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Ervilha Alimento Suínos

Ervilha: Uma Nova Opção de Alimento para Suínos

Publicado: 24 de abril de 2012
Por: Gustavo Lima; Gilberto Omar Tomm; Claudio Bellaver
Introdução
O grão de ervilha é uma cultura de inverno pouco utilizada em rações de suínos e aves no Brasil devido à duas razões principais: falta de informações sobre o valor nutricional do grão e pouca disponibilidade para comercialização. Entretanto, com as variações de preço do milho, e os altos preços ocorridos nos últimos anos, principalmente na época da colheita e oferta de ervilha, essa leguminosa pode se constituir em excelente alimento para os animais, reduzindo o custo das rações. Além desses benefícios, a ervilha apresenta duas características que a tornam altamente desejável: é uma rica fonte de aminoácidos e não apresenta níveis consideráveis de fatores antinutricionais, como os verificados com outras leguminosas, como a soja. Essa vantagem faz da ervilha uma excelente opção de produção de alimento no inverno e que não requer processamento térmico para sua utilização. Além de proporcionar cobertura do solo e incorporar nitrogênio ao mesmo, a ervilha pode se constituir em fator decisivoparaaumentodarentabilidadedossistemasde produção de suínos, especialmente nas propriedades familiares, constituindo-se em fator importante para aumentar a sustentabilidade desses sistemas e reduzir o êxodo rural. Em condições brasileiras, ainda não foram realizadas pesquisas com esse grão na alimentação de suínos. O objetivo deste estudo foi determinar os valores de composição química e energia digestível e metabolizável de oito tipos de ervilha com suínos.
Metodologia.
Foram realizados quatro ensaios de metabolismo na Embrapa Suínos e Aves, com 72 suínos machos castrados (MS60 X Landrace x Large White), meio irmãos, de mesma idade, com peso médio de 59,25 ±7,79 kg e idade de 114 dias. Esses animais foram alojados em gaiolas metabólicas, em delineamento em blocos ao acaso, formados com base no peso dos animais. Foram estudados 8 cultivares de ervilha: Maria, IAPAR74, Hadlei, Dileta, Forrageira, IAPAR-83 e Alfetta, produzidos na Argentina e no Brasil. Após a colheita, os grãos sofreram secagem e limpeza na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, e na COTREL, em Erechim, RS. As partidas foram homogeneizadas na Embrapa Suínos e Aves e uma amostra coletada para análises químicas, utilizando-se métodos sugeridos pela Association of Official Analytical Chemists (1995). Em cada ensaio foram estudados 9 tratamentos sendo uma dieta referência e outras oito dietas compostas de 90% de dieta referência e 10% de uma das ervilhas estudadas, com duas repetições por tratamento. Usou-se uma dieta referência à base de milho, farelo de soja, óleo de soja, fosfato bicálcico, calcário, sal, premix vitamínico e mineral. As dietas foram fornecidas aos animais durante um período aproximado de 12 dias, sendo 7 de adaptação às gaiolas e às dietas, e cinco de coleta de fezes e urina. O início e final do período de coleta foi determinado pelo uso de óxido férrico como marcador fecal. Após a coleta, as amostras de ração, fezes e urina foram analisadas quanto aos teores de matéria seca, nitrogênio e energia bruta. Os valores do coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca, energia digestível e metabolizável foram calculados e submetidos à análise descritiva, multivariada, utilizando as variáveis coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca e energia metabolizável e univariada. Essa última apresentava no modelo matemático os fatores ensaio, bloco, cultivar e a interação entre ensaio e cultivar. Para todos os procedimentos matemáticos utilizou-se o SAS INSTITUTE INC (1996).
Resultados
Na Tabela 1 são apresentados os resultados das análises químicas, incluindo aminoácidos, e os valores de energia das ervilhas estudadas. Verificou-se que o teor de proteína bruta e lisina das ervilhas variou de 18,20% a 24,62% e de 1,38% a 1,72%, respectivamente. O cultivar Maria apresentou maior teor de proteína bruta e lisina enquanto a Alfetta apresentou menores teores desses nutrientes. A solubilidade média da proteína, determinada em KOH, foi de 81,05% enquanto a atividade ureática máxima observada foi de 0,02 pontos de diferença de pH. Esses resultados indicam que esse grão apresenta um excelente potencial de utilização sem necessidade de processamento térmico para a destruição de fatores antinutricionais. A análise multivariada não apresentou diferenças significativas entre os tipos de ervilha através dos testes Wilks´ Lambda (P = 0,78), Pillai´s Trace (P = 0,23) HotellingLawley Trace (P = 0,26) e Roy´s Greatest Root (P = 0,17). Através das análises univariadas não foram detectadas diferenças significativas (P > 0,05) para a interação entre ensaio e cultivar para as variáveis estudadas. Da mesma forma, não foram detectadas diferenças significativas (P>0,05) entre as ervilhas para os parâmetros coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca, energia digestível e energia metabolizável. Embora houvesse diferença numérica expressiva entre os valores, como 249 kcal de energia metabolizável/kg entre os cultivares de maior e menor valor, isso aconteceu, provavelmente, em razão da alta variabilidade observada, comum em experimentos dessa natureza. A importância da realização de experimentos, como esse, está em se obter o valor médio de energia metabolizável para emprego no cálculo das fórmulas de ração, juntamente com as informações de análises químicas (Tabela 1). As ervilhas ForrageiraCNPT, IAPAR-83 e Alfetta, produzida na Argentina, foram as que apresentaram maior valor energético. Um grupo intermediário, quanto à essa característica, poderia ser formado pelos cultivares Hadlei, Dileta e Alfetta, produzida no Brasil. Os cultivares Maria e IAPAR-74 apresentaram os menores valores de energia metabolizável. Embora faltem informações para uma melhor inferência, os materiais que apresentaram maior proteína bruta e lisina foram os que tiveram menor valor energético.
Conclusões.
Considerando os valores médios de energia metabolizável de 3256 kcal/kg e de lisina de 1,51%, a ervilha tem excelentes possibilidades de ser utilizada em rações de suínos em substituição à parte do milho (3420 kcal EM/kg e 0,24% de lisina) e do farelo de soja (3309 kcal EM/kg e 2,77% de lisina).
Tabela 1 – Composição química e valores de energia das ervilhas estudadas. Valores expressos em base natural.
Ervilha: Uma Nova Opção de Alimento para Suínos - Image 1
 
Referências Bibliográficas.
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis of AOAC international. 16.ed. Washington, D.C., AOAC, 1995. cap.4, p.15-16.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves (Concórdia, SC). Tabela de Composição Química e Valores Energéticos de Alimentos para Suínos e Aves. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1991. 97p. (EMBRAPA-CNPSA. Documentos, 19).
SAS INSTITUTE INC. SAS user´s guide: statistics. Cary, North Carolina: SAS Institute Inc., 1995. 955p.
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Autores:
Gustavo J. M. Monteiro De Lima
Embrapa Suínos e Aves
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Gustavo Lima
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