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CARCAÇA DE SUÍNOS CASTRADOS DE POTENCIAL GENÉTICO SUPERIOR EM TERMINAÇÃO RECEBENDO RACTOPAMINA.

Publicado: 13 de abril de 2016
Por: ARTHUR S. ORSI1*, TÚLIO O. A. NETO2, FLÁVIO A. COELHO3, RICARDO G. ROSA4, CESAR A. P. GARBOSSA5. 1,2,3,4,5 Universidade Federal de Lavras – Lavras/MG.
Sumário

O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos da utilização ou não de 10ppm de ractopamina sobre as características de carcaça de 72 suínos de alta potencial genético na fase de terminação. O peso inicial médio dos animais foi de 77,58 ± 8,621kg. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados sendo o peso inicial utilizado como fator bloco, com dois tratamentos (RAC – Com adição de 10 ppm de ractopamina; Controle – Sem Ractopamina) e 36 repetições, sendo a parcela experimental representada pela carcaça de cada animal. A dieta experimental foi formulada a base de milho e farelo de soja, seguindo as recomendações descritas nas Tabelas Brasileiras de Aves e Suínos (ROSTAGNO et al., 2011). O experimento teve duração de 23 dias e os animais foram alimentados ad libitum até o final deste período. Foram analisadas as variáveis de espessura de toucinho, profundidade de lombo, área de olho de lombo, peso de carcaça quente, rendimento de carcaça, índice de bonificação, comprimento de carcaça, compacidade de carcaça, rendimento de carne na carcaça resfriada e pH. A adição de 10 ppm de ractopamina durante 23 dias em animais de potencial genético superior não influenciou nenhuma das variáveis analisadas.

 

Palavras-chave: Agonista beta adrenérgico; abate; aditivo.


Introdução
Atualmente a suinocultura vem utilizando várias ferramentas para melhorar o desempenho de suínos em terminação, considerando que as grandes empresas da cadeia suinícola têm enfatizado a maximização da síntese proteica e a diminuição da deposição de gordura. A utilização de ractopamina em dietas de suínos em fase de terminação é uma tecnologia capaz de viabilizar o abate de animais com peso superior ao convencional e, além disso, aumentar o rendimento de carne magra na carcaça (GIRÃO et al, 2008). Com a utilização desta tecnologia ocorrem alterações na composição do ganho de peso dos suínos que passam a depositar mais proteína e menos gordura (SCHINCKEL et al., 2003). Ela atua estimulando os receptores β-adrenérgicos com consequente ativação da ação catalítica da adenilato ciclase. Esta por sua vez leva a ativação da proteína quinase, que conduz a fosforilação de enzimas que, quando fosforiladas, promovem respostas celulares como o estímulo a lipólise, aumento da gliconeogenese, glicogenólise, aumento da insulina, glucagon e renina, relaxamento da musculatura lisa e aumento da contração cardíaca. Desta forma pode-se observar o aumento da massa muscular pelo aumento no diâmetro das fibras musculares, sendo principalmente nas fibras brancas, e diminuição da deposição de gordura na carcaça. O objetivo foi avaliar os efeitos da utilização ou não de 10ppm de ractopamina sobre as características de carcaça de 72 suínos de alta potencial genético na fase de terminação.
 
Material e Métodos
Foram selecionados aos 117 dias de idade 72 suínos machos castrados com maior peso de um lote de 224 animais, assim, considerados como animais com potencial genético superior. O peso inicial médio foi de 77,58 ± 8,621kg. O delineamento experimenta utilizado foi em blocos casualizados sendo o peso inicial utilizado como fator bloco, com dois tratamentos (RAC – Com adição de 10 ppm de ractopamina; Controle – Sem Ractopamina) e 36 repetições, sendo a parcela experimental representada pela carcaça de cada animal. A dieta experimental foi formulada a base de milho e farelo de soja, seguindo as recomendações descritas nas Tabelas Brasileiras de Aves e Suínos (ROSTAGNO et al., 2011). O experimento teve duração de 23 dias e os animais foram alimentados ad libitum até o final deste período. No final da fase de terminação (139 dias de idade), foram avaliadas as medidas de espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (PL) e área de olho de lombo (AOL), através de ultrassonografia, por meio do equipamento ALOKA modelo SSD-500 e transdutor linear de 3,5MHz modelo UST 5011. As medidas foram realizadas a 6,5 cm da linha dorsallombar e a 6,5 cm da última costela na direção cranial, no ponto P2. Ao final do experimento, aos 139 dias de idade dos animais, foram pesados e encaminhados para o abate, em frigorífico certificado pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF), localizado no município de Lavras – MG. Foi realizada a pesagem logo após o abate para determinação do peso de carcaça quente (PCQ) e rendimento de carcaça (RC). Também foi avaliado o índice de bonificação (IB), comprimento de carcaça (CC) e a relação peso e comprimento para avaliação da compacidade de carcaça (CompC), de acordo com Bridi e Silva (2009), e determinação do rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR). A Temperatura e o pH foram mensurados no músculo Longissimus dorsi da meia-carcaça esquerda, na altura da 12ª costela, 45 minutos após o abate. Estes parâmetros foram mensurados utilizando-se pHmetro com termômetro Testo 205 (Testo do Brasil, Campinas – SP). Os dados foram submetidos à análise de variância, adotando-se um nível de significância a 5%. Os dados foram analisados utilizando o pacote estatístico SAS (SAS Institute, 2009).
 
Resultados e Discussão
Os resultados de espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (PL), área de olho de lombo (AOL), peso de carcaça quente (PCQ), pH, temperatura, comprimento de carcaça (CC), rendimento de carcaça (RC), compacidade de carcaça (CompC), rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR) e índice de bonificação (IB), estão apresentados na Tabela 1. Não houve diferença estatística (p>0.05) para pH, temperatura, CC, RC, RCCR, IB, PCQ e CompC. Esses resultados podem ter sido influenciados devido à seleção de animais mais pesados para a realização deste experimento e a relação entre peso e idade dos suínos ao abate. Os animais foram abatidos aos 139 dias de idade, com peso final médio de 102,580 ± 0,190 kg, o que indica que apresentavam alto potencial para ganho de peso. Caso os animais tratados com ractopamina tivessem a recebido por um período maior que 23 dias e fossem abatidos mais pesados os resultados para características de carcaça poderiam ter sido diferentes. Os animais do grupo controle poderiam iniciar uma maior deposição de gordura, se diferenciando do grupo tratado. Semelhantes resultados foram encontrados por Philomeno (2012), que ao estudar o efeito da suplementação de ractopamina em rações para suínos em terminação submetidos a diferentes ambientes térmicos o qual não encontrou diferença (P>0,05) para espessura de toucinho, profundidade de lombo e área de olho de lombo. Barbosa et al. (2010) também não observaram diferença significativa (P>0,05) para as variáveis rendimento de carne na carcaça resfriada, rendimento de carcaça e índice de bonificação em animais suplementados com 0 ou 10 ppm. Em relação às variáveis peso de carcaça quente, comprimento de carcaça e compacidade de carcaça, os resultados são semelhantes aos encontrados por Carvalho Junior (2014) que também não observaram diferença significativa (P>0,05). Vários autores encontraram efeito da ractopamina sobre as variáveis de características de carcaça (CARR et al., 2005; WEBER et al., 2006), indicando que a ractopamina influencia o aumento da síntese de proteína muscular, porém isso não foi observado no presente estudo.
 
Tabela 1. Avaliação de carcaça realizada em diferentes dias de experimento em suínos machos castrados recebendo ou não Ractopamina (10ppm) aos 139 dias de idade, e após o abate.
CARCAÇA DE SUÍNOS CASTRADOS DE POTENCIAL GENÉTICO SUPERIOR EM TERMINAÇÃO RECEBENDO RACTOPAMINA. - Image 1
 
Conclusão
A adição de 10 ppm de ractopamina durante 23 dias em animais de potencial genético superior não influencia na profundidade de lombo, espessura de toucinho, área de olho de lombo, peso de carcaça quente, comprimento de carcaça, rendimento de carcaça, compacidade de carcaça, rendimento de carne na carcaça resfriada, índice de bonificação, pH e temperatura.
 
Agradecimentos
FAPEMIG, CAPES, Ourofino Saúde Animal e NESUI.
 
Referências Bibliográficas
1. BRID, A. M.; SILVA, C. A. Métodos de avaliação de carcaça e da carne suína. Londrinha: Midiograf, 2009.
2. GUIDONI, A. L. Melhorias de processos para a tipificação de valorização de carcaças suínas no Brasil. In: CONGERÊNCIA INTERNACIONAL VIRTUAL SOBRE A QUALIDADE DE CARNE SUÍNA, 1., 2000. Anais... Concórdia: Embrapa, 200. P. 221-234.
3. ROSTAGNO et al., Tabelas brasileiras para aves e suínos. (Composição de alimentos e exigencies nutricionais). 3ª. Ed. Viçosa, MG: UFV, Departamento de Zootecnia, 252 p. 2011.
4. SAS INSTITUTE INC. SAS user`s guide: statistics. Cary, 2009. (Version 9.3)

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Arthur S. Orsi
UFLA - Universidade Federal de Lavras
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