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Enzimas na Nutrição Animal

Publicado: 22 de abril de 2013
Por: Francisco Fireman, Gerente Técnico Comercial - região SE, NO, NE, Safeeds Nutrição Animal.
Introdução
As indústrias suinícola e avícola têm sofrido nos últimos anos um incremento no custo de suas rações, principalmente pelo aumento do preço da soja e do milho. Em busca de amenizar este aumento de custos, hoje é notório o uso frequente de enzimas nas rações animais.
O uso das enzimas exógenas proporciona melhora na digestão dos alimentos e o aumento na absorção dos nutrientes e energia. Além do benefício da redução do custo da ração, a melhora do desempenho produtivo dos animais, quando o nutricionista utiliza enzimas, trará inevitavelmente para indústria uma redução no custo do quilo de proteína produzida. Ao utilizar enzimas, a indústria pode buscar ingredientes alternativos, trabalhando com uma maior flexibilidade na formulação. Outro ponto a considerar para o uso de enzimas exógenas é que o valor nutricional dos ingredientes e o preço dos mesmos não são constantes e, a capacidade de digerir alimentos varia com a idade e entre indivíduos da mesma idade. Então, ao usar enzimas exógenas o nutricionista contribui para maior uniformidade dos lotes. 
Como funcionam as enzimas? 
As enzimas são proteínas globulares de estrutura terciária ou quaternária que agem como catalizadores biológicos, acelerando o processo de uma reação, sob condições favoráveis de temperatura, pH e umidade. Sendo assim, as enzimas exógenas atuam, ou auxiliando as enzimas endógenas, reduzindo o tempo para que ocorra a digestão, ou por minimizar a ação de fatores antinutricionais (exemplo: inibidores de proteases, fitato) presentes em alguns ingredientes ou ainda, por catalizarem reações para as quais o organismo não produz enzimas endógenas para este fim (exemplo: Celulase). Desta forma, tornam-se os nutrientes e a energia mais disponíveis para que sejam absorvidos pelo animal melhorando seu desempenho. Com isto, a indústria pode passar a usar ingredientes alternativos, aproveitando safras, preços e mercado favorável.
As enzimas, por serem proteínas globulares, apresentam um sítio ativo onde o substrato se acopla, formando um complexo enzima-substrato. Desta forma, ocorre a reação de degradação do substrato liberando a enzima, para continuar a reagir com outro substrato, e gerando o produto da reação. As enzimas têm especificidade por determinado substrato para catalisar uma determinada reação química. Este processo pode ser observado no diagrama a seguir.
Enzimas na Nutrição Animal - Image 1

Quais as enzimas comerciais encontradas no mercado?
Com o aumento da tecnologia, tornou-se possível o uso de enzimas comerciais com um custo acessível. Estas enzimas são provenientes, geralmente, de bactérias, de fungos ou de leveduras.
Encontram-se no mercado enzimas com diferentes características cuja escolha pelo nutricionista dependerá conforme processo de produção de rações utilizado pela indústria e do objetivo da utilização da enzima. Estas características podem ser:  
  • Forma de apresentação – Podem ser encontradas enzimas na forma líquida, em pó ou granulada. As enzimas em forma de pó ou granuladas são adicionadas no misturador e aquelas em forma líquida são aspergidas sobre a ração pronta.  
  • Resistência à temperatura – Encontram-se no mercado enzimas que não são resistentes ao processo de peletização ou extrusão e outras que apresentam resistência a estes processos. Das que são resistentes ao processo de peletização e/ou extrusão encontram-se enzimas que são encapsuladas e as que são naturalmente resistentes à desnaturação por temperatura. Geralmente, as enzimas que são naturalmente resistentes a elevadas temperaturas sem serem encapsuladas são provenientes de bactérias.  
  • Tipo de enzima – De acordo com o objetivo, pode-se adquirir um coquetel de enzimas ou enzimas separadas para cada substrato específico. O fato de cada enzima liberar uma classe específica de nutrientes faz com que seja possível construir uma matriz nutricional levando em conta a disponibilidade destes nutrientes para absorção. Cada coquetel tem uma única atividade relativa para sua mistura sinérgica de enzimas e geralmente o fornecedor informa ao nutricionista os valores esperados de liberação de nutrientes que serão usados na matriz nutricional atribuída à enzima, no programa de formulação. O nutricionista ao usar uma enzima em separado pode optar em usar toda a matriz nutricional ou apenas as informações referentes ou substrato específico que a enzima irá atuar. Quando se tem o interesse em incluir mais de um tipo de enzima em uma mesma ração deve ser observado que alguns valores em suas matrizes nutricionais não devem ser totalmente somados, como por exemplo, a energia metabolizável atribuída a cada uma das enzimas.
As enzimas utilizadas na nutrição animal podem ser classificadas de acordo com o tipo de substrato que a mesma irá atuar. Portanto, podem ser classificadas em Carboidrases, Proteases, Fitases e Lipases.
Carboidrases
As Carboidrases catalisam reações de degradação dos carboidratos que estão intimamente ligados ao valor nutricional dos grãos, o qual é limitado pelo teor de polissacarídeos não amiláceos insolúveis (celulose) e polissacarídeos não amiláceos solúveis (β–glicanos, xilanas e arabinoxilanas). Os polissacarídeos não amiláceos (PNA) estão muitas vezes associados à lignina, formando o conhecido “complexo total dietético de fibra”. Os suínos e aves não apresentam enzimas endógenas apropriadas para degradar este complexo, portanto, níveis elevados de PNA aumentam a viscosidade do quimo, dificultando a digestão e absorção de proteínas, lipídeos e vitaminas lipossolúveis.
O uso de Carbroidases possibilita utilizar alimentos alternativos que apresentam grande quantidade de PNA, os quais podem ser mais baratos em determinada época do ano como o trigo, cevada, centeio, aveia e triticale. Dentro da família das enzimas caboidrases podemos encontrar Celulases, Xilanases, β-glucanases, Pectinase, Amilase e Galactosidase.
Proteases
As proteases potencializam o uso de proteínas pobremente disponíveis, reduzem o efeito deletério dos fatores anti-tripisínicos presentes nos alimentos e reduzem a ação alergênica de algumas proteínas. Historicamente a proteína é um dos ingredientes mais caros da ração e nos últimos anos este custo vem se tornando ainda mais elevado com o aumento do custo do farelo de soja. Portanto, é crucial a melhora do aproveitamento desta fonte de proteína pelo animal. Quando este aproveitamento é baixo, pode promover o crescimento de bactérias indesejáveis, por exemplo, Clostrídium sp. Com isso, a inclusão de protease exógena na dieta pode melhorar a digestibilidade da proteína, complementando a ação das enzimas endógenas, através da hidrolise de certos tipos de proteínas que não são normalmente degradados pelo animal.  
Fitases
Cerca de 2/3 ou mais do fósforo contidos nos grãos de cereais e seus sub-produtos são indisponíveis. A indisponibilidade deve-se à quantidade de fósforo que está preso à molécula de ácido fítico, ou ácido mio-inositol hexafosfórico, ou simplesmente fitato. O fitato além de tonar indisponível o fósforo, quelata cátions bivalentes (Ca, Fe, Mg, Zn, Mn etc.). Portanto, a Fitase disponibiliza não apenas o fósforo, como também outros minerais. 
Lipase 
A lipase tem o objetivo de degradar os lipídeos. No entanto, a lipase exógena degrada diferentemente da lipase endógena. A lipase endógena degrada o triacilglicerol em dois ácidos graxos e um monoacilglicerídeo, e o produto da reação da lipase exógena é a formação de três ácidos graxos e um glicerol.
Conclusão 
A tecnologia que trouxe o uso de enzimas exógenas para nutrição animal marcou uma nova era na forma de fazer nutrição. Usar enzimas nas formulações de dietas tornou-se uma ferramenta indispensável a qualquer nutricionista de animais não ruminantes. A escolha de uma enzima exógena dependerá do processo de produção da fábrica de ração, do alimento a ser utilizado nesta ração e o objetivo do nutricionista. O uso de enzimas exógenas traz flexibilidade à escolha dos ingredientes, podendo-se incluir ingredientes alternativos em maior quantidade na ração do que o usual. Sem embargo, deve ser observada com muito critério pelo nutricionista a qualidade das enzimas a serem usadas, desde o ponto de vista de tecnologia da produção para garantia de resultados.
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Autores:
Francisco Fireman
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