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Desconforto Térmico Clima Aves

Diagnóstico Bioclimático para a Mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul

Publicado: 15 de fevereiro de 2012
Por: Valéria Maria Nascimento Abreu; Paulo Giovanni de Abreu
Introdução
No Brasil por razões econômicas de curto prazo ou mesmo por desconhecimento, pouca importância se tem dado às fases de planejamento e concepção arquitetônica, compatíveis com a realidade climática da região, em conseqüência, as edificações são predominantemente quentes no verão e frias no inverno, gerando condições de desconforto térmico quase permanente às aves, com prejuízo considerável da produção. As variáveis do clima ditam os níveis necessários de controle artificial no sistema de manejo e, conseqüentemente, no custo econômico do manejo microambiental. Temperaturas ambientais muito elevadas, associadas à altos valores de umidade relativa do ar, causam redução na performance produtiva, mas os distanciamentos da temperatura ambiente dos valores próximos à região termoneutra dos animais, perturbam o mecanismo termodinâmico que as aves possuem para se protegerem de extremos climáticos, levando ao desperdício de energia. Diante do exposto, foi realizado o diagnóstico bioclimático para a produção de aves no Sudoeste de Mato Grosso do Sul, como orientação aos avicultores na implantação de sistemas de controle ambiental.
O diagnóstico
De acordo com o Censo Agropecuário 1995 - 1996 (IBGE, 1998), o Estado de Mato Grosso do Sul contava com um efetivo de 10.971.000 aves, dos quais 6.281.000, ou seja 57,25% na mesorregião Sudoeste do Estado (Tabela 1). E ainda, segundo o IBGE a mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul é constituída de três microrregiões, a saber: Bodoquena, Dourados e Iguatemi. Foram selecionadas apenas duas estações agrometeorológicas, uma em cada microrregião. A microrregião de Bodoquena não tem estação em nenhum município não podendo ser caracterizada. O diagnóstico bioclimático foi realizado com os dados climáticos obtidos nas Normais climatológicas, de 1961 a 1990 (Brasil, 1992), das seguintes estações:
• Dourados: estação existente no município de Dourados, correspondendo à microrregião de Dourados;
• Ivinhema: estação existente no município de Ivinhema, correspondendo à microrregião de Iguatemi.
Para o diagnóstico foram utilizadas as seguintes variáveis:
Média da Temperatura do Ar Máxima - tmax;
Média da Temperatura do Ar Mínima - tmin,
Média da Temperatura do Ar Compensada - tmed;
Umidade Média Relativa do Ar (UR).
Diagnóstico Bioclimático para a Mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul - Image 1
Esses valores foram utilizados para comparar as condições de conforto térmico ideais para aves, em função da idade (Tabela 2).
Diagnóstico Bioclimático para a Mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul - Image 2
Para comparar as exigências das aves com os valores climáticos das microrregiões, foi adotada a seguinte simbologia:
I - inferiores aos exigidos pelas aves;
C - confortáveis aos exigidos pelas aves; e
S - superiores aos exigidos pelas aves.
A Tabela 3 apresenta os valores de umidade relativa para os municípios de Dourados e Ivinhema. Comparando esses valores com os exigidos para as aves, os municípios em estudo são propícios para a utilização do resfriamento evaporativo do ar. Em seguida, será apresentado o diagnóstico detalhado para as mesorregiões estudadas:
Microrregião Dourados
A resultante da comparação entre os dados climáticos mensais para a microrregião, comparado com as exigências das aves, está representada na Tabela 4. 
Considerando os valores de Tmed diários para Dourados, há necessidade de se providenciar sistema de aquecimento para criação de aves até a 3a semana de vida das aves o ano todo. Na 4a semana, há necessidade de aquecimento entre os meses de abril a agosto e a partir da 5a semana entre os meses de maio a agosto. Durante o período da tarde, caracterizado pela Tmx, há necessidade de aquecimento somente na primeira semana o ano todo. Na 2a semana, o aquecimento do ambiente se faz necessário entre os meses de maio a setembro e na 3a semana entre os meses de maio a julho. Na 4a semana entre os meses de maio a julho, o ambiente se apresenta confortável. A partir da 5a, o produtor deve providenciar sistema de resfriamento do ambiente o ano todo, no período diurno. Durante o período noturno, caracterizado pela Tmn, há necessidade de aquecimento até a 4a semana o ano inteiro e a partir da 5a semana entre os meses de junho a novembro.
Diagnóstico Bioclimático para a Mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul - Image 3
Diagnóstico Bioclimático para a Mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul - Image 4
Microrregião Iguatemi
A resultante da comparação entre os dados climáticos mensais para a microrregião comparado com as exigências das aves, está representada na Tabela 5. 
Considerando os valores de Tmed diários para Ivinhema, há necessidade de se providenciar sistema de aquecimento para criação de aves até a 3a semana de vida das aves o ano todo. Na 4a semana, há necessidade de aquecimento entre os meses de abril a outubro e a partir da 5a semana somente nos meses de junho e julho. Durante o período da tarde, caracterizado pela Tmx, há necessidade de aquecimento somente na primeira semana o ano todo, exceto para o mês de fevereiro. Na 2a semana, o aquecimento do ambiente se faz necessário no mês de março e entre os meses de junho a outubro. Na 3a semana, o aquecimento se faz necessário somente no mês de junho. A partir da 4a o produtor deve providenciar sistema de resfriamento do ambiente quase o ano todo, no período diurno. Durante o período noturno, caracterizado pela Tmn, há necessidade de aquecimento até a 4a semana o ano inteiro e a partir da 5a semana entre os meses de março a novembro.
Diagnóstico Bioclimático para a Mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul - Image 5
Conclusão
O diagnóstico bioclimático mostrou a necessidade de correção do bioclima, em todas as microrregiões estudadas, para se obter condições ideais de conforto térmico para a produção de aves. 
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria de Irrigação. Departamento Nacional de Meteorologia. Normais climatológicas: 1961-1990. Brasília, 1992. 84p.
IBGE. Censo agropecuário 1995 - 1996. Rio de Janeiro, 1998. 336p.
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Autores:
Valeria Abreu
Embrapa Suínos e Aves
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Paulo Giovanni De Abreu
Embrapa Suínos e Aves
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