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Avaliação comparativa da titulação e pH de vacinas de Marek diluídas com gentamicina* e ceftiofur injetáveis

Publicado: 7 de abril de 2015
Por: Thais Schwarz Gaggini1, Andrea Panzardi*1, Rogério Nunes1, Amilton Silva1, Marcus Rezende1 1Departamento Técnico da Ourofino Saúde Animal, Cravinhos-SP, Brasil.
Introdução
Diversos estudos comprovam que o uso da gentamicina aplicada no ovo ou no primeiro dia de vida do pintainho causa um efeito benéfico no controle de diversos agentes, como a Salmonella (Bailey & Line, 2001; Soria & Bueno, 2011), Escherichia coli (Agunos et al., 2013), Aspergilusspp, Pseudomonas (Shane, 2013), diferentes cepas de Staphilococcus aureus (Pyzik et al., 2014) e, quando associado a tlosina atua contra o Mycoplasma gallisepticum e M. synoviae (Nascimento et al., 2005). O ceftiofur, por sua vez, também é utilizado com o mesmo objetivo que a gentamicina, sendo indicado para o controle da Salmonella (Bailey & Line, 2001), Klebisiella, Staphilococcus, Pseudomonas (Agunos et al., 2013) e E.coli (Dutil et al., 2010), porém, diversos estudos tem demonstrado maior resistência de agentes a este antimicrobiano (DIARRASSOUBA et al., 2007; AGUNOS et al., 2012; AGUNOS et al., 2013).
Ambos os antimicrobianos são utilizados separadamente, visando imunizar o pintainho, a fim de evitar que os animais já nasçam com desafios sanitários, uma vez que o pH médio de crescimento bacteriano ideal varia de 6,5 a 7,5 (Case et al., 1989), pH este similar ao dos diluentes das vacinas de Marek.Por isso, a utilização de antimicrobianos visa a redução do percentual de mortalidade na primeira semana de vida em decorrência da exposição precoce a estes patógenos. Entretanto, apesar de comprovado os benefícios da aplicação desses antimicrobianos, ainda existem dúvidas em relação a interferência ou não do antibiótico, quando este é utilizado via diluente para a vacina de Marek aplicado in ovo (BUSCAGLIA et al., 2011). O presente estudo teve como objetivo avaliar a interferência da gentamicina e do ceftiofur na titulação e no pH de três vacinas comerciais utilizadas no mercado para o controle da doença de Marek.
Material e Métodos
Para este estudo foi realizada a avaliação comparativa da interferência da gentamicina (Gentrin® injetável, 44 mg/mL, Ourofino Agronegócio, Ribeirão Preto) e do ceftiofur (produto disponível no mercado, 5 g/mL) sobre a titulação e o pH de vacinas comerciais para a doença de Marek. As vacinas utilizadas para a avaliação foram: BIO-MAREK-VETC–Biovet (partida 086/13, data de fabricação nov/13), Ovoline HVT–Zoetis (partida 017/13, data de fabricação ago/13) e Vaxxitek HVT + IBD – Merial (partida 028/13, data de fabricação jun/13), com datas de validades respectivas de novembro de 2015, agosto de 2015 e julho de 2016, sendo denominadas V1, V2 e V3, respectivamente.Todas as vacinas utilizadas estavam de acordo com as Normas para a Produção e o Controle de Vacinas para a Avicultura, elaboradas pelo Comitê Consultivo do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2006).
As análises foram realizadas no Laudo Laboratório Avícola, localizado em Uberlândia-MG. Para a realização da avaliação do efeito dos antibióticos sobre a vacina de Marek foi realizada a reconstituição da ampola de cada vacina em 200 mL do seu respectivo diluente. Em seguida, foram realizadas três diluições seriadas para cada vacina utilizada. Na primeira diluição, 8 mL de diluente foram misturados em 2 mL de suspenção vacinal (1:5). Na segunda, foram adicionados 8 mL de diluente ao produto testado (gentamicina ou ceftiofur) e 2 mL da solução do tubo 1 (1:25). A terceira diluição consistiu na adição de 9 mL de meio 199 com SFB (soro fetal bovino), 1 mL da solução do tubo 2 (1:250) com e sem os produtos que foram testados (gentamicina e ceftiofur). As análises nos minutos 0, 30, 60 e 90 foram realizadas a partir das amostras obtidas da terceira diluição, onde foram inoculadas, incubadas e, posteriormente, feita a leitura dos focos de unidades formadoras de placas (UFP). No tratamento 1 (T1), a gentamicina foi adicionada ao diluente das três vacinas. No tratamento 2 (T2), misturou-se ceftiofur no diluente das três vacinas e, no controle (C), manteve-se o padrão estipulado pela empresa farmacêutica responsável pelas vacinas. Para todos os tratamentos foram realizadas avaliações em triplicada. Os parâmetros avaliados nos minutos 0, 30, 60 e 90 foram as unidades formadoras de placas (UPF) e o pH.
Resultados e Discussão
Segundo a Portaria de número 186 de 13 de maio de 1997 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), as vacinas devem conter, no mínimo, 1000 UFP por dose, até a data do vencimento (BRASIL, 1997). Baseado nesse regulamento pode-se observar que o resultado obtido em UFP na diluição com ceftiofur, no minuto 90 (Tabela 1), utilizando a V1, foi abaixo do que se preconiza pelo MAPA, não sendo indicada a sua utilização a campo. Com relação aos resultados referentes às vacinas V2 e V3, ambos os tratamentos apresentaram titulações acima do preconizado pela portaria durante os diferentes momentos de avaliação. Ainda na tabela abaixo (Tabela 1), ao avaliar os resultados de pH das três diferentes vacinas presentes no mercado (V1, V2 e V3), foi verificado que ambos os antimicrobianos mantiveram ao longo das quatro avaliações (0, 30, 60 e 90 minutos) um pH similar ao do tratamento controle (C), representado somente pelo diluente adicionado à vacina, sem a adição de antimicrobianos. Como o pH do C está dentro da melhor faixa de crescimento bacteriano (Case et al., 1989), o uso de antimicrobianos se torna uma importante ferramenta para limitar proliferação das bactérias presentes.
Tabela 1. Resultados de avaliação comparativa da titulação vacinal em UFP e do pH, quando adicionado gentamicina e ceftiofur no diluente de três vacinas comerciais diferentes, no minuto 0, 30, 60 e 90.
Avaliação comparativa da titulação e pH de vacinas de Marek diluídas com gentamicina* e ceftiofur injetáveis - Image 1*V1 - BIO-MAREK-VETC–Biovet.**V2 - Ovoline HVT–Zoetis.***V3 - Vaxxitek HVT + IBD – Merial.
Conclusões
A adição de gentamicina via diluente da vacina de Marek apresentou um resultado mais estável no que diz respeito à manutenção da titulação (UFP) em todos os momentos e em todas as vacinas analisadas neste estudo. Em contrapartida, o ceftiofur, na vacina V1, apresentou uma sensível queda no UFP a partir dos 60 minutos de avaliação e, aos 90 minutos,a titulação ficou abaixo da quantidade mínima necessária recomendada pelo MAPA.
Referências Bibliográficas
AGUNOS, A.; CARSON, C.; LÉGER, D. Antimicrobial therapy of selected diseases in turkeys, laying hens, and minor poutry species in Canada. The Canadian Veterinary Journal, Ottawa, v. 54, n. 11, p. 1041-1052, 2013.
AGUNOS, A.; LEGÉR, D.; CARSON, C. Review of antimicrobial therapy of selected bacterial diseases in broiler chickens in Canada.The Canadian Veterinary Journal, Ottawa, v. 53, p. 1289-1300, 2012.
BAILEY, J.S; LINE, E. In ovogentamicina and mucosal starter culture to control Salmonella in broiler production.Journal of Applied Poutry Research, London, v. 10, p. 376-379, 2001.
BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Portaria no 186 de 13 de maio de 1997 - Regulamento técnico para a produção, o controle e o emprego de vacinas, antígenos e diluentes para avicultura. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 de maio de 1997. Disponível em: <http://agricultura.gov.br>. Acesso em: 17 dez. 2014.
BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 07, de 10 de março de 2006 - Regulamento técnico para a produção, o controle e o uso de vacinas e diluentes para uso na avicultura. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 de março de 2006. Disponível em: <http://agricultura.gov.br>. Acesso em: 17 dez. 2014.
BUSCAGLIA, C.; VIORA, S.; VENZANO, A.; ROSSETTI, C.; MORENO, C.; PASCUAL, L. Novos casos da doença de Marek na Argentina: Estudos preliminares. In: CONGRESSO LATINO- AMERICANO DE AVICULTURA, 22., 2011. Argentina, Anais... Buenos Aires, 2011. Disponível em: <http://pt.engormix.com/MA-avicultura/saude/artigos/novos-casos-doenca-marek-t750/165-p0.htm>. Acesso em: 17 dez. 2014.
CASE, C. L.; FUNKE, B. R.; TORTORA, G. J. Microbiology: An introduction. Redwood City: The Benjamin/Cummings publishing Co., Inc., 1989. p. 173.
DIARRASSOUBA, F.; DIARRA, M. S.; BACH, S.; DELAQUIS, P.; PRITCHARD, J.; TOPP, E.; SKURRA, B. J. Antibiotic resistance and virulence genes in commensal Escherichia coli and Salmonella isolates from commercial broiler chicken farms. Journal of Food Protection, Des Moines, v. 70, p. 1316–1327, 2007.
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SHANE, S. M. Routine injection of chicks with antibiotics. Egg-cite. Disponível em: <http://egg-cite.com/commentary/single.aspx?contentID=1841>. Acesso em: 17 dez. 2014.
 
***O trabalho foi originalmente apresentado durante o XIII Congresso da APA – Produção e Comercialização de Ovos, “Ovo todos os dias: só faz bem!”, em Ribeirão Preto, entre os dias 17 e 19 de março.
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