos podem até ser atribuídos à outra doença ou até serem confundidos com abortos de origem não infecciosa, e neste caso é muito importante o diagnóstico diferencial com outras doenças reprodutivas que apresentam os mesmos sintomas.No exame histopatológico, a observação do agente exigi a fixação do tecido imediatamente no pós morte, e coloração pelo método de impregnação pela prata, contudo os resultados são muito mais satisfatórios em condições experimentais. A cultura para isolamento do agente e a inoculação em cobaias ainda são as técnicas mais eficientes e seguras de diagnóstico. 
Os métodos indiretos de diagnóstico baseiam-se na demonstração de anticorpos por provas de soro aglutinação, fixação de complemento, imunofluorescência indireta e ELISA. As leptospiras induzem a produção de anticorpos, principalmente do tipo IgM. As imunoglobulinas IgA e IgG aumentam mais discretamente com a evolução da doença.

CONTROLE

O controle deve ser feito através do diagnóstico, com tratamento e isolamento dos animais doentes. Os animais devem ser retirados de áreas alagadas. Mantê-los distantes dos depósitos de alimentos.Em casos de abortos, o feto e restos placentários, devem ser enterrados evitando contaminação. Enquanto nos surtos, tratar preventivamente os animais sadios, evitando colocá-los em pastos alagados, nem mesmo agrupá-los.
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Autores:
Joseir Monteiro
Laboratorios Microsules
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Roberto Maihack
13 de diciembre de 2018
Depois de tratado um reprodutor ou matriz, pode ser mantido no plantel ou deve ser substituído/a?
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Alessandro Victor Patrício De Albertini
Alessandro Victor Patrício De Albertini
28 de junio de 2012

Para o Dr. Monteiro

Estou participando de grupo de pesquisa para diagnóstico rápido da leptospirose em humano, já que a mesma tem o diagnóstico prejudicado incialmente por ser confudido com outras doenças. Adianto que não tem nada haver com medicamentos.

Obrigado pela resposta.

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Joseir Monteiro
Laboratorios Microsules
27 de junio de 2012

PREZADO ALESSANDRO

Vale apena lembrar que; o controle da doença no rebanho deve partir do diagnóstico laboratorial da sorovariedade presente em sua propriedade. O tratamento dos animais doentes basea-se no sentido de controlar a eliminação de leptospiras na urina e conseqüente contaminação ambiental.
O antibiótico mais frequentemente utilizado no tratamento da leptospirose é a estreptomicina alcançando resultados bastante satisfatórios, quando feito de forma correta.
Pelo meu ponto de vista, o sacrifício do animal doente seria a ultima alternativa do controle da doença na propriedade após um tratamento sem sucesso.

Dr.Joseir Monteiro

LABORATÓRIO MICROSULES DO BRASIL.

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Alessandro Victor Patrício De Albertini
Alessandro Victor Patrício De Albertini
26 de junio de 2012

Gostaria saber se alguém pode me dar a seguinte informação: uma vez diagnosticado a doença seja para pequeno ou grande produtor (bovino), há vantagem em tratar o animal infectado? Ou o mesmo deve ser sacrificado?
Grato

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Joseir Monteiro
Laboratorios Microsules
4 de junio de 2012


PREZADO MARCO ANTONIO

Como sabemos, a vacinação é a melhor forma de proteger o rebanho contra a doença, principalmente, os machos e as fêmeas a partir dos 4 meses de idade, repetindo uma segunda dose 30 dias depois da primeira e revacinação semestral.
Podemos afirmar que é quase impossível a eliminação da doença no rebanho, devido a complexidade epidemiológica, uma vez que vários animais silvestres podem disseminar a bactéria.
Portanto, recomendo fazer exames sorológicos do rebanho periodicamente, pelo menos duas vezes ao ano e tratar os animais com altos títulos de anticorpos.
O tratamento é feito com Estreptomicina ou Diidroestreptomicina na dose de 12 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, durante 3 dias ou de acordo com a orientação do médico veterinário. Vale apena lembrar que, devido ao curso muito rápido da doença, principalmente em animais jovens, o resultado do tratamento pode ser bem limitada.

Dr.Joseir Monteiro
LABORATÓRIO MICROSULES DO BRASIL LTDA.

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Marco Antonio Foroni
4 de junio de 2012

Parabens pelo artigo. Em um rebanho contaminado com leptospirose, podemos vacinar todos os animais ou primeiro temos que tratar os animais doentes? E qual seria o tratamento? Obrigado.

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Lorgio Franco
Lorgio Franco
24 de mayo de 2011
Felicidades! Dr. Montero. un interesante tema...por la importancia del aborto en bovino, y es un gran perjuicio para el productor. ------------------------------------------------------------------------ (Tradução Engormix.com) Felicidades! Dr. Monteiro, um interessante tema... pela importância do aborto em bovino, que representa um grande prejuízo para o produtor.
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Joseir Monteiro
Laboratorios Microsules
18 de abril de 2011
Prezada Antonella Cordi Geralmente acontece abortos no último trimestre de gestação, decréscimo na produção de leite prolongado, leite espesso amarelado ou tingido de sangue, hemoglubinúria e icterícia que podem ser indicativos da presença de leptospirose. Para confirmação do diagnóstico devem ser realizadas análises serológicas, microbiológicas ou por técnica de PCR. Títulos de anticorpos elevados indicam aborto por leptospira. O microorganismo pode ser identificado na urina duas semanas após a infecção. Os fetos abortados estão normalmente autolizados, edematosos e ictéricos. Os fluidos de rins e fígado fetais devem ser submetidos ao laboratório para confirmação da presença de leptospiras. É igualmente possível identificar leptospiras em amostras de sangue de animais severamente infectados através de técnicas de imunofluorescência. Os principais diagnósticos Diferenciais são: HEMOGLOBINÚRIA E/OU ANEMIA: Babesiose, anaplasmose, envenamentos por algumas substâncias, hemoglobinúria pós-parto, hemoglubinuria bacilar, anemia hemolítica. ABORTO: IBR, BVD, campilobacteriose, brucelose, listeriose, salmonelose, abortos provocados por clamídias, abortos provocados por fungos. Coloco-me a disposição para melhores esclarecimentos. Atenciosamente DR.JOSEIR MONTEIRO LABORATÓRIO MICROSULES DO BRASIL
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antonella cordi
18 de abril de 2011
Dr Monteiro, gostaria de saber se, além do exame laboratorial, podemos observar alguma característica nos fetos abortados ou na vaca que está abortando que seja específica da doença (leptospirose) ou seja, se existe algum sinal clínico além do exame laboratorial que ajude no diagnóstico do aborto por leptospirose. att. Antonella Cordi
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Pablo Andrés Motta Delgado
Pablo Andrés Motta Delgado
1 de abril de 2011
Parabéns ao doutor Monteiro, o artigo é realmente bom. Eu quero agregar que as vacinas estas devem tener o serovar harjo quem gera os abortos no terço meio da gestacao. Alem é importante mencionar que as vacinas somente geram imunidade maximo durante oito meses, por isso é recomendável a revacinacao semestral.
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