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Uso estratégico do equilíbrio eletrolítico para prevenir o estresse térmico em frangos de corte

Publicado: 28 de março de 2014
Por: Manoel Garcia Neto, Max José de Araujo Faria Junior e Marcos Franke Pinto, Professores Adjuntos do Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal, Universidade Estadual Paulista -UNESP-, SP; Juliana Pereira Gamba, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, UNESP, SP; Mayara Maia Rodrigues, Graduanda do Curso de Medicina Veterinária, UNESP, SP, e Sílvia Helena Venturoli Perri, Professora Assistente Doutora do Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal, UNESP, SP.
Sumário

Um experimento foi conduzido para avaliar o impacto em relação a eletrólitos na dieta, baseada em mudanças no equilíbrio de Na + K-Cl (BE), a relação (K + Cl) / Na (RE) sobre o desempenho e a sobrevivência de frangos de corte submetidos a estresse térmico agudo. Um total de 1.575 pintos de corte machos 1-46 dias de idade, foram distribuídos em arranjo fatorial 5x3, em delineamento inteiramente casualizado, totalizando 15 tratamentos com 3 repetições de 35 aves cada. Os tratamentos consistiram de cinco dietas com balanço eletrolítico, decorrentes de combinações BE/RE (150 / 3; 250 / 2; 250 / 3; 250 / 4 e 350 / 3), associado com diferentes tempos de aplicação ou não do estresse agudo, em aves com 25 ou 36 dias de idade. Os resultados indicaram claramente que o RE tem o potencial de melhorar a taxa de desempenho e sobrevivência das aves, desde que feito o ajuste simultâneo em BE, mesmo em condições de estresse agudo. Portanto, pode-se afirmar que a formulação estratégica do correto equilíbrio de eletrólitos para BE e RE melhora o desempenho e, além disso, é capaz de evitar o efeito do estresse térmico em frangos de corte, levando a um melhor desempenho e sobrevivência.

Palavras–chave: crescimento, desempenho, eletrólitos, estresse agudo, exigências nutricionais

Introdução
As modernas linhagens de frangos de corte, devido ao constante melhoramento genético, tornaram-se susceptíveis a problemas metabólicos, destacando-se entre eles os distúrbios ácido-básicos, tendo como principal agente desencadeador desse desequilíbrio o estresse calórico. Entretanto, através de procedimentos nutricionais, é possível modificar o balanço e a relação catiônica da ração das aves, buscando um ajuste favorável à máxima taxa de crescimento, mas sem desencadear os transtornos metabólicos inerentes a essa criação, especialmente em condições de estresse calórico. MONGIN (1981) adverte sobre a necessidade de se adequar uma ração, não apenas ao balanço eletrolítico (BE), pela diferença [Na+]+[K+]–[Cl-], mas, também, quanto à relação eletrolítica (RE) [K+]+[Cl-])/[Na+]. Portanto, para um adequado balanço eletrolítico de uma dieta, não seria suficiente apenas o cálculo da diferença entre a concentração total de ânions e cátions, mas, ainda, à proporção adequada entre K e Na.
 
Material e Métodos
O presente projeto teve como objetivo avaliar o efeito de alterações no equilíbrio eletrolítico de dietas, com base em modificações no BE (Na+K–Cl) e na RE [(K+Cl)/Na], sobre o desempenho e mortalidade de frangos de corte sujeitos a estresse térmico agudo, visando atender na plenitude o conceito de Mongin (1981).
Os tratamentos foram constituídos por dietas com cinco equilíbrios eletrolíticos, originados das combinações BE/RE de 150/3, 250/2, 250/3, 250/4 e 350/3, associadas a distintos momentos de aplicação de estresse térmico agudo nas aves, no 25° e no 36° dia de idade, além de testemunha sem estresse térmico. O delineamento experimental foi o inteiramente ao acaso, em arranjo fatorial 5x3, totalizando 15 tratamentos, com três repetições e 35 aves por parcela experimental, num total de 1.575 pintos de corte machos 1-46 dias de idade.
Os resultados foram submetidos à análise de variância para verificar efeitos de tratamentos e, posteriormente, análise de regressão (superfície de resposta) para avaliar os efeitos dos níveis de cada suplementação, segundo os procedimentos do PROC GLM do sistema SAS. Para verificar a significância das diferenças entre médias dos tratamentos, foi aplicado o teste T.
 
Resultados e Discussão
As respostas de desempenho aos 21 dias de idade, segundo os ajustes nutricionais em BE e RE, para peso corporal, consumo de ração e conversão alimentar são apresentados na Figura 1.
Figura 1. Superfície de resposta para o peso corporal, consumo de ração e conversão alimentar de frangos de corte com 21 dias de idade em condições ambientais adequadas, segundo às alterações do balanço eletrolítico (BE) e da relação eletrolítica (RE) da dieta.
Uso estratégico do equilíbrio eletrolítico para prevenir o estresse térmico em frangos de corte - Image 1
Os níveis de suplementação em BE e RE do presente experimento foram feitos para enquadrar os dados numa análise de superfície, visando permitir níveis crescentes de BE (150 a 350) e relações estreitas e largas de RE (2 a 4), com a finalidade de otimizar a variável resposta, ou seja, encontrar os níveis de BE e RE mais apropriados ou a combinação desses que maximizassem ou minimizassem os parâmetros de desempenho estudados (ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar), os quais foram todos sensíveis a mudanças no nível de BE como de RE, estando de acordo com os resultados de Mongin (1981). A forma canônica do modelo ajustado ficou: Peso corporal = 942,02 – 8,67 BE – 11,9 RE (Ponto de máximo); Consumo de ração = 1200,02 + 32,78 BE + 16,33 RE (Ponto de mínimo) e Conversão alimentar = 1,35 + 0,0467 BE + 0,032 RE (Ponto de mínimo). Assim, pela análise canônica da superfície de resposta obteve-se como ponto estacionário das fontes (ponto que otimiza a resposta estimada) para o peso corporal (BE = 255,77 mEq/kg e RE = 2,73:1) e o valor no ponto estacionário de 942,02 gramas. Para a conversão alimentar (BE = 254,62 mEq/kg e RE = 3,06:1) o valor no ponto estacionário foi 1,35. Sendo que para o consumo de ração (BE = 251,69 mEq/kg e RE = 3,51:1) o valor no ponto estacionário foi 1200,02 gramas.
Há praticamente unanimidade nas publicações encontradas na literatura quanto ao nível de BE de 250 mEq/kg para dietas de frangos de corte (Mongin, 1981; Borges, 2006). Contrariamente, somente Mongin (1981) faz referência à recomendação para RE, mas mesmo assim não definindo o valor mais adequado para frangos de corte, o qual indica que a relação deveria ser RE>1, para ser adequada em atender um eficiente desempenho das aves. Assim, neste aspecto a literatura é praticamente omissa no valor para RE. E ainda, por ser de natureza curvilínea as respostas observadas na Figura 1, indica que esses dados se comportam segundo a "lei da diminuição de resposta", e desta forma a eficiência do desempenho diminue conforme o aumento de suplementação proporcionalmente idênticas. As exigências do atendimento simultâneo em BE e RE ficaram evidenciadas claramente pelos resultados do presente experimento, mostrando a importância atual do número de Mongin para frangos de corte. Entretanto, somente a partir do atendimento da proporção mais apropriada entre BE e RE mostra-se efetiva, com a ressalva do melhor para BE entre 251 a 255 mEq/kg e RE entre 2,73:1 a 3,5:1. Também há nítida indicação, de que a RE tem o potencial de melhorar o desempenho de frangos de corte, desde que feito o ajuste simultâneo em BE, mesmo em condições de estresse agudo (Tabela 1).
Tabela 1. Efeitos da combinação do balanço Na+K-Cl mEq/kg (BE) e da relação eletrolítica (K+Cl)/Na (RE), associado à aplicação ou não do estresse térmico agudo em aves com 25 ou 36 dias de idade, sobre as médias para o peso vivo (PV), o consumo ração (CR), a conversão alimentar (CA) e o percentual de mortalidade em frangos de corte machos de 1-46 de idade.
Uso estratégico do equilíbrio eletrolítico para prevenir o estresse térmico em frangos de corte - Image 2
Conclusões
Pode-se afirmar que a formulação estratégica do correto equilíbrio eletrolítico para BE e RE favorece o desempenho e a viabilidade de frangos de corte, e ainda, tem condições de prevenir o efeito do estresse térmico, com indicação para BE de 250 mEq/kg e RE de 3:1 em condições térmicas favoráveis e de 350 mEq/kg e RE de 3:1 em situações de estresse térmico.
 
Literatura citada
MONGIN, P. Recent advances in dietary anion-cation balance: application in poultry. Proc. Nutr. Soc., v.40, p. 285-294, 1981.
BORGES, S.A. Aplicação do conceito de balanço eletrolítico para aves. In: Conferência APINCO 2006 de Ciência e Tecnologia Avícolas, Santos, Anais...,SP, 2006. p. 123-137.
 
**O trabalho foi originalmente apresentado durante 48a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia - O Desenvolvimento da Produção Animal e a Responsabilidade Frente a Novos Desafios / Belém – PA, 18 a 21 de Julho de 2011.
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Autores:
Manoel Garcia Neto
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