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Ração Micropeletizada Frango

Utilização de Ração Micropeletizada nas Fases Pós-eclosão e Pré-inicial em Frango de Corte

Publicado: 21 de abril de 2010
Por: Cassiano Marcos Bevilaqua (Nutrifarma Nutrição e Saúde Animal - Supervisor Técnico/Comercial Avicultura)
As fases pós eclosão e pré-inicial são as mais importantes entre todas as fases da criação do frango de corte. Sabemos que a fase inicial representa próximo a 30% do tempo de vida do frango de corte. Por isso, se não tivermos um bom arranque teremos pouco tempo para compensar as perdas posteriormente. Para uma ave de 2,4 Kg abatida com 42 dias, os períodos de incubação e pré-inicial representam aproximadamente 66% do tempo de vida. Até os Pintainhos receberem alimento eles perdem cerca de 4,0g a cada 24 horas, devido a perda de umidade e utilização do saco vitelínico.
O bom manejo dos pintos na primeira semana é muito importante. É nesse período que ocorre a maior taxa de crescimento relativo da ave. Segundo Noy e Sklan (2002), para se obter uma ótima nutrição na primeira semana, além da contribuição nutricional da gema é preciso considerar a habilidade para usar efetivamente a alimentação exógena, pois embora as secreções responsáveis pela digestão tenham baixa atividade logo após a eclosão, estas respondem rapidamente ao estímulo da ingestão de alimentos e à presença das partículas de origem alimentar no trato digestivo.
Na figura abaixo vemos o efeito da alimentação precoce sobre o desenvolvimento das vilosidades intestinais, comparado quatro situações distintas, tratamento com água e ração, somente com água, só com ração e por último em jejum de água e ração. Observamos que há melhor desenvolvimento das vilosidades intestinais, naqueles que receberam água e ração, porém, os que receberam somente ração também apresentaram melhor desenvolvimento das vilosidades intestinais.
Utilização de Ração Micropeletizada nas Fases Pós-eclosão e Pré-inicial em Frango de Corte - Image 1
Por outro lado, os pintos alimentados logo após a eclosão apresentam maior desenvolvimento dos sistemas digestivo e imunológico, permitindo rápida adaptação ao ambiente externo (VIEIRA; POPHAL, 2000).
Assim, a forma como os pintos são alimentados nos primeiros dias de vida pode resultar em diferenças no seu rendimento total, justificando a busca por rações especiais que possibilitem o máximo crescimento nessa fase.
Para Lilburn (1998) a ração pré-inicial deve ser utilizada nos primeiros sete ou dez dias de vida das aves e considerada um investimento no sistema de produção. Ambrosine (2001) afirmou que a ração pré-inicial para frangos de corte deve ser oferecida na primeira semana e a quantidade deve ser no mínimo 150 e no máximo 200 g/ave.
Quanto à forma física da ração, as pesquisas (ENGBERG et al., 2002; LÓPEZ; BAIÃO, 2004) têm mostrado que o uso de ração peletizada promove melhor desempenho de frangos de corte em relação às fareladas.
Esse melhor desempenho tem sido associado ao aumento da digestibilidade dos nutrientes da ração (FREITAS ET al., 2008), ao aumento da densidade da ração permitindo maior consumo e, conseqüentemente, maior taxa de crescimento (ENGBERG et al., 2002) e à redução da energia de mantença, deixando mais energia disponível para a produção (NIR et al., 1994).
A peletização das rações também pode influenciar no desenvolvimento do trato digestivo das aves (ENGBERG et al., 2002; JENSEN, 2001; LÓPEZ; BAIÃO, 2004; SHAMOTO; YAMAUCHI, 2000).
Além dos efeitos citados anteriormente, a peletização aumenta o diâmetro geométrico médio (DGM) das partículas da ração favorecendo ao consumo, pois quando existe a possibilidade de escolha, as aves preferem as partículas maiores. (NIR et al., 1994). Embora a peletização seja um processamento caro e seu custo aumente com a melhora da qualidade e diminuição do tamanho dos péletes, o uso de rações pré-iniciais mini-peletizadas (1,5 a 1,8 mm de diâmetro) têm demonstrado resultados favoráveis à adoção desse tipo de ração.
Dados apresentados por Silva et al. (2004) e Freitas et al. (2008) evidenciaram melhor desempenho de pintos de corte na primeira semana com ração peletizada. ARAÚJO (2004) mostrou que a alimentação nas primeiras horas de vida não se limita somente a promover maior velocidade de crescimento e eficiência alimentar às aves, mas, envolve também a melhoria de sua resistência frente aos diversos agentes patogênicos, além de conferir maior uniformidade do lote.

Pintos de 40g de peso ao alojamento atingem aos 7 dias, pesos de 160 a 200g, com média de 180g. Ou seja, na primeira semana a ave no mínimo deveria quadruplicar o seu peso inicial, podendo até quintuplicá-lo, desde que condições especiais de nutrição, ambiência, manejo, sanidade e genética lhe sejam garantidos. Experimentos demonstram que ganhos de 10 gramas de peso aos 7 dia de idade, resultam em mais 50 a 70 gramas no peso aos 42 dias de idade (NAVARRO, 2004).
O CONSUMO DE RAÇÃO É ACOMPANHADO POR UM RÁPIDO DESENVOLVIMENTO NO TRATO DIGESTIVO E ÓRGÃOS ANEXOS PARA ASSIMILAR OS NUTRIENTES DIGESTIVOS. RAÇÃO EM FORMA DE PARTÍCULAS ESTIMULAM O PERISTALTISMO INTESTINAL.
Os pintos necessitam de alimento de melhor qualidade no início, porque aumentam em até 500% seu peso na primeira semana. A CA (conversão alimentar) piora a medida que a idade aumenta, na primeira semana é 1:1 e na última semana é 3:1. Por isso devemos priorizar em fornecer um alimento da melhor qualidade possível e o mais rápido possível.
O peso do pinto de um dia está relacionado ao peso do ovo incubado e conseqüentemente à idade da matriz, uma vez que matrizes adultas tendem a produzir ovos maiores. Entretanto é possível ocorrer ovos de pesos semelhantes dentro de lotes de matrizes de idades distintas, porém, com composições diferentes. Atualmente empregam-se rações especiais na primeira semana de vida da ave, considerado o período de maior desenvolvimento relativo e adaptação à alimentação. A forma física da ração é um fator que pode influenciar seu consumo e o desenvolvimento da ave nesta fase.
Galinhas muito jovens dão origem a pintos que não ganham peso tão satisfatório quanto crias de galinhas adultas, principalmente porque pintos pequenos não tem a mesma voracidade que pintos grandes, conforme ilustra a imagem abaixo:
Utilização de Ração Micropeletizada nas Fases Pós-eclosão e Pré-inicial em Frango de Corte - Image 2
Nesta avaliação foram separadas as aves em duas categorías, pequenas e grandes, e se observou a maior voracidade das aves grandes, por isso se explica o menor ganho de peso dos pintos pequenos.
Após três anos de pesquisas, a zootecnista Ana Beatriz Traldi comprovou que a idade da matriz é o que influencia o desempenho de frangos de corte. A tese de doutorado Influência da idade da matriz e do peso do ovo incubado nas respostas de pintos de corte alimentados com rações pré-iniciais farelada, triturada e micropeletizada, realizada na Esalq/USP, ajudou a esclarecer os fatores que influenciam o desempenho do frango, se a idade da matriz ou o peso do ovo, já que a literatura trazia controvérsias sobre o assunto.
Ana Beatriz observou o desempenho de frangos de corte oriundos de matrizes jovens (29 semanas) e adultas (55 semanas). Foram selecionados 1.080 ovos de cada matriz e os ovos ficaram incubados por 21 dias. Na Esalq, 1.380 pintinhos foram alimentados, na primeira semana, com a mesma fórmula de ração, mas de forma física diferenciada (farelada, triturada e micropeletizada). Em seguida, até os pintos completarem 42 dias - idade de abate -, as aves receberam a mesma ração, na forma farelada, período no qual foi avaliado peso vivo, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar. As aves foram pesadas aos 7, 21, 35 e 42 dias e os frangos oriundos de matriz adulta pesaram, aos 42 dias de idade, 2.726 gramas, ante 2.682 gramas do frango nascido de matriz jovem.
O estudo constatou ainda, que é viável economicamente fornecer ração micropeletizada às aves na primeira semana. "Ela é mais cara que a farelada, mas, na primeira semana, o consumo é baixo e não onera o custo de produção. Além disso, ela promove benefícios no desempenho até a idade de abate." Este ano, a pesquisa de Ana Beatriz venceu o Prêmio Lamas, da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta), na categoria Produção.

2 AVALIAÇÃO DE CAMPO

Nas nossas avaliações de campo, utilizando ração micropeletizada ( TECNOAVI COMPLET diâmetro de 1,8 mm ) especial para pintos pós-eclosão, principalmente os pintos de matrizes jovens tem um melhor ganho de peso. O percentual de ganho de peso até 7 dias é maior em pintos que receberam ração micropeletizada pós-eclosão, conforme gráfico abaixo:
Utilização de Ração Micropeletizada nas Fases Pós-eclosão e Pré-inicial em Frango de Corte - Image 3
Isso demonstra que para pintos de matrizes jovens que geralmente ficam com peso inferior a pintos de matrizes adultas, essa prática possibilita um arranque muito melhor, atingindo o objetivo de peso para 7 dias.
Também neste trabalho se observou que pintos alimentados com ração micropeletizada pós-eclosão e que receberam também ração micropeletizada na primeira semana ( 150 g/pinto ) o ganho de peso inicial é melhorado em comparação com aqueles que receberam ração triturada, conforme Tabela abaixo:
Utilização de Ração Micropeletizada nas Fases Pós-eclosão e Pré-inicial em Frango de Corte - Image 4
Esse arranque melhor possibilita que as aves tenham esse diferencial de peso até a idade de abate, o que mostra a viabilidade econômica de se utilizar uma ração micropeletizada pós eclosão e pré-inicial, principalmente para pintos de matrizes jovens.
Conforme os autores já citados, a alimentação precoce promove vários benefícios aos pintos alimentados pós-eclosão, principalmente em melhora de desenvolvimento intestinal, melhora de uniformidade do lote, e maior resistência frente aos patógenos com o desenvolvimento precoce também do sistema imunológico.
Neste trabalho também foi possível observarmos isso, devido a menor mortalidade dos lotes tratados com ração micropeletizada pós-eclosão.
Utilização de Ração Micropeletizada nas Fases Pós-eclosão e Pré-inicial em Frango de Corte - Image 5
Essa diferença em mortalidade é devido principalmente a melhora da resistência imunológica, e pelo maior estímulo para que os pintos procurem água e alimento mais rapidamente no alojamento.

•3 CONCLUSÕES

Os diversos autores já demonstravam os benefícios da utilização de ração micropeletizada na fase pós-eclosão e pré-inicial em pintos de corte.
Com os avanços constantes na genética de aves , sempre focando seus trabalhos em melhoras de C.A. e rendimentos de carcaças, cada vez mais importante e mais viável será a utilização de dietas especiais nas fases pós-eclosão e pré-iniciais em frango de corte. Os ganhos estão demonstrados em vários trabalhos e conseguimos provar em nossas avaliações de campo que é viável a utilização de uma dieta especial para fase de pós-eclosão, com formulações adaptadas as exigências nutricionais e fisiológicas de pintos recém nascidos, e também dietas diferanciadas na fase pré-inicial, promovendo um melhora ganho de peso inicial que se refletiu na fase de abate das aves.
Se o frango consome cada vez menos alimento, se é abatido cada vez mais cedo, e se seu rendimento de carne é cada vez maior, a fase pós-eclosão e a fase pré-inicial serão cada vez mais importante em todo tempo de vida dessas aves, e devemos sim, oferecer a essas aves dietas de qualidade cada vez melhor e o mais rápido possível.
Devemos focar nossos esforços em pesquisas para formular alimentos pós-eclosão que se adaptem às reais necessidades das aves nesta fase, porque se considerarmos a janela de nascimento, esses pintos ficam em média 24 horas sem ração e sem água, e este é um momento muito precioso para o desenvolvimento inicial da estrutura óssea, do sistema cardio-respiratório e da musculatura que se transforma em carne,  produto final em nossas Indústrias.
 
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