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SOBREDOSAGEM DE FITASES EM DIETAS PARA FRANGOS DE CORTE VISANDO A MITIGAÇÃO DO POTENCIAL POLUIDOR NA CAMA DE AVIÁRIO

Publicado: 10 de abril de 2017
Por: Leid L. D. Soares¹, Everton L. Krabbe², Valdir S. de Avila², Letícia dos S. Lopes3, Diego Surek3 e João A. S. Marini3. 1Graduanda em Medicina Veterinária pela Faculdade Itapiranga 2Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves 3Analista da Embrapa Suínos e Aves
Palavras-chave: enzima, fósforo fítico, resíduo minerais, meio ambiente.
Introdução
A utilização de enzimas exógenas na nutrição de frangos de corte tem como objetivo aumentar a disponibilidade dos nutrientes dos alimentos e, consequentemente, o desempenho das aves. A fitase exógena melhora o aproveitamento do fósforo fítico (Pf) presente nos alimentos de origem vegetal, pouco disponível para animais não ruminantes. Esta enzima tem apresentado melhorias não somente no desempenho dos animais, mas também na qualidade da carne e ovos produzidos (4). Estudos tem demonstrado que dietas com fitase permitem a redução dos níveis de fósforo (P) e outros minerais na cama das aves, material distribuído sobre o piso dos aviários que acumula excretas, penas e alimento desperdiçado (1). A partir dessa redução de minerais excretados na cama, tem-se, consequentemente, menor teor de minerais liberados no meio ambiente (2). Objetivou-se com este trabalho verificar se a inclusão de fitase, em doses crescentes nas dietas para frango de corte afetam os teores de minerais (Ca, P e Na) na cama de aves diminuindo sua presença nas excretas.
 
Material e métodos
O experimento foi conduzido em um delineamento experimental em blocos com 4 tratamentos e 10 repetições. Foram utilizados 33 pintos machos da linhagem Cobb 500 por repetição, totalizando 330 aves por tratamento. A densidade foi de 12 animais por m² (box com 1,65m² x 1,70m² = 2,80m² de área) e o material utilizado para a cama foi maravalha de pinus. Cada box continha um comedouro tubular, bebedouro com 6 nipples e um aquecedor. Avaliou-se uma dieta controle negativo sem fitase (T1, teores de Ca e Pd reduzidos) e uma dieta controle positivo sem fitase (T2, teores de Ca e P de acordo com os requerimentos das aves) além dos tratamentos com fitase (Quadro 1). As aves receberam dieta basal até os sete dias, quando passaram aos tratamentos, sendo: T3 = T1 + Fitase 500 FTU/Kg e T4 = T1 + Fitase 1000 FTU/Kg. A ração e a água foram fornecidas á vontade. Foram coletadas cinco subamostras de cama em diferentes pontos de cada box, perfazendo uma única amostra submetida a secagem em estufa a 55ºC durante 48 horas, dando origem a pré matéria seca (MPS), depois desse procedimento as amostras foram trituradas e secas á 105ºC durante 24 horas originando a Matéria Seca (MS)(6). Para a determinação da matéria mineral (MM) as amostras foram calcinadas em mufla à 600ºC por 24 horas (3). A partir da MM foram determinados os níveis de minerais (fósforo, cálcio e sódio) contidos na cama. Os dados foram submetidos a Análise de Variância, através do procedimento MIXED do SAS (8). A comparação entre as médias foi feita pelo teste LSD (Least Significant Difference), protegido pelo teste F global (p≤0,05), através do comando DIFF do LS MEANS.
 
Resultados e discussão
Não houve diferença significativa no teor de Na na cama de frangos entre os tratamentos avaliados (p=0,6021). Para Ca e P foram observados maiores teores para o tratamento controle positivo (T2) em relação ao negativo (T1) (p≤0,05). Isso indica que a redução do teor de nutrientes na dieta por sí só repercute na excreção, entretanto pode também limitar os dados de desempenho das aves. O uso de fitase visa justamente isso; por um lado diminuir a excreção de nutrientes e por outro, assegurar o desempenho das aves por disponibilizar os nutrientes normalmente indisponíveis por estarem complexados com o ácido fítico. A utilização de 1000 FTU/Kg apresentou-se melhor do que os de 500 FTU/Kg (Quadro 2) e esses resultados corroboram com outros estudos (9). O presente estudo demonstra a importância da utilização da enzima fitase como estratégia de mitigação do potencial poluidor das criações avícolas (7), uma vez que minerais, como P e Ca, quando presentes em excesso na cama de aves podem contaminar o solo e, principalmente, águas superficiais (5).
 
Quadro 1. Composição nutricional das dietas experimentais para frangos de corte, com machos Cobb (matéria natural).
SOBREDOSAGEM DE FITASES EM DIETAS PARA FRANGOS DE CORTE VISANDO A MITIGAÇÃO DO POTENCIAL POLUIDOR NA CAMA DE AVIÁRIO - Image 1Foi atribuída uma liberação de 0,16% de Ca e Pd a fitase, para ambos produtos e dosagens.
 
Quadro 2. Teores minerais nas camas de aviário, após a criação de um único lote de frangos machos Cobb até 42 dias de idade.
SOBREDOSAGEM DE FITASES EM DIETAS PARA FRANGOS DE CORTE VISANDO A MITIGAÇÃO DO POTENCIAL POLUIDOR NA CAMA DE AVIÁRIO - Image 2Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem significativamente pelo teste LSD (p≤0,05).
 
Conclusões
O uso das enzimas fitase em dietas para frangos de corte melhora o aproveitamento do fósforo e cálcio, diminuindo sua presença nas excretas, consequentemente diminui o potencial poluidor da cama das criações avícolas.
 
Referências
1. BORDIGNON, L. A. F. Efeito de condicionadores químicos sobre a qualidade da cama de frangos. 66 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Zootecnia, Universidade Técnológica Federal no Paraná, Dois Vizinhos, 2013.
2. BRUM, P. A. R. et al. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Efeito da Fitase e dos Níveis de Energia Metabolizável das Dietas Sobre o Desempenho, no Balanço de Fósforo de Frangos de Corte e na Digestibilidade da Energia das Rações: Comunicado Técnico. Concórdia: Embrapa, 2006. 3 p.
3. CBAA (Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal). 2009. Cinzas ou matéria mineral. Page 137. Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal, São Paulo.
4. COWIESON, A.J.; WILCOCK, P.; BEDFORD, M.R. Super-dosing effects of phytase in poultry and other monogastrics. World's Poultry Science Journal, Wiltshire, v. 67, p.225-236, jun. 2011.
5. HAHN, L.. Processamento da cama de aviário e suas Implicações nos agroecossistemas. 2004. 130 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
6. Instituto Adolfo Lutz. 2008. Page 98 in Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4th ed. Zenebon, O., N. S. Pascuet and P. Tiglea, São Paulo.
7. LAURENTIZ, A. C. et al. Efeito da adição da enzima fitase em rações para frangos de corte com redução dos níveis de fósforo nas diferentes fases de criação. Ciência Animal Brasileira, São Paulo, v. 8, n. 2, p.207-2016, jun. 2007.
8. SAS INSTITUTE INC. System for Microsoft Windows, Release 9.4, Cary, NC, USA, 2002-2012. (cd-rom).
9. VALLE, F. L. de P. Uso de fitase em dietas comerciais para frangos de corte contendo ou não ingrediente de origem animal. 2010. 91 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.
 
***Anais da IX Jornada de Iniciação Científica (JINC) - Embrapa / Concórdia, SC 2015.
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Autores:
Everton Krabbe
Embrapa
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Valdir Silveira De Avila
Embrapa
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Borguete E. Alves
27 de septiembre de 2017
Saudações o artigo e interessante fiquei com algumas duvidas O 5000FTU/Kg e 1000 FTU/Kg corresponde a actividade da enzima? ou são quantidades pré determinadas para fazer parte de cada tratamento, se são as quantidades como é que se determina?
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