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Zearalenona Toxicidade Reprodutivos Suínos

Toxicidade por Zearalenona, um Fator Significativo para Prejuízos Reprodutivos em Suínos

Publicado: 28 de julho de 2011
Por: Fang Chi, Jonathan Broomhead, Chia Chung Chen (Amlan International)
A presença de zearalenona na ração é inevitável e a toxicose por zearalenona é muito difícil de tratar. A maneira mais prática de evitar a toxicose por zearalenona é através da adição de um enteroadsorvente à dieta, impedindo a absorção intestinal e subsequente conjugação e formação de compostos de zearalenona, reabsorvidos via circulação entero-hepática. Devido à rápida absorção no intestino delgado, a inativação da zearalenona após sua ingestão torna-se extremamente crítica para evitar a toxicidade. Ao compreender o mecanismo de absorção e metabolismo da zearalenona, os produtores são capazes de selecionar os métodos mais adequados para controlar e tratar toxicose por zearalenona de maneira mais eficaz e econômica.           

A observação de edema e eritema de vulva em leitoas e aumento da incidência de abortamentos e natimortos durante a gestação pode indicar contaminação da ração por zearalenona. A micotoxina zearalenona é o principal fator que contribui para os prejuízos econômicos relacionados à reprodução suína.1 É produzida por fungos tipo Fusarium e comumente encontrada em grãos em todo o mundo. Condições de produção, armazenagem e clima contribuem para o crescimento destes fungos.2 Considerando sua semelhança química com o estrógeno, a zearalenona exerce efeitos estrogênicos em suínos3 e afeta todas as faixas etárias, inclusive leitoas e fêmeas adultas, que são mais sensíveis. A Figura 1 ilustra os sintomas clínicos e subclínicos.  

FIGURA 1. Efeitos Clínicos da Toxicose por Zearalenona
Toxicidade por Zearalenona, um Fator Significativo para Prejuízos Reprodutivos em Suínos - Image 1

Ao compreender o mecanismo de absorção e metabolismo da zearalenona, os produtores são capazes de selecionar os métodos mais adequados para controlar e tratar toxicose por zearalenona de maneira mais eficaz e econômica. A estrutura química da zearalenona é 6-(10-hidróxi-6-oxo-trans-1-undecenil)-b-ácido resorcíclico lactona (Figura 2). Seu isômero opticamente ativo na forma L é isolado dos micélios do Fusarium graminearum. É um sólido cristalino incolor com ponto de fusão de 164-165° C, o que indica que a zearalenona é muito resistente a condições normais de processamento de ração e dificilmente é destruída. Na verdade, quando a zearalenona está presente em milho triturado, não ocorre decomposição após 44 horas a 150° C.4 A zearalenona é ligeiramente solúvel em água e é mais solúvel em acetona, éter, benzeno, álcoois e álcalis aquosos. Dada sua semelhança com estrógeno, a zearalenona e seus metabólitos podem se ligar aos receptores de estrógenos, causando efeitos estrogênicos em suínos.          

FIGURA 2. Estrutura da Zearalenona   
Toxicidade por Zearalenona, um Fator Significativo para Prejuízos Reprodutivos em Suínos - Image 2

Leitoas alimentadas com ração contaminada por zearalenona podem apresentar intervalos de ciclo estral mais longos, redução da taxa de prenhez e retardo de desenvolvimento fetal. Por exemplo, o fornecimento de 20 mg de zearalenona/dia por 5 dias a leitoas durante a fase média ou final do ciclo estral alongou significativamente a duração do intervalo entre estros de 20 dias (normal) para até 74 dias (mais longo observado).5 Em outro estudo, a taxa de pseudo-prenhez aumentou 25%, 88% e 88% com o fornecimento de 3, 6 e 9 ppm de zearalenona a leitoas, respectivamente, antes da inseminação artificial em comparação ao grupo controle.6

Quando dietas contaminadas com 15 ou 30 ppm de zearalenona purificada foram fornecidas a leitoas inseminadas por 14 dias, o número de fetos vivos foi reduzido.7 No mesmo estudo, não se observou desenvolvimento embrionário em leitoas que receberam 60 ou 90 ppm de zearalenona na dieta. Young et al. (1981) relataram edema e vermelhidão da vulva e redução de ganho de peso e de consumo de ração e piora da eficiência alimentar em leitoas que passaram a receber 9 ppm de zearalenona na dieta.8 O mesmo grupo relatou que fêmeas alimentadas com uma dieta contendo 10 ppm de zearalenona demonstraram prolongamento do intervalo desmame-estro, redução de tamanho de leitegada e fertilidade e aumento do peso do útero e da espessura do epitélio vaginal.9  

Yang et al. (2008) relataram recentemente que o fornecimento de1 a 3 ppm de zearalenona purificada a leitoas jovens por 21 dias aumentou significativamente o tamanho da vulva e o peso de outros órgãos-alvo, como útero, ovário, rins e fígado.10 O grupo também observou que o fornecimento de 1 ppm de zearalenona reduziu a digestibilidade aparente de proteína bruta e energia em porcas e que os efeitos negativos da zearalenona poderiam ser atenuados pela mistura de uma argila natural enteroadsorvente à raçào.11            

A absorção de zearalenona no intestino delgado é muito rápida. Depois de uma dose única oral de zearalenona administrada a suínos, a micotoxina e seus metabólitos podem ser detectados em alguns minutos no sangue e mais de 85% da zearalenona são absorvidos pela luz intestinal em menos de 30 min.12,13 A absorção de zearalenona segue uma cinética de primeira ordem, com Ka (constante cinética) igual a 9,3/horas em ratos.14 Uma vez absorvida no organismo, enzimas como a CyP450 das células epiteliais do intestino delgado e fígado rapidamente convertem a zearalenona a α-zearalenol e b-zearalenol. O α-zearalenol tem potência estrogênica muito superior que seu precursor em suínos. No fígado, a zearalenona e seus metabólitos são conjugados com açúcares e podem ser excretados para o intestino delgado através da bile. Uma vez que os compostos conjugados de zearalenona percorrem o intestino delgado, parte é excretada através das fezes e outra fração é reabsorvida no organismo através de um ciclo conhecido com circulação entero-hepática (Figura 3).             

FIGURA 3. Circulação Entero-hepática da Zearalenona 
Toxicidade por Zearalenona, um Fator Significativo para Prejuízos Reprodutivos em Suínos - Image 3

Uma vez que a zearalenona seja absorvida no organismo, não existe um tratamento eficaz que reduza sua toxicidade em suínos. Entretanto, a inclusão de enteroadsorventes pode ligar estes compostos conjugados de zearalenona, evitando assim a reabsorção através da circulação entero-hepática. Depois de uma única injeção intravenosa de zearalenona em leitões, a meia-vida da toxina no sangue foi determinada como sendo de 86,6 horas. Entretanto, quando se evitou que a bile chegasse ao intestino delgado através de canulação do colédoco (interrompendo a circulação entero-hepática), a meia-vida da zearalenona e de seus metabólitos foi significativamente reduzida para 3,3 horas.15 Isto sugere que a recuperação da toxicidade por zearalenona pode ser acelerada quando se impede a 'reciclagem' da toxina no organismo. De maneira geral, dois terços da toxina absorvida são excretados nas fezes, principalmente na forma de compostos conjugados de zearalenona produzidos no fígado e excretados através da bile. Metabólitos hidrossolúveis de zearalenona são excretados através da urina e níveis traço de zearalenona e seus metabólitos são detectados no leite de porcas. A Figura 4 descreve o metabolismo da zearalenona no organismo de suínos.           

FIGURA 4.
Metabolismo da Zearalenona no Organismo do Suíno              
Toxicidade por Zearalenona, um Fator Significativo para Prejuízos Reprodutivos em Suínos - Image 4

Evitar a ingestão inicial e absorção de zearalenona é fundamental para manter a produtividade do plantel suíno. A escolha de um produto que seja capaz de adsorver rapidamente a toxina é extremamente crítico para reverter a toxicidade da zearalenona. Ao conhecer os efeitos negativos da zearalenona e como este problema pode ser mitigado, os produtores poderão tomar decisões informadas quanto ao controle do problema.
Bibliografia

1. Rotter et al., 1996. J. Toxicol. Environ. Health, 48:1-34
2. Glenn et al., 2007. Anim. Feed Sci. Technol., 137, 213-240
3. Etienne and Jemmali, 1982. J. Anim. Sci., 55:1-10
4. Gilbert, 1989. Soc. Appl. Bacteriol. Symp. Ser., 18, 89S-98S
5. Flowers et al., 1987. J. Anim. Sci., 65:1576-1584
6. Young and King, 1986. J. Anim. Sci., 63:1191-1196
7. Long and Diekman, 1984. J. Anim. Sci., 59:1662-1670
8. Young et al., 1981. J. Anim. Sci., 52:1312-1318
9. Young et al., 1990. J. Anim. Sci., 68:15-20
10. Yang et al., 2008. J. Amin. Sci. Annual Meeting Abstract.
11. Jiang et al., 2010. Asian-Aust. J. Anim. Sci., 23:74-81
12. Biehl et al., 1993. Toxicol. Appl. Pharmacol., 121: 152-159
13. Eriksen et al., 2000. WHO Food Additives Series 44, pp393-482
14. Ramos et al., 1996. Int. J. Pharm., 128: 129-137
15. Kuiper-Goodman et al., 1987. Regul. Toxicol. Pharmacol., 7: 253-301
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Autores:
Fang Chi
Amlan
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Jan Ubel van der Vinne
Batavo Cooperativa Agroindustrial
20 de septiembre de 2011
Estou vendo que agora trocaram a figura! Jan Ubel van der Vinne
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Jan Ubel van der Vinne
Batavo Cooperativa Agroindustrial
1 de agosto de 2011
Pena que a figura 4 não tem nada a ver com os resultados, pois é uma grafico que mostra os efeitos da flavomicina e não da zeara.
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