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Conversão Bioeconômica Energética: nova opção de índice para avaliar o desempenho bioeconômico

Publicado: 28 de janeiro de 2014
Por: Manoel Garcia Neto, Max José de Araujo Faria Junior e Marcos Franke Pinto, Professores Adjuntos do Depto. de Apoio, Produção e Saúde Animal, Universidade Estadual Paulista -UNESP-, SP; Marcel Alessandro de Almeida, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, UNESP, SP; Carla Rodriguez Paes, Graduanda do Curso de Medicina Veterinária da UNESP, SP. Bolsista de Iniciação Científica da FAPESP, e Danilo Gualberto de Sandre, Graduando do Curso de Med. Veterinária, Faculdade de Ciências Agrárias, SP.
Sumário

Foi avaliada a planilha PPFR de formulação não linear (http://www.fmva.unesp.br/ppfr) que determinou a densidade ideal de nutrientes e a lucratividade, segundo o sexo. Assim, dois experimentos foram conduzidos com 480 pintos, aleatoriamente distribuídos em 48 boxes (10 aves/box e 4 repetições/tratamento). A partir do preço histórico médio do frango (2009 e 2010), aumentado ou diminuído em 25% ou 50%, originou-se cinco tratamentos pela formulação não linear e apenas um para a linear. O desempenho foi avaliado aos 21, 42 e 56 dias de idade. A Conversão Bioeconômica Energética [BEC= (Ingestão total Energética × Custo ponderado kg ração)/(Ganho de peso×Custo kg frango vivo)] mostrou-se mais sensível para aferir o desempenho bioeconônico para frangos de corte e, principalmente, com melhor magnitude. Isso permitiu uma melhor avaliação da lucratividade, segundo a taxa de crescimento energético e não apenas do consumo, da criação de frangos de corte, ao incorporar o consumo energético, permitindo mais sensibilidade ao novo índice (BEC). O BEC, também indicou que o princípio da formulação não linear minimiza as perdas de forma significativa (P<0,05), especialmente em condições desfavoráveis de preço do frango no mercado. O princípio não linear é uma ferramenta para oferecer novas oportunidades para a produção de aves e melhorias de rentabilidade.

Palavras–chave: densidade energética, lucro, modelos matemáticos, programação não linear

Introdução
Para aferir o melhor custo/benefício entre os princípios de formulação (linear e não linear), buscou-se na literatura um consenso para critérios e opções (índices) para avaliar o desempenho bioeconômico, mas sem sucesso (HOUNDONOUGBO et al., 2009), devido ao fato que somente o consumo de ração é utilizado em todos os índices encontrados, e assim, não consideram a energia na avaliação da eficiência econômica, fragilizando o índice, uma vez que as exigências energéticas de frangos de corte representam cerca de 70% dos custos da ração (SKINNER et al., 1992). Por essa razão, o objetivo deste estudo foi propor uma nova opção de índice denominado "Conversão Bioeconômica Energética" ou simplesmente BEC.
 
Material e Métodos
Dois experimentos (I para fêmeas e II para machos) foram conduzidos com 480 pintos, aleatoriamente distribuídos em 48 boxes (10 aves/box e 4 repetições/tratamento), sendo constituídos por dietas formuladas segundo o sistema linear (ração de custo mínimo) e não linear (ração de lucratividade máxima), que determinou a estratégia de arraçoamento para machos e fêmeas de frangos de corte, segundo as curvas de equações quadráticas (consumo e ganho de peso) definidas pelo programa PPFR, totalizando 6 tratamentos para cada experimento, segundo o preço histórico (2009 e 2010) por kg do frango pago, aumentado ou diminuído em 25% ou 50%, conforme esquema apresentado na Tabela 1. A conversão bioeconômica energética (BEC) foi calculada: BEC=(consumo total de energia*custo ponderado da ração/kg)/(ganho de peso kg*custo do frango vivo).
 
Resultados e Discussão
A fórmula do BEC integra a ingestão total de energia em Mcal, o preço da ração (R$/kg), o ganho de peso (kg) e o preço do frango (R$/kg). Um detalhe importante é que o custo por kg da ração deve ser o ponderado [ex: Custo Ponderado da ração aos 56 dias de idade = (Custo Ração Inicial×21 + Custo Ração crescimento×21 + Custo Ração Terminação×14)/56]. Ao serem avaliado três opções de índices (EFE/HOUNDONOUGBO et al., 2009, IBE/ GUIDONI, 1994 e BEC), no presente experimento, para o efeito da lucratividade bioeconômica (Tabelas 2 a 4), ficou nítida nossa preocupação de não apenas o consumo de ração, mas sim os recursos energéticos oferecidos (item mais caro de uma dieta) serem vinculados aos retornos econômicos previstos, através dos índices bioeconômicos, ou seja, a busca do maior ganho de peso deverá ser garantia de um preço favorável, tanto dos componentes da ração como do kg do frango pago pelo mercado, e também, pela otimização dos recursos energéticos oferecidos.
A partir dessa constatação, os dados do presente experimento sugerem que a conversão bioeconômica energética (BEC), mostra-se mais coerente para diferenciar os princípios de formulação avaliados (Linear e Não linear), independente do sexo e do período (Tabela 2). Portanto, o BEC atendeu plenamente o objetivo de avaliar o efeito na lucratividade e as possíveis vantagens do uso da formulação não linear, que apresenta como princípio de formulação a maximização do lucro, dependendo, assim, dos custos dos ingredientes e do preço do frango vivo, culminando com a alteração do conteúdo energético/nutrientes da ração, ou seja, desde que se mantenha a proporção entre energia e os nutrientes da dieta.
E ainda, em relação aos índices bioeconômicos avaliados (EFE, IBE e BEC/Tabelas 2 a 4), o BEC se diferencia por incorporar o item mais caro de uma dieta (energia), dando mais eficiência e coerência ao representar os custos/benefícios, por aferir o consumo energético em função da conversão bioeconômica, ou seja, o melhor desempenho e, energeticamente, o maior retorno econômico. Decorrendo que, quanto menor o índice, melhor o custo/benefício.
Um critério para o conhecimento dos custos foi sugerido por Guidoni (1994), tendo como parâmetros o consumo de ração, o ganho de peso, o custo da ração e o custo do kg do frango de corte, o qual denominou Índice Bioeconômico (IBE). Todavia, quando o referido índice (IBE) foi aplicado, como proposta inicial de nossa pesquisa, o IBE não atendeu às expectativas, por não considerar o consumo total de energia (sabidamente o consumo de ração é dependente do teor de energia da dieta). Assim, o IBE não foi oportuno para aferições desejadas no presente experimento.
Essa ausência da energia gerou um distúrbio matemático nos valores finais obtidos nos experimentos I e II. Assim, foi necessário reavaliar aplicação do IBE, e após várias tentativas frustradas de adaptação, adotamos um novo e simples procedimento que incorporasse a ingestão total de energia (Mcal). Através desse artifício matemático foi possível corrigir a distorção anteriormente citada, mostrando-se mais oportuno para as finalidades do presente projeto.
Desta forma, ao se considerar que atendimento energético de uma dieta mostra-se como o item mais caro de uma formulação, o mesmo deveria compor, obrigatoriamente, a fórmula proposta para um índice bioeconômico. Assim, há necessidade de se avaliar com mais acurácia, não apenas os ingredientes de uma ração, mas o impacto dos nutrientes em relação à estabilidade de uma solução, principalmente em função da exigência energética (razão de adotarmos a Conversão Bioeconômica Energética=BEC). Essa é a maior razão/justificativa da necessidade da inclusão da avaliação econômica (análise de sensibilidade), concomitante à formulação de ração, para orientar quem milita na área de formulação de rações. Tal estratégia favorece melhores acertos em tomadas de decisões em condições de incertezas, para encontrar soluções alternativas pós-formulação.
Do exposto, tanto o ganho de peso como a conversão alimentar, como tradicionais indicadores de desempenho, não poderão finalizar/predizer uma avaliação de desempenho econômico de um sistema de criação cada vez mais intenso e competitivo. E também, a concentração energética da ração torna-se a definição mais importante do nutricionista-formulador, por impactar diretamente o lucro da atividade pelas interações com a densidade dos nutrientes da dieta.
Em virtude desses desafios, o presente trabalho sugere a "Conversão Bioeconômica Energética" (BEC) que mostra-se mais sensível para aferir o desempenho bioeconônico para frangos de corte e, principalmente, com melhor magnitude. Isso permitiu uma melhor avaliação da lucratividade, segundo a taxa de desempenho energético para frangos de corte, por incorporar o consumo energético à formula, permitindo mais sensibilidade ao novo índice (BEC).
Portanto, para otimizar a densidade energética de uma ração, é necessário usar a formulação não linear.
 
Tabela 1. Distribuição dos Tratamentos nos experimentos I e II, conforme o preço histórico (anos 2009 e 2010) do kg do frango e do método de formulação.
Conversão Bioeconômica Energética: nova opção de índice para avaliar o desempenho bioeconômico - Image 1
 
Tabela 2. Conversão Bioeconômica Energética (BEC) absoluta para frangos de corte fêmeas, segundo o preço relativo do frango e o princípio de formulação linear e não linear
 
 
Tabela 3. Índice Bioeconômico (IBE) absoluto para frangos de corte fêmeas e machos, segundo o preço relativo do frango e o princípio de formulação linear e não linear
 
 
Tabela 4. Eficiência Bioeconômica (EFE) absoluta para frangos de corte fêmeas e machos, segundo o preço relativo do frango e o princípio de formulação linear e não linear
 
 
Conclusão
A viabilidade econômica, aferida através da Conversão Bioeconômica Energética (BEC), mostrou-se um bom indicativo e uma nova opção, para melhor retratar o desempenho bioeconômico do moderno frango de corte.
 
Literatura citada
GUIDONI, A.L.; GODOI, C.R. de M.; BELLAVER, C. Uso do índice nutricional bio-econômico como medida do desempenho nutricional. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 31., 1994, Maringá, PR. Anais... Maringá : SBZ, 1994. p.32.
HOUNDONOUGBO, F.M.; CHWALIBOG, A.; CHRYSOSTOME, C.A.A.M. Effect of commercial diets quality on bioeconomic performances of broilers in Benin. Trop. Anim. Health Prod., v. 41, p. 693-703, 2009.
SKINNER, J.T.; WALDROUP, A.L.; WALDROUP, P.W. Effects of dietary nutrient density on performance and carcass quality of broilers 42 to 49 days of age. J. Appl. Poult. Res., v.1, p.367-372, 1992.
***O trabalho foi originalmente apresentado durante Anais da 49a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia- A produção animal no mundo em transformação / Brasília – DF, 23 a 26 de Julho de 2012.
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Manoel Garcia Neto
UNESP - Universidad Estatal Paulista
7 de agosto de 2014
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