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Influência do pastejo na composição bromatológica da forragem de aveia IPR 126, triticale IPR 111 e trigo BRS Tarumã

Publicado: 16 de agosto de 2013
Por: Loreno E. Taffarel, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE-, PR; Cristiani Cavilhão, Mestranda em Zootecnia, UNIOESTE, PR; Jeferson Tiago Piano e Poliana Ferreira da Costa, Mestrandos em Agronomia, UNIOESTE, PR; Graziely Godoy, Tiago Luis Scherer e Daniel Adriano Sontag, Graduandos em Agronomia, UNIOESTE, PR, e Paulo Sérgio Rabello de Oliveira, Docente, Doutor, UNIOESTE, PR.
Sumário

Objetivou-se avaliar a composição bromatológica da forragem da aveia IPR 126, triticale IPR 111 e trigo BRS Tarumã submetidos à pastejo. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com parcelas subdividas no tempo, com quatro repetições, sendo os tratamentos com cereais de inverno nas parcelas (10 x 18 m) e as etapas de coletas de amostras como subparcelas. A amostragem em cada subparcela da forragem realizou-se em duas etapas: antes do primeiro e do segundo pastejos. Observou-se maior teor de proteína bruta (PB) para a forragem do trigo seguido da aveia e triticale. Não houve efeito dos pastejos sobre o teor de PB. A fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido (FDA) diminuíram na forragem da aveia após o primeiro pastejo e o trigo teve o menor teor de FDA. Os resultados sugerem melhor qualidade nutricional do trigo BRS Tarumã.

Palavras–chave: culturas de inverno, integração lavoura-pecuária, manejo, valor nutritivo

Introdução
O sistema de integração lavoura-pecuária (SILP) destaca-se no Sul do Brasil como alternativa para otimização do uso da terra, aliando a produção de grãos à produção animal e culturas de inverno como trigo ((Triticum sativum L.), aveia (Avena spp.) e o triticale (X Triticosecale Wittmack) que podem ser intensamente aproveitados neste sistema, haja visto seu duplo propósito de utilização, fornecendo forragem verde de forma precoce e ainda produzindo grãos (Meinerz et al., 2011).
O SILP impõe desafios aos técnicos e produtores, pois o objetivo é atender as necessidades de forragem para os animais com o mínimo efeito na produção da área agrícola de verão, uma vez que apenas 20% dessas áreas são cultivadas no inverno no Sul do Brasil. Por outro lado, pesquisas demonstraram que o trigo de duplo propósito após pastejado tem produtividade de grãos similar ou mais elevado que o não pastejado e o mesmo ocorre com a produção de forragem (Fontaneli et al., 2010).
Neste sentido, objetivou-se avaliar a composição bromatológica da forragem do Trigo BRS Tarumã, Aveia IPR 126 e Triticale IPR 111 submetidos á diferentes manejos de pastejo.
 
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido no período de outono-inverno de 2012, na Fazenda Experimental "Professor Antônio Carlos dos Santos Pessoa" (latitude 24º 33' 22'' S e longitude 54º 03' 24'' W, com altitude aproximada de 400 m), pertencente à Universidade Estadual do Oeste Paraná - Campus Marechal Cândido Rondon, em Latossolo Vermelho Eutroférrico (LVef).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com parcelas subdividas no tempo faixas, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos de três diferentes cereais de inverno (aveia IPR 126, triticale IPR 111 e trigo BRS Tarumã) nas parcelas (10 x 18 m) e duas amostragens realizadas antes do 1º pastejo (Amostragem 1) e antes do 2º pastejo (Amostragem 2) em cada subparcela.
A semeadura dos cereais de inverno foi realizada no dia 24 de abril, com adubação de 16, 40 e 40 kg ha-1 de N, P e K, respectivamente. As adubações em cobertura foram realizadas com uréia, em duas etapas na quantidade 60 kg ha-1 de N por etapa, sendo a primeira realizada 20 dias após o plantio e a segunda após o pastejo. O primeiro pastejo foi realizado entre os dias 26 a 29 de junho e o segundo pastejos dias 02 a 04 de agosto e os animais permaneceram na área até a altura residual de 15 cm das plantas. Para o pastejo utilizou-se vacas da raça holandesa com peso médio de 663 kg.
A amostragem para a determinação da composição bromatológica da forragem realizou-se em duas etapas, com auxílio de quadrado metálico com área conhecida (0,25 m²), que foi lançado aleatoriamente em cada parcela. As amostras foram coletadas em cada subparcela, identificadas e embaladas em sacos de papel, pesadas e colocadas em estufa para secagem com ventilação forçada de ar sob temperatura de 55ºC por 72 horas, moídas em moinho tipo Willey, com peneira de 30 mesh e armazenadas em sacos plásticos identificados para avaliação dos teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e extrato etéreo ou gordura (EE).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas através do teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2003).
 
Resultados e Discussão
Observou-se diferença significativa (P<0,05) para os teores de PB, FDN, FDA, EE e MM entre as parcelas antes do primeiro pastejo (não pastejadas) e as parcelas antes do segundo pastejo (pastejadas uma vez) e também entre culturas (Tabela 1).
O Trigo BRS Tarumã apresentou maior teor protéico (209,4 g kg-1MS), seguido da Aveia IPR 126 (188,7 g kg-1MS) e do Triticale IPR 111 (170,6 g kg-1MS). Mariani et al. (2012), estudando o desempenho de cereais de inverno semeados sobre resíduos de forrageiras perenes e culturas de verão, também identificaram maior teor protéico na forragem do Trigo BRS Tarumã, seguido pela aveia preta Agro Zebu. Os teores de PB mantiveram-se após o primeiro pastejo, resultado contrário ao obtido por Pitta et al. (2011).
A forragem do trigo BRS Tarumã e do triticale IPR 111 apresentaram teor semelhante (P>0,05) de FDN. Entretanto a FDN presente na aveia IPR 126 foi menor (P<0,05) da obtida no triticale IPR 111 e não diferiu (P>0,05) do trigo BRS Tarumã (Tabela 1). Meinerz et al. (2011), avaliando 12 genótipos de seis espécies de cereais de inverno de duplo propósito submetidos a vários cortes, também não observaram diferenças no teor de FDN entre as forragens estudadas durante o primeiro corte. Entretanto, assim como ocorreu neste estudo, nos cortes seguintes as cultivares de aveia apresentaram teores mais baixos de FDN quando comparadas ás outras espécies como o trigo e o triticale. Pitta et al. (2011) encontraram teores semelhantes de FDN para o trigo BRS Tarumã no 1º e 2º cortes.
Os teores de FDA do triticale IPR 111 foram superiores ao da cultura do trigo BRS Tarumã e embora mais elevado, não se diferenciou da cultura da aveia IPR 126. A explicação para o teor mais elevado de FDA do triticale é o estágio vegetativo (emborrachamento).
O teor de EE da Aveia IPR 126 e do Trigo BRS Tarumã foram superiores ao do Triticale IPR 111. Não foram encontrados relatos na literatura para estas diferenças.
Com relação ao teor de PB das forragens não ocorreu diferenças entre pastejos (P>0,05) para todas as culturas, corroborando com Meinerz et al. (2011), que observaram que o teor de proteína das forragens só declinou a partir do terceiro corte.
Entretanto o teor de FDN e FDA diminuíram significativamente (P<0,05) com os pastejos na cultura da Aveia IPR 126 e não apresentaram diferença estatística para as forragens de Trigo BRS Tarumã e Triticale IPR 111. Já o teor de gordura foi maior (P<0,05) na forragem antes do segundo corte quando comparado ao primeiro para as culturas da Aveia IPR 126 e do Trigo BRS Tarumã e não se alterou (P>0,05) entre os pastejos para o Triticale IPR 111.
Diferentemente do exposto neste estudo, Pitta et al. (2011), observaram redução no teor de PB e NDT (nutrientes digestíveis totais) e aumento no teor de FDN e FDA do trigo BRS Tarumã submetido a quatro pastejos. Para Collins & Fritz (2003), o valor nutritivo das forrageiras declina com os estádios de desenvolvimento, diminuindo a PB e a digestibilidade e aumentando FDN, FDA e outros componentes fibrosos.
Tabela 1. Teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM) da forragem das culturas de aveia IPR 126, trigo BRS Tarumã e Triticale IPR 111, com respectivas médias, submetidos ao pastejo
Influência do pastejo na composição bromatológica da forragem de aveia IPR 126, triticale IPR 111 e trigo BRS Tarumã - Image 1
 
Conclusões
A utilização de até dois pastejos não altera o valor nutritivo da forragem da aveia IPR 126, do trigo BRS Tarumã e do triticale IPR 111 e reduz os teores de fibra em detergente neutro e ácido da aveia.
O trigo BRS Tarumã tem melhor qualidade nutricional devido ao maior teor protéico e aos menores teores de fibra em detergente neutro e ácido.
 
Literatura citada
COLLINS, M.; FRITZ, J.O. Forage quality. In: BARNES, R.F. et al. (Eds.). Forages: an introduction to grassland agriculture. 6.ed. Ames: Iowa State University, 2003. V.I, p.363-390.
FERREIRA, D. SISVAR software: versão 4.6. Lavras: DEX/UFLA, 2003. Software.
FONTANELI, R. S.; et al. Rendimento e valor nutritivo de grãos de genótipos de trigo de duplo propósito. Passo Fundo, RS: Embrapa Trigo, 2010. (Embrapa Trigo. Comunicado Técnico, 286).
MARIANI, F. et al. Trigo de duplo propósito e aveia preta após forrageiras perenes e culturas de verão em sistema de integração lavoura-pecuária. Ciência Rural. v.42, n.10, p.1752-1757, 2012.
MEINERZ, G.R. et al. Valor nutritivo da forragem de genótipos de cereais de inverno de duplo propósito. Revista Brasileira de Zootecnia. v.40, n.06, p.1173-1180, 2011.
PITTA, C.S.R. et al. Dual-purpose wheat grain and animal production under different grazing periods. Pesq. Agropec. Bras. v.46, n.10, p.1385-1391, 2011.
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Autores:
Loreno E. Taffarel
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
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