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Metais pesados nas carcaças de suínos

Publicado: 23 de junho de 2022
Por: Bruno Oliver Rosa
Metais pesados nas carcaças de suínos
Nas últimas décadas, o termo metal pesado tem sido empregado de forma inadequada, pois não foi definido por uma comunidade científica. Nenhuma relação pode ser encontrada entre a densidade e a toxicidade ou ecotoxicidade dos metais. Por outro lado, o termo “metal tóxico” se refere a um grupo de elementos que não possui características benéficas, nem essenciais, aos organismos vivos, produzindo efeitos danosos para as funções metabólicas normais, mesmo em quantidades muito pequenas. Esses elementos são chamados, genericamente, de metais pesados, que são aqueles que têm alto peso específico. Como os primeiros metais identificados como “tóxicos e bioacumulativos” foram o mercúrio, o chumbo e o cádmio, todos os três com alto peso específico. Todos os outros elementos com o mesmo comportamento passaram a ser englobados dentro da terminologia genérica de metais pesados (TAVARES e CARVALHO, 1992).

Detecção dos metais pesados em carcaça de suínos
Os riscos de contaminação associados a minerais inorgânicos são motivos de preocupação para os fabricantes de suplementos minerais. No cenário atual das granjas de suínos, é frequente o uso de formulações abertas, núcleos, concentrados e premix. ‎Embora o período de suplementação seja ao longo vida dos suínos, a meia-vida biológica muito longa dos metais pesados causa um risco alto, devido à bioacumulação nos órgãos desses animais. Para detecção desses metais nos órgãos/carcaça de animais abatidos em estabelecimentos de abate sob Serviço de Inspeção Federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece a coleta de amostras para análise, que são realizadas em laboratórios oficiais (Laboratório Federal de Defesa Agropecuária – LFDA). Quando detectados em nível acima do estabelecido pela legislação, as carcaças são segregadas e é instituída uma investigação, por meio da rastreabilidade, até a propriedade de origem dos animais, provocando restrições na emissão do Guia de Trânsito Animal (GTA), entre outras consequências negativas. Todas essas ações são previstas no Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes, que é a ferramenta de gerenciamento de risco adotada pelo MAPA, com o objetivo de promover segurança química dos alimentos de origem animal produzidos no Brasil.  A condenação de animais destinados ao abate pelo serviço de inspeção veterinário é importante para a saúde pública, tornando seguro o consumo humano dos alimentos inspecionados (Herenda et al. 1994).
Para a amostragem nos frigoríficos são coletados órgãos/tecidos previamente selecionados dos animais, como:  rim, gordura, carne entre outros. A amostra é coletada, de acordo com o sorteio previamente determinado. O quadro 1 apresenta exemplos de limites máximos tolerados, de acordo com o órgão, para arsênio, chumbo, cádmio e mercúrio.
Quadro 1. Limites máximos tolerados (lmt) de metais no músculo, rim e fígado
Quadro 1. Limites máximos tolerados (lmt) de metais no músculo, rim e fígado

Fonte de contaminação por metais pesado
A principal fonte de contaminação das carcaças suínas é de origem alimentar. Os ingredientes que apresentam maiores riscos, em relação aos metais pesados, são: calcário, caulim, cloreto de sódio, sílica e sulfato de cobre, fosfato bicálcico, sulfatos e óxido de zinco e óxido de magnésio. Dessa forma, é necessário calcular o consumo de ração estimado dos animais por fase e avaliar a biodisponibilidade de cada ingrediente citado acima e o absorvido pelo animal ao longo da vida. Assim, teremos a participação de cada ingrediente que realmente acumulou no animal. Entretanto, a comparação é feita pelo consumo dos ingredientes na vida do animal versus a concentração no órgão (ex.: rim, carne e outros).
Quando ocorre detecção do metal tóxico acima do limite aceitável a situação é tão grave que a granja de suínos pode ter sua GTA bloqueada e ser impedida de enviar animais ao frigorífico, até que se seja identificada a fonte de contaminação e resolução do problema. As carcaças ou produtos derivados do lote, cuja amostra foi coletada e a análise apresentou desvio, são sequestrados pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) até que o resultado de análise dentro do padrão seja obtido.
Todas as ações são conduzidas mediante uma investigação para identificação de potenciais falhas no processo, que possam ter contribuído para o desvio. Assim, a granja de suínos de origem dos animais fica condicionada à análise dos próximos lotes enviados ao frigorífico e a liberação da restrição fica condicionada aos resultados satisfatórios de lotes seriados.
Vale ressaltar que todas as etapas da cadeia produtiva da carne são realizadas de modo a proporcionar maior qualidade e segurança no produto oferecido ao consumidor.
Esse artigo foi originalmente publicado em Nutrição Animal – Agroceres Multimix | https://agroceresmultimix.com.br/blog-homologacao/metais-pesados-nas-carcacas-de-suinos/.

Ludke, C; Costa, O.A.D; Rohr, S; Costa, F.A.D. Bem-Estar Animal na produção de suínos. Manejo de embarque e transporte para frigorífico. 2021. 13 p.

Herenda , D.; P.G. Chambers ; A. Ettriqui ; P. Seneviratna ; T.J.P. da Silva. Manual on meat inspection for developing countries. Roma, Itália: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 1994. 357 p

DUFFUS, J.F. “HEAVY METALS” A MEANINGLESS TERM?IUPAC Technical Report Pure Appl. Chem. Chem., Vol. 74, No. 5, pp. 793 807, 2002.

MAPA – MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Instrução Normativa nº 12 de 30 de Novembro de 2004, Governo Federal: Brasília. Disponível em <(http://www.mapa.gov.br)> Acesso em 06 de janeiro de 2022.

MAPA – MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – Métodos Analíticos para Controle de Alimentos para Uso Animal – Disponível em http://www.agricultura.gov.br/ Acesso em 06 de janeiro de 2022.

TAVARES, T. M.; CARVALHO, F. M. Avaliação da exposição de populações humanas a metais pesados no ambiente: exemplos do Recôncavo Bahiano. Quimica Nova, v. 15, p. 147-153, 1992.

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Bruno Oliver Rosa
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