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Aglomerados Produtivos Ovos Brasil

Caracterização e Dinâmica dos Aglomerados Produtivos de Ovos no Brasil nos anos de 1996 e 2006.

Publicado: 19 de abril de 2012
Por: Jonas Irineu dos Santos Filho; Alexandre Marcos Matiello
Sumário

Resumo: Os resultados obtidos nos permitem constatar que em 1996 existiam dois aglomerados de produção de ovos no Brasil, mais precisamente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. No ano de 2006 os aglomerados existentes em 1996 se expandem. Naquele ano, também se consolidam aglomerados de produção em Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco e Espírito Santos. A persistência na produção de ovos no período analisado foi de 0,5333 e 0,5291 para os agrupamentos de produção pertencentes respectivamente ao segundo (50%) e terceiro (75%) quartis.de produção.

Palavras-chave:. centróide da produção, índice de concentração, índice de persistência, postura.

Introdução
A agropecuária brasileira vem atravessando por grandes transformações espaciais. Estas transformações, aqui sintetizadas na posição geográfica da produção, decorrem da dinâmica populacional, mudanças tecnológicas e mudanças na conjuntura macroeconômica nacional e mundial.
A avicultura de postura não ficou à parte destas mudanças. Além das alterações já citadas, outras mudanças vêm ocorrendo no cenário mundial para os produtos alimentícios e, dentre elas, pode-se citar: expansão do comércio mundial de alimentos, maior demanda por produtos altamente processados, preocupação com a segurança alimentar, etc.
Recentemente tem-se observado que as barreiras não sanitárias vêm tornando-se uma das maiores restrições para viabilizar acesso ao mercado internacional. Enfermidades como a febre aftosa e peste suína sempre estiveram presentes nas agendas dos atores políticos e econômicos das cadeias produtivas relacionadas à produção animal. Em período mais recente o surgimento da BSE (bovine spongiforme encefalomielite), da gripe Aviária vem ganhando destaque e dominando os debates em relação à comercialização e o consumo de proteína animal.
Em função do exposto, torna-se importante estudar a evolução na concentração e na distribuição espacial da produção de ovos no Brasil, com o detalhamento fornecido pelos dados em nível de microrregião geográfica.
Material e Métodos
Os dados utilizados nesta pesquisa foram obtidos através dos Censos Agropecuários efetuados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O período de análise são os anos 1996 e 2006 e as unidades básicas de análise foram às microrregiões geográficas. Os dados do Censo Agropecuário representam a produção de ovos comercial, de autoconsumo e genética (ovos para produção de pintos e pintainhas).
Os métodos convencionais, como regressões múltiplas e inspeção visual de mapas, não são as formas mais adequadas de lidar com dados georreferenciados, pois não são confiáveis para detectar agrupamentos e padrões espaciais significativos. Dessa forma, conforme afirma Gonçalves (2005) apud Santos Filho (2006), deve-se utilizar a análise exploratória de dados espaciais como primeiro passo para revelar padrões espaciais, que têm de anteceder quaisquer métodos econométricos espaciais. Como medida de dependência usa-se neste estudo o indicador local de Moram - I-Moran (Anselin, 1995 apud Santos Filho, 2006). Este indicador avalia a significância dos agrupamentos espaciais locais e indica focos de não estacionalidade espacial (localizações atípicas) e ainda sugere a presença de observações discrepantes ou regimes espaciais (Santos Filho, 2006).
Neste estudo, visando mensurar a dinâmica da atividade, foram calculados o índice de persistência (coeficiente de Jaccard) seguindo o método exposto em Ignaczak et al. (2006).
Figura 1 – Distribuição da produção de ovos de galinha no Brasil nos anos de 1996 e 2006.
Caracterização e Dinâmica dos Aglomerados Produtivos de Ovos no Brasil nos anos de 1996 e 2006. - Image 1
Caracterização e Dinâmica dos Aglomerados Produtivos de Ovos no Brasil nos anos de 1996 e 2006. - Image 2
Resultados e Discussões.
A produção de ovos no Brasil, em decorrência da estabilidade econômica brasileira no período estudado, cresceu a uma taxa de 3,7% ao ano passando de 1.885.045 mil dúzias em 1996 para 2.711.275 mil dúzias em 2006. Em termos per capitas este desempenho fez com que a nossa produção por habitante tenha passado de 140 ovos em 1996 para 174 ovos em 2006. Esta produção de ovos no Brasil é concentrada no Estado de São Paulo (32,58%; 22,06% 1 ) que é o primeiro produtor nacional, sendo seguida pelos Estados do Paraná (10,58%; 16,27% 1 ), Rio Grande do Sul (11,97%; 14,33% 1 ), Minas Gerais (10,69%; 9,39% 1 ), Santa Catarina (5,83%; 9,30% 1 ), Pernambuco (4,49%; 6,04% 1), Goiás - incluindo o Distrito Federal (1,71%; 4,43% 1 ) e Espírito Santo (1,86%; 4,26% 1 )
1 O primeiro e segundo números representam a participação na produção estadual em 1996 e 2006 respectivamente.
Figura 2 – Aglomerado de Produção de Ovos no Brasil em 1996 e 2006 – 10% de Significância.
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O Estado de São Paulo ainda que tenha diminuído a sua importância relativa na produção nacional manteve em termos absolutos a sua produção inalterada. Merecem também destaque os aumentos na produção nos estados do Paraná e Santa Catarina. Neste estados o expressivo crescimento da produção deve ser creditada a produção de ovos para a formação dos pintos de um dia (setor de genética) em decorrência da expressiva importância destes estados na produção de frangos.
Os cálculos dos indicadores de dependência espacial (I-Moram) permitem constatar a existência de aglomerados produtivos na produção de ovos tanto no ano de 1996 como em 2006. O I-Moral Global foi de 0,1977 e 0,1832 para os anos de 1996 e 2006 e ambos foram estatisticamente significativos a 1% de probabilidade, Ainda, em termos de aglomerados de produção pode-se notar através dos mapas na Figura 2 que em 1996 existiam dois grandes aglomerados produtivos no Brasil, um em São Paulo e outro no Rio Grande do Sul. O estado de Minas Gerais, ainda que seja um grande produtor de ovos não apresentou, devido a sua dispersão espacial, um aglomerado produtivo significativo estatisticamente. Para o ano de 2006 os aglomerados existentes em São Paulo e Rio Grande do Sul sofrem alterações significativas. Em São Paulo o aglomerado de produção dominante passa a se concentrar mais ao sudoeste do Estado. No Rio Grande do Sul também existe alteração na localização do aglomerado produtivo que se desloca do entorno de Porto Alegre em direção ao Noroeste do Estado.
Ainda, para o ano de 2006 se expandem os aglomerados de produção do Sudoeste do Paraná, Oeste de Santa Catarina e Entorno de Brasília e Goiânia. Surgem pequenos aglomerados de produção no Espírito Santo, Pernambuco e Norte de Minas Gerais.
Aa regiões Norte, Centro Oeste e Nordeste continuam pouco expressivas na produção nacional de ovos. Na região Centro Oeste somente o entorno de Brasília se mostra como um núcleo importante de produção.
Em termos de dinâmica na produção os indicadores de persistência permitem constatar que ocorreram grandes alterações espaciais na produção de ovos no Brasil no período estudado. Para o ano de 1996 tinha-se que 9, 31 e 81 microrregiões representavam 25%, 50% e 75% da produção. No ano de 2006 tem-se que este número se alterou para 6, 19 e 43 microrregiões para os mesmos 25%, 50% e 75% da produção.
Como conseqüência das alterações acima tem-se que o índice de persistência para as microrregiões que representam 50% e 75% da produção foi de 0,533 e 0,529 que confirma a grande dinâmica espacial da produção de ovos.
Figura 3 – Modificação entre 1996 e 2006 na distribuição espacial da produção de ovos dos municípios que produzem 50% e 75% da produção nacional respectivamente.
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Conclusão
A produção de ovos no Brasil apresenta-se em crescimento, com formação de aglomerados produtivos regionalizados. Identifica-se a formação de novos aglomerados produtivos na região Centro-Oeste, indicando que a produção de ovos está em expansão no país. As regiões Sul e Sudeste apresentaram modificação em seus aglomerados produtivos, havendo aparecimento de novas microrregiões produtivas, além da mantença das antigas.
Referências Bibliográficas.
BRENTANO, L. Principais duvidas sobre a gripe aviária. Brasília. Embrapa. acessado em www.embrapa.br no dia 28 de março de 2006.
IGNACZAK, J. C.; DE MORI, C.; GARAGORRY, F. L.; CHAIB FILHO, H. Dinâmica da produção de trigo no Brasil no período de 1975 a 2003. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2006. 40 p. html. Disponível: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/bp/p_bp36.htm
LIMA, R.C.A., MIRANDA, S.H.G. de, GALLI, F. Febre Aftosa- impacto sobre as exportações brasileiras de carnes e o contexto mundial das barreiras sanitárias. ICONE-CEPEA. Brasília, 2005, 31 p. (relatório final)
Santos Filho, J. I. dos. Evolução e determinantes do emprego não agropecuário no estado de Santa Catarina. ESALQ/USP. 256 p. 2006. (Tese de Doutorado)
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Autores:
Jonas Irineu dos Santos Filho
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