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Imagens Termográficas Produção Frangos

Utilização de Imagens Termográficas na Produção de Frangos de Corte

Publicado: 19 de maio de 2010
Por: Irenilza de Alencar Nääs, Guilherme Rodrigues do Nascimento, Marta dos Santos Baracho, Daniella Jorge de Moura (FEAGRI-UNICAMP/Campinas, SP)
INTRODUÇÃO
O uso de imagens termográficas é uma técnica que pode ser usada para estimar a temperatura média superficial de uma área, através da medida de emissão de energia infravermelha dentro de um intervalo pré-determinado espectral. Um detector térmico converte a energia infravermelha para um sinal elétrico proporcional à temperatura da superfície (Tessier et al., 2003). Uma grande vantagem do método é o fato de que ele não exige um contato físico direto com a superfície monitorada, permitindo assim a leitura remota da distribuição da temperatura. São várias as aplicações desta técnica na avicultura comercial e, neste texto procura-se apontar algumas delas.
APLICAÇÕES EM INCUBAÇÃO
No processo de incubação dos ovos de aves domésticas, o desenvolvimento do embrião é influenciado principalmente pelo microambiente ao redor do ovo (Swann e Brake, 1990). A temperatura de incubação em torno do ovo é de fundamental importância para o desenvolvimento do embrião (Decuypere e Michels, 1992). Pequenos desvios de temperatura ótima de incubação (37,5 a 37,8C) irão conduzir a mudanças no período de incubação, porque a taxa metabólica do embrião está diretamente relacionada à temperatura, podendo afetar o percentual de eclosão (Van Brecht et al., 2004).
A temperatura superficial de ovos representa a temperatura do embrião durante o seu desenvolvimento na incubadora (Tazawa & Nakagawa, 1985). Variações da temperatura dos ovos associam-se a diferentes taxas de desenvolvimento embrionário, com reflexos na janela de nascimento, formação embrionária, qualidade dos pintos e desempenho pós-eclosão (Wilson, 1991). Temperaturas dos ovos superiores a 37,8ºC provocam redução da eclosão (French, 1997), alteram o peso de tecidos embrionários e de nascimento (Yalçin & Siegel, 2003), aceleram o desenvolvimento com má posição embrionária, umbigo mal cicatrizado, pouca plumagem, além de bicagem e nascimentos adiantados (Gustin, 2003).
Na tabela 1 estão representados os dados de temperatura superficial dos ovos nos seis quadrantes e nas três alturas diferentes, nas duas situações as médias apresentaram diferenças significativas (p<0,05), os ovos amostrados apresentaram temperatura superficial superior à recomendada aos 17 dias de incubação. Tal efeito, na situação de estágio múltiplo, significa que embriões em fase mais avançada de desenvolvimento, suprem a demanda por calor de embriões menos desenvolvidos. Uma vez que os embriões são sensíveis às temperaturas altas, os resultados da incubação podem ser afetados negativamente (Gustin, 2003, Yalçin & Siegel, 2003). Os ovos das bandejas posicionadas na altura A apresentaram temperaturas significativamente maiores em relação as alturas B e C, o que resulta em crescimento acelerado e qualidade de nascimento inferior (Gustin, 2003). O nascimento adiantado condiciona a desidratação e redução das reservas e implica em desempenho inferior pós-eclosão (Wilson, 1991).
Utilização de Imagens Termográficas na Produção de Frangos de Corte - Image 1
APLICAÇÃO NA PRODUÇÃO
Quantificar a temperatura superficial dos animais, e a relação com o ambiente térmico, é de primordial importância na biologia térmica. A diferença entre as temperaturas da superfície do animal e do ambiente térmico é a força motriz de transferência de calor sensível (convecção e radiação). O fluxo de calor ao ambiente é uma função da temperatura da superfície exposta (Prosser e Heath, 1991; Yahav et al., 2004).
A aplicação da técnica de utilização de imagens termográficas é um bom método para ajudar a estudar a termoregulação (Knizkova et al., 2007). Segundo Yahav et al. (2004) a quantificação mais precisa da temperatura superficial das aves é de fundamental importância para a estimativa do ambiente térmico de alojamento de frangos de corte. Para Cangar et al., (2008) Quanto mais precisa a estimativa de transferência de calor, melhor concepção de eficiência energética ao alojar frangos de corte
Essa pesquisa foi realizada no alojamento das aves em galpão convencional, onde foram captadas imagens termográficas das aves dos aos 42 dias de idade, nos períodos de manhã e tarde, utilizando uma câmera termográfica infravermelha Testo® 880. O processamento das imagens usando o software Testo IRSoft®, consistiu em extrair os valores de temperaturas superficiais das aves, nas seguintes partes do corpo, nas seguintes áreas: crista , orelha , barbela , perna , pé , dorso , asa , cauda e coxa.
No alojamento foram realizadas medidas superficiais de temperaturas das aves de 7 à 28 dias, para observar a variação da temperatura superficial semanalmente, nas aves a temperatura superficial foi dividida em partes coberta com penas (PCP) e não coberta com penas (PNCP). Foram tiradas também fotos termográficas da cama e da cortina lateral e a medida de temperatura do ar e umidade relativa com auxílio do termo higrômetro.
As análises estatísticas de correlação, componentes principais, análise de variância e teste de Tukey foram feitas com auxílio do software MINITAB®.
De acordo com a Figura 4, Houve um aumento do valor absoluto das médias das temperaturas superficiais das partes das aves, no período da tarde, resultado do acréscimo da temperatura do ambiente do alojamento. A análise estatística descritiva indicou que na parte da manhã, com as temperaturas mais amenas houve a prevalência da homogeneidade das temperaturas superficiais das áreas sem cobertura de penas. Já não período da tarde houve maior dispersão dos valores de temperaturas superficiais, sendo isto um indicativo da prevalência da perda de calor latente.
Utilização de Imagens Termográficas na Produção de Frangos de Corte - Image 2
Figura 4. Comparação das temperaturas superficiais de frango de corte entre a manhã e a tarde.
Utilização de Imagens Termográficas na Produção de Frangos de Corte - Image 3
Utilização de Imagens Termográficas na Produção de Frangos de Corte - Image 4
 
O gráfico de Componentes Principais (FIGURA 5), para o período da manhã, mostra que não estão fortemente correlacionadas as temperaturas superficiais das várias partes da ave, com a temperatura ambiental ou a umidade relativa do alojamento. Já no período da tarde (FIGURA 6), houve uma associação positiva entre os valores das temperaturas superficiais da perna e da coxa com a umidade relativa (76,6%).
Na tabela 2 está representada a variação das temperaturas superficiais e do ambiente durante quatro semanas no galpão convencional de ventilação por pressão negativa. A temperatura superficial das aves, foi dividida em parte coberta por penas (PCP) e as parte não coberta por penas (PNCP), observa-se que a PCP variou significativamente (p<0,05), o mesmo observado nas temperaturas superficiais da cama de frango e da cortina lateral. No entanto a PNCP das aves não variou significativamente (p>0,05), fato esse que pode ser explicado pela temperatura ambiente que teve o mesmo comportamento, não variando significativamente durante as quatro semanas.
Tabela 2. Médias das temperaturas superficiais das aves (PCP e PNCP), da cama e da cortina lateral e da temperatura (Ta) e umidade relativa do ar (UR) no galpão convencional durante quatro semanas.
Utilização de Imagens Termográficas na Produção de Frangos de Corte - Image 5
Utilização de Imagens Termográficas na Produção de Frangos de Corte - Image 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Os resultados da temperatura superficial dos ovos na incubadora indicaram uma distribuição desuniforme nos quadrantes nas diferentes alturas, que indicou inadequação do ambiente de incubação. Indicando que a aplicação da técnica é recomendada para observar os pontos críticos no processo de incubação.
O uso da tecnologia de processamento de imagens termográficas infravermelho permite conhecer, de maneira direta e com acuracidade, a distribuição da temperatura superficial, seja no ambiente ou nas aves. As imagens processadas indicaram que, as partes sem penas apresentaram maior temperatura devido à maior vascularização na presença de ambiente quente e que representam maior potencial de perda de calor sensível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANGAR, Ö.; AERTS, J. M.; BUYSE, J.; BERCKMANS, D. Spatial distribution of surface temperatures and heat loss in broiler chickens. In: Livestock Environment VIII, 2008, Iguassu Falls, Brazil. ASABE. 8p;
DECUYPERE, E. & MICHELS, H. Incubation temperature as a management tool: A review. Worlds Poultry Science Journal 1992, 48:28-38;
FREEMAN, B. M. Physiological responses of the adult fowl to environmental temperature. In:WPSA meeting of the U.K. Branch, International Poultry Show. Proceedings... London, 1965;
FRENCH, N. A. Modeling incubation temperature: The effects of incubator design, embryonic development, and egg size. Poultry Science, v. 76, p.124-133, 1997
GUSTIN P. C. In: Macari M, Gonzales E. 2003;
KNIZKOVA, I.; KUNC, P.; GURDIL, G. A. K.; PINAR, Y.; SELVI, K. C. Applications of infrared thermography in animal production. Journal of Fac. of Agric., OMU, 2007, 22(3): 329-336;
PROSSER, C. L. & HEATH, J. D. Environmental and metabolic animal physiology. Wiley-Liss press New-York, 1991;
SWANN G. S. & BRAKE, J. Effect of incubation dry-bulb and wet-bulb temperatures on time of hatch and chick weight at hatch. Poultry Science 1990, 69:887-897;
TAZAWA, H. & NAKAGAWA, S. Journal of Comparative Physiology 1985; 155(B): 195-200;
VAN BRECHT, A.; HENS, H.; LEMAIRE, J. L.; AERTS, J. M.; DEGRAEVE, P.; BERCKMANS, D. Quantification of the heat exchange of chicken eggs. Poultry Science, 2004.
WILSON H. R. In: Tullet SG. Avian Incubation. p. 145-156, 1991;
YAHAV, S.; STRASCHNOW, A.; LUGER, D.; SHINDER, D.; TANNY, J.; COHEN, S. Ventilation, sensible heat loss, broiler energy, and water balance under harsh environmental conditions. 2004 Poultry Science, v. 83, p.253-258, 2004;
YALÇIN, S. & SIEGEL, P.B. Exposure to cold or heat during incubation on developmental stability of broiler embryos. Poultry Science, v. 82, p.1388-1392, 2003;
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Autores:
Irenilza Alencar Naas
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
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Marcelo de Souza Lima
22 de mayo de 2010
Artigo muito interessante, que possibilita o entendimento de duas variáveis muito importantes para a obtenção da tempertatura de conforto para as aves, as variáveis temperatura e umidade relativa. Além de médico veterinário sou avicultor e a maior dificuldade que encontro para interagir com os controladores de ambiente é o, por parte dos técnicos das integrações e dos granjeiros na ativa, do que é calor latente e sensível, portanto, como vou programar os equipamentos para que a ave possa ter o tão sonhado conforto térmico. Além disso, não conseguem mensurar essas variáveis no ambiente fora do galpão, uma vez que esse ar de fora será introduzido dentro do galpãp para roubar calor das aves e do ambiente, dificultando o resultado final. Acredito que trabalhos como esse vem de encontro com a necessidade de entendimento de temperatura na ave,possibilitando a tomada de decisão do que fazer com o equipamento durante o eríodo da manhã e a tarde. Parabéns a equipe.
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