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farelo canola alimentação suínos

Utilização do farelo de canola na alimentação de suínos em crescimento - terminação

Publicado: 12 de março de 2012
Por: Dirceu Luís Zanotto; Antônio L. Guidoni; Jorge V. Ludke; Paulo C. Gomes; Paulo A. R. de Brum; Luís C. Ajala
Introdução
A canola é uma variedade de colza geneticamente melhorada para baixos teores de glucosinolatos e ácido erúcico sendo de-nominada como padrão "duplo zero" (Scho-ne, 1995). Sendo uma oleoginosa (36% de óleo) com características para cultivo em regiões de baixas temperaturas, associado a ociosidade do setor de extração de óleo ve-getal nas épocas frias do ano, a canola co-mo uma opção de cultura de inverno, no Sul do Brasil, é uma realidade. Como subproduto do processo da extração do óleo da canola, obtém-se o farelo de canola (FC) com um teor de proteína bruta ao redor de 38 %, representando uma importante fonte protéi-ca alternativa ao farelo de soja para rações de suínos. A substituição do farelo de soja por farelo de canola em rações de suínos tem sido objeto de muitos estudos, tendo sido gerados alguns resultados controversos. Ao verificar menor teor de lisina do farelo de canola em relação ao farelo de soja, Gundel et al. (1985) sugeriram que tal substituição não deveria ser integral, sem que houvesse a suplementação  do referido aminoácido. Essa hipótese foi confirmada por Bourdon & Au-maitre (1990) que evidenciaram a possibili-dade de substituição apenas parcial do farelo de soja pelo farelo de canola sem prejuízo ao desempenho dos animais. O farelo de canola apresenta também elevado teor de fibra bruta (±10%), o que deprecia seu valor energético causando perdas na conversão alimentar, mesmo considerando dietas iso-protéicas (Baidoo et all, 1984). Entretanto, trabalhando com dietas isoenergéticas, isolisínicas e isoprotéicas, GOMES et al. (1998) observaram que é viável a inclusão de 15% de farelo de canola na dieta de suinos em terminação, sem afetar o desem-penho dos animais. Levando-se em conside-ração a produção regional de canola, o esta-do atual do processamento tecnológico para extração de óleo e a respectiva geração do farelo, foi realizado na Embrapa Suínos e Aves, um experimento com o objetivo de avaliar a  viabilidade do uso do farelo de ca-nola, em condições brasileiras, nas dietas de suínos em crescimento e crescimento-termi-nação quando em substituição ao farelo de soja 

Material e Métodos

Foram utilizados 90 suínos mestiços (Landrace x Large Wite) x Duroc, machos castrados e fêmeas, com peso inicial médio de 25,8 kg e final de 102,6 Kg, agrupados por sexo, em baias de concreto, com piso semi-ripado, equipadas com comedouro au-tomático e bebedouro tipo chupeta. Foram avaliados cinco níveis de substituição do farelo de soja por farelo de canola: 0, 20, 40, 60 e 80%. Foram utilizadas três repetições de cada sexo por tratamento e três suínos por repetição. As dietas experi-mentais (Tabelas 1) foram formuladas à base de milho e farelo de soja, suplementadas com minerais e vitaminas, de modo a suprir as exigências nutricionais dos animais, man-tendo-se constantes os níveis de energia metabolizável, proteína bruta e lisina. O experimento teve a duração de 84 dias com troca da ração da fase crescimento pela ração da fase terminação aos 42 dias. O fornecimento de água e ração foi à vontade durante todo o período experimental. Para o estudo dos efeitos dos tratamentos foram consideradas as variáveis de ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar.
Resultados
Os resultados das variáveis de desem-penho: ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar, para os níveis de subs-tituição do farelo de soja por farelo de cano-la são apresentados na Tabela 2. A intera-ção entre níveis de substituição e sexo não foi significativa para quaisquer variável e fa-se estudada, indicando que tanto os machos castrados como as fêmeas, respondem de forma semelhante aos diferentes níveis de substituição. Observa-se na Tabela 2 que, independente de tratamento, os machos cas-trados consumiram mais ração e ganharam mais peso do que as fêmeas em ambas as fases estudadas. A substituição de até 80% do farelo de soja da dieta testemunha por farelo de canola, não influenciou o ganho de peso, consumo de ração e conversão alimen-tar dos animais nas fases de crescimento (25,8 a 58,8 kg) e crescimento-terminação (25,8 a 102,6 kg).
Conclusão
Conclui-se que o farelo de canola pode substituir em até 80% o farelo de soja das dietas para suínos em crescimento e cresci-mento-terminação, sem causar prejuízos ao desempenho zootécnico dos animais, desde que os níveis nutricionais da dieta sejam mantidos adequados. Entretanto, o nível óti-mo econômico de substituição ficará na de-pendência da relação entre os preços dos ingredientes da dieta.
Referências bibliográficas
BAIDOO, S.; AHERNE, F. X.; BOWLAND, J. P. An evaluation of canola meal as a protein supplement for growing pigs. Agriculture and Forestry Bulletin. p. 3-4, 1984.
BOURDON, D. & AUMAITRE, A. Low-glucosinolate rapeseeds and rapeseed meals: effect of technological treatments on chemical composition, digestible energy content and feeding value value for growing pigs. Animal Feed Science and Technology,  V.30,  n. 3-4, p. 175-191, 1990.
GOMES, P. C.; ZANOTTO, D. L.; GUIDONI. A. L.; et al. Uso do farelo de canola para suínos na fase de terminação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 27, n. 6, p. 743-748, 1998.
GUNDEL, J.; BABINSZKY, L.; VOTINSKY, L.; et al. Extracted CANOLA rapeseed in pig feeding. Allattenyesztes es Takarmanyozas. V. 34, n. 5, p. 429-433, 1985.
SCHONE, F. Glucosinolate tolerance of livestock. Krauftfutter. n. 6, 244, p. 246-247, 1995. 
 
Tabela 1 - Composição das dietas experimentais utilizadas nas diferentes fases.
Tabela 2 - Desempenho de suínos submetidos a dietas com diferentes níveis de substituição do farelo de soja (FS) por farelo de canola (FC.)

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Autores:
Dirceu Luís Zanotto
Embrapa Suínos e Aves
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