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Paisagismo instalações aviário

Paisagismo circundante ao aviário

Publicado: 9 de maio de 2012
Por: Paulo Giovanni De Abreu; Valéria Maria Nascimento Abreu.
Cobertura da vizinhança.
A qualidade das vizinhanças afeta a radiosidade (quantidade de energia radiante levada pela superfície por unidade de tempo e por unidade de área – emitida, refletida, transmitida e combinada). É comum o plantio de grama em toda a área delimitada aos aviários, pois reduz a quantidade de luz refletida e o calor que penetra nos mesmos. Esse gramado deverá ser de crescimento rápido que feche bem o solo e não permite a propagação de plantas invasoras. Deverá ser constantemente aparado para evitar a proliferação de insetos.
Sombreiro
O emprego de árvores altas pode produzir micro clima ameno nas instalações, pela projeção dasombrasobreotelhado. Asárvoresnessecaso, preferencialmentecaducifólias(queperdemas suasfolhasnoinverno), devemsermantidasdesgalhadasnaregiãodotronco, preservandoacopa (Figura 1). Dessa forma, a ventilação natural não fica prejudicada. Para essa finalidade, devem ser plantadas nas faces norte e oeste do aviário. Além disso, deve–se fazer limpeza constante das calhas para evitar o entupimento com folhas e galhos. Para esse fim, tem-se utilizado, comumente, a Vitoria racemosa e a Leucena leucocephala.
Quebra-ventos
São dispositivos naturais ou artificiais, destinados a deter ou, pelo menos, diminuir a ação dos ventos fortes sobre os aviários. Podem ser definidos, ainda, como estruturas perpendiculares aos ventos dominantes, cujas funções são diminuir a velocidade e reduzir os danos por eles provocados. Em sua maioria são naturais, constituídos por fileiras de vegetação e agem de forma semelhante à apresentada na Figura 2.
Os quebra-ventos são importantes, pois na medida em que mantêm a velocidade do ar dentro dos limites, impedem os efeitos danosos do vento. Porém, é muito comum as granjas não aproveitarem ou utilizarem indevidamente os ventos, ou tornando-os causadores de problemas nas estruturas dos aviários.
 
Figura 1 – Uso de árvores como sombreiro
Paisagismo circundante ao aviário - Image 1
 
Figura 2 – Desvio do fluxo de ar por meio de quebra-ventos naturais (Adaptado de El Boushy & Raterink, 1985).
Paisagismo circundante ao aviário - Image 2
Quando bem projetado, o quebra-vento protege a instalação à distância de até 10 vezes a sua altura (Figura. 3). Assim, sua altura deverá ser determinada para a distância do ponto de onde sopra o vento, cuja proteção é projetada. Quebra-ventos com 15 a 30% de porosidade promovem melhor proteção do vento no lado do sotavento do que quebra–ventos sólidos, ou com alta porosidade. Outro aspecto relevante no planejamento de uma barreira de vento é a escolha da espécie vegetal a ser utilizada. Deve ser permeável, ereta, flexível, resistente ao vento e pouco sujeita ao ataque de pragas e doenças, de folhas perenes e de sistema radicular pouco competitivo. O ideal seria uma espécie que reunisse todas as características desejadas, adaptável às condições do clima e do solo local. Quebra-ventos de árvores têm sido preferidos, mas apresentam a desvantagem de levarem anos para crescer antes de serem utilizados como quebra–ventos. A porosidade de árvores caducifólias no inverno é de 50 a 70% (muitos poros para um bom quebra-vento).
Figura 3 – Composição de quebra-ventos de árvores. Maiores alturas requerem espécies de vegetação intermediárias para formar um bom quebra-vento.
Paisagismo circundante ao aviário - Image 3
Na Tabela 1 são apresentadas várias espécies que, além de classificadas quanto à aptidão para quebra-vento, são também avaliadas quanto à capacidade potencial de servirem para outros fins, comosombreamento, produçãodemadeira, postesefinsestéticos. Nostrópicos, asespécies mais utilizadas têm sido grupamentos de Grevillea robusta na parte central e Euphorbia tirucalli (arbusto) nas filas exteriores e nas regiões áridas e semi–áridas, as acácias e algumas espécies de eucalipto no núcleo central e Lamarix spp. na periferia.
Tabela 1 – Utilidadesadicionais dealgumas espéciesusadas comoquebr a-vento
Paisagismo circundante ao aviário - Image 4
A proteção proveniente de estreitas faixas arborizadas, denominadas cortinas, é muito mais eficiente quando comparada à dos grandes complexos florestais. Ao encontrar um obstáculo, o vento tende a subir, reduzindo a sua velocidade. No caso de um maciço florestal, ele avança paralelo às copas e, ao atingir a orla de sotavento, dirige-se bruscamente para o solo. O retorno à posição normal depois de transposta a cortina é mais lento e gradual, como está representado na Figura 4. Normalmente, é recomendado utilizar menos que 10 filas.
Figura 4 – Proteção por faixas arborizadas (Adaptado de Baêta & Souza, 1997)
Paisagismo circundante ao aviário - Image 5
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Paulo Giovanni De Abreu
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Marcelo de Souza Lima
4 de junio de 2014

Bom dia Ákila,
Como se trata de uma engorda em semiconfinamento, a pastagem assume papel importante na oferta de nutrientes, certo? Dessa forma, pesquise na sua região e estude a possibilidade de plantio de Leucena, uma árvore frondosa, que terá folhas no período de seca, importante para sombreamento e, a melhor parte, por ser uma leguminosa, seus galhos e folhas ofertados aos animais é fonte de proteína, seja in natura ou triturado, mantendo assim as copas da melhor maneira que lhe convier, além de garantir uma economia na ração.

Sulivan Pereira Alves
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
3 de junio de 2014

Akila
Uma árvore interessante seria a Monguba, ou "falso cacaueiro". Além de crescimento relativamente rápido, produz boa quantidade e qualidade de sombra, por ter copa globosa. Além disso, adapata-se bem em ambientes úmidos.
att,
Sulivan Alves

Marcelo de Souza Lima
12 de mayo de 2012

Olá pessoal,
tema extremamente polêmico e ótimo para que possamos evoluir no sentido de dar uma condição ambiental favorável aos aviários e consequentemente, as aves.
Me recordo bem da edição da APINCO onde a professora Irenilza, maior autoridade em ambiência na época, lançava os primeiros desafios para nós, técnicos de campo e empresários da área avícola, em busca de melhorias no clima. Me recordo que assim que cheguei a minha unidade de trabalho, analisei tudo o que poderia ser feito. Não me recordo bem, mais creio que isso foi em 1995.
De lá para cá, já vi de tudo. De bananeiras a leucenas, de nein indiano a eucaliptos e, sempre com prós e contra.
Ao ler o comentário do colega Romão, concordo com a sua posição e, hoje, passados alguns dias daquele simpósio com a ilustra professora, sempre no campo, vejo com receio as propostas de sombreamento.
Claro que as considerações expostas são todas fundamentadas e reais, mas creio que temos que potencializar as trocas térmicas dentro do aviário, valendo-se de ventilação e nebulização, bem como pressão nos aviários. De fato, todas as temperaturas citadas acimas como incremento calórico devem ser levadas em consideração.
São muitos aviários com telhas quebradas, com acidentes de quedas de galhos, com folhas impedindo o escoamento das águas, dentre outros atrapalhos que arrepio só de pensar na implantação.
Conheço granjas com boa arborização, não sou contra, que fique bem claro, que ajuda sim no micro clima do aviário, mas não é fácil não.

Romão Miranda Vidal
11 de mayo de 2012

Dr. Paulo.
De fato a importância de um sistema de proteção contra ventos dominantes, assim como as ações mitigatórias de elevação de temperatura, favorecem em muito o ambiente, de forma direta onde as aves são criadaas.
No entanto preocupa o fato de que a medida que se ofertam estes ferramentais de proteção, aumentem o número de aves silvestres que eventualmente possam ser portadoras de patologias e possam vetorizar agentes patógenos. Uma vez que além de pousarem nos galhos e ramos, podem nidar nestas árvores e nos seus ninhos potencializarem as ações de patógenos.
Outro fator que chama a atenção, embora não se possa fazer o uso devido, muitas vezes obstaculizados pela topografia e dimensões territoriais, se refere a posição dos galpões direcionados corretamente para mitigar a insolação e ventos dominantes com chuvas.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.

Carlos Henrique Carneiro Santos
23 de marzo de 2023
Excelente artigo, Parabens. Voce tem os artigos que serviram de referencia bibliográfica neste trabalho. Poderia me disponibilizar?
Ákila Figueredo Alves
5 de junio de 2014

Muito obrigada, Dr. Marcelo. Eu devo oferecer galhos ainda verdes?

Ákila Figueredo Alves
3 de junio de 2014
Agradeço as sugestões, vou pesquisar na minha região se encontro a monguba, e no caso das espécies nativas então o cupu está ótimo. Muitíssimo obrigada.
Sócrates Lins Dos Santos
3 de junio de 2014

Recomendo espécie nativa frutifera - integração agrofloresta.

Ákila Figueredo Alves
29 de mayo de 2014
Excelentes abordagens, tenho uma criação de frango caipira para corte, meus lotes são sempre de 1200 aves, como eles são criados no sistema de semiconfinamento, estou querendo plantar árvores de cupuaçu no espaço de pastagem para melhor sombreamento e melhorar minha rentabilidade e aproveitamento da área. Com os vossos conhecimentos o que me dizem, tem alguma outra árvore que posso plantar também? Estou no Tocantins bem próximo a Imperatriz-MA que é considerada o portal da Amazônia. Clima muito quente e um período de 6 meses de muita chuva. Grata.
Reinaldo Silva De Abreu
11 de noviembre de 2013

Boa tarde.
Apesar dos comentários (pertinentes) acima, acredito que a arborização é profícua e natural. Quanto à possibilidade de patógenos através das aves selvagens, galhos possam impedir a circulação de água nas calhas, vejo com bons olhos, só alertando para o cuidado com o que vou chamar de manejo quanto a instalação para a mitigação do excesso de temperatura evento. A palavra de ordem para esta escolha é muito cuidado.
Tanto o professor Marcelo de Souza, o veterinário Romão Miranda, além de estarem certos, alertam cuidado a mais.

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