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Influência do biofilme em granjas.

Publicado: 16 de janeiro de 2012
Por: Julian Borosky

Qual a influência do biofilme que acumula no sistema hidraulico das granjas no desempenho dos animais? Como combatê-lo? 

Olá comunidade, o que pensam sobre o assunto?

Obrigada.

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Julian  Borosky
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Julian  Borosky
Trouw Nutrition
16 de enero de 2012

Prezado José Cassio, boa noite!!


muito obrigada pela participação e por seus contatos, no entanto eu gostaria de extender um pouco mais pra discussão técnica. Qual sua experiência em relação ao tema? poderia dividí-la conosco?


grata,

Julian

Mauricio Andreoli
20 de enero de 2012

Prezada Julian,

Sendo o biofilme um risco biológico latente, sempre será um fator responsável pelo baixo status sanitário e perpetuação de problemas nas instalações.
Nas granjas que se preocupam em remover o biofilme do sistema hidraulico é possível perceber a melhora do status sanitário e dos índices zootécnicos.
Naquelas cujas águas já são naturalmente mais ácidas ( pH de 5,0 a 5,8), não há uma formação acentuada de biofilme, e podemos perceber índices melhores do que naquelas cujo pH da água é neutro com tendência à alcalinidade, pois nessas águas temos maiores índices de íons Ca, Fe e Mg os quais precipitam e incrustam no sistema formando a matriz p/ deposição de material orgânico resultando em biofilme.
Nos sistemas All in/All out há uma facilidade em limpar o sistema durante o vazio sanitário utilizando doses de choque de dióxido de cloro ou ácidos orgânicos por 24 horas e esgotando o sistema em seguida. Esses produtos solubilizam as incrustrações e facilitam a retirada do biofilme. Após essa manobra, se mantiver a água de bebida tratada com uma dessas substâncias durante o período de produção, a deposição de novo biofilme será dificultada pois dificilmente haverá incrustações já que os minerais não precipitarão, diferentemente do tratamento com cloro o qual não impede as novas incrustações e, consequentemente, matriz p/ deposição de material orgânico.
Vantagem para o dióxido de cloro é que ele pode ser utilizado já no reservatório central e forneceremos água tratada também para os funcionários, o que é impeditivo para produtos a base de ácidos orgânicos, os quais devem ser administrados somente aos animais.
Uma outra atitude que percebo na redução do biofilme é a utilização de filtros, os quais retém grande parte de matéria orgânica, diminuindo sua concentração no sistema hidraulico. Não resolve o problema, mas temos melhoras em algumas criadas pois retarda a formação de grandes quantidades de biofilme.

Parabéns pela iniciativa do tema, pois considero um grande obstáculo para a produtividade das granjas e pela perpetuação de desafios sanitários, principalmente entéricos, nas granjas.

Julian  Borosky
Trouw Nutrition
20 de enero de 2012

Prezado Maurício!!

muito obrigada pelos comentários que com certeza são de altíssimo valor técnico e prático!

concordo com tudo que expôs, uma vez que também vejo a higienização do sistema hidráulico de granjas uma atividade quase que esquecida pela maioria dos produtores.

uma coisa que percebo é que a deposição de biofilme também está vinculada com o tipo de material que compõem os encanamentos, tenho notado que materiais de ferro predispõem ao crescimento de fungos e leveduras, e consequentemente ao de biofilme.

quanto ao seu comentário da utilização de choques de dióxido de cloro para remoção dos mesmos, me surgiu uma dúvida. Temos consciência que a efetividade do cloro como antimicrobiano está diretamente relacionada ao pH da água. Trabalhos tem demonstrado que pH superior a 8,0 reduz drasticamente a eficiência do cloro. como explicar a ação microbiana desse componente para eliminação de biofilme, uma vez que o pH normal da água varia de 6,5 a 8,5 e que condições intrínsecas a origem dessa água, bem como a multiplicação microbiana podem aumentar a alcalinidade do meio e comprometer ainda mais a ação do cloro? Uma super dosagem do produto auxiliaria nesse processo?

em relação ao uso de filtros, nunca vi essa prática no campo, poderia expor um pouco mais sobre ele?

um outro ponto que me gera muitas dúvidas e que me motivou, em partes, para abertura desse fórum se deve ao crescente uso de antibióticos via água de bebida, uma vez que existem séries de restriçoes para seu uso na ração, como vinha sendo empregado..

penso que o biofilme comprometa a eficiência dessa terapia, reduzindo a dose terapêutica e, como condições mais severas, favorecer a resistência a antibióticos.

qual sua opinião a respeito?


novamente, obrigada pela participação e por abordar tal assunto com tanta propriedade e visão prática!

abraços,

Julian

Geder P. Cominetti
PolySell
20 de enero de 2012

Boa tarde,
A formação de biofilmes em superfícies de granjas, não só em tubulações que fornecem água aos animais, mas tambem nas higienizações das instalações e equipamentos quando na troca de lotes e procedimentos de limpeza e desinfecção dessas áreas/superfícies, é um assunto que nos últimos anos, vem em crescente discussão pelos técnicos com muitas sugestões e alternativas, porem, nem todas são realmente eficientes.

Importante as colocações já postadas neste forum. São muitas variáveis emvolvidas desde a formação dos biofilmes e sua origens, minerais, matéria orgânica, resíduos de medicamentos como polivitamínicos, antibióticos, etc. até o material onde são depositados nas diferentes superfícies. Mas tratando-se das tubulações de água de bebida, tem-se visto indicações da utilização de ácidos orgânicos, cloro e seus derivados, vinagre, detergentes e formulações a base de cloreto de benzalcônio com bom poder de detergencia. Acredito que todos terão algum efeito, porem, dependendo do tipo e grau do biofilme, uns agirão melhor que outros. Diante disso, acho importante sabermos qual a matriz desses biofilmes, conhecermos a qualidade da água, pH, dureza e contaminantes microbiológicos antes de fazermos qualquer procedimento.

Sem dúvida, é um tema muito importante, parabenizo a iniciativa da Julian e creio que muito temos que prender sobre isso.

Geder P. Cominetti

Abraço.






Mauricio Andreoli
23 de enero de 2012

Julian,

Realmente percebemos maiores problemas em tubulações metálicas, principalmente de ferro, do que nas de PVC. Os canos de ferro apresentam superfície áspera que propiciam incrustrações e também são propensos a ferrugem. Entretanto, o PVC resseca devido a exposição ao sol e a hipercloração da água. Portanto, medidas de higienização do sistema hidraulico e controle da qualidade da água são importantes na extensão do tempo de vida útil das tubulações.
Apesar do nome dióxido de cloro (ClO2), o efeito de desinfecção é realizado pelo oxigênio e não pelo cloro. O O2 promove uma ação oxidante, sendo o CLO2 eficiente em pH entre 2-9 e em presença de matéria orgânica. O que deve ser avaliado quando se usa ClO2 é quanto maior a contaminação do ambiente, mais rápido é consumido o O2. Portanto, em sistema repletos de biofilme as doses devem ser altas para se ter uma ação eficiente, reduzindo-a posteriormente para manter a qualidade da água já com o sistema higienizado. A dificuldade de usar esse produto é a disponibilidade de produtos comerciais efetivos e com custos condizentes.
Tenho visto em algumas instalações do Sudeste que, ao instalarem dosadores de cloro em pastilha, também estão instalando filtros os quais retém substâncias mais grosseiras presentess na água para melhorarem a eficiência do cloro. Nesse caso, se tem o ganho de reduzir o substrato de deposição, mas ainda mantenho como regra a limpeza do sistema.
No caso do uso de antibióticos, vale ressaltar que existem moléculas mais eficientes em pH ácido e outras em alcalino. Não saberia dizer com certeza que o biofilme interfere negativamente nesses tratamento, porém percebo uma grave negligência em conhecer a relação droga X pH e, isto sim, vejo como um fator de insucesso nas terapias antimicrobianas via água atualmente. O que posso dizer é que devido aos veículos solubilizantes geralmente serem açucares (maltodextrina e lactose), esses podem se tornar matrizes p/ deposição de novos biofilmes. Daí ser essencial a limpeza do sistema entre lotes.
Mais uma vez, agradeço a oportunidade de participar dessa discussão.
Abraço e boa semana.

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