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Minerais Enzimas Aves Nutricionais

Avanços nutricionais para otimização de resultados na avicultura

Publicado: 26 de março de 2009
Por: Carlos Augusto Borges, C Borges Consultoria, Porto Alegre-RS, Brasil
Nos últimos anos, os produtores de frango de corte que tem como atividade principal a exportação de frangos para mercados Europeus e Asiáticos, foram surpreendidos com a série de restrições  impostas pelo mercado importador. Entre elas estão a restrição de uso de antibióticos como promotores de crescimento e o uso de farinhas de origem animal na formulação de rações para aves. Todas estas alterações têm um impacto negativo na produção de frangos, pois além de afetar negativamente o desempenho zootécnico das aves encarece o custo da ração. No caso específico das dietas vegetarianas, cria-se um impasse sobre o que fazer com as farinhas e a gordura de origem animal, excelentes fontes de proteínas, aminoácidos e energia e que sempre foram uma alternativa de redução de custos de produção.  A retirada das farinhas de origem animam representa também problemas na disponibilidade e digestibilidade dos nutrientes devido ao aumento da inclusão de farelo de soja nas dietas vegetarianas.
Devido aos problemas citados acima, cabe aos técnicos buscar alternativas que diminuam pelo menos parcialmente as perdas impostas pelo novo modelo de produção. Em um primeiro momento, surgiram produtos no mercado para diminuir o impacto da retirada dos promotores de crescimento como os pré e pró-bióticos, os herbais e os ácidos orgânicos. Entretanto, é sabido que estas alternativas por si só não terão o efeito desejado, pois a retirada dos promotores de crescimento da ração abre portas para infecções comuns em avicultura como enterites inespecíficas, mas que comprometem o resultado, pois diminuem a absorção dos nutrientes.   Mudanças radicais em praticas de manejo e ambiência, principalmente do ponto de vista sanitário, devem ser empregadas.  As associações de diferentes alternativas devem ser usadas visando uma melhora no resultado de campo e conseqüentemente diminuindo o custo de produção.
O interesse no uso de enzimas em rações para aves tem aumentado devido ao custo cada vez maior das matérias primas usadas na formulação e à busca por ingredientes alternativos como trigo, arroz, cevada e outros. Entretanto, as aves não estão aptas a digerirem polissacarídeos não amiláceos (PNA) como os presentes na fibra solúvel e insolúvel. Assim, muitos ingredientes citados acima, utilizados nas dietas das aves, apresentam valores de digestibilidade muito inferiores quando usada para aves em comparação a outros animais com melhor capacidade de aproveitamento através da fermentação.
A associação de enzimas e próbióticos na nutrição de aves tem despertado o interesse de vários pesquisadores nos últimos anos. E tem se tornado uma ferramenta importante para amenizar os prejuízos obtidos através das restrições impostas pelo mercado importador de carne de frango. 
Uma outra alternativa para melhorar o desempenho zootécnico e a qualidade da carcaça é o uso de minerais orgânicos na ração. Leeson e Summers (1997) definem minerais orgânicos ou quelatados como sendo uma mistura de elementos minerais que são ligados a algum tipo de carreador, o qual pode ser um aminoácido ou polissacarídeo, que possui a capacidade de ligar o metal por ligações covalentes através de grupamentos aminos ou oxigênio, formando assim uma estrutura cíclica. 
 
PROBIÓTICOS
Na tentativa de expressar o máximo do potencial genético do frango de corte moderno, os avicultores brasileiros lançaram mão de varias alternativas como melhorias de manejo, controle sanitário através de programas de vacinas e desinfecção de aviários e o uso de aditivos na ração com a finalidade de melhorar o processo digestivo e promover melhor desempenho zootécnico das aves. Todas estas melhorias têm como objetivo a redução nos custos de produção e o aumento da produtividade.
Entre os aditivos mais usados para melhorar o desempenho zootécnico estão os antibióticos conhecidos como promotores de crescimento. Estes antibióticos são adicionados à ração com o objetivo de controlar os agentes prejudiciais ao processo digestivo e, conseqüentemente, melhorar a absorção dos nutrientes. Entretanto o uso indiscriminado de antibióticos e principalmente em subdosagem poderá gerar cepas de bactérias resistentes determinando um desequilíbrio entre a microbiota desejável e a indesejável que habitam o trato gastrintestinal das aves.  Podem também se acumular nos tecidos animais e estes, ao serem ingeridos, podem causar resistência da microbiota humana ao antibiótico utilizado, e ainda causar resistência cruzada aos tratamentos com antibióticos em humanos e outros animais (Kelley et al., 1998). Estes são alguns dos motivos alegados pelos paises europeus para proibirem o uso de antibióticos como promotores de crescimento em rações de frangos de corte. Torna-se mais que necessário o estudo de produtos alternativos que possam substituir os antibióticos na alimentação animal, sem causar perdas no desempenho zootécnico e sem aumentar o custo de produção.
Uma destas alternativas seria o uso de probióticos não para substituir os antibióticos, mas, sim para tentar amenizar as perdas causadas no desempenho das aves pela retirada destes. Entretanto até este momento os resultados com o uso dos probióticos são contraditórios, principalmente quando se testa este tipo de produto em granjas experimentas com excelente manejo e com baixo desafio.
Defini-se como probióticos um suplemento alimentar composto de cultura pura ou composta de microorganismos vivos com a capacidade de se instalar e proliferar no trato intestinal com ação de beneficiar o hospedeiro através do equilíbrio da microflora intestinal. Entretanto, Fuller (1989) afirmou que para serem considerados como probióticos os microorganismos deveriam ser produzidos em larga escala, permanecendo estáveis e viáveis em condições de estocagem, serem capazes de sobreviverem no ecossistema intestinal e possibilitar ao organismo o benefícios de sua presença.
Segundo Silva (2000) o beneficio dos probióticos se faz reduzindo a colonização intestinal por patógenos, determinando melhor desempenho zootécnico e maior produtividade.
Várias ações benéficas são atribuídas aos probióticos, entretanto, seu mecanismo de ação ainda não esta inteiramente elucidado. Abaixo citaremos alguns tipos de modos de ação dos probióticos.
 
-          Competição por sítios de ligação;
-          Produção de substâncias antibacterianas;
-          Competição por nutrientes;
-          Estímulo do sistema imune.
 
De acordo com Macari e Furlan (2005) o mecanismo de ação dos probióticos estão relacionados à competição por sítios de ligação ou exclusão competitiva, ou seja, as bactérias probióticos ocupam o sítio de ligação na mucosa intestinal formando uma barreira física às bactérias patogênicas.
As bactérias probióticas também protegem os vilos e as superfícies de absorção dos nutrientes contra toxinas irritantes produzidas pelos microorganismo patogênicos, permitindo, assim, a regeneração da mucosa intestinal lesada (Dobrogosz et al. 1991)
Os probióticos podem ser administrados as aves por diferentes vias tais como pela ração, pela adição em água de bebida, pela pulverização sobres as aves e através da inoculação pela cloaca.
A via de administração dos probióticos podem interferir na capacidade de colonização intestinal pelas bactérias presentes no produto utilizado. Independente da via, os probióticos devem ser administrados o mais rápido possível, a fim de que as bactérias presentes no produto possam colonizar o intestino das aves antes deste serem contaminado por algum patógenos.   De acordo com Edens et al., (1997), a administração precoce de probióticos para pintinhos recém nascidos diminui a mortalidade inicial e em aves jovens, melhora os seus desempenhos produtivos.
Pelicano et al. (2004) testando a utilização de probióticos em rações iniciais de frangos de corte concluíram que a adição de probiótico na ração se mostrou vantajosa mediante a obtenção de melhor conversão alimentar e ganho de peso, respectivamente, aos 21 dias de idade. Os resultados estão na Tabela 1.
Tabela 1- Consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar de frangos de cortes alimentados com probióticos.
Parâmetros  avaliados
Consumo de ração kg
Ganho de peso kg
Conversão alimentar
Sem Probiótico
1158a
0.839a
1.39a
Probiótico 1
1135a
0.844a
1.35b
Probiótico 2
1148a
0.858a
1.34b
 Adaptado de Pelicano et al. (2004)
 
ENZIMAS
O interesse no uso de enzimas em rações para aves tem aumentado, principalmente, com a proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento e de farinhas de origem animal para os produtores de frangos de corte que exportam para os mercados Europeu e Árabe.  Com a exigência do uso de uma ração vegetariana para frangos de corte alguns problemas ocorreram como as perdas em termos de disponibilidades de nutrientes e de digestibilidade devido ao aumento na proporção do farelo de soja. Um outro problema observado com o uso de rações vegetariana é no aumento do consumo de água com reflexo direto na umidade da cama quando principalmente a farinha de pena é substituída pelo farelo de soja.
Para evitar danos maiores principalmente na perda de desempenho e do aumento do custo de produção, se tem intensificado a busca por alternativas que compensem pelo menos parcialmente as perdas impostas pelo novo sistema de produção.
A utilização de enzimas seria, portanto, uma alternativa para o uso de promotores de crescimento, com o objetivo de aumentar a digestibilidade dos alimentos e desempenho das aves.
As enzimas podem tanto melhorar a digestão e absorção de ingredientes tradicionais como milho e farelo de soja, reduzir os efeitos dos antinutrientes ou fornecer à ave uma nova capacidade de digerir certos componentes da dieta. A maioria das alterações está centralizada na melhoria da digestibilidade dos chamados polissacarídeos não amiláceos (PNA). Esses componentes são essencialmente fibras não digestíveis, para aves e suínos, que pouco adicionam ao valor nutritivo de um ingrediente, e podem, na verdade reduzir disponibilidade geral dos nutrientes ao criarem um ambiente hostil para enzimas endógenas, no interior do intestino.
Enzimas são proteínas globulares, de estrutura terciária ou quaternária que agem como catalisadores biológicos, aumentando a velocidade das reações químicas no organismo, sem serem alteradas neste processo. São altamente específicas para o substrato e dirigem todos os eventos metabólicos. As enzimas têm que atuar sob condições favoráveis de temperatura, pH e umidade para manter sua atividade biológica.
 
Mecanismo Geral de Ação das Enzimas 
1-     Provocam a ruptura das paredes celulares das fibras;
2-     Reduzem a viscosidade da dieta, devido à fibra solúvel no intestino;
3-     Degradam as proteínas, por exemplo, do farelo de soja, reduzindo os efeitos dos fatores antinutricionais como os inibidores de protease;
4-     Suplementam as enzimas endógenas do animal.
 
Grão de Cereais
Quando falamos em rações vegetarianas o milho é tradicionalmente o cereal preferido na alimentação de aves. Seu valor energético é o mais alto entre os cereais e assume-se que seja constante em diferentes lotes. Entretanto, Lesson et al. (1993) relataram a variabilidade da energia metabolizável para aves de 2926 a 3474 kcal/kg para a safra de milho de 1992 no Canadá.
Outro fato importante no que diz respeito ao milho é sobre a digestibilidade do amido. Vários pesquisadores afirmam que o amido do milho tem uma alta digestibilidade para aves (>98%), entretanto Noy e Sklan (1995) mostraram uma digestibilidade bastante baixa, tanto do amido como de gordura, em pintos jovens alimentados com ração à base de milho e farelo de soja suplementada com 6% de óleo de soja. A digestibilidade do amido no intestino delgado de aves com diferentes idades variou de 82 a 90%.
Como descrito anteriormente, a preocupação principal com os cereais é o seu conteúdo de PNA, especialmente quando se usa alimentos alternativos para diminuir o custo da formulação e conseqüentemente diminuir o custo de produção. O β-glicanos, existente na cevada e os arabinoxilanos ou pentosanos, existentes no trigo.
Tabela 2- Conteúdo PNA em diferentes cereais
Cereal
β-glicanos g/kg ms
Pentosanas
Total
Arroz s/casca
0
0
0
Sorgo
1
28
29
Milho
1
43
44
Trigo
5
61
66
Colza
7
70
77
Cevada
33
76
109
Centeio
12
89
101
Adaptado de Choct e Annison (1990)
Os PNA não podem ser digeridos pelas enzimas sintetizadas pelos animais, sendo fermentados pela microflora intestinal e produzindo gases na forma de ácidos graxos voláteis. Além disso, existem evidências de que parte dos PNA  possui atividades antinutricionais.
Os motivos para as propriedades antinutricionais de PNA são sua elevada capacidade de ligarem-se às grandes quantidades de água resultado num aumento da viscosidade do conteúdo intestinal quando o alimento contendo PNA for consumido. O aumento da viscosidade pode causar problemas no intestino delgado devido a nutrientes como gordura, amido ou proteína se tornarem menos acessíveis e disponíveis a enzima endógenas  (Cousins, 1999).
Em cereais os PNA consistem principalmente de pentoses, glicanos e celulose, sendo que as pectinas de leguminosas e galactosideos são os PNA predominantes.
Entretanto com exceção do milho e do sorgo os outros cereais da tabela 1 não são freqüentemente usados em formulações de frangos de corte, pois estes cereais são ricos em fibras e não entram em rações com altos níveis de energia. Estes cereais são importantes na formulação de rações da Europa, pois lá não se usa milho. Uma grande gama de enzimas comercializadas no Brasil tem sua origem na Europa e talvez por este motivo muitas vezes não funcional em rações a base de milho e/ou sorgo. 
 
Ingredientes Protéicos
O farelo de soja é a fonte de proteína mais usada na nutrição animal, e surpreendentemente, este ingrediente não é tão bem utilizado pelas aves. A energia metabolizável do farelo de soja é bastante baixa em relação à sua energia bruta, principalmente devido aos carboidratos não digeríveis, tais como a rafinose, estaquiose etc.
Os carboidratos podem ser quimicamente caracterizados em várias substâncias, cada uma delas com uma estrutura específica e uma função biológica distinta. Isto explica as diferenças observadas no valor energético de cada alimento, já que as composições em carboidratos são variáveis.

Tabela 3- Conteúdo de carboidratos no farelo de soja
Componente
%
Carboidratos solúveis em água
12.02
Sacarose
5.98
Rafinose
1.07
Estaquiose
4.23
Hemicelulose
9.90
Celulose
7.09
 Adaptado de Coon et al. 1990
 
Sabemos que o processamento do farelo de soja tem como objetivo reduzir os fatores antinutricionais presentes na soja. Entretanto, reduzir não significa eliminar essas substancias como podemos observar na tabela 3.
As enzimas sintetizadas pelo organismo das aves atuam especificamente em carboidratos com ligações alfa, como o amido, não atuando sobre carboidratos com ligações beta e oligossacarídeos contendo galactose, encontrados em várias sementes de plantas. Os oligossacarídeos tais como estaquiose e rafinose, presentes em muitas leguminosas, não são absorvidos no intestino delgado. A utilização destes carboidratos, portanto, só é possível após a quebra dos oligossacarídeos em monossacarídeos, através da ação de enzimas exógenas.
Hoje em dia, já podemos encontrar alguns complexos enzimáticos contendo proteases e carboidrases específicas para agirem em proteínas de origem vegetal. O uso simultâneo destes complexos multienzimaticos associados a fitase tem se mostrado vantajoso, dependendo do custo dos substratos alimentares, sendo que o uso de enzimas pode aumentar a digestibilidade de substratos protéicos vegetais como a soja e o girassol.
Quando falamos em produção avícola, o primeiro aspecto abordado é sobre o custo de produção de 1 kg de frango. Já é um fato conhecido que o custo da ração é responsável por 70% do custo de produção. No Brasil, como nos EUA, cerca de 90% das rações de aves são produzidas à base de milho e farelo de soja. Já foi mencionado anteriormente que as fontes de proteína vegetal contêm componentes antinutricionais que afetam a utilização pelas aves.
A adição de complexos enzimáticos capazes de agirem em uma ração com milho, farelo de soja e soja integral para melhorar a digestibilidade e utilização dos ingredientes poderá assumir grande importância econômica quando for capaz de reduzir o custo da ração, ou melhorar, o resultado zootécnico dos frangos de corte. Sem falar no aspecto ambientam, pois o uso de enzimas ajudam a diminuir a excreção de agentes poluentes.
Apesar de enzima não ser um assunto novo, pois ela já é usada há bastante tempo, principalmente na Europa, observamos que os nutricionistas brasileiros ainda apresentam uma resistência muito grande em usar enzimas nas dietas de aves e suínos.Talvez a explicação esteja nos resultados de pesquisas que ainda são bastante controversos. Devemos salientar que a função catalítica das enzimas depende de uma série de fatores, tais como a concentração do substrato e da enzima, pois enzima é substrato dependente,  do ambiente na qual a reação ocorrerá. Alguns dos aspectos mais importantes a considerar sobre atividade enzimática são a temperatura, a variação do pH, a umidade e a presença de co-enzimas e inibidores.
Se a enzima não for protegida, principalmente para temperatura e pH, o seu uso será limitado, pois ela terá que resistir a temperaturas acima de 75oC em rações peletizadas ou extrusadas  e também terá que resistir ao baixo pH e às enzimas proteolíticas do trato digestivo.
Tabela 4- Efeito das enzimas xilanolíticas sobre a hidrólise completa de xilanos
Enzimas
Temperatura (0C)
pH
Xy 120
70
6.23
Xy 550
65
5.62
Xy 230
65
6.02
  Adaptado Fagan et al. (2004)
 
Tabela 5- Temperatura e pH ideal para máxima atividade das proteases
Enzimas
Temperatura (0C)
pH
PRO 23
50
2.50
PRO 1207
40
3.00
  Adaptado Fagan et al. (2004)
 
Em alguns casos, quando não se observa benefícios do uso de enzimas é porque devemos ter problemas com o uso delas como a forma e o momento de aplicação,  a exposição a altas temperaturas, a composição e concentração do complexo enzimático, a distribuição uniforme no alimento e outros fatores que possam desnatura-las, a estocagem e o prazo de validade.
Como mencionamos anteriormente à suplementação de enzimas que degradam PNA em rações contendo cereais que apresentam pouca viscosidade como milho ou sorgo não é uma pratica muito comum na industria. Porém essa situação poderá mudar rapidamente assim que o desenvolvimento de novas enzimas alimentares ou novas formas de aplicação destes produtos evoluírem (Cousins, 1999). Soto Salanova et al. (1996) verificaram melhor ganho de peso e conversão alimentar de aves que foram alimentadas com rações de milho e farelo de soja suplementadas com um coquetel enzimático Tabela 6.  No trabalho de Pack e Bedford (1997) apresentado na Tabela 7, mostrou que uma combinação enzimática consistindo de xilanase, amilase e protease podem melhorar o ganho de peso e a conversão alimentar de frangos de cortes alimentados com uma ração a base de milho e farelo de soja. Entretanto Sherif et al. (1997) não obtiveram diferenças significativas para os parâmetros zootécnicos usando diferentes preparos enzimáticos contendo apenas glucanase ou glucanase, hemicelulose e pectinase ou amilase, glucanase, lípase e protease quando alimentaram frangos de corte com rações com milho contendo farelo de soja ou farelo de girassol.
Tabela 6- Efeitos da redução da EM, proteína bruta e aminoácidos em 5% em uma dieta de frangos de corte com  milho e soja com ou sem adição de enzima.
Parâmetros
Dieta basal
Controle                    Enzima
- 5% EM PB AA
Controle                   Enzima
Ganho de peso (g)
3085a                      3118b
2943c                    3014d
Consumo ração (g)
 6554a                     6505b
  6550a                     6718c
Conversão alimentar
2.12a                        2.08b
2.22c                       2.23c
Músculo do peito (%)
          29.97a                      31.49b
          30.78c                     31.10c

Tabela 7- Efeitos da suplementação de enzimas em frangos de corte com dietas de milho e soja (1-49 dias de idade)
Parâmetros
Dieta basal
Controle                    Enzima
- 4% EM PB AA
Controle                   Enzima
Ganho de peso (g)
3140b                      3270a
3063b                    3124b
Consumo ração (g)
5344                        5467
5379                      5430
Conversão alimentar
1.70                        1.67
1.76                       1.73
   Adaptado de Pack e Bedford (1997)
 
Zanella et al. (1999) usando complexo enzimático em rações de frangos de corte à base de milho e farelo de soja, observaram aumento significativo (P<0.05) na digestibilidade ileal do amido e gordura de 2 e 1.8%, respectivamente. Os resultados estão apresentados na Tabela 8. Tejedor et al. (2001) mostraram que a adição de um complexo enzimático com amilase, celulase e protease melhorou  os coeficientes de digestibilidade médios da MS, PB, EB, Ca e P em rações de frangos de corte à base de milho e farelo de soja. Os mesmos autores afirmam que a adição de misturas enzimáticas às dietas de aves pode ser economicamente viável em áreas onde o milho e o farelo de soja são os principais ingredientes utilizados.
 
 Tabela 8- Coeficiente de digestibilidade ileal de alguns nutrientes da soja processada e do farelo de soja
Fonte
PB %
AMIDO %
EE %
MET %
LIS%
TRE%
FS
81.1
90.3
85.1
96.8
87.5
78.7
SIT
79.9
92.7
82.4
96.8
85.8
75.5
SIE
83.4
93.2
90.2
98.4
90.9
82.2
S/ENZ
80.0
91.2
85.7
97.3
77.3
77.2
C/ENZ
82.9
92.9
86.8
97.3
80.3
80.5
 Adaptado de Zanella et al. 1999.
 
MINERAIS ORGÂNICOS
Os minerais estão divididos em macrominerais e microminerais, estes últimos, também são conhecido por minerais traço.
Os microminerais atuam como componentes protéicos ou como cofatores, auxiliando na alteração ou modulação alostérica da estrutura terciária das enzimas, tornando-as ativas ou inativas.
As diferentes ações exercidas pelos minerais no organismo animal dependem primeiramente de sua absorção, em nível de intestino, e a sua distribuição nos diferentes tecidos  do organismo animal. Para serem absorvidos os minerais se encontram em diversas formas, desde compostos orgânicos complexos até sais de variada solubilidade.
O conceito de mineral orgânico na nutrição de monogástricos é bastante recente e o seu uso, ainda é bastante restrito. Isto ocorre porque existem poucos trabalhos de pesquisa com minerais orgânicos e os que existem apresentam resultados contraditórios.
 
Definições de Minerais Orgânicos ou Quelatados
Segundo  Kratzer e Vohra (1986) quelato é um complexo metálico onde o metal apresenta mais ligações do que sua valência, e este é ligado a um ligante doador. O complexo possui um átomo de mineral no centro da molécula e um ligante ao seu redor.   Entretanto Leeson e Summers (1997) define minerais quelatados como sendo uma mistura de elementos minerais que se ligam a algum tipo de carreador que pode ser um aminoácido, um peptídeo ou um polissacarídeo que tenham a capacidade de ligar o metal através de ligações covalentes através de grupamentos aminos ou oxigênio, formando assim uma estrutura cíclica.
Atualmente a suplementação de minerais para suprir as exigências nutricionais é feita através de fontes inorgânicas ( sulfatos e/ou óxidos).
Os minerais para serem absorvidos no trato gastrintestinal primeiro devem ser solubilizados para liberarem íons e os metais ionizados possam ser transportados com o auxílio de proteínas carreadoras através da membrana celular dos enterócitos. Este processo é dependente do pH do meio,sendo que o meio ácido do proventriculo aumenta a solubilidade dos minerais, enquanto que meio neutro a alcalino do intestino delgado reduz. Desta forma, mesmo um metal originado de um sal solubilizado no proventriculo pode se precipitar quando em contato com um meio menos ácido como no intestino delgado. Os minerais  quando  se encontram na forma iônica podem se ligar com outro componente da dieta como proteínas e carboidratos dificultando a absorção ou formando complexos com os fitatos que não podem ser absorvidos pelos animais. Devido a estes problemas, os níveis de minerais fornecidos nas dietas são freqüentemente superiores aos mínimos exigidos para otimizar o desempenho, resultando em excesso de fornecimento e contribuindo para a poluição ambiental (Close, 1998).
A competição dos minerais pelo mesmo carreador  que irá transportar os minerais do lúmen para o citoplasma da célula intestinal é um outro exemplo de interferência de absorção. Exemplo disto é o cobre que tem afinidade pelas mesmas enzimas que transportam o ferro. 
Até os dias de hoje existem incertezas sobre quais as reais exigências dos diferentes microminerais para as aves em diferentes idades. Segundo Underwood, (1981) as funções exercidas pelos minerais no organismo podem ser divididas em duas: construção e manutenção dos tecidos duros e moles, e a regulação dos processos biológicos e fisiológicos. Estas funções devem ser contempladas quando estivermos investigando as exigências dos minerais. Um outro aspecto importante que deve ser considerado nas pesquisas de exigências nutricionais de minerais para aves, é escolher o melhor parâmetro a ser analisado, pois sabemos que existem diferenças entre exigência para desempenho e para formação de tecidos.
  Na forma orgânica, os minerais são absorvidos pelos carreadores intestinais de aminoácidos e peptídeos e não pelos transportadores intestinais clássicos de minerais. Não sofrem competição por já possuir seu próprio aminoácido ao entrar no trato digestivo. Devido  à sua forma de ligação o mineral metálico é quimicamente inerte, assim também não  interage com os íons metálicos livres. Desta forma é absorvido, passando diretamente para o plasma através das células da mucosa intestinal e sua ligação permanece inalterada. A separação do aminoácido quelante irá acontecer no local em que o mineral será usado.
 
Vantagens dos Quelatos
1-     Não estão sujeitos à interferência de outras substâncias no processo de absorção;
2-   Atingem diretamente os tecidos e sistemas enzimáticos específicos através das vias de absorção  e transporte das moléculas que estão ligadas a eles;
3-     Otimizam as funções orgânicas, suprindo as exigências nutricionais dos animais;
4-     Apresentam biodisponibilidade maior ou igual àquelas na forma de sulfato ou óxidos.
 
Disponibilidade biológica pode ser considerada como a medida da habilidade de um suplemento sustentar os processos biológicos nos animais (Mcgilliray, 1978). Entretanto é importante esclarecer que a biodisponibilidade de um nutriente é um termo relativo, sempre se referindo ao valor de outro produto usado como padrão.  
A biodisponibilidade dos minerais quelatados depende de três condições básicas na estrutura do composto:
 
1-     Da forma de ligação com o mineral;
2-     Do peso molecular da forma quelatada;
3-     Da constante de estabilização do quelato.
 
Os minerais quelatados usualmente são mais caros quando comparados com fontes inorgânicas do mesmo mineral, razão pela qual existem algumas correntes indicando a suplementação de minerais orgânicos e não, como deveria ser a substituição de 100% de fontes inorgânicas por minerais orgânicos, pois existem indicações de que em alguns casos os minerais quelatados podem atingir fins biológicos que os inorgânicos não podem.
O ideal seria usar um premix mineral orgânico, ou seja, com todos os minerais na forma orgânica em substituição ao premix mineral composto com fontes inorgânicas (sulfatos e/ou óxidos), pois apenas desta maneira evitaríamos a competição de minerais pelo mesmo sitio de absorção e evitaríamos a formação de complexos com fitatos que impossibilitam a absorção.
A suplementação apenas é indicada para atender um problema específico relacionado com a função de um determinado mineral no organismo animal.
As respostas aos minerais quelatados são mais evidentes quando existem componentes antagonistas ou agentes inibidores à absorção dos microminerais ao nível de trato gastrintestinal. Por exemplo, em rações a base de milho e farelo de soja, a biodisponibilidade de zinco-metionina foi de 206% quando comparada com 117% em uma dieta purificada em que os fitatos estavam ausentes(Wedekind et al., 1992). Segundo Vieira (2005) a vantagem dos minerais quelatados sobre as fontes inorgânicas pode não ser tão evidente em todas as situações, o que pode confundir a interpretação dos resultados.
Wendeking e Baker (1989) relataram que frangos de cortes alimentados com dietas contendo zinco-metionina tiveram um melhor ganho de peso e um aumento na concentração de zinco nos ossos quando comparados com frangos que foram alimentados com óxido de zinco e sulfato de zinco.
Baker et al. (1991) observou um aumento na biodisponibilidade do cobre para fontes orgânicas desse mineral quando comparado com fontes inorgânicas através de um estudo do acúmulo de cobre no fígado. Aoyagi e Baker (1993) observaram que a biodisponibilidade do quelato de zinco e cobre foi respectivamente 106 e 120% quando comparados com fontes inorgânicas destes minerais.
Segundo Rutz et al. (2003) a utilização de selênio orgânico só ou em combinação com zinco e manganês orgânicos em rações de matrizes de corte aumentam de 0.95 a 3.62 pintos por aves alojadas.
Existem poucas pesquisas sobre a substituição de fontes inorgânicas por minerais orgânicos em frangos de corte. Entretanto, observa-se que o maior benefício do uso de minerais orgânicos para frangos de corte não esta na melhora de desempenho zootécnico, mas sim, nos parâmetros observados nos frigoríficos quer seja por diminuição da condenação de frangos inteiros ou por melhora da qualidade da carcaça.
Na tabela 9 podemos observar um trabalho conduzido por Arruda et al. (2002) utilizando selênio orgânico em dietas de frangos de corte.
 
Tabela 9- influencia da substituição do selenito por selênio orgânico em frangos de corte
Fontes de selênio
Selenito       Se org
Peso vivo
      (g)
Consumo
       (g)
Conversão
Alimentar
0.3               0.0
2285b
4165
1.82a
0.2               0.1
2380a
4114
1.73b
0.1               0.2
2380a
4163
1.75b
0.0               0.3
2392a
4140
1.73b
 Adaptado de Arruda et al. 2002
 
Considerações finais
A maior parte dos trabalhos científicos conduzidos para achar alternativas economicamente viáveis para substituir os tradicionais antibióticos promotores de crescimento ainda são controversos. Maiores informações sobre o mecanismo de ação e diferentes funções destes aditivos será importante para uma futura tomada de decisão sobre a melhor alternativa a ser usada pela agroindústria que teve uma diminuição dos resultados zootécnicos  e o custo de produção aumentado com a retirada das farinhas de origem animal e os promotores de crescimento.
A associação de diferentes aditivos como pré e probióticos, enzimas e minerais orgânicos parece ser a alternativa mais interessante a ser usada em nutrição animal, entretanto estas combinações devem respeitar a relação custo-benefício. Maiores estudos devem ser feitos na tentativa de elucidar vários questionamentos que ainda estão sem respostas quanto ao uso destes aditivos.
O produtor de frango que tem seu produto exportado deve estar atento a estas novas tecnologias e evitar a comparação com os promotores de crescimento, pois estes não poderão mais ser usados. 
 
 
Referências Bibliográficas
 
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Autores:
Carlos Augusto Borges
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Cassiano Marcos Bevilaqua
Cassiano Marcos Bevilaqua
8 de diciembre de 2009
Parabéns excelente Artigo. Gostaria de contribuir e comentar que além das alternativas colocadas para substituição dos ntibióticos também temos os Óleos Essencias, onde Extratos de diversas Plantas tem mostrado excelentes resultados em combate as Bactérias, Coccidias e até auxílio a combates virais. O importante também é lembrar que devemos sempre lembrar do essencial que é a qualidade de Alimento, qualidade de Agua,qualidade de Ambiente e pontos de Manejo que irão contribuir para evitar as enfermidades. Por exemplo quando não temos um alimento com qualidade, com contaminação por Micotoxinas, ou quando queremos economizar com um Adsorvente de Micotoxinas, estamos colocando essa Ave e todo seus Órgãos de Defesa em Risco, abrindo possibilidades de facilitar a entrada de Microrganismos Patogênicos. Sendo assim, temos realmente que utilizar uma associação de ferramentas para conseguir aproximar os resultados zootécnicos daqueles que utilizam Promotores de Crescimento. Abraços.
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yasmani
yasmani
5 de mayo de 2009
AUGUSTO esta claro que los paises europeos an prohibido el uso de APC antibioticos promotores del crecimiento, y esto significa que se tiene que buscar alternativas para evitar perdidas en la produccion y tu mencionas el uso de probioticos y enzimas pero tambien se utilizar prebioticos que da buenos resultados muy bueno el articulo y son buenas alternativas. Tradução do comentário (Equipe Engormix) Está claro que os países europeus proibiram o uso de APC antibióticos promotores de crescimento, e isso significa ter que buscar alternativas para evitar perdas na produção e no que você menciona o uso de probióticos e enzimas. Mas também o uso prebióticos dá bons resultados. Artigo muito bom e são boas alternativas.
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Patricia Rossi
Nutreco
4 de mayo de 2009
Caro Augusto Borges Existe um trabalho com adicao de zinco organico na dieta de frangos de corte que avaliou lesoes na carcaca, aumento da resistencia da pele em frangos de corte etc buscando minimizar perdas no frigorifico. Segue a referencia do trabalho: P. Rossi, F. Rutz, M. A. Anciuti, J. L. Rech, and N. H. F. Zauk. Influence of Graded Levels of Organic Zinc on Growth Performance and Carcass Traits of Broilers. Journal Applied of Poultry Research, 16: 219-225. 2007. Att., Patricia
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