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Contagem Salmonella Enteritidis Frangos Jejum

Efeito do Uso de ACIDAL® ML em Água de Bebida na Contagem de Salmonella Enteritidis em papo de Frangos de Corte em período de Jejum Pré-Abate

Publicado: 4 de maio de 2010
Por: RGP Queiroz, PCM Júnior (Empresa Impextraco), LN Kuritza, LB Miglino, E Santin (Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná)
Introdução
a prática de jejum alimentar no período de pré-abate é bastante comum na avicultura de corte. O objetivo principal dessa prática é reduzir o conteúdo intestinal de modo a minimizar contaminações oriundas das fezes dos animais durante o transporte, reduzir a excreção fecal durante o período de peri mortem (insensibilização e sangria), e reduzir contaminação cruzada durante o processo de evisceração (3). Durante o jejum pré-abate, as aves ficam sem alimentação por um período que varia de 6 a 12 horas até o momento do abate. Até que sejam transportados ao abatedouro, os animais são mantidos no galpão, onde a ausência de alimento estimula a ingestão de cama, promovendo um conseqüente aumento na ingestão de patógenos como Salmonella spp e Campylobacter spp, os quais são disseminados pelas aves nas fezes e consequentemente prevalentes na cama. Vários trabalhos demonstram que o período de jejum pré abate é crítico no que diz respeito à exposição dos animais à colonização por patógenos, especialmente em se tratando de papo, que é um importante local relacionado à contaminação de carcaças (1). Devido a isso, conduziu-se o presente trabalho para verificar a efetividade do uso de Acidal®ML na redução da contagem de Salmonella Enteritidis em papo de aves no período de jejum pré-abate. Acidal® ML é um produto desenvolvido pela Impextraco N.V., Bélgica, para o uso em água de bebida de aves e suínos. Trata-se de uma mistura sinérgica de ácidos orgânicos e extrato vegetal que tem por finalidade melhorar as condições da água de bebida dos animais e atuar para que esta não seja um meio de veiculação de patógenos, bem como reduzir a carga bacteriana ingerida pelos animais.
MATERIAL E MÉTODOS
Este teste foi realizado na unidade experimental 1 da Impextraco Latin America, em parceria com o Laboratório de Micotoxinas e Ornitopatologia da Universidade Federal do Paraná. Foram adotados dois tratamentos (T1 e T2), cada um composto por 24 aves de 38 dias de idade. Cada grupo foi mantido separado em Box telado de 2mx2m. Desde então, as aves do grupo T2 receberam água tratada com Acidal® ML, enquanto que as do grupo T1 receberam água sem tratamento. Aos 43 dias de idade, todos os animais foram inoculados com 108UFC de Salmonella Enteritidis diretamente no papo. Aos 45 dias de idade, ambos os tratamentos foram submetidos a jejum alimentar. Nesse dia, 6 aves de cada tratamento foram submetidas à eutanásia após 0h, 4h, 8h e 12h do início do jejum. Durante o intervalo de 8h e 12h, os animais foram transportados em gaiolas plásticas até o local de eutanásia de modo a reproduzir a condição de stress de transporte (em que há também jejum hídrico). Os papos das aves foram assepticamente dissecados e seu conteúdo lavado com 25ml de água destilada estéril. A solução resultante foi utilizada para realização do isolamento e quantificação bacteriana de acordo com o procedimento adaptado de Desmidt et al. (2) Os resultados das contagens nos dois grupos foram expressos em logaritmo de base 10 e comparados utilizando-se o teste t de Student com p≤0,05. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As contagens bacterianas nos dois grupos (tabela 1) revelaram que no momento da retirada do alimento, não houve diferença (p>0,05) na recuperação de Salmonella nos dois grupos. Já após 4, 8 e 12 horas de jejum, em que a ingestão de cama é estimulada, houve redução significativa (p<0,05) na contagem bacteriana em papo dos animais do grupo T2.  
Efeito do Uso de ACIDAL® ML em Água de Bebida na Contagem de Salmonella Enteritidis em papo de Frangos de Corte em período de Jejum Pré-Abate - Image 1
Tabela 1. Contagem bacteriana (em log UFC) nos diferentes tempos de coleta, nos dois tratamentos estudados (média ± desvio padrão). Letras diferentes em uma mesma coluna indicam significância estatística.
O aumento relativo na contagem bacteriana entre os intervalos de 8 e 12 horas, em ambos os tratamentos, sugere que há maior multiplicação da bactéria quando se restringe também o consumo de água. Dessa forma, a redução da contagem bacteriana após 12hs sugere que mesmo após interrupção da administração de Acidal® ML, ainda se verifica efeito sobre o patógeno.
CONCLUSÃO   
Os resultados obtidos demonstram que o uso de Acidal® ML via água de bebida na última semana de vida dos animais, incluindo o período de jejum pré-abate, foi efetivo em reduzir a contagem de Salmonella em papo. Por isso, sua utilização pode ser uma ferramenta efetiva na prevenção de contaminações pelo patógeno estudado durante o processo de abate de frangos de corte.
BIBLIOGRAFIA
1. Barnhart, E.T.; Caldwell, D.J.; Crouch, M.C.; Byrd, J.A.; Corrier, D.E.; Hargis, B.M. Poultry Science 1999 78:211-214 
2. Desmidt M, Ducatelle R, Haesebrouck F. Veterinary Microbiology 1998; 6:259-269.
3. Hinton, A. Jr.; Buhr, R.J.; Ingram, K.D. Poultry Science 2000 79:212-218

**Trabalho originalmente publicado na 27ª Conferência Facta de Ciência e Tecnologia Avícolas. 

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Autores:
Pedro Machado Junior
Impextraco
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João Luis dos Santos
18 de enero de 2011
Boa Tarde. Recomendo a leitura do artigo A Eficiência da Desinfecção medida pelas variáveis de Concentração, Tempo de Contato e pH, neste site no link: https://pt.engormix.com/MA-avicultura/administracao/artigos/qualidade-da-agua-na-dessedentacao-de-animais-t187/124-p0.htm. Complementando, o uso do cloro associado ao ácido é muito eficaz na eliminação de salmonellas uma vez que há uma sinergia entre ambos produtos e um potencializa a ação do outro. Caso queiram um trabalho completo sobre o tema enviem-me um e-mail que passo àos interessados um estudo que realizamos e que é citado neste artigo que recomendo a leitura. Abraços João Luis dos Santos.
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Romão Miranda Vidal
20 de octubre de 2010
Dr. Pedro. Algumas colocações. 1- O ambiente -cama- no qual as aves dos grups T1 e T2 permaneceram por um período de 5 dias (38 aos 45 dias), provavelmente não reproduziram o mesmo ambiente -cama- do Dia Zero ao Dia 38, em se tratando de contaminação, não só por S.Ent. como outros patógenos que oportunamente se fazem presentes, pela deposição de alimentos, fezes, água, penas, poeira em suspensão e etc e ali se desenvolvem. Acredito que 5 dias não reproduz o ambiente - cama -. 2- Qual seria a concentração em UFC de Salmonelas na cama dos experimentos e qual seria a concentração em UFC de Samonelas em uma cama do dia Zero ao dia 38? 3- Qual o Custo / Benefício do uso deste produto em relação aos possíveis acidentes na linha de abate? 4- Qual seria o comportamento do Acidol em uma cama nova, em relação a um cama com uma ou duas utilizações? 5- Qual seria a eficácia do Acidol em um sistema de cama mista (areia + maravalha) 6- Qual seria a eficácia do Acidol em um galpão com orientação leste-oeste, uma vez que se tem por certo a penetração de raio solares das 9,00 às 11,00 horas e das 14,00 horas às 16,00 horas em toda a extensão do aviário? No mais , nos resta paranebizá-lo a respeito do tema apresentado. Atenciosamente. Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
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Pedro Machado Junior
Impextraco
17 de febrero de 2011
Prezado Washington, Obrigado pelo interesse no tema proposto. Realizamos diversas avaliações com nosso produto contemplando relação dose x pH de água x consumo de água x desempenho. Através dessas avaliações, chegamos na doasegm de 0,1[percent], para a qual se obtém, dependendo da dureza da água com que se trabalha, um pH em torno de 4 após adição do produto. Nessa dosagem, observamos os melhores resultados de desempenho, não havendo efeitos negativos sobre o consumo de água ou desempenho dos animais. Atenciosamente Pedro
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Pedro Machado Junior
Impextraco
17 de febrero de 2011
Respondendo aos questionamentos do Dr. Romão, primeiramente, que por algum motivo não chegaram ao meu conhecimento anteriormente: 1- quanto ao ambiente cama, não entendi a que o Sr, se referiu. A cama foi a mesma do dia 1 ao dia 43 para todos os tratamentos mencionados. O intuito foi verificar a contaminação de papo pelo patógeno após desafio, a qual seria potencializada pela ingestão de cama. O que fizemos foram swabs de arrasto para verificar a presença do patógeno em cama antes e após desafio. O que foi verificado foi a ausência do agente antes do desafio, com sua presença após tal desafio. Não contemplamos a permanência e quantificação do agente em cama, pois ese não foi o objetivo do teste. O que sim fizemos foi padronizar o desafio por ave, bem como o ambiente (que foi o mesmo para todos animais). 2- Como já comentado, do dia 0 ao 43 não havia presença do patógeno, o qual foi introduzido no dia 38, e após isso, foi verificada apenas sua presença/ausência. 3- quanto ao custo benefício, não temos nenhum dado calculado. Porém, considerando que a presença de Salmonella na carcaça dos animais faria com que esta seja inapta para o consumo humano, podendo, inclusive contaminar toda uma linha de produção, (aqui há um procedimento específico seguido pela legislação brasileira- para maiores informações, consultar o MAPA), é possível se verificar que uma medida simples tomada em granja, como a adição do produto a 1L/1000L de água, reduz significativamente a presença do patógeno basta dimencionarmos esse custo, para verificar que o benefício do produto é muito maior que seu custo (o custo/1000L de água tratada varia de região para região, porém a dosagem padrão do produto é a mesma: 0,1[percent]). Esse é o custo direto para a cadeia produtiva. Porém, há ainda o custo para a saúde humana, que muitas vezes é imensurável. Em relação aos questionamentos de 4 a 6, quanto ao efeito do Acidal® ML em outros tipos de cama, bem como em diferentes orientações de galpão, a avaliação que realizamos foi contemplando condições que seguem um padrão nacional e, principalmente, na região de nossa granja experimental (regiaõ sul) que é a utilização de cama de raspas de madeira. Creio que a ação do produto independe da matriz cama, sendo essa uma outra variável a ser contemplada. O que este teste nos fornece é o efeito da ação do produto em papo dos animais, durante o período de consumo de água tratada, e após esse período, em condições padrões de produção. A utilização de outros tipos de cama poderá influenciar no crescimento do patógeno, porém não foi esse o foco da presente avaliação. Espero haver respondido seus questionamentos e agradeço pelo interesse no tema abordado. Peço desculpas pelo tempo de resposta. Há vezes em que não recebo a chamada de participação em foros. Atenciosamente Pedro
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Wshington Falcão
Cloragua Ambiental
16 de febrero de 2011
Caro Pedro, bom dia, o uso de um produto que abaixa tanto o Ph não seria prejudicial para o plantel...???
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Wshington Falcão
Cloragua Ambiental
8 de noviembre de 2010
Robson de Lara, tente se informar sobre o uso de DICLORO para o que você está querendo. O DICLORO é um cloro ORGÂNICO à 60%, e muito eficaz no combate a salmonella. Seu custo beneficio é excelente pois no ppm que vc quer vc vai usar 1gr para clorar 1000lts de àgua de boa qualidade, o kg está em torno de R$14,00. Vendemos muito este produto para grandes granjas e frigoríficos de abates de Suínos, Bovinos e Aves com excelentes resultados. O DICLORO não altera o PH da àgua, e isto é um fator muito importante dependendo do produto que vc vai usar. Grande abraço, Washington Falcão
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Pedro Machado Junior
Impextraco
21 de mayo de 2010
Prezado Robison. Primeiramente, agradeço seu contato. Sobre sua dúvida, não tenho conhecimento desse tipo de aplicação do produto. No entanto, tendo em vista o mecanismo de ação do produto, na dosagem proposta, é possível sim que se obtenha o efeito desejado. Além do teste descrito no artigo deste fórum, realizamos testes in vitro avaliando o efeito do produto sobre Salmonella em água e obtivemos resultados bastante positivos. Infelizmente, não posso fazer essa indicação pois não fizemos testes desse gênero. Assim não posso afirmar com propriedade que o resultado será positivo. Se optares por utilizar o produto nessa dosagem, é importante verificar se os animais podem ficar expostos à água com pH baixo (repare que o pH da água após adição do produto fica próximo de 4). Gostaria de lembrar também que o pH 4 da solução água+Acidal ML é o valor ótimo de pH para que se observe eficácia do produto. Espero ter respondido sua dúvida. Se necessitar de mais informações, estou à disposição. Atenciosamente. Pedro
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Robison De Lara
21 de mayo de 2010
Pedro gostei muito de seu trabalho. Trabalho em uma criação de jacaré, gostaria de saber se há possibilidade deste produto ter efeito para animais silvestres, já que, por histórico bibliográfico o jacaré apresenta uma incidência de salmonella spp. em seu aparelho digestivo, como também em regiões musculares, tanto na parte ventral como dorsal. Os animais neste criame ficam o tempo todo em tanques com agua sem cloração.. Quando chega o momento do abate os animais ficam sequestrados por dois ou mais dias em tanques com agua clorada a 0,5ppm. Será que eu poderia estar substituindo por este produto?
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Pedro Machado Junior
Impextraco
5 de mayo de 2010
Olá Alba. Obrigado pelo comentário. Sobre seus questionamentos, o pH da água antes da adição do produto foi de 7,82. O nível de inclusão de ACIDAL foi de 0,1[percent] (1L em 1000L de água), e o pH da água em bebedouro após a adição do produto foi de 3,84. Atenciosamente. Pedro
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Alba Fireman
Cargill
4 de mayo de 2010
Bons resultados, Pedro. Por favor, qual o pH original da água utilizada no experimento? Qual o nível de inclusão de ACIDAL? e depois de adicionado ACIDAL na água, qual o pH da água mantido pelo produto? Obrigada.
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