Explorar
Comunidades em Português
Anuncie na Engormix

Sorovariedades Salmonella Frangos Argentina

Sorovariedades de Salmonella entérica isoladas de frangos de corte na Argentina

Publicado: 20 de outubro de 2011
Por: AV Velilla1*, MI Caffer2, A Roge3, V Padín3 A Alcain2, RC Malena1, HR Terzolo1 - 1Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria, EEA Balcarce, Laboratorio de Bacteriología, Departamento de producción Animal, CC 276 (7620), Balcarce, Argentina; 2Servicio Enterobacterias, Instituto Nacional de Enfermedades Infecciosas; 3Servicio Antígenos y Antisueros, Instituto Nacional de Producción de Biológicos (INPB) – ANLIS “Dr. Carlos G. Malbrán” Av. Veléz Sarfield 563, Buenos Aires, Argentina
Sumário

Entre 2009-2010 se realizou uma pesquisa para isolar Salmonella spp. Em três plantas da indústria de abate de frangos de corte, situadas nas províncias de Buenos Aires, Entre Ríos e Córdoba (Argentina). Nas plantas de abate foram coletados dois tipos de amostras, de cecos e de fígados e baços. Cada amostra consistiu em 10-15 pares de cecos e, separadamente, de 10-15 fígados e baços. A maioria dos fígados tinham sua vesícula biliar intacta. Os fígados e baços de cada lote foram macerados juntos, adicionando o conteúdo das vesículas biliares. Todas as amostras foram cultivadas e analisadas bacteriologicamente para o isolamento da Salmonella ssp mediante a técnica horizontal descrita na norma ISO 6579:2002. A Salmonella enterica subsp. enterica foi isolada de 5/128 (3,9%) matérias fecais de cecos e de 17/95 (17,8%) órgãos macerados. As linhagens foram caracterizadas como Salmonella Infantis (9), S. Thompson (3), S. Rissen (3), S. Agona (2), S. Branderburg (2), S. Enteritidis (2) e S. Oranienburg (1). O isolamento de órgãos, mas não de conteúdos cecais, indica que algumas linhagens têm capacidade septicêmica sem colonização intestinal persistente. S. Enteritidis deve ser estritamente controlada por sua transcendência como agente patógeno para o ser humano. A aplicação de normas de biossegurança nas granjas, durante o transporte e no abate, permitira reduzir a contaminação.
Palavras-chave: Frangos de corte, Salmonella enterica, Plantas de abate.

Introdução
Os frangos de corte são criados de forma intensiva e com uma alta concentração de aves; por causa disto, existe o risco de contaminação com algumas sorovariedades paratíficas de Salmonella enterica subesp. enterica que rapidamente se propagam em todas as aves do lote infectado. O processamento dos frangos nas plantas de abate é também muito intensivo e poucos frangos infectados podem contaminar todo o lote abatido. Além disso, também existe a possibilidade de contaminação durante o transporte das aves em gaiolas, devido ao estresse e ao amontoamento sofrido por estes animais, o que favorece a transmissão horizontal da infecção por via fecal-oral.  
Como a contaminação das carcaças costuma exceder a contaminação dos frangos criados nas granjas ou aqueles que entram no matadouro, é muito importante conhecer se alguns destes animais são portadores da Salmonella spp. e mais importante ainda é determinar a que sorovariedades pertencem. Apesar de que quase todas as sorovariedades da Salmonella enterica subespécie enterica são consideradas zoonóticas e potencialmente causadoras de infecções no ser humano, somente algumas delas são causadoras das infecções mais frequentes e têm sido associadas a surtos de origem alimentar. Segundo as distintas sorovariedades que se encontram nas aves, pode-se inferir as distintas implicações epidemiológicas de cada uma delas. Em geral, são importantes aquelas sorovariedades paratíficas aviárias que são capazes de invadir os tecidos internos da ave e de persistir em órgãos reprodutores, isto é, as que são capazes de produzir infecções verticais nas aves, como por exemplo, S. Enterites (Humphrey, 2006). Existem outras sorovariedades que não invadem os tecidos da ave e que costumam entrar na granja através de uma ração contaminada; estas sorovariedade geralmente são rapidamente eliminadas nas seguintes camadas de aves, quando são melhoradas as medidas de biossegurança na granja e os ingredientes contaminados da ração são substituídos (Humphrey, 2006).
Este trabalho foi financiado através dos projetos Apoio ao Desenvolvimento das  Biotecnologias no MERCOSUL-BIOTECH N° ALA/2005/017/350 e INTA-PEAESA-203941 Enfermidades da Produção Aviária para estudar a presença da Salmonella spp. e as sorovariedade correspondentes em frangos para grelhados, provenientes da indústria de abate da República Argentina. 
Materiais & Métodos
Entre 2009 e 2010 foram coletados - na linha de abate - os cecos, fígados e baços de três abatedouros de frangos de corte localizados nas províncias de Buenos Aires, Entre Ríos e Córdoba (República Argentina). De cada lote, foram coletados juntos no mesmo recipiente 10-15 pares de cecos e, em outro recipiente separado, 10-15 fígados com as vesículas biliares, junto com o agregado da bilis. Foram analisados os conteúdos dos cecos correspondentes a 128 lotes de frangos e os macerados de órgãos de 95 lotes. Na província de Buenos Aires, foram examinadas 47 amostras de conteúdos de cecos e 42 amostras de macerados de órgãos; na província de Entre Ríos, 61 de cecos e 33 macerados e, na província de Córdoba, 20 amostras de cecos e 20 macerados. Todas as amostras foram analisadas através da técnica horizontal descrita na norma ISO 6579:2002 para o isolamento de Salmonella ssp. Foram selecionadas aquelas colônias com características morfológicas similares às do gênero Salmonella e se realizaram os correspondentes testes bioquímicos (Barrow & Feltham, 1993; Ewing, 1986) para verificar a identidade do gênero. A classificação relacionada com a sorovariedade foi realizada mediante a técnica de sorotipificação, com antissoros específicos produzidos no INPB - ANLIS "Dr. Carlos G. Malbrán".
Resultados & Discussão
Foi isolada a Salmonella spp. de 3,9% (5/128) das amostras de ceco examinadas, e 17,8% (17/95) dos macerados de fígado e baço. Foram obtidos 22 isolamentos, identificados através de testes bioquímicos, como Salmonella enterica subesp. enterica. Nove linhagens foram caracterizadas como Salmonella Infantis, 3 como S. Thompson, 3 como S. Rissen, 2 como S. Agona, 2 como S. Branderburg, 2 como S. Enteritidis e 1 como S. Oranienburg. Na Tabela 1, estão resumidas as porcentagens de isolamentos e as sorovariedades por província e por tipo de amostra analisada.
A S. Infantis se encontra entre as 10 sorovariedades mais frequentes em seres humanos na Europa, desde 2001. a partir do final da década de 1970, esta sorovariedade foi crescendo paulatinamente em países como Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Finlândia, Holanda, Hungria, Japão, Nova Zelândia e Rússia.
 O principal reservatório de S. Infantis são as aves de curral e, basicamente, os frangos de corte (Miller et al., 2010). As restantes sorovariedades são muito pouco frequentes, embora, na Argentina, são necessários mais estudos em plantas de abate para conhecer a prevalência da Salmonella ssp. e das sorovariedades em questão.
Tabela 1. Isolamentos da Samonella enterica subsp. enterica e suas sorovariedades, a partir de amostras de cecos e de macerados de órgão, em abatedouros de frango de corte localizados em três províncias da Argentina (Buenos Aires, Córdoba e Entre Ríos).
Detalhes
Buenos Aires
Córdoba
Entre Ríos
Tipo mostras
Cecos
Macerados
Cecos
Macerados
Cecos
Macerados
% de isolamentos
0% (0/47)
0%
(0/42)
3/20
(15%)
9/20
(45%)
2/61
(3%)
8/33
(24%)
Sorovariedades
-
-
(1)Oranienburg
(1) Infantis
(1) Agona
(3)Thompson
(5)Infantis
(1)Agona
(2)Infantis
(1)Infantis
(2)Branderburg
(3)Rissen
(2)Enteritidis
Segundo dados do Laboratório Nacional de Referência de Enterobactérias do Instituto Carlos G. Malbrán, a partir do ano 2000 em diante, S. Enteritidis, S. Infantis e S. Agona estiveram entre as primeiras 10 sorovariedades mais frequentemente isoladas em seres humanos, estando, além disso S. Enteritidis e S. Thompson implicadas em surtos humanos de doenças transmitidas por alimentos procedentes de diversas origens (Caffer et al., 2007 & Caffer et al., 2010).
Conclusões
-      Industrialmente, é possível produzir lotes de frangos de corte livres de salmonelas, já que se demonstrou que 96,1% das matérias fecais e 83% dos macerados de órgãos não estavam contaminados.
-      Ter encontrado distintas sorovariedades de Salmonella enterica subsp. enterica em vários dos lotes examinados indica a dificuldade da indústria avícola em evitar estas infecções e erradicar completamente estas bactérias da cadeia alimentar.
-      O isolamento de algumas das sorovariedades, a partir de macerados de órgãos, em lotes de frangos cujos conteúdos de cecos foram negativos, indica que algumas destas linhagens possuem uma alta capacidade septicêmica, mas uma baixa capacidade de colonização ou persistência no trato entérico.
-      Embora todas as Salmonella enterica subsp. enterica sejam consideradas zoonóticas e potencialmente capazes de causar infecções no ser humano, o achado de sorovariedade Enteritidis deve ser estritamente controlado nos lotes de frangos de corte e em seus reprodutores, dada a capacidade de transmissão vertical desta bactéria e de sua transcendência como agente patógeno para o ser humano.  
-      A aplicação de normas estritas de biossegurança nas granjas, durante o transporte e abate permitirão reduzir a contaminação dos próximos lotes de frangos que serão processados. 
Bibliografia
Barrow GI & Feltham RKA. 1993. Cowan and Steel´s Manual for the identification of medical bacteria. pp. 352. Cambridge University Press, Great Britain.
Caffer MI, Alcain A, Pangópulo M, Terragno R. 2007. Evolución de la salmonelosis en Argentina, en al período 2004 - 2006. En: XI Congreso Argentino de Microbiología, organizado por la Asociación Argentina de Microbiología, Córdoba, Argentina. Comunicación Oral N° 7-20320
Caffer M I, Alcain A, Pangópulo M, Moroni M, Brengi S, Terragno R. 2010 "Serovariedades de Salmonella spp. en Argentina, 2007-2009" En: "XII Congreso Argentino de Microbiología - VI Congreso de la Sociedad Argentina de Bacteriología, Micología y Parasitología Clínica (SADEBAC) - I Congreso de Microbiología Agrícola y Ambiental (DiMAyA)", Buenos Aires, Argentina.
Ewing W. 1986. The genus Salmonella. pp. 181-340. Edwards and Ewing's. Identification of Enterobacteriaceae, 4th ed. Elservier Science Publishing Co. Inc., New York.
Humphrey T. 2006. Chapter 4: Public health aspects of Salmonella enterica in food production; Section 4.7: Contamination of poultry meat with S. Enterica. pp. 98-100. In AMCM Series: Advances in Molecular and Celular Microbiology, Henderson B, Wilson M, Coates, A & Curtis M (eds.); Series 9: Salmonella infections: Clinical, immunological and molecular aspects, Mastroeni P & Maskell D (eds.). Cambridge University Press. Cambridge, UK.
International Organization for Standardization ISO 6579:2002. 2002. Microbiology of food and animal feeding stuffs - Horizontal method for the detection of Salmonella spp. Genova.
Miller T, Prager R, Rabsch W, Fehlhaber K & Voss M. 2010. Epidemiological relantionship between Salmonella Infantis isolates of human and broiler origin. Lohmann Information 45:25.
 
 
Tópicos relacionados
Junte-se para comentar.
Uma vez que se junte ao Engormix, você poderá participar de todos os conteúdos e fóruns.
* Dados obrigatórios
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Criar uma publicação
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.
Iniciar sessãoRegistre-se