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Quando pouco representa muito - aproveitando ao máximo os ingredientes com alto teor de fibra

Publicado: 6 de abril de 2015
Por: Milan Hruby - Senior Technical Service Manager - DUPONT
O preço das rações nunca esteve tão alto. O preço dos suínos sofre constantes pressões. A produção de biocombustível disputa o suprimento de grãos. A qualidade dos ingredientes das rações varia muito e temos mais acesso a novas matérias-primas com valores discutíveis. Esses são alguns dos principais problemas enfrentados pela suinocultura hoje em dia. Mais do que nunca, os suinocultores precisam explorar as tecnologias mais recentes disponíveis para maximizar as margens de sustentabilidade da produção suína. Isso é o que explica o Dr. Milan Hruby, gerente dos serviços técnicos regionais da Danisco, Animal Nutrition.
Ingredientes da ração - alguns desafios nutricionais
Os subprodutos da moagem de grãos e o setor de biocombustíveis são, potencialmente, uma matéria-prima com custo-benefício muito bom e, portanto, atraente para a formulação de ração para animais em crescimento-terminação. Mas à medida que seu uso nas dietas aumenta, os produtores alimentícios precisam levar em conta os níveis e tipos de fibra contidos nesses ingredientes.
Tal nível é, com frequência, medido como fibra bruta. Contudo, os níveis de fibras bruta subestimam muitíssimo os níveis reais de fibra total na matéria-prima das rações (Tabela 1).
Tabela 1:  Níveis aproximados de fibra em vários grãos por subprodutos (com quantidade normal de umidade ainda na matéria-prima)
Quando pouco representa muito - aproveitando ao máximo os ingredientes com alto teor de fibra - Image 1* A fibra bruta é composta, predominantemente, de celulose e lignina; Fibra total  inclui celulose e lignina, junto com outras frações de fibras de paredes celulares solúveis e   insolúveis; por ex., arabinoxilano
Tipos diferentes de fibras na matéria-prima afetam seu valor alimentar. As fibras solúveis presentes em alguns desses subprodutos de grãos se dissolvem no intestino do animal, formando géis viscosos que aprisionam os nutrientes, reduzindo a velocidade de digestão e a passagem da ração pelo intestino. As fibras insolúveis, predominantes nos subprodutos dos grãos, conseguem ligar-se e aprisionar os nutrientes solúveis em água de modo que ficam menos disponíveis para a digestão. Ambos os tipos de fibra criam mais volume no intestino do suínos, o que pode diminuir a absorção de ração e o crescimento subsequente, reduzindo, ao mesmo tempo, a eficácia da alimentação.
Consequentemente, o nível e a digestibilidade dos nutrientes nesses subprodutos podem ser altamente variáveis, resultando, potencialmente, em variações correspondentes no crescimento do animal e na utilização da ração, levando ao aumento de dias de espera até o abate e dos custos com a suinocultura. Por isso, seu uso na dieta alimentar deve ser bem administrado.
Quando pouco que representa muito
Quando o custo com a ração é alto, o preço dos animais é baixo e as margens de lucro diminuem, ficamos tentados a cortar alguns microingredientes que, acreditamos, aumentam o preço da ração. O perigo dessa abordagem é a redução do custo por tonelada e também do "valor" da ração para o suíno em termos de benefícios no ganho de peso vivo e na utilização da ração. Agora, mais do que nunca, as enzimas comprovadas das rações oferecem um modo extremamente econômico de diminuir os custos, mantendo o desempenho dos suínos e aumentando sua uniformidade.
A contribuição de certas enzimas degradadoras de fibra em todos os estágios da suinocultura, do desmame à terminação, foi demonstrado de maneira constante.  O acréscimo de sistemas de enzimas para rações baseados em xilanase (Porzyme®,  Danisco  Animal Nutrition) provou aumentar a disponibilidade de nutrientes e diminuir a variabilidade do valor alimentar dos principais grãos de cereais e seus subprodutos. Essas enzimas fazem a quebra das fibras antinutritivas, o que resulta em um desempenho alimentar mais constante, no aumento do ganho diário e da eficácia da ração, e em animais mais uniformes. Por exemplo, em mais de 80 testes (banco de dados do Porzyme Technical Report) com leitões e suínos em crescimento-terminação consumindo dietas baseadas em trigo ou cevada, o acréscimo de uma enzima alimentar aumentou o ganho diário e a CA em 6-7% em leitões e em 4-5% em suínos em crescimento-terminação. 
Nas dietas contendo alto teor de subprodutos de fibra, os sistemas de enzimas  baseados em xilanase também provaram melhorar o desempenho dos suínos.  Em um teste doPrairie Swine Centre, Saskatchewan , os suínos alimentados com uma dieta com alto teor de farelo de trigo (25-27%) e suplementada com uma xilanase específica apresentaram desempenho superior do que os suínos alimentados com uma dieta baseada em trigo (Tabela 2).  
Nas condições econômicas atuais, a ração com alto teor de farelo de trigo mais xilanase representaria um custo de, aproximadamente, US$ 24/toneladas mais baixo do que a ração com farelo de trigo.
Tabela 2:  A adição de xilanase aumenta o desempenho dos suínos em  crescimento-terminação alimentados com dieta baseada em trigo contendo farelo de trigo (~25%)
Quando pouco representa muito - aproveitando ao máximo os ingredientes com alto teor de fibra - Image 2Ração baseada em trigo: 73-78% de trigo; proteína bruta 18-20%; DE 13,5-13,6 MJ/kg (3.225-3.250 kcal/kg). Ração de farelo de trigo: 49-51% trigo; 25-27% farelo de trigo; proteína bruta 19-20%; DE 12,8-12,9 MJ/kg (3.060-3.080 kcal/kg)
Contudo, como atualmente o preço do trigo ultrapassa o do milho no Canadá em quase 30%, o foco de atenção passou radicalmente a ser o benefício das enzimas baseadas em xilanase em dietas baseadas em milho e subprodutos.  A experiência foi, mais uma vez, positiva, conforme provou dois testes de "fase de crescimento" feitos na Austrália, em que o milho foi substituído pelo farelo de trigo (20%) sem prejudicar o desempenho dos suínos quando da adição da xilanase (Tabela 3).  Nas condições econômicas atuais, a ração com milho e farelo de trigo mais xilanase seria, aproximadamente, US$ 4/toneladas menor do que a ração baseada em milho.
Tabela 3:  A adição de xilanase aumenta o desempenho dos suínos em crescimento alimentados com dietas baseadas no milho e contendo farelo de trigo (20%)
Quando pouco representa muito - aproveitando ao máximo os ingredientes com alto teor de fibra - Image 3Teste 1: Ração baseada no milho: 73% de milho; proteína bruta 19%; DE 14,1MJ/kg (3.365 kcal/kg). Ração de milho + farelo: 53% de milho; 20% de farelo de trigo; proteína bruta 20%; DE 13,35 MJ/kg (3.190 kcal/kg)
Teste 2: Ração baseada no milho: 65% de milho; proteína buta 20%; DE 14,4 MJ/kg (3.440 kcal/kg). Ração de milho + farelo: 45% de milho; 20% de farelo de trigo; proteína bruta 22%; DE 13,6 MJ/kg (3.250 kcal/kg)
a,b P<0,05
Esses dados confirmam outras experiências de outras partes do mundo em estudos feitos em institutos de pesquisa e granjas comerciais para testar o conceito da adição de uma xilanase específica às dietas
baseadas no milho contendo subprodutos de grãos (farelo de trigo ou arroz nesses exemplos em particular). Em média, em um total de 15 testes, a xilanase aumentou o ganho diário e o ganho alimentar em cerca de 6% (Tabela 4).
Tabela 4:  A xilanase aumenta o desempenho (ganho diário %,  ganho alimentar %) de suínos em crescimento-terminação (faixa média de peso de 29-86 kg) alimentados com dietas baseadas no milho contendo inclusões variadas de subprodutos de grãos fibrosos
Quando pouco representa muito - aproveitando ao máximo os ingredientes com alto teor de fibra - Image 4
O desafio do DDGS
Com o aumento explosivo do número de usinas de bioetanol nos últimos anos, o foco de atenção das pesquisas passou para o valor da adição de enzimas nas dietas contendo subprodutos desse processo (principalmente grãos secos de destilaria com solúveis - DDGS). Um teste recente feito pela Universidade de Illinois, EUA, mostrou que a adição de uma fitase de nova geração (Phyzyme® XP) e uma xilanase altamente eficaz a uma dieta de suínos com milho-soja com 20% de milho DDGS aumentou significativamente a energia digerível em 5,6% (175 kcal/kg), a digestibilidade ileal de aminoácidos em cerca de 4,5% e a digestibilidade de fósforo de 22% para 51% (Tabela 5), ilustrando o valor da combinação enzimática nessa aplicação.
Tabela 5:  Xilanase e fitase de nova geraçã  aumentam a energia e a digestibilidade de nutrientes em dietas suínas baseadas no milho contendo 20% de DDGS
Quando pouco representa muito - aproveitando ao máximo os ingredientes com alto teor de fibra - Image 5a-c As médias com expoentes diferentes diferem de modo significativo (P<0,05) 
A ração representa um mínimo de 60% do custo da suinocultura e está em crescimento. Além disso, 15-25% da ração ingerida pelos suínos não é digerida. O suinocultor moderno tem agora a oportunidade de adotar plenamente as últimas descobertas na tecnologia de enzimas para aumentar o desempenho, diminuir os custos/kg de carne produzida e permanecer mais sustentável em uma época com tantos desafios.
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