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Lisina digestível aves de postura

Modelo de prediçao das exigências de lisina digestível para aves de postura

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: J. Anchieta de Araujo; N. Kazue Sakomura; E. Pereira da Silva; L. Hauschild; Melina Aparecida Bonato; Cleber Franklin Santos de Oliveira - Parte da tese de doutorado do primeiro autor. Departamento de Zootecnia - FCAV/UNESP. Pós-Graduação em Zootecni
Sumário

O objetivo do estudo foi determinar as exigências de lisina com base no método fatorial para elaborar modelos de predição das exigências deste aminoácido para aves de postura. As estimativas das exigências de lisina para o crescimento foram fundamentadas nas deposições de proteína no corpo depenado e nas penas, tendo em vista que o conteúdo de lisina na proteína destes componentes difere substancialmente. Com base neste princípio, elaborou-se o Modelo: Lis = [(151,2 . PBm0,73 u) + (0,01 . PP . 18)] + [(75 . DPBc / 0,80) + (18 . DPBp / 0,80)], em que, Lis é a exigência de lisina digestível em mg/ave/dia; PBm é o peso de proteína corporal à maturidade (0,559 kg); u é o grau de maturidade da proteína corporal, onde u = PBt/PBm; PP é o peso de proteína das penas (g); DPBc é a deposição de proteína no corpo depenado (g/dia); DPBp é a deposição de proteína nas penas (g/dia). Observou-se que as exigências de lisina digestível obtidas pelo modelo de predição foram inferiores em relação as recomendações das Tabelas Brasileiras nas fases inicial (1 a 42 dias) e cria (43 a 84 dias), entretanto foi superior na fase de recria (85 a 126 dias). Estas diferenças podem ser justificadas considerando os princípios inerentes aos diferentes métodos de determinação das exigências. O modelo proposto foi capaz de expressar exigências de lisina digestível, contribuindo para a elaboração de programas nutricionais para aves de postura na fase de crescimento.
Palavras-chave: Aminoácidos, Frangas de reposição, Método fatorial.

Introdução
Modelos de predição das exigências nutricionais de lisina digestível são bastante escassos na literatura para aves de postura. Um modelo pode ser considerado como a descrição matemática de um fenômeno biológico (mantença, crescimento, produção, etc.), obtida por meio de um arranjo coordenado de equações, em que variáveis quantitativas são tomadas para representar os fatores que influenciam os fenômenos (Oviedo-Rondon et al., 2002).
A abordagem fatorial tem sido a base para elaboração de modelos que estimam as exigências nutricionais considerando diferenças de pesos, composição corporal, potencial de crescimento e de produção dos animais em diferentes condições de ambiente (Sakomura & Rostagno, 2007).
Tendo em vista a importância dos modelos para determinar as exigências de aminoácidos e a escassez de trabalhos neste tema é imprescindível à realização de novos estudos, possibilitando a elaboração de modelos que permitam determinar com maior acurácia e precisão as exigências de lisina para aves (Siqueira, 2009). Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo determinar as exigências de lisina com base no método fatorial para elaboraração de modelos de predição das exigências deste aminoácido para aves de postura na fase de crescimento.
Materiais & métodos
O modelo elaborado foi baseado nos princípios do modelo de crescimento proposto por Emmans (1981). Neste modelo, as exigências de mantença e crescimento são fracionadas em proporções específicas para o corpo depenado e para as penas, partindo-se do pressuposto que a deposição de lisina nas penas difere daquela do corpo depenado (Emmans & Fisher, 1986). Os parâmetros que definem as exigências de lisina para a mantença da proteína corporal foram expressos com base no peso de proteína corporal à maturidade (PBm) e no grau de maturidade da proteína corporal na idade t (u=PBt/PBm), conforme proposto por Emmans & Fisher (1986). Onde PBt é a proteína do corpo depenado.
As exigências de proteína para a manutenção das penas foram consideradas como sendo proporcionais às perdas de pena, e estas equivalem a 0,01g de proteína por g de pena por dia (Emmans, 1989). Assim, as exigências de lisina para a manutenção das penas (Lismp) foram obtidas pela expressão: Lismp (mg/dia) = 0,01 . PPt . Lisp, sendo PPt (g) o peso de proteína das penas na idade t e Lisp é o conteúdo de lisina na proteína das penas (18%) (Emmans, 1989). A exigência total de lisina para a mantença (mg/dia) foi obtida pela soma das exigências para o corpo depenado e para as penas. Dessa forma, a exigência total de lisina digestível foi obtida pela soma das exigências para mantença e para o crescimento, conforme descrição: Lis (mg/dia) = [(Lismc . PBm0,73 . u) + (0,01 . PP . Lisp)] + [(Lisc . DPBc / k) + (Lisp . DPBp / k)]. Em que, Lis é a exigência de lisina digestível (mg/dia); Lismc é o coeficiente que representa exigência de lisina para a mantença da proteína do corpo depenado (mg/PBm0,73.u/dia); PBm é o peso de proteína corporal à maturidade (kg); u é o grau de maturidade da proteína corporal (u=PBt/PBm); PP é o peso de proteína das penas (g); Lisp é o conteúdo de lisina na proteína das penas (mg/g); Lisc é o conteúdo de lisina na proteína corporal (mg/g); DPBc é a deposição de proteína no corpo depenado (g/dia); DPBp é a deposição de proteína nas penas (g/dia), k é a eficiência de utilização da lisina para deposição no corpo depenado e para deposição nas penas.
Foram realizados estudos para estimar os parâmetros que permitem estimar a composição em proteína no corpo (PBt), nas penas (PPt), e deposições de proteína (DPBc, DPBp) da linhagem Dekalb White e a eficiência de utilização da lisina (k). Três ensaios dose resposta foram conduzidos com aves de postura nas fases inicial (1 a 42 dias), cria (43 a 84 dias) e recria (85 a 126 dias). As aves receberam dietas com níveis crescentes de lisina. Pela técnica do abate comparativo foi determinada a composição corporal em diferentes idades. Baseado nesses dados, parâmetros da função proposta por Gompertz (1825) foram estimados utilizando-se a seguinte equação, Pt = Pm . exp . (- exp . (- b . (t - t*))), em que Pt = peso (g) do componente ao tempo t, Pm = peso (g) à maturidade; b = taxa de maturidade (por dia); t* = tempo (dias) em que a taxa de crescimento é máxima e por derivativa da função, deposições de proteína no corpo e nas penas foram determinadas (Tabela 1).
Tabela 1. Estimativas dos parâmetros das equações de Gompertz para peso vivo, proteína no corpo depenado e proteína das penas da linhagem Dekalb White
Variáveis
Linhagem Dekalb White
Peso vivo
Proteína no corpo
Proteína nas penas
Pm (g)
1524
559
122
B (dia)
0,021
0,015
0,021
t* (dias)
56
69
57
Pm= Peso à maturidade; b= Taxa de maturidade; t*= tempo em que a taxa de maturidade é máxima.
As eficiências de utilização da lisina das dietas (k) foram obtidas pela regressão da lisina digestível ingerida pela depositada na proteína corporal, sendo representada pelo coeficiente de regressão da reta. As eficiências de lisina estão apresentadas para as diferentes fases avaliadas na Tabela 2.
Tabela 2. Eficiência de utilização da lisina para deposição protéica para diferentes fases de crescimento para aves de postura em crescimento
Fases
Eficiências de utilização da lisina
Inicial (1 a 42 dias)
80
Cria (43 a 84 dias)
78
Recria (85 a 126 dias)
82
Média
80
 
As recomendações obtidas com o uso do modelo proposto foram confrontadas com as recomendações das "Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos" (Rostagno et al., 2005), em diferentes idades. As análises de regressão linear foram realizadas por meio do procedimento "GLM", enquanto que os parâmetros das equações ajustadas de Gompertz foram estimados utilizando-se o método Gauss-Newton, por meio do procedimento "NLIN" do software SAS 9.0.
Resultados e discussão
As estimativas das exigências de lisina para o crescimento foram fundamentadas nas deposições de proteína do corpo depenado e das penas, tendo em vista que o conteúdo de lisina na proteína destes componentes difere substancialmente (Emmans & Fisher, 1986; Emmans, 1989). Com base nestas informações propôs-se o Modelo:
Lis = [(151,2 . PBm0,73 . u) + (0,01 . PP . 18)] + [(75 . DPBc / 0,80) + (18 . DPBp / 0,80)]
Em que, Lis é a exigência de lisina digestível em mg/ave/dia; PBm é o peso de proteína corporal à maturidade (0,559 kg); u é o grau de maturidade da proteína corporal, onde u = PBt/PBm; PP é o peso de proteína das penas (g); DPBc é a deposição de proteína no corpo depenado (g/dia); DPBp é a deposição de proteína nas penas (g/dia). Devido a escassez de informações acerca da eficiência de utilização da lisina para deposição nas penas, esta foi considerada como sendo igual à eficiência de utilização de lisina média para deposição no corpo (80%), conforme Tabela 2.
Utilizando os parâmetros da equação de Gompertz estimados para a linhagem Dekalb White (Tabela 1) foram obtidas as variáveis PB, PP, DPBc, DPBp que foram aplicadas no modelo proposto para estimar as exigências de lisina digestível para diferentes idades (Tabela 3).
Tabela 3. Exigências de lisina (Lis) digestível para aves da linhagem Dekalb White em fase de crescimento estimadas com base no modelo proposto
Idade
(dias)
PB
(g/dia)
DPBc
(g/dia)
PP
(g/dia)
DPBp
(g/dia)
Lis2
(mg/dia)
1
12
0,67
3,44
0,25
71
21
32
1,34
11,40
0,55
146
42
69
2,13
26,19
0,82
236
63
121
2,75
44,90
0,92
309
84
182
3,04
63,80
0,85
349
105
246
3,01
80,10
0,70
357
126
307
2,75
92,86
0,53
342
2Lis = [151,2 . (0,5590,73) . (PB/1000/0,559)+(0,01 . PP . 18)]+[(75 . DPBc / 0,80)+(18 . DPBp / 0,80)]. Onde, PB é o peso de proteína corporal, PP é o peso de proteína das penas; DPBc é a deposição de proteína no corpo depenado; DPBp é a deposição de proteína nas penas.
Na Tabela 4 são relacionadas as exigências de lisina digestível para aves de postura em diferentes fases de criação, estimadas com base no modelo de predição proposto. Observou-se que as exigências de lisina digestível obtidas pelo modelo de predição foram inferiores em relação as recomendações das Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos (Rostagno et al., 2005) nas fases inicial (1 a 42 dias) e cria (43 a 84 dias), entretanto foi superior na fase de recria (85 a 126 dias). Estas diferenças podem ser justificadas considerando os princípios inerentes aos diferentes métodos de determinação das exigências. As recomendações das Tabelas Brasileiras foram obtidas pelo método dose resposta, correspondentes às quantidades de lisina necessárias para otimizar as respostas de desempenho (ganho de peso ou conversão alimentar) em cada fase de criação, enquanto que no modelo as exigências foram estimadas à partir de dados de deposições de proteína no corpo depenado e nas penas.
Tabela 4. Exigências de lisina expressas em % para aves de postura em diferentes fases de criação, estimadas com base no modelo de predição e recomendadas pelas tabelas brasileiras
Fases, dias
Modelo de predição1
Tabelas Brasileiras2
Inicial (1 a 42)
0,718
0,876
Cria (43 a 84
0,610
0,621
Recria (85 a 126)
0,505
0,483
1As exigências para o modelo foram estimadas para cada dia, e para cada fase foi calculado pela média das exigências diárias estimadas. Para determinar as exigências em porcentagem da dieta, foi dividida a exigência de cada fase pelo respectivo consumo médio (Inicial= 21, cria=50 e recria=70 g/dia). 2recomendações das "Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos" (Rostagno et al., 2005).
Conclusões
O modelo de predição proposto foi capaz de expressar exigências de lisina digestível de acordo com o desenvolvimento fisiológico animal, contribuindo para a adequação das recomendações nutricionais para aves de postura na fase de crescimento.
Agradecimentos
À FAPESP pelo financiamento da pesquisa e ao CNPq pela bolsa concedida.
Bibliografia
Emmans GC. 1981. A model of the growth and feed intake of ad libtum fed animals, particulary poultry. Computers in Animal Production. Hillyer GM. ed. London: Animal production Occasional, p.103-110.
Emmans GC & Fisher C. 1986. Problems in nutrtional theory. Problems in nutritional theory. Nutrient Requirements of Poultry and Nutritional Research. Boorman KN & Fisher C. eds. London: Butterworths, p.9-39.
Emmans GC. 1989. The growth of turkey. Recent Advances in Turkey Science. Nixey CG ed. London: Butterwordths, p.135-166.
Gompertz B. 1825. On nature of the function expressive of the law of human mortality, and on a new mode of determining the value of life contingencies. Philosophical Transactions of the Royal Society 115:513-585.
Oviedo-Rondón EO, Murakami AE, Sakaguti, ES. 2002. Modelagem computacional para produção e pesquisa em avicultura. Revista Brasileira de Ciência Avícola, 4:199-207.
Rostagno HS, Albino LFT, Donzele JL, Gomes PC, Oliveira RFM, Lopes DC, Ferreira AS, Barreto SLT. 2005. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2.ed. Viçosa, MG: DZO, 102p.
Sakomura NK & Rostagno HS. 2007. Métodos de pesquisa em nutrição de monogástricos. Jaboticabal: Funep, 283p.
Siqueira JC. 2009. Estimativas das exigências de lisina de frangos de corte pelos métodos dose resposta e fatorial. (Tese)-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal-SP.
 
 
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Autores:
Nilva Kazue Sakomura
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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