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PERFIL DE PROPRIEDADES LEITEIRAS OU COM PRODUÇÃO MISTA NO NORTE DE MINAS GERAIS

Publicado: 28 de outubro de 2011
Por: RAFAEL ALVES DE AZEVEDO, THIAGO MEIRELES FELIX, OTAVIANO DE SOUZA PIRES JÚNIOR, ANNA CHRISTINA DE ALMEIDA, EDUARDO ROBSON DUARTE
RESUMO - Este trabalho teve como objetivo caracterizar propriedades leiteiras, situadas na mesorregião do norte de Minas Gerais e pesquisar os principais problemas nessa área. Foi observado que dentre 47 produtores entrevistados, 26 atuavam somente no setor de leite e 21 nos setores de leite e de corte, simultaneamente. Os sistemas preferencialmente utilizados foram os extensivos (45%) e semi-extensivos (46%). As propriedades apresentaram médias com produção de 295,2 litros/dia e 36,3 vacas em lactação. A monta natural não controlada foi o manejo reprodutivo mais utilizado. Nos rebanhos eram utilizados mais frequentemente touros das raças Gir (42%) e Holandesa (35%) e foi constatado o predomínio de matrizes de grau de sangue zebuíno nas propriedades de sistema misto de produção. O preço pago pelo leite foi um dos maiores problemas apontados, seguido por infestações de Boophilus microplus. Durante a seca o volumoso mais utilizado foi a cana-de-açúcar com uréia e durante as chuvas era preferencialmente utilizado o pastejo continuo. A utilização de carrapaticidas foi relatada em 93,6% das propriedades, sendo que somente 15 delas adotavam aplicação estratégica. Os dados obtidos são importantes para conhecer e comparar o perfil de fazendas leiteiras nessa região, fomentado a busca por pesquisas e alternativas para melhorar a produtividade e a sustentabilidade de produtores com essas condições de criação.
Palavras-chave: Pecuária leiteira. Nutrição. Reprodução. Sanidade. Semiárido.
PROFILES OF DAIRY FARMS OR WITH MIST PRODUCTION IN THE NORTH OF MINAS GERAIS, BRAZIL
ABSTRACT - This study aimed to characterize the production and management of dairy farms in the North of Minas Gerais and to research the relevant problems pointed by cattle breeders. A total of 47 breeders were interviewed and were classified 26 farms producing only milk and 21 producing meat and milk simultaneously. The extensive system (45%) and semi-extensive (46%) were the most frequently related to these farms. The averages of cows in lactation and dairy production were 36.3 animals and 295.26 liters/day, respectively. The natural mating was the most utilized reproductive system. In the herds were used most frequently Gir (42%) and Holstein (35%) bulls and in farms with mist production, the zebu cows were more predominant. The reduced price paid for the milk and the Boophilus microplus infestations were the problems pointed with higher frequency by cattle breeders. During the dry season the forage most utilized was the sugar cane with urea and during the rainy period, continuous grazing was the most common. Acaricides were applied for 93.6% of the farms and only 15 of them have implemented strategic control. Theses results obtained are important to know and to compare the profile of dairy farms in this region, fomenting the search for alternatives to improve the productivity and sustainability of cattle breeders.
Keywords: Dairy production. Nutrition. Reproduction. Bovine health. Semiarid.
INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta cadeia produtiva do leite distribuída por todo o país, com expressiva heterogeneidade durante o processo de produção. Produtores mais especializados se concentram em bacias leiteiras tradicionais como as dos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná. Inúmeros pequenos produtores de leite estão distribuídos por todo o território nacional e muitas famílias dependem exclusivamente dessa atividade (YAMAGUCHI et al., 2006). Nos últimos anos, essa cadeia produtiva tem sofrido consideráveis modificações estruturais, aumentando a necessidade do conhecimento e caracterização das atividades dentro dos diferentes e regionais sistemas de produção de leite (MONTEIRO et al. 2007; RIBEIRO et al., 2009).
A produção de leite em Minas Gerais representa uma das atividades econômicas mais importantes tem passado por diversas transformações. O estado se destaca como o maior produtor de leite e possui inúmeras famílias que vivem exclusivamente dessa atividade. Em 2005, a produção de leite em Minas Gerais atingiu 6,9 bilhões de litros, participando com 28% da produção brasileira (IBGE, 2007).
A geografia da produção leiteira nesse estado indica índices de aumento de produção em áreas não tradicionais como a mesorregião norte do Estado. O norte de Minas Gerais atualmente apresenta grande crescimento para a essa atividade e possui microrregiões que apresentam índices de crescimento significativos como a de Pirapora (86%), Janaúba (64%) e Montes Claros (50%). Em 2006, na mesorregião, foram produzidos 268 milhões de litros de leite, o que representou 3,7% do total de leite produzido em Minas Gerais (YAMAGUCHI et al., 2006; ZOOCAL 2007).
Regiões leiteiras que apresentam escassez de informações em relação aos índices de produção e de manejo nutritivo, reprodutivo e sanitário adotados pelos produtores, como em regiões semi-áridas, pesquisas que visam a caracterização da produção, constituem uma importante ferramenta para pesquisas de novas alternativas produtivas, bem como para orientar programas de assistência e apoio a agricultores familiares (LEITE et al., 2004; MONTEIRO et al. 2007; SANTOS, AZEVEDO, 2009).
A grande heterogeneidade entre os produtores é uma característica notória da produção leiteira nas mesorregiões do norte e noroeste de Minas Gerais. Não é difícil encontrar em uma mesma microrregião, produtores especializados, até pequenos produtores sazonais, que fazem da produção leiteira uma atividade complementar à agricultura ou à pecuária de corte (PEREIRA, 2003).
O objetivo com este trabalho foi conhecer a realidade das propriedades leiteiras da mesorregião do norte de Minas Gerais, caracterizando seu perfil de produção e pesquisando os principais problemas apontados pelos produtores.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizada uma pesquisa a partir de questionários aplicados a 47 produtores de leite que participaram de um encontro de capacitação no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais em novembro de 2007. Foram avaliados o perfil de produção, o sistema de criação, a composição do rebanho, o manejo reprodutivo, nutricional, sanitário e os principais problemas apontados produtores. As propriedades avaliadas estão localizadas nas regiões de Icaraí de Minas, Francisco Sá, Juramento, Montes Claros, São Francisco, Bocaiúva, Guaraciama, Capitão Enéas, Mucambinho, Nova Esperança, Mirabela e Canabrava, ambas pertencentes à mesorregião do norte de Minas Gerais. Os dados foram coletados durante o mês de dezembro de 2007, período pertencente à estação chuvosa da região.
Essa mesorregião está localizada a aproximadamente 16º 44’ de latitude sul, 43º 51’ de longitude leste de Greenwich e 465 metros de altitude. O clima é caracterizado como tropical típico, quente e semiúmido, com uma estação chuvosa e curta (novembro a março) e outra seca e longa (abril a outubro). Este clima é caracterizado como Aw, segundo a classificação de Koppen (1948), ou seja, tropical, quente com chuvas de verão e temperaturas médias anuais entre 22 e 24 °C e pluviosidade média anual entre 1000 e 1200 mm.
Para fins de organização da pesquisa, 20 perguntas foram divididas, em um primeiro momento, sobre os sistemas de criações e os perfis das propriedades, seguido por inquéritos da caracterização do rebanho e o manejo reprodutivo. Em um segundo bloco, os produtores foram questionados a respeito das principais dificuldades encontradas na exploração e quais os modelos nutricionais adotados durante o período seco e chuvoso. Ao final, do terceiro bloco, foram caracterizadas às práticas sanitárias adotadas nas propriedades.
Os dados obtidos foram agrupados por tipo de exploração, avaliando suas características de produção, manejo reprodutivo e composição do rebanho, nutrição nos períodos de seca e de chuva, sanidade e principais problemas encontrados. Os resultados foram dispostos em tabelas de contingências e analisados pelo teste do qui-quadrado, considerando o nível de significância de 5% e utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas Genéticas–SAEG (RIBEIRO JÚNIOR, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃOCaracterísticas da exploração e da produção
Das 47 propriedades avaliadas, 21 produtores atuavam simultaneamente nos setores de leite e corte e 26 produziam somente leite. Estes dados indicaram uma característica peculiar da região avaliada, pois muitas propriedades produtoras de leite, paralelamente, adotam um sistema de produção de animais de corte, gerando grande dificuldade para se definir um padrão de produção de leite ou de corte. Os sistemas de criações mais adotados foram o semiextensivo (46%) e extensivo (45%), sendo que poucos são os que utilizavam o sistema de confinamento do rebanho (9%). Não houve dependência dos dados de sistemas de criações com o tipo de exploração (P>0,05).
As propriedades apresentaram em média 36,3 (+/- 27,1) matrizes em produção, com produção média diária de 295,20 (+/- 179,7) litros de leite e não foi observada diferença significativa entre as propriedades produtoras de leite e aquelas de produção mista. Ao avaliar a produção de fazendas leiteiras de Minas Gerais, Gomes (2006) descreve uma produção média, no período chuvoso, de 194 litros/ dia. A maior produção observada para as fazendas neste estudo, em relação á média do Estado, pode indicar o crescente potencial do setor na mesorregião norte mineira.
Características raciais e manejo reprodutivo
As propriedades avaliadas apresentaram um perfil reprodutivo com utilização, predominantemente, de monta natural não controlada (68,1%) e apenas 8,5% utilizavam a monta natural controlada. A inseminação artificial constitui a principal técnica de reprodução para 23,4% do total das propriedades avaliadas. Bento Junior et al. (2006), ao avaliarem o manejo reprodutivo de propriedades pertencentes a assentamentos no Município de Imperatriz- Maranhão, relatam que monta natural eram adotada para 100% e inseminação não era utilizada em nenhuma delas. Neste contesto, uma importante ferramenta para a melhoria dos planteis seria a maximização da utilização da inseminação artificial ou monta controlada, com utilização de touros de planteis certificados. Essas técnicas poderiam ser favorecidas com apoio de associações de produtores e fomentadas por laticínios regionais.
Nesta pesquisa, os rebanhos possuíam mais frequentemente touros das raças Gir (42%), Holandesa (35%) e Nelore (21%) e essa distribuição foi independente do tipo de exploração adotada (P>0,05). Este resultado registra a utilização de touros leiteiros e de cortes simultaneamente para as propriedades com produção mista o que pode gerar uma menor especialização das matrizes tanto para a produção de leite quanto para a produção de carne. Em ambos os rebanhos avaliados, as matrizes eram predominantemente ½ Zebu-Europeu (30%) e ¾ Europeu-Zebu- (25%). Entre as matrizes mestiças houve predomínio do grau de sangue europeu nas propriedades que produziam somente leite quando comparadas com a composição racial das matrizes das propriedades com sistema misto de produção (P<0,05) (Figura 1).
A maior prevalência de animais mestiços zebuínos pode ser justificada pela opção dos produtores locais em utilizarem animais mais rústicos e resistentes para os diversos problemas encontrados na região, como o clima e as infestações parasitárias, o que justifica também a menor prevalência de vacas puras da raça Holandesa (15,6% das propriedades). Outros estudos, em regiões semiáriadas, tem demonstrado o predomínio de animais mestiços para a produção de leite. Em um levantamento do perfil de produção de leite do estado da Paraíba, Leite et al. (2004) também verificaram que a exploração leiteira era realizada basicamente com animais mestiços (87%) por serem mais adaptados às características da região. Animais puros da raça Holandesa foram encontrados em apenas uma propriedade avaliada. No agreste do estado de Pernambuco foi também constatado o predomínio de animais mestiços para 95,1% das propriedades avaliadas (MONTEIRO et al. 2007).
Além de melhor adaptação às condições de criação, pesquisas têm registrado que as matrizes mestiças podem ter uma melhor produção com o emprego da seleção e melhoramento de zebuínos mais especializados á produção leiteria (GUIMARÃES et al., 2002). Pesquisas reportam médias de produção de leite total em vacas mestiças (Zebu x Holandês) que variaram de 2.075 litros a 3.810 litros por lactação (CARVALHO et al., 2001; GUIMARÃES et al., 2002).
Principais problemas apontados
Na Tabela 1 observa-se os principais problemas relacionados à produção leiteria para as propriedades avaliadas , bem como a frequencia no total de itens apontados durante pesquisa.
PERFIL DE PROPRIEDADES LEITEIRAS OU COM PRODUÇÃO MISTA NO NORTE DE MINAS GERAIS - Image 1
Os cinco problemas mais frequentemente apontados pelos produtores foram o preço do leite, infestações por carrapatos e moscas do chifre, custo de produção e o clima. Suas frequências não sofreram dependência com o tipo de exploração das propriedades (P>0,05). Geralmente os pequenos produtores são individualmente frágeis diante das empresas que adquirem a produção de leite, recebendo frequentemente, preços baixos de compra de seu produto (IPARDES, 2003). Nesta pesquisa, o menor preço pago ao leite poderia ser um dos fatores relacionados á opção de algumas propriedades em também produzir bezerros de corte, como relatado por criadores com produção mista.
PERFIL DE PROPRIEDADES LEITEIRAS OU COM PRODUÇÃO MISTA NO NORTE DE MINAS GERAIS - Image 2
Nutrição
Durante o período das águas, compreendido normalmente entre os meses de novembro a março, os produtores relataram a utilização da mineralização (30%), do pastejo rotacionado (26%), e do pastejo não rotacionado (21%). O uso de concentrado nesse período foi relatado por 15% deles e o uso de capineiras em apenas 8%.
Para o período seco, abril a setembro, foi verificado a utilização de sal ureado (11%) e de sal proteinado (14%). O processo de ensilagem das forrageiras foi relatado por 33 proprietários, sendo que 32 deles ensilavam sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) e apenas um ensilava o milho (Zea mays). O fornecimento de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) com uréia foi constatado para todas as propriedades, com exceção de uma. Esse resultado é de grande relevância, pois indicou que os produtores estão aproveitando esse importante recurso forrageiro no período mais crítico do ano para alimentação animal.
A cana-de-açúcar é uma forrageira que vem substituindo a utilização da silagem de milho e/ou de sorgo em muitas propriedades rurais, sendo a fonte de volumoso mais utilizado em sistema de produção de leite (MAGALHÃES et al., 2004). Essa forrageira apresenta limitações nutricionais como o baixo teor de proteína e a presença de fibra de baixa degradação ruminal e limitações quanto a consumo, quando comparada às outras fontes de volumoso (MENDONÇA et al., 2004; MAGALHÃES et al., 2006). Entretanto, essa cultura pode ser uma opção viável para as condições de criação semi-intensiva no Brasil (RANGEL et al., 2008). Estudos demonstram ainda o potencial para alimentação de vacas leiteiras com produção diária de até 20 litros, utilizada, entretanto, em dietas adequadamente formuladas (CORRÊA et al., 2003).
Outra opção que poderia contribuir para a nutrição dos animais, e que foi relatado por apenas uma propriedade nesta pesquisa, seria a formação de bancos de leguminosas e produção de feno, pois durante o período seco as pastagens apresentam baixos teores de proteína. Uma opção seria a utilização de leguminosas forrageiras arbustivas, pois elas elevam o consumo e a digestibilidade da forragem disponível e são tolerantes à seca, além de possuírem capacidade de rebrota e oferta de alimento de boa qualidade durante todo ano (MONTEIRO et al., 2009; LOIOLA, et al. 2010).
O perfil nutricional adotado pelas propriedades avaliadas neste estudo pode ser atribuído ao nível tecnológico das mesmas. Já em outras regiões que apresentam grande parte de produção familiar, como no município de Catingueira, Estado da Paraíba, verificou-se uma maior utilização de pastagem nativa de caatinga (SANTOS e AZEVEDO, 2009). Verificou-se também que a oferta de capim, cortado ou picado com fornecimento em cocho, ocorre em 91% das 11 propriedades avaliadas e em duas delas foi relatada a utilização do armazenamento de forragens (SANTOS; AZEVEDO, 2009).
A nutrição dos animais pode representar grande parte dos custos de sua produção. A variação da quantidade e qualidade de volumosos e concentrados nas dietas (MAGALHÃES et al., 2004) e a utilização de alimentos e co-produtos regionais, devidamente testados e avaliados para o consumos desses animais, podem constituir alternativas sustentáveis principalmente para os pequenos produtores familiares (FERREIRA et al. 2009).
Caracterização sanitária
A utilização de vermifugações nos rebanhos foi relatada em 74,5% das propriedades, com esquemas de vermifugações bastante heterogêneos, sendo que somente 18 das 47 propriedades adotam controle estratégico. Não houve dependência dos dados de sistemas de criações com a adoção de esquemas de vermifugações estratégicas (P>0,05).
Pesquisas indicam que a falta de controle estratégico, o tratamento simultâneo em todas as categorias de animais e o uso excessivo e sem critérios técnicos das bases anti-helmínticas são responsáveis pela acelerada seleção de helmintos resistentes (RANGEL et al., 2005; SOUTELLO et al., 2007; SOUZA et al., 2008). Considerando as observações do presente estudo, essa baixa frequencia de vermifugações estratégicas poderia também favorecer a seleção de nematódeos resistentes, alem de não contribuir efetivamente com a redução da contaminação das propriedades.
A utilização de carrapaticidas foi relatada em 93,6% das propriedades, sendo que 15 delas adotam controle estratégico conforme metodologia apresentada por Oliveira (1993), com aplicações de 21 em 21 dias a partir do inicio do período chuvoso. Esse controle deve considerar as condições microclimáticas da propriedade e pode promover benefícios ao produtor com a redução do custo e por reduzir o descarte de leite durante o período de carência dos produtos (OLIVEIRA, 1993; SANTOS JÚNIOR et al., 2000).
De uma forma geral, o controle de Boophilus microplus, na Região Sudeste do Brasil, baseia-se em banhos carrapaticidas após a visualização de teleógenas. Sendo assim, o número de banhos tende a ser elevado, variando com o método de aplicação, época do ano, raça do animal e custo do tratamento, favorecendo a seleção de parasitas resistentes (MAGALHÃES; LIMA, 1991). Nesta pesquisa, entre as propriedades que utilizavam carrapaticidas, 46,5% delas adotam a aplicação de forma tática, somente nos períodos em que os animais possuem infestações visíveis de teleógenas, indicando que também possa favorecer a seleção de carrapatos resistentes. Em um levantamento realizado na microrregião do Grande Rio no estado do Rio de Janeiro, também foi observado que os métodos de controle utilizados eram empíricos e curativos (SANTOS JÚNIOR et al., 2000).
No processo de implantação de um controle estratégico de B. microplus nessas microrregiões já estudadas, e possivelmente em outras, é fundamental o conhecimento das práticas desenvolvidas em cada propriedade, considerando as características culturais da população alvo, para propor alternativas reais e racionais para cada rebanho. Esses esforços devem reportar a importância do trabalho gradativo a ser realizado para controle e estabilidade desse ácaro, uma vez que, neste estudo, as infestações por carrapatos constituíram o principal problema sanitário apontado pelos produtores.
As principais vacinas utilizadas por esses produtores eram para a prevenção da febre aftosa, brucelose, raiva, clostridiose, leptospirose, rinotraqueíte infecciosa bovina e a diarréia viral bovina.
CONCLUSÕES
Do total de 47 propriedades leiteiras da mesorregião do norte de Minas Gerais analisadas neste estudo, 21 delas destinavam-se à produção de leite e corte, concomitantemente;
A inseminação artificial é utilizada em apenas 11 das propriedades avaliadas e fazendas com produção mista apresentam maior proporção de matrizes mestiças zebuínas;
A cana-de-açúcar com uréia e o pastejo contínuo são utilizados pela grande maioria dos produtores;
Vermifugações estratégicas são empregadas somente em 38,3% das propriedades e carrapaticidas são utilizados na maioria das fazendas, mas somente 15 delas adotam o controle estratégico para o carrapato bovino.
AGRADECIMENTOS
À Pro Reitoria de Extensão da UFMG e a todos integrantes do GREGAL (Grupo de Estudos em Gado de Leite ICA-UFMG), do SANILEITE (Grupo de Estudos em Qualidade do Leite ICAUFMG) e aos produtores que contribuíram com esta pesquisa.
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Autores:
Eduardo R Duarte
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
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