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hospital para recuperação de suínos doentes.

Sala hospital para recuperação de suínos doentes.

Publicado: 7 de maio de 2012
Por: Nelson Morés, Luiz Carlos Bordin.
Por que tratar os suínos doentes de forma diferenciada.?
Observa-se atualmente na produção intensiva de suínos a exacerbação de algumas síndromes patológicas, com aumento do número de suínos doentes que necessitam de atenção especial, principalmente nas fases de creche e crescimento-terminação. Em uma granja, o que devemos fazer com os suínos doentes ou em desvantagens competitivas nas baias de creche, crescimento-terminação? Tais suínos, caso sejam deixados na mesma baia, sofrem com a competição e são intimidados pelos companheiros de baia. Nessas condições eles têm poucas chances de recuperação, mesmo que sejam medicados individualmente. Cada vez mais, produtores e veterinários acham prático e econômico tratá-los de forma individual e em local separado dos demais, para que eles tenham um ambiente mais adequado e maiores chances de recuperação.
Inicialmente, deve-se considerar que suínos doentes possuem valor econômico e podem ser recuperados. Em segundo lugar, para recuperação, tais animais necessitam de um ambiente confortável, sem estresse e de cuidados individuais especiais, respeitando o bem estar animal e a ética profissional, o que não é possível sem removê-los da baia original. Suínos doentes, sofrem estresse na baia de origem e potencialmente excretam mais agentes patogênicos, facilitando a infecção nos companheiros de baia. A separação destes animais numa sala hospital, com menor densidade animal e ambiente mais confortável, além de propiciar maior chance de recuperação, auxilia na prevenção da disseminação de doenças no rebanho.
Parte do sucesso obtido com a remoção dos suínos doentes para uma sala hospital é a intervenção medicamentosa precoce e individualizada, específica para cada tipo de enfermidade. Quando remover os suínos doentes da baia original? tão logo se note que estes estejam sendo hostilizados ou agredidos pelos companheiros da baia e sofrendo para ter acesso à água, ração ou área de descanso. Esta situação provoca maior estresse, prejudicando ainda mais as funções de defesa imune, reduzindo a taxa de crescimento e a eficiência alimentar e, consequentemente, a chance de recuperação. Os suínos tendem a reagir adversamente à presença de companheiros doentes ou inválidos na baia, tendo conseqüências comportamentais, fisiológicas e até mesmo patológicas.
Localização e funcionamento de una sala hospital.
A sala hospital deve ser a área mais confortável da granja: livre de correntes de ar, ter um ambiente térmico que satisfaça as exigência dos animais, ter boa higiene, permitir adequada limpeza e desinfecção das baias e dispor de fácil acesso dos suínos à água e alimento. O piso deve ser aquecido ou revestido com cama de maravalha. Em caso de uso de maravalha como cama sobre o piso, deve-se prever um sistema de compostagem. Esta instalação deve ser alocada no interior da cerca periférica de isolamento da unidade produtora, porém cerca de 10 m distante dela, em local seco, com boa insolação e do lado oposto aos ventos predominantes. Opcionalmente, a sala hospital pode ser anexa a outra instalação, porém com parede cega e área de circulação independente. A sala hospital deve proporcionar dois tipos de baias: algumas pequenas para tratamento dos suínos doentes (capacidade para dois a quatro suínos cada) e outras maiores para manutenção dos animais recuperados (capacidade para seis a oito suínos/cada). Nas baias menores fornecer espaço de 1,5 m²/animal e nas maiores 1,2m²/animal. Cada baia deve dispor de 1 bebedouro e 1 comedouro de fácil acesso. A caixa d´água deve ser exclusiva para esta sala. Mesmo assim, para os suínos com dificuldade de locomoção, deve-se prever o fornecimento da água diretamente na boca, utilizando garrafa plástica ou mangueira. Lembrar que animais doentes normalmente apresentam maiores dificuldades para beber e comer, portanto, isto deve ser facilitado. Os suínos recuperados, dependendo da disponibilidade de baias, podem ser mantidos até o peso de abate (cerca de 100kg) ou ser comercializados, após expirado os períodos de carência dos medicamentos utilizados. Após três dias do tratamento, reavaliar os suínos: aqueles sem condições de melhora, devem ser imediatamente sacrificados (sacrifício humanitário) e destinados à um sistema de compostagem de carcaças; os que apresentam sinais de recuperação devem ser mantidos na mesma sala, porém transferidos para as baias maiores e podem ser misturados com suínos de mesma condição sanitária.
Nesta instalação, algumas questões de biossegurança devem ser atendidas como o uso exclusivo de materiais de limpeza (pás e vassoura), seringas e agulhas para medicações, cachimbo para conter os suínos e calçados para funcionário. As desinfecções devem ser feitas por nebulização da sala (aparelho costal ou nebulizadores automáticos) 2 a 3 vezes por semana e por pulverização sempre que uma baia estiver vazia. A sala hospital não deve ser vista como um local de "depósito de animais doentes", onde os suínos são alojados apenas para serem descartados ou sacrificados. Experiências práticas indicam uma taxa de recuperação que pode chegar a 80%, quando a sala e os animais doentes são manejados e tratados adequadamente, com significativo retorno econômico.
No acompanhamento de uma granja com 230 matrizes em ciclo completo, com vários problemas sanitários crônicos, o uso de sala hospital adequada, reduziu a taxa de mortalidade no crescimento-terminação de 4,7% para 2,2%. Nos suínos transferidos para a baia hospital, os problemas mais freqüentes foram: problemas respiratórios, dificuldade de locomoção, palidez, diarréia, estreitamento de reto e lesão de pele. O tempo médio de recuperação dos suínos foi de 4 dias, mas muitos leitões levaram de 1 a 3 semanas para recuperação completa. O sucesso na recuperação dos suínos doentes deveu-se, principalmente ao fato de tê-los removidos rapidamente para as baias hospital e a atenção e tratamento individualizado dado pelo produtor. Vale salientar que para o sucesso na recuperação dos suínos doentes na sala hospital, além do ambiente adequado a ser fornecido, é essencial seguir orientações de tratamento medicamentoso correto, orientado por veterinário.
Qual a capacidade de uma sala hospital.?
Considerando lugares para alojar apenas os suínos de crescimento e terminação, para um rebanho de 200 matrizes em ciclo completo a instalação deve permitir o alojamento de 35 suínos ou cerca de 8% dos leitões desmamados em um mês (desmame de 100 leitões por mês são necessários 8 lugares na sala hospital. Em uma unidade de terminação com produção em lotes e vazio sanitário entre lotes a sala hospital deve permitir o alojamento de 6 a 8% dos suínos alojados (em instalação para 500 suínos, a sala hospital deve possuir espaço para alojar 35 animais). Se na sala hospital for considerado também o alojamento de reprodutores doentes, é preciso prever, também, lugares individuais de 3,0m² cada para alojar cerca de 2 a 4% do plantel reprodutor.
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Autores:
Nelson Morés
Embrapa Suínos e Aves
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