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Pododermatite frangos

Efeito da linhagem e sexo no desempenho e na frequência de pododermatite em frangos de corte

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: Bruna Boaro Martins 1*, AA Mendes2, MRFB Martins3, ICL Almeida Paz4, BCS Fernandes5, C Bresne5 - 1Aluna de Graduação em Zootecnia - FMVZ/UNESP; 2Docente da FMVZ/UNESP; 3Docente do IBB/UNESP; 4Docente da UFMG; Dourados-MS; 5Pós-graduanda em Zootecnia - FMVZ/UNESP,Botucatu – SP, Brasil
Sumário

Com o objetivo de avaliar o desempenho e a frequência de lesão do coxim plantar, um experimento foi conduzido utilizando 480 aves as quais foram distribuídas em um delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial 2X2, duas linhagens de frangos de corte de crescimento rápido (Ross e Cobb) e dois sexos, com 4 repetições de 30 aves, totalizando 16 parcelas experimentais. A cama utilizada foi maravalha nova, sendo realizada a viragem da mesma semanalmente. Utilizou-se um programa de alimentação com três fases, sendo as aves pesadas com um dia e ao final de cada fase, onde foram registradas as quantidades de ração consumida e a sobra. Aos 42 dias, foram realizadas avaliações do desempenho dos animais e avaliações macroscópicas das patas de 100 aves. As patas foram examinadas macroscopicamente no momento do abate, sendo atribuídos escores variando entre 0 e 4. Para análise da frequência de lesão e de desempenho os dados foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey com 95% de confiança com auxílio do programa estatístico SAS (2004). Para os parâmetros estudados, foi possível verificar que houve diferença (p<0,05) para o consumo de ração e conversão alimentar entre as linhagens, sendo os maiores valores observados na linhagem Ross. O sexo influenciou (p<0,05) o peso médio aos 42 dias, o ganho de peso médio, ganho de peso médio diário, consumo de ração, conversão alimentar e índice de eficiência produtiva, apresentando os melhores valores para machos. Não foi possível verificar interação entre linhagem e sexo. A frequência de pododermatite não sofreu influencia (p<0,05) da linhagem e sexo, sendo que a maior frequência de lesão de coxim plantar foi apresentada no escore 3.
Palavras Chave: Desempenho, Escore, Pododermatite, Coxim plantar.
Apoio: CNPq/ PIBIC proc.13753.

Introdução
O desempenho de frangos de corte pode ser influenciado pela linhagem e pela dieta fornecida às aves. Em função da crescente demanda do mercado por material genético de melhor qualidade, há sempre a necessidade de programas de melhoramento para desenvolver linhagens que, combinadas, forneçam material com melhor desempenho. Os experimentos conduzidos com linhagens de frangos de corte e avaliações de cruzamentos são explorados na literatura científica mostrando ganhos em desempenho, mas principalmente em rendimento de carcaça e de cortes, o que mostra a preocupação dos geneticistas atuais com o desenvolvimento de linhagens competitivas para atender às exigências do mercado consumidor (Stringhini et al., 2003). As mudanças em curso na economia mundial, forçando os avicultores a aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto e reduzir os custos de produção, caracterizam-se pelo aumento da densidade animal e da restrição a movimentação dos animais. A densa massa de animais por aviário exige maior controle do condicionamento ambiental. O emprego de linhagens com alto potencial genético e os avanços alcançados na formulação de dietas - ofertas de equipamentos e de rotinas de manejo que caracterizam a moderna avicultura brasileira - são neutralizados pela ausência de critérios mais rigorosos na concepção e no dimensionamento do sistema. Com a introdução de linhagens de alto rendimento no mercado brasileiro, o setor reavaliou os critérios de manejo, nutrição e densidade de criação de frangos de corte, a fim de maximizar a produtividade e otimizar os custos. É fundamental definir as características de produção, uma vez que os frangos das linhagens atuais têm exigências diferenciadas (Moreira et al., 2004). Em trabalhos realizados avaliando oefeito da densidade populacional sobre desempenho, rendimento de carcaça e qualidade da carne em frangos de corte de diferentes linhagens comerciais, Moreira et al., (2004), relataram que o sexo das aves influenciou as características de desempenho, sendo os machos superiores às fêmeas em todas elas. Um dos problemas econômicos para a avicultura industrial de frangos de corte e perus no Reino Unido, América do Norte, Austrália, Suécia e Brasil é a dermatite de contato e pododermatite. Pode-se citar a pododermatite como o maior fator limitante da qualidade dos pés de frango para exportação. Dependendo do grau de lesão, temos a depreciação do produto com o corte para retirada da lesão ou mesmo o descarte dos pés, que ocorre nos casos mais graves. A pododermatite de contato em frangos de corte tem sido definida como uma lesão plantar acastanhada, semelhante a uma queimadura, e de amplitude e profundidade variadas, com incidência altamente variável em frangos de corte. Experimentalmente, os quadros de pododermatite foram relacionados com claudicação e depressão no ganho de peso. Outro fator que tem sido relacionado com essa enfermidade, é o contato prolongado com substâncias corrosivas da cama das aves. Estas substâncias provavelmente fazem parte do processo de deterioração da cama, em que bactérias degradam o ácido úrico excretado pelas aves gerando compostos amoniacais. Nessa situação, a umidade da cama tem papel fundamental, particularmente no aumento da atividade micorbiológica. Assim alguns autores atribuem a ocorrênca das lesões de patas as condições inadequadas da cama de aves, especialmente o excesso de umidade (Eichner, 2005).
Materiais & Métodos
O experimento foi realizado nas instalações da FMVZ-UNESP/Botucatu, com 480 frangos de corte. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado com esquema fatorial 2x2, ou seja, duas linhagens de frangos de corte de crescimento rápido (Ross e Cobb) e dois sexos, com 4 repetições de 30 aves, totalizando 16 parcelas experimentais sendo que as aves foram alojadas em boxes com 2,5 m2, com densidade populacional de 10 aves m2. A cama utilizada foi maravalha nova, sendo realizada a viragem da mesma semanalmente. Foi utilizado um programa de alimentação com três fases: inicial de 1 a 21 dias, crescimento de 22 a 35 dias e final de 36 a 42 dias. Os níveis nutricionais utilizou-se os recomendados por Rostagno et al. (2005). Para avaliação das características de desempenho, foi registrada a quantidade de ração consumida e a sobra no final de cada fase. As aves foram pesadas com um dia de idade e, a seguir, ao final de cada fase. Foram avaliados o peso médio aos 42 dias, ganho de peso médio, ganho de peso médio diário, consumo de ração, conversão alimentar, mortalidade, viabilidade e índice de eficiência produtiva. Para a análise da lesão do coxim plantar aos 42 dias, foram realizadas avaliações macroscópicas das patas de 100 aves. As patas foram examinadas macroscopicamente no momento do abate das aves, sendo atribuídos escores variando entre 0 e 4. As lesões foram classificada, atribuindo-se escores: 0= sem lesão, 1= lesão inicial, 2= inchaço, lesão com áreas de necrose, 3= inchaço bem evidente áreas de necrose pronunciadas com aumento do tamanho do coxim plantar, 4= área de necrose cobre todo o coxim plantar. As características avaliadas no estudo foram submetidas aos testes de Shapiro-Wilk, para verificar a normalidade dos resíduos e de Levene para homogeneidade entre as variâncias. A análise estatística foi efetuada com auxílio do programa SAS 9.2 (SAS, 2004). Como no estudo foram avaliadas características distribuídas em escores (0 a 4), essas não atenderam as pressuposições (Normalidade e Homogeneidade). As comparações dos efeitos foram realizadas mediante o teste de Kruskal-Wallis (p<0,05). Os dados de desempenho, foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05) com auxílio do programa estatístico SAS (2004).
Resultados & Discussão
Para os parâmetros estudados, foi possível verificar que houve diferença (p<0,05) para o consumo de ração e conversão alimentar entre as linhagens, sendo os maiores valores observados na linhagem Ross Tabela 1. Dados semelhantes encontrados por Moreira et al., (2003) para linhagens de conformação e convencional. Foi possível observar, que o sexo influenciou (p<0,05) o peso médio aos 42 dias, o ganho de peso médio, ganho de peso médio diario, consumo de ração, conversão alimentar e índice de eficiencia produtiva, apresentando os melhores valores para machos Tabela 2. Não houve interação (p<0,05) entre linhagem e sexo, para as variáveis estudadas no período de 1- 42 dias de idade, A frequência de pododermatite nao sofreu influencia (p<0,05) da linhagem e sexo, sendo que a maior frequência de lesão de coxim plantar foi apresentada no escore 3 (Gráfico 1 e 2). Santos, Nunes e Baião (2002) observaram diversos casos de pododermatite em várias granjas, mostrando haver uma variação de 20 a 80% de aves acometidas.
Tabela 1. Peso médio aos 42 dias de idade (PM42), ganho de peso médio (GPM), ganho de peso médio diário (GPMD), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), mortalidade (MO), viabilidade (VB) e índice de eficiência produtiva (IEP) de frangos de corte no período de 1 a 42 dias de idade sob duas linhagens.
Lin
Variáveis
PM 42
GPM
GPMD
CR
CA
MO %
VB %
IEP
Ross
2452,28a
2412,95a
57,45a
4303,8a
1,79b
1,67a
98,33a
316,02a
Cobb
2362,51a
2324,14a
55,34a
3981,6b
1,72a
2,08a
97,92a
314,80a
Média
2407,39
2368,54
56,39
4142,69
1,75
1,87
98,13
315,41
CV %
7,74
7,87
7,87
7,12
0,94
156,13
2,98
7,36
Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). CV(%): coeficiente de variação; Lin: linhagem.
Tabela 2. Peso médio aos 42 dias de idade (PM42), ganho de peso médio (GPM), ganho de peso médio diário (GPMD), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), mortalidade (MO), viabilidade (VB) e índice de eficiência produtiva (IEP) de frangos de corte no período de 1 a 42 dias de idade sob sexo.
Sexo
Variáveis
PM 42
GPM
GPMD
CR
CA
MO %
VB %
IEP
Macho
2543,42a
2504,53a
59,63a
4349,4a
1,74a
2,08a
97,92a
335,27a
Fêmea
2271,37b
2232,56b
53,16b
3936,0b
1,77b
1,67a
98,33a
295,55b
Média
2407,39
2368,54
56,39
4142,69
1,75
1,87
98,13
315,41
CV %
7,74
7,87
7,87
7,12
0,94
156,13
2,98
7,36
Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). CV(%): coeficiente de variação.
Fig 1. Escore de lesão de coxim plantar
Efeito da linhagem e sexo no desempenho e na frequência de pododermatite em frangos de corte - Image 1
S0 =sem lesão, S1= lesão inicial, S2= inchaço, lesão com áreas de necrose, S3= inchaço bem evidente áreas de necrose pronunciadas com aumento do tamanho do coxim plantar, S4= área de necrose cobre todo o coxim plantar.
Efeito da linhagem e sexo no desempenho e na frequência de pododermatite em frangos de corte - Image 2
Efeito da linhagem e sexo no desempenho e na frequência de pododermatite em frangos de corte - Image 3
Conclusão
Concluiu-se que, não houve interação entre linhagem e sexo das aves para as características de desempenho estudadas. Os melhores valores de consumo de ração e conversão alimentar foram expressos pela linhagem Ross. Com relação ao sexo, os machos apresentaram melhores resultados nos parâmetros avaliados. A frequência de pododermatite nao sofreu influência da linhagem e sexo, sendo que a maior frequência de lesão de coxim plantar foi apresentada no escore 3.
Bibliografia
Eichner G. 2005. Alternativas na Formulação de Dietas Vegetarianas para Frangos de Corte. 2005. 105 f. Dissertação (Mestre em Zootecnia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Agronomia, Porto Alegre.
Moreira J et al. 2004. Efeito da Densidade Populacional sobre Desempenho, Rendimento de Carcaça e Qualidade da Carne em Frangos de Corte de Diferentes Linhagens Comerciais. R. Bras. Zootec. 33(6):1506-1519.
Rostagno HS et al. 2005. Composição de alimentos e exigências nutricionais de aves e suínos: tabelas brasileiras. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa. p. 59.
SAS. 2004. Statistical Analysis System. SAS user''''s guide: Statistic. SAS Institute Inc., Cary, NC, USA.
Stringhini JH et al. 2003. Avaliação do Desempenho e Rendimento de Carcaça de Quatro Linhagens de Frangos de Corte Criadas em Goiás. R. Bras. Zootec. 32(1):183-190.
 
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Autores:
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