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Peso corporal linhagens matrizes

Análise dinâmica do peso corporal de cinco linhagens maternas de matrizes destinadas à produção de frangos caipiras

Publicado: 20 de outubro de 2011
Por: ZE Canet1,2*, AM Dottavio2,3, MV Fain Binda1, BM Romera2, RJ Di Masso2,3 - 1Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria EEA Pergamino; 2Cátedra de Genética, Facultad de Ciencias Veterinarias, Universidad Nacional de Rosario; 3CIC-UNR.
Sumário

Foi avaliado o crescimento de cinco linhagens maternas (A, E, CE, DE e ES) de matrizes destinadas à produção de frangos caipiras. As aves foram criadas de forma contemporânea e foram mantidas com o mesmo procedimento durante todo o período do estudo. O ajuste não linear dos dados longitudinais peso corporal-idade cronológica registrados em intervalos semanais entre o crescimento e as 50 semanas de idade, com o modelo sigmoideu de Gompertz permitiu caracterizar o padrão de crescimento das fêmeas de cada linhagem, em termos de dois parâmetros com significado biológico que definem a fora da curva de modificação do peso corporal: o tamanho assintótico e a taxa de maturação. Os resultados põem em evidência diferenças significativas entre linhagens na análise conjunta das trajetórias das curvas de crescimento (F = 31,36, P < 0,0001 – A > DE = CE = ES > E), assim como a existência de uma base genética pelo menos parcialmente independente para tamanho assintótico e taxa de maturação. Esta informação resulta ser de transcendência na hora de programar os cruzamentos que tendem a gerar as matrizes híbridas destinadas a produzir, no âmbito de um cruzamento terminal com uma linhagem paterna melhorada, um híbrido de três vias para a produção de carne em sistemas semi-intensivos que preservam o bem-estar animal.
Palavras-Chave: Crescimento dimensional, Curvas de crescimento, Modelos não lineares, Avicultura semi-intensiva.

Introdução
O crescimento é um processo biológico complexo, que pode ser afetado por fatores genéticos e ambientais, assim como também pelas respectivas interações entre ambos. O peso corporal tem sido, tradicionalmente, a variável escolhida para a quantificação do crescimento. A transcendência deste processo nos amimais domésticos de interesse econômico não se restringe só àquelas espécies destinadas à produção de carne em que o produto comercializável, a carcaça, é resultado direto do mesmo, como também as utilizadas em outros tipos de produções, como leite, lã ou ovos, dado que, em todos estes casos, o animal deve passar necessariamente por um período de crescimento  antes de atingir o estado produtivo. Uma segunda questão vinculada ao crescimento é que a eficiência global de qualquer um destes processos produtivos está afetada pelo tamanho maduro da população de matrizes.
Estas são algumas das razões pelas quais o crescimento tem sido um dos primeiros objetivos de seleção em produção animal e um dos mais utilizados. O ajuste do padrão de variação do peso corporal, em função do tempo, permite resumir a informação contida em múltiplos pontos peso-idade em somente dois parâmetros de interesse biológico: o tamanho assintótico e a taxa de maturação, que descrevem a dinâmica do processo.  A potencialidade dos estudos dinâmicos do crescimento, baseados no ajuste de modelos matemáticos não lineares a dados longitudinais tamanho-idade, em relação às possibilidades que oferece  dispor dos valores de estimadores destes parâmetros com significado biológico para realizar comparações quantitativas mais detalhadas dos padrões de crescimento levou a visualizar este tipo particular de análise com um novo paradigma (Brisbin et al., 1987), na medida em que os paradigmas proporcionam esquemas mentais referenciais que permitem repensar as modalidades de focalizar um determinado problema (Gochfeld, 1987). Por outro lado, em algumas situações produtivas, certos padrões de crescimento podem resultar mais convenientes que outros (Tallis, 1968), e isso depende tanto da espécie em estudo como do sistema de produção em que se inclui esta espécie. Qualquer padrão vantajoso pode, em princípio, ser descrito em termos dos dois parâmetros antes mencionados: o tamanho assintótico e a taxa de maturação. Na avicultura de carne, por exemplo, um padrão desejável deveria tender a conseguir um ótimo crescimento precoce das aves com uma alta taxa de deposição proteica, acompanhado por uma diminuição posterior da taxa de crescimento com baixa deposição de gordura (Barbato, 1991). O objetivo deste trabalho é caracterizar, em forma dinâmica, o crescimento de cinco linhagens maternas de matrizes utilizadas por INTA (Bonino, 1997; Bonino & Canet, 1999) para a produção de frangos caipiras, a partir do valor dos dois parâmetros de interesse biológico que definem a forma da curva de crescimento: o tamanho assintótico (A) e a taxa de maturação (k), estimados mediante o ajuste não linear dos dados longitudinais peso corporal - idade cronológica.
Materiais & Métodos
Foram avaliadas aves de cinco linhagens maternas (A, E, CE, DE y ES) utilizadas na produção de frangos de caipiras. Elas foram criadas em galpão, de modo conjunto, e submetidas a um atendimento comum até as 12 semanas, idade em que se separaram por linhagem e foram trasladadas aos currais definitivos (n=100 aves por linhagem), onde permaneceram até as 50 semanas de idade.  Uma vez por semana, entre o nascimento e as 50 semanas de idade, foi registrado, com aproximação ao grama, o peso corporal de uma mostra aleatória de 50 aves de cada linhagem. Os dados longitudinais peso corporal - idade cronológica foram ajustados ao modelo sigmoideu de Gompertz (Fitzhugh, 1976):
                                                           W (t) = A exp (-b exp (- k t))
Em que:
W (t) = peso corporal (g) no tempo t
A = peso corporal assintótico (peso médio quando t tende ao infinito)
b = parâmetro de posição, sem significado biológico, que ajusta para aqueles casos em que t é diferente de zero.
k = taxa de maturação (velocidade de aproximação ao valor A)
t = tempo em semanas
O ajuste das curvas de crescimento foi efetuado por regressão não linear, utilizando um método iterativo baseado no algoritmo de Marquardt e a comparação entre elas se levou a cabo com o programa estatístico Graph Pad Prism versão 2.0. A adequação do ajuste foi avaliada a partir da convergência em uma solução, o valor do coeficiente de determinação não linear (R2) e a aleatoriedade dos residuais (teste de ciclos - Sheskin, 2000).
Resultados & Discussão
A tabela seguinte resume os valores (média ± erro padrão) dos estimadores dos parâmetros de tamanho assintótico (A) e taxa de maturação (k) correspondentes às cinco linhagens ou estirpes

 
Linhagem E
Linhagem DE
Linhagem CE
Linhagem A
Linhagem ES
Peso assintótico (A)
3103
± 42
3681
± 68
3578
± 63
3835
± 57
3444
± 53
Taxa de maturação (k)
0,0954
± 0,00429
0,0818
± 0,00428
0,0814
± 0,00394
0,0852
± 0,00378
0,0890
± 0,00430
Foram observadas diferenças significativas entre linhagens na análise conjunta das trajetórias das curvas de crescimento (F = 31,36, P < 0,0001 - A > DE = CE = ES > E). Embora, de acordo com a conhecida associação negativa entre tamanho maduro e velocidade de aproximação a ele, a linhagem com menor tamanho assintótico (linhagem E) apresentou a maior taxa de maturação, as linhagens restantes não mostraram o comportamento esperado. A linhagem A, de maior tamanho maduro, apresentou um menor valor médio de k que a linhagem ES, de menor peso corporal adulto. As linhagens DE e CE apresentaram menor taxa de maturação para peso corporal que a linhagem ES, apesar de não diferir significativamente em seu peso corporal na assimptota de crescimento.
Conclusões
Os resultados mostram que, em termos de peso corporal, as linhagens avaliadas apresentam diferenças em seu padrão de crescimento. Estas diferenças não só se manifestam nos valores de tamanho assintótico, como também na velocidade com que o mesmo é atingido gerando assim diferentes trajetórias em seu caminho para o peso corporal maduro e evidenciam a existência de uma base genética pelo menos parcialmente independente para tamanho assintótico e taxa de maturação.
Agradecimientos
Agradecemos a José Acevedo e a  Emanuel Acosta por sua colaboração na coleta de dados deste trabalho.
Bibliografia
Barbato G. 1991. Genetic architecture of growth curve parameters in chickens. Theoretical and Applied Genetics 83:24-32.
Bonino MF. 1997. Pollo Campero. Protocolo para la certificación. INTA. EEA Pergamino.
Bonino M & Canet ZE. 1999. El pollo y el huevo campero. INTA.
Brisbin IL, Collins CT, White GC, McCallum DA. 1987. A new paradigm for the analysis and interpretation of growth data: the shape of things to come. Auk 104:552-554.
Fitzhugh HA. 1976. Analysis of growth curves and strategies for altering their shape. Journal of Animal Science 42:1036-1051.
GraphPad Software, San Diego, California, USA, www.graphpad.com.
Gochfeld M. 1987. On paradigms vs. methods in the study of growth. Auk 104:554-555.
Sheskin DJ. 2000. Handbook of parametric and nonparametric statistical procedures. Chapman & Hall. USA.
Tallis GM. 1968. Selection for an optimum growth curve. Biometrics 24:169-177.
 
 
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