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Desempenho Frangos Mineral Fitase

Desempenho de frangos de corte e disponibilidade mineral com o uso de uma nova fitase

Publicado: 20 de outubro de 2011
Por: A Favero1, Sérgio Vieira 1, R Barros1, E Allix1, F Bess1, JOB Sorbara2 - 1Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Departamento de Zootecnia, Porto Alegre, RS, Brasil; 2DSM Nutritional Products, Sao Paulo, SP, Brasil.
Sumário

As diferenças entre as fitases disponíveis no mercado se relacionam com as quantidades de enzimas necessárias para a liberação de cálcio e fósforo, a estabilidade térmica endógena ou exógena, e sua eficácia em diferentes pH’s gastrointestinais. Existem também diferenças entre os seus organismos de origem, bem como se foram geneticamente modificadas ou não. Este estudo avaliou o desempenho zootécnico, as características ósseas, bem como a utilização de cálcio e fósforo utilizando uma nova fitase adicionada à ração de frangos de corte com os seguintes tratamentos: T1 - 0,17 fósforo disponível (Pd), T2 – Pd 0,23, T3 - Pd 0,29, T4 -0,35 Pd, T5 - 0,17 Pd + 500 FYT, T6 - 0,17 Pd + 1000 FYT e T7 - 0,17 Pd + 2000 FYT de fitase. Foram feitas avaliações sobre o consumo de ração, conversão alimentar e ganho de peso corporal, bem como de cinzas nas tíbias, cálcio e fósforo, digestibilidade de minerais e mortalidade. Frangos que receberam fitase na dieta foram estatisticamente superiores para os parâmetros avaliados em comparação à frangos, sem a enzima. Melhorias no desempenho foram obtidas com aumentos da quantidade de fitase na dieta. Os resultados sugerem que o uso desta enzima pode fornecer uma estratégia competitiva para melhorar a utilização dos nutrientes em dietas à base de milho e soja para frangos de corte. Os valores de Pd fornecidos pela fitase foram feitos utilizando uma equação linear entre as respostas dos animais com a redução gradual de Pd. Para cada dose de fitase utilizada, a resposta foi plotada contra respostas similares obtidas quando o fosfato bicálcico foi adicionado de forma equivalente. Estes valores são de 0,053, 0,140 e 0,196 para 500, 1000 e 2000 FYT, respectivamente.
Palavras Chave: Desempenho, Minerais na tíbia, Digestibilidade.

Introdução
A maior parte da dieta das aves é composta por ingredientes de origem vegetal, nos quais a maior parte do fósforo (P) e grande parte do cálcio (Ca), e de outros minerais com carga positiva, está insolubilizada na forma de fitato (Maenz, 2001). Esta molécula é considerada um fator antinutricional para monogástricos, possuindo em sua estrutura grupos ortofosfatos altamente ionizáveis, os quais afetam a disponibilidade de cátions como o cálcio, zinco, cobre, magnésio e ferro no trato gastrointestinal, o que resulta na formação de complexos insolúveis (Sohail & Roland, 1999). O ácido fítico não é adequadamente digerido por animais monogástricos, pois estes animais não possuem aparato enzimático para isso ou o tem em quantidade insuficiente (Zhou et al., 2008). A baixa digestibilidade de P fítico além de aumentar os custos de produção aumenta também a excreção de P no ambiente. O uso de enzimas que aproveitam o P fítico presente nos cereais é uma das alternativas mais utilizadas em nutrição animal. As fitases hidrolisam o P do fitato liberando o P inorgânico e são encontradas na natureza nas sementes de plantas e em bactérias, fungos e leveduras (Casey & Walsh, 2004). Além da melhora na resposta zootécnica animal e dimunição da inclusão do P inorgânico, uma das razões do crescimento no mercado de fitases comerciais está a legislação associada à poluição ambiental, onde seu uso como aditivo para a alimentação animal é obrigatório na Europa, Sudeste Asiático, Coréia do Sul, Japão e Taiwan (Maiorka & Favero, 2009). Muitos fatores que influenciam a resposta animal têm sido encontrados frente a diferentes tipos de fitases no mercado, incluindo as propriedades moleculares das mesmas. Tem sido constatado que algumas fitases possuem limitações para se manterem estáveis em ambiente gástrico comparado a nova geração de fitases bacterianas (Ravindran et al., 2008). Uma das formas de avaliar a biodisponibilização de fósforo pela enzima fitase é através do desempenho animal frente a dietas com menores inclusões de P na dieta. O objetivo desse trabalho foi avaliar o consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA), mortalidade de frangos de corte recebendo dietas deficientes em fósforo e suplementadas com doses crescentes de uma nova fitase de origem bacteriana expressa em Aspergillus oryzae (Ronozyme HiPhos, DSM Nutritional Products).
Materiais & Metódos
Quatrocentos e vinte frangos de corte machos de 1 dia de idade da linhagem Cobb 500 foram alojados em baterias metálicas sob temperatura controlada. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 7 tratamentos de 6 repetições com 10 aves cada (Tabela 1). As dietas experimentais foram formuladas a base de milho e farelo de soja para o período experimental de 1 a 24 dias de idade. Previamente às formulações, os ingredientes foram analisados para determinar o teor de Ca e P dos mesmos. Em todas as dietas experimentais, amostras foram coletadas para determinação do teor de PB, Ca e P, assim como, para a recuperação da fitase adicionada. O desempenho animal foi avaliado semanalmente e a CA foi corrigida pelo peso das aves mortas. A mortalidade (MORT) foi monitorada periodicamente e classificadas conforme sua provável causa. Ao final do período experimental foram procedidas a coleta total de excretas dos 21-24 dias, ao término do 24° dia, três aves por repetição foram sacrificadas para coleta da tíbia direita, as mesmas foram limpas, desengorduradas e determinado o teor de cinzas Ca e P. O PROC GLM e PROC REG do SAS (2001) foram utilizados para a análise de dados, o teste de Tukey foi utilizado para a comparação entre as médias.
Tabela 1. Perfil dos tratamentos experimentais
Tratamento
P Disponível
P total
Analisado
Fitase, FYT/kg
Recuperação Fitase FYT/kg
T1
0,17
0,45
-
-
T2
0,23
0,48
-
-
T3
0,29
0,56
-
-
T4
0,35
0,63
-
-
T5
0,17
0,43
500
497
T6
0,17
0,42
1000
1296
T7
0,17
0,46
2000
1917
Resultados & Discussão
Conforme apresentado na Tabela 2, a redução dos níveis de fósforo disponível (Pd) nas dietas evidenciou uma situação de deficiência mineral pela queda no desempenho animal e aumento significativo da mortalidade devido, principalmente a problemas locomotores. A suplementação com doses crescentes de fitase em dietas com 0,17 de Pd melhoraram o GP e a CA das aves e diminuíram significativamente a mortalidade, resultados também observados por Scheideler & Ferket (2000), que relataram que a houve queda na incidência de discondrodiplasia tibial em dietas com baixo nível de Pd suplementados com fitase.
Tabela 2. Desempenho zootécnico com mortalidade devido a problemas locomotores acumulados (Mort.) de 1 a 21 dias de idade
Tratamento
CR, g
GP, g
CA
Mort., %
T1 - 0.17 Pd
471d
305d
1.541c
72.50b
T2 - 0.23 Pd
732c
504c
1.456bc
13.33a
T3 - 0.29 Pd
1,141ab
832ab
1.371ab
1.66a
T4 - 0.35 Pd
1,168a
891a
1.312a
0.00a
T5 - 0.17 Pd + 500 FYT
801bc
553bc
1.446bc
14.00a
T6 - 0.17 Pd + 1000 FYT
968b
717b
1.348ab
6.66a
T7 - 0.17 Pd + 2000 FYT
1,131ab
862a
1.304a
2.00a
Média
945
691
1.391
14.19
CV, %
8.17
7.65
3.40
24.60
Probabilidade
<0.0001
<0.0001
<0.0001
<0.0001
Os resultados da Tabela 2 quando analisados por curva de regressão nos mostram que há uma equivalência estatística pelos dados de desempenho o que podemos estimar que as inclusões de 500, 1000 e 2000 FYT liberaram aproximadamente: 0,053, 0,14 e 0,196 de Pd em média para GP, CA e Cinzas nas tíbias, respectivamente. O efeito da enzima sobre a deposição de cinzas, cálcio e fósforo nas tíbias pode ser visto na Tabela 3. O percentual demonstrado na tabela não leva em consideração o peso dos ossos, o valor percentual encontrado para T1 é superior aos demais, entretanto, o peso dos ossos deste tratamento foi inferior aos demais. As concentrações de 1000 e 2000 FYT foram estatisticamente iguais ao controle positivo (T4) comprovando que há aumento na deposição dos minerais analisados na tíbia em dietas deficientes de fósforo suplementados com fitase. Conforme os resultados obtidos, podemos observar maior deposição de cinzas, cálcio e fósforo nas tíbias em dietas suplementadas com fitase nos níveis de 500, 1000 e 2000 FYT quando comparados aos tratamentos controle, coincidindo com os dados encontrados por Han et al. (2009). Foi realizado o cálculo de digestibilidade (Tabela 4) através do cálculo: (conteúdo do mineral consumido - o conteúdo do mineral na excreta das aves)/conteúdo do mineral consumido x 100). Dietas com baixas inclusões de fósforo suplementadas com fitase apresentaram melhora na digestibilidade de fósforo nos níveis de 1000 e 2000 FYT,concordando com os dados encontrados por Santos et al. (2008). A digestibilidade do P melhora com baixas inclusões de Pd suplementados com fitase comprovando a hidrólise do P ligado ao ácido fítico (Zhou et al., 2008; Santos et al., 2008). Os programas que utilizam o menor custo para formular, na maioria das vezes, não estão preparados e ajustados ao mecanismo de os benefícios aumentarem de forma linear e a dose na forma logarítmica (Maiorka, 2009), como observado nesse trabalho. As equações de regressão em resposta a inclusão da fitase estão apresentadas na Tabela 5.
Tabela 3. Efeito dos tratamentos sobre as concentrações de cinzas, cálcio (Ca) e fósforo (P) nas tíbias de frangos aos 24 dias de idade
Tratamentos
Cinzas, %
Ca, %
P, %
T1 - 0.17 Pd
41.17bc
16.56b
8.41a
T2 - 0.23 Pd
41.33bc
16.38bc
7.71bc
T3 - 0.29 Pd
42.66bc
15.18c
7.67c
T4 - 0.35 Pd
44.81a
16.70ab
8.58a
T5 - 0.17 Pd + 500 FYT
41.12c
15.36 b
7.82bc
T6 - 0.17 Pd + 1000 FYT
43.92ab
17.58a
8.27ab
T7 - 0.17 Pd + 2000 FYT
45.80a
17.33a
8.31a
Média
43.26
16.37
8.09
CV, %
4.95
8.36
6.88
Probabilidade
<.0001
<.0001
<.0001
Tabela 4. Efeito dos tratamentos na digestibilidade da matéria-seca (MS), cálcio (Ca) e fósforo (P) de 21 a 24 dias de idade
Tratamentos
MS, %
Ca, %
P, %
T1 - 0.17 Pd
68,28c
43,62
49,57c
T2 - 0.23 Pd
68,57bc
45,8
52,00c
T3 - 0.29 Pd
72,60ab
46,06
49,33c
T4 - 0.35 Pd
71,28abc
41,72
49,65c
T5 - 0.17 Pd + 500 FYT
70,18abc
44,62
57,97bc
T6 - 0.17 Pd + 1000 FYT
71,38abc
47,23
59,57ab
T7 - 0.17 Pd + 2000 FYT
73,20a
47,29
69,96a
Média
70,90
45,77
56,74
CV, %
3,01
13,8
13,59
Probabilidade
0,0029
0,7123
0,0002
Tabela 5. Equações de regressão em resposta a inclusão de fitase na dieta de 1 a 21 dias de idade
Resp.
Equação
Prob.
r2
GP
Y = -7474,8x² + 6953,8x - 658,09
<,0001
0,9331
CA
Y = 4,3821x² - 3,6471x + 2,0389
<,0001
0,7982
CR
Y = -0,7314x2 + 51,935x + 377,54
<,0001
0,8511
Mort.
Y = 3963x² - 2429,3x + 368,64
<,0001
0,8430
Digest. P
Y = 190,96x2 + 4,2118x +44,387
<,0001
0,6803
Digest. MS
Y = 5,248x2 + 29,277x +63,531
0,0029
0,3758
Cinzas Tíbias
Y = 111,81x2 + 29,105x +42,458
<,0001
0,4384
Cálcio Tíbias
Y = 19,979x2 - 1,0733x +15,361
0,0455
0,1490
Fósf. Tíbias
Y = 0,0005x2 - 0,00073x +8,0972
<,0001
0,0281
Conclusões
A utilização da nova fitase apresentou benefícios em todas as dosagens e diferentes respostas conforme sua inclusão. A equivalência das doses, considerando os parâmetros de GP, CA e cinzas na tíbia foi de 0.053 Pd para 500 FYT; 0.140 para 1000 FYT y 0.196 para 2000 FYT.
Bibliografia
Casey A & Walsh G. 2004. Identification and characterization of a phytase of potential commercial interest, Journal of Biotechnology 110:313-322.
Han JC, Yang XD, Qu HX, Xu M, Zhang T, Li WL, Yao JH, Liu YR, Shi BJ, Zhou ZF, Feng XY. 2009. Evaluation of equivalency values of microbial phytase to inorganic phosphorus in 22- to 42-day-old broilers. Journal of Applied Poultry Research 18:707-715.
Maenz DD. 2001. Enzymatic characteristics of phytases as they relate to their use in animals feeds. pp 61-84. In: Bedford MR & Partridge GG (Eds) Enzymes in farm animal nutrition. Wallingford: Cab Publishing.
Maiorka A & Favero A. 2009. Avaliando o uso de enzimas NSP e fitases visando a melhora de desempenho e custos de dietas de aves e suínos. In: CBNA, Campinas. CBNA.
Ravindran V, Cowieson AJ, Selle PH. 2008. Influence of Dietary Electrolyte Balance and Microbial Phytase on Growth Performance, Nutrient Utilization, and Excreta Quality of Broiler Chickens. Poultry Science 87:677-688.
Santos FR, Hruby M, Pierson EEM, Remus JC, Sakomura NK. 2008. Effect of Phytase Supplementation in Diets on Nutrient Digestibility and Performance in Broiler Chicks. Journal of Applied Poultry Research 17:191-201.
Scheideler SE & Ferket PR. 2000. Phytase in Broiler Rations - Effects on Carcass Yields and Incidence of Tribal Dyschonlasia. Journal of Applied Poultry Research 9:468-475.
Sohail SS & Roland DA. 1999. Influence al supplemental phytase on performance of broilers four to six of age. Poultry Science 78:550-555.
Zhou JP, Yang ZB, Yang WR, Wang XY, Jiang SZ, Zhang GG. 2008. Effects of a New Recombinant Phytase on the Performance and Mineral Utilization of Broilers Fed Phosphorus-Deficient Diets. Journal of Applied Poultry Research 17:331-339.
 
 
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Autores:
Sérgio Vieira
Universidad Federal Do Rio Grande do Sul UFRGS
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