Explorar
Comunidades em Português
Anuncie na Engormix

DESINFECÇÃO QUÍMICA EXPERIMENTAL EM LABORATÓRIO DE SUÍNOS

Publicado: 26 de julho de 2016
Por: KARLA A. NASCIMENTO1, LÍVIA BOARINI1, GABRIEL CRISTOFOLETTI2, DANIELE A. PEREIRA1, IGOR R. H. GATTO1, LUÍS GUILHERME DE OLIVEIRA1 1Laboratório de Pesquisa em Suinos/DCCV - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP– Jaboticabal/SP 2Assistente Técnico de Vendas – Empresa Suiaves.
Sumário

A desinfecção consiste em controlar ou eliminar os microrganismos indesejáveis por meio de processos químicos ou físicos. A desinfecção por meios químicos é mais utilizada e efetiva em relação à saúde animal e tem como principal objetivo manter a concentração baixa de agentes patogênicos, reduzindo a probabilidade de infecção. Foi realizado um processo de desinfecção no Laboratório de Pesquisa em Suínos/DCCV da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP/Jaboticabal, com o intuito de avaliar a eficácia do desinfetante a base de monopersulfato de potássio, com diluições de 1:100, variando a taxa de aplicação. Para as análises microbiológicas foram coletadas amostras de seis pontos diferentes em duplicata antes e após o procedimento de desinfecção. Após cada coleta, os suabes foram semeados em Ágar MacConkey (Enterobactérias), Reinforced Clostridial Agar - RCA (Clostridios) e Plate Count Agar - PCA (Aeróbios e Anaeróbios totais), e tubos com cinco mililitros de água peptonada 0,1% (metodologia de investigação de Salmonella spp.). Em placas de Petri contendo Ágar MacConkey e Ágar XLD foram semeadas alíquotas de cada caldo, e incubadas por 24 horas à 37ºC. Os resultados encontrados foram considerados satisfatórios, diante do fato de que após a desinfecção o padrão de crescimento apresentou-se menor, além de ser conhecido que tais microrganismos dificilmente serão excluídos do ambiente.

 

Palavras-chave: desinfetantes; sanidade; suínos.

 
Introdução
Os microrganismos mortos e outros detritos orgânicos tendem a se acumular nas superfícies formando biofilme que, além de promover a manutenção de patógenos no ambiente, limitam a atividade dos desinfetantes por neutralização química e, principalmente, por impedir o contato físico do desinfetante com a superfície. Desse modo, a utilização prévia de produtos que removam sujidades, depósitos minerais e o biofilme são essenciais para a desinfecção efetiva (SELLA, 2008).
 
A escolha de um bom produto é fundamental para combater a maior quantidade de microrganismos possível, não sendo nocivo para os animais, as pessoas e o meio ambiente. A desinfecção consiste em controlar ou eliminar os microrganismos indesejáveis, por meio de procesos químicos ou físicos. A desinfecção por meios químicos é mais utilizada e efetiva em relação à saúde animal e tem como principal objetivo manter a concentração baixa de agentes patogênicos, reduzindo a probabilidade de infecção (SPINOSA et al., 2006).
 
Os detergentes são substâncias que, quando adicionados à água, reduzem a tensão superficial aumentando a capacidade de penetração da água e o poder de remoção da sujeira aderida aos equipamentos e instalações. Já os desinfetantes são substâncias usadas para destruir todas as formas vegetativas de microrganismos em superfícies ou objetos inanimados. Um bom desinfetante é aquele que na mesma concentração e no mesmo espaço de tempo elimina bactérias, vírus, fungos, protozoários e parasitas (SPINOSA et al., 2006). Segundo Sella (2008), existem poucas pesquisas publicadas a respeito da eficácia da limpeza e desinfecção na redução de contaminações residuais em granjas de suínos.
 
Dessa forma o objetivo deste trabalho foi promover a limpeza e desinfecção do Laboratório de Pesquisa em Suínos da FCAV-UNESP e avaliar a eficácia do desinfetante utilizado. Almejava-se preparar o laboratório para a condução de pesquisa em infecção experimental, impedindo a disseminação de eventuais patógenos utilizados em pesquisas anteriores e, eliminar eventuais microorganismos que possam afetar o desenvolvimento dos projetos de pesquisa.
 
Material e Métodos
Inicialmente foram retirados os objetos e equipamentos desnecessários e realizada limpeza a seco de toda a estrutura, removendo sujeira e detritos. Em seguida, todas as superfícies, incluindo o teto foram lavadas removendo toda a poeira aderida.
 
A solução para limpeza utilizada foi Biosentry Universal Barn Cleaner, preparada em uma lavadora de pressão na diluição de 1:100, como uma taxa de aplicação de 500 mL de solução para cada m2 de área. O detergente foi aplicado cobrindo todas as áreas de serviço, entradas de ar, ventiladores, atenção especial para frestas, cantos e ranhuras. Após aplicação da solução detergente, deixou-se agir por 20 minutos e lavou com água limpa, também com a lavadora de pressão.
 
Para a desinfecção da superfície foi utilizado o produto a base de monopersulfato de potássio preparado em uma diluição de 1:100, com taxa de aplicação de 300 mL de solução para cada m2 de área. Uma pré-solução foi preparada, adicionando todo o produto necessário em 10% do volume final de água, misturando até a completa dissolução do produto; após isso, adicionou-se o restante de água. Com uma lavadora de pressão, o desinfetante foi aplicado minunciosamente em todas as superfícies, deixando a solução secar naturalmente.
 
A desinfecção aérea foi feita para eliminar os patógenos circulantes no ambiente, inclusive em suspensão no ar, com uma diluição de 1:100, com taxa de aplicação de 200 mL de solução para cada 1.200 m2 de área, aproximadamente 0,17 L por m2. Uma pré-solução foi preparada, adicionando todo o produto necessário em 10% do volume final de água, misturando até a complete dissolução do produto; após isso, adicionou-se o restante de água. Com equipamento de nebulização, aplicou o desinfetante no ambiente, criando uma névoa fina para promover a desinfecção do ar e de locais não acessíveis pela desinfecção de superfície.
 
Para as análises microbiológicas foram coletadas amostras de seis pontos diferentes em duplicata antes e após o procedimento de desinfecção com o produto a base de monopersulfato de potássio. Os pontos escolhidos de coleta foram a bancada de apoio, bancada de pia, a mesa de necropsia e os três isoladores presentes no local. Tais pontos têm grande importância, já que os três primeiros pontos fazem parte do apoio e execução das necropsias e os isoladores mantem os animais durante todo período de infecções experimentais.
 
O procedimento de coleta ocorreu por contato de suabes embebidos em água peptonada 0,1% em quatro regiões de superfície dos locais escolhidos, onde cada região foi delimitada a 20cm2 de coleta. Após cada coleta, os suabes foram semeados em Ágar MacConkey (Enterobactérias), Reinforced Clostridial Agar - RCA (Clostridios) e Plate Count Agar - PCA (Aeróbios e Anaeróbios totais), e tubos com cinco mililitros de água peptonada 0,1% (metodologia de investigação de Salmonella spp.).
 
As placas foram levadas à estufa 37°C, sendo as aeróbias lidas após 24h, e as anaeróbias Reinforced Clostridial Agar – RCA e Plate Count Agar – PCA dispostas em jarras de anaerobiose com sistema GasPack® lidas após 48h. Para o isolamento da Salmonella spp., incubou-se os tubos coletados em estufa à 42ºC por 24 horas, após este período, alíquotas de um mililitro de cada amostra foram transferidas para dois tubos contendo caldo de enriquecimento (Selenito e Rappaport), e levados à estufa por 24 horas à 37ºC. Em placas de Petri contendo Ágar MacConkey e Ágar XLD foram semeadas alíquotas de cada caldo, e incubadas por 24 horas à 37ºC. As amostras sugestivas semeadas em meio Ágar TSI, e incubou-se por 24 horas à 37ºC.
 
Resultados e Discussão
Em ambas as coletas (antes e após a desinfecção) houve multiplicação microbiana de bactéria aeróbicas totais (PCA) nas amostras do interior da sala de necropsia, caracterizando o gênero Bacillus, Leveduras e Staphylococcus spp. Tais grupos são encontrados disseminados no meio ambiente, poeira e entre outros meios comuns na rotina. Pesquisas realizadas por Martin, Le Potier & Maris (2008), avaliando a eficácia de nove desinfetantes comerciais, obtiveram como resultado que os desinfetantes a base de monopersulfato de potássio e ácido peracético com peróxido de hidrogênio, são mais eficazes na diminuição da carga viral do circovírus suíno tipo 2. Mannion et al. (2005), compararam as contagens de coliformes obtidas em pisos de baias sujas e limpas em granjas de suínos da Irlanda e concluíram que as práticas de limpeza adotadas garantiram uma redução significativa das contagens de coliformes totais.
 
Em nossa investigação não houve crescimento do grupo das Enterobactérias (coliformes totais e fecais), incluindo Salmonella spp., em nenhuma das análises realizadas. Diferindo de estudos realizados por Sella (2008), em cinco agroindústrias (71 granjas) localizadas em diferentes regiões do Rio Grande do Sul, em que os protocolos de limpeza e desinfecção são pouco eficazes, demonstrada pela alta contagem residual de coliformes totais e presença residual de Samonella sp.
 
A partir dos resultados observados antes e após a desinfecção, consideramos tal procedimento satisfatório para a rotina e procedimentos executáveis no local, já que os gêneros bacterianos encontrados após a desinfeção são conhecidos como microrganismos naturais do ambiente onde há grande circulação de ar e frequente rotina. No interior dos isoladores não houve multiplicação bacteriana em nenhum dos meios de cultura utilizados.
 
Conclusões
Os resultados encontrados nesse trabalho permitem concluir que o desinfetante a base de monopersulfato de potássio foi eficaz para limpeza e desinfecção do laboratório, comprovado pela redução no padrão de crescimento bacteriano após a desinfecção.
 
Referências Bibliográficas
1. GREZZI, G. G. 2006. Biofilms – Technical Seminar on Disinfection, Maris P. Modes of action of disinfectants. Rev. sci. tech. Off. int. Epiz. 1995:14(1):47-55. GREZZI G.G. Limpeza e desinfecção na avicultura. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2007, Campinas, SP. Anais. Campinas, SP, 2007. p.161- 182.
2. HOFFMANN, F. L., GARCIA-CRUZ, C. H., VINTURIM, T. M. 1995. Determinação da atividade antibacteriana de desinfetantes. Higiene Alimentar, v.9, n.39, p.29-34.
3. MANNION, C.; LEONARD, F. C.; EGAN, J.; LINCH, P. B. 2005. The efficacy of cleaning and disinfection on pig farms. In: International Symposium Safe Pork. Rohnert Park, California: Community of International Business Related to Animal Production, p. 120-123.
4. MARTIN, H.; LE POTIER, M-F.; MARIS, P. 2008. Virucidal efficacy of nine commercial disinfectants against porcine circovírus type 2. The Veterinary Journal, v. 177, p. 388-393.
5. SELLA, A. B. 2008. Presença residual de coliformes totais e Salmonella sp., em granjas de terminação de suínos após vazio sanitário. Dissertação para a obtenção do título de mestre em Ciências Veterinárias, área de Bacteriologia. 51 f. Porto Alegre.
6. SOBESTIANSKY, J. Sistema intensivo de produção de suínos: programa de biossegurança. Goiânia: Art 3 Impressos Especiais, 2002. 108p.
7. SPINOSA, H., GORNIAK, S., BERNARDI, M. 2006. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, Cap.35, p. 441-447.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
Autores:
Karla A. Nascimento
UNESP - Universidad Estatal Paulista
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.