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A produção de leite do Piigs

Publicado: 16 de janeiro de 2013
Por: Kennya Beatriz Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, e Daniel Auad Gama, Marielli Cristina de Pinho e Eduardo da Silva Mercês, estudantes de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG.
Recentemente, a economia internacional vem sofrendo com o pessimismo que envolve a zona do euro, mais precisamente com a crise fiscal enfrentada por Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. Esses cinco países têm sido denominados Piigs e se caracterizam pela deterioração de suas situações fiscais, incorrendo em dificuldade de solvência para dar continuidade ao processo de rolagem da dívida. A figura a seguir mostra o volume do déficit fiscal em porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) para os cinco países do Piigs.
Figura 1.Volume do déficit fiscal em porcentagem do PIB.
A produção de leite do Piigs - Image 1
Fonte: FMI (2012). Elaborado pelos autores.
Apesar de Irlanda e Portugal já terem reduzido significativamente o seu déficit fiscal, Grécia, Espanha e Itália ainda se encontram em situação complicada. A Grécia tem enfrentado problemas para refinanciar suas dívidas e ainda enfrenta uma crise política. Com isso, existe a possibilidade do país ser excluído do bloco europeu, o que, segundo alguns especialistas, pode ter o mesmo impacto que a quebra do Lehman Brothers, em 2008.
No entanto, pouco se sabe sobre a atividade leiteira do Piigs. Diante disso, torna-se oportuno traçar um perfil do comportamento da produção de leite desses países, como forma de antever possíveis impactos da crise para o mercado lácteo.
Analisando a produção de leite de vaca do Piigs, observa-se estabilidade entre 2000 e 2010 (Tabela 1), ao contrário da produção mundial, que apresentou forte crescimento no período.
Tabela 1. Produção de leite de vaca do Piigs
A produção de leite do Piigs - Image 2
Pela Tabela 1, nota-se que apenas Irlanda, Grécia e Espanha tiveram pequenos incrementos na produção de leite entre 2000 e 2010, ao contrário de Portugal e Itália. No total, a produção do grupo apresentou ligeira queda no período. Mundialmente, o Piigs diminuiu sua participação, passando de 5,4% em 2000 para 4,4% em 2010, ante o forte crescimento da produção mundial, de 22,3%.
Apesar da estabilidade na produção, todos os países do Piigs vêm experimentando crescimento na produtividade (Tabela 2), medida em termos de volume produzido por vaca no ano. Para o grupo, o crescimento foi de 10,7% entre 2000 e 2009, mas de 9,71 entre 2000 e 2010. Ou seja, o incremento de produtividade do Piigs foi inferior ao verificado para a União Europeia (14,2%), mas superior ao do mundo (2,4%) para o período de 2000 a 2010.
Tabela 2. Produtividade do Piigs (t/vaca/ano)
A produção de leite do Piigs - Image 3
Uma análise do processamento de leite nos permite traçar um perfil da estrutura produtiva de cada país. Na Itália, maior produtora de leite de vaca entre os Piigs, grande parte do volume de leite é destinado para a produção de queijos, assim como na Grécia. Na Espanha e em Portugal, o leite fluido ocupa uma boa parcela da produção, enquanto na Irlanda o volume de leite produzido tem como destino a produção de queijo, manteiga, leite fluido e derivados lácteos desidratados (dry products), praticamente nas mesmas proporções (Hemme, 2010).
Com relação aos custos de produção do Piigs, Itália e Espanha, apesar de serem os maiores produtores do grupo, ainda enfrentam custos de produção mais elevados que a Irlanda, que se encontra no mesmo patamar de custos que o Brasil (Hemme, 2011).
Pelo exposto, pode-se perceber que o grupo do Piigs não se destaca na produção de leite. A Itália é o país com maior produção do grupo, porém Espanha e Portugal são os que apresentam maior produtividade. Já a Irlanda é o membro do Piigs que dispõe do menor custo de produção. Por outro lado, a Grécia não se destaca na produção de leite, o que pode representar alívio para os agentes da cadeia, visto que uma intensificação da crise neste país teria um impacto direto menor na oferta e demanda de leite mundial.
 
**O artigo foi originalmente publicado pelo Centro de Inteligência do Leite (CILEite), coordenado pela Embrapa Gado de Leite.
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Autores:
Kennya Beatriz Siqueira
Embrapa
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