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Avaliação bio econômica de frangos de corte alimentados com farelo integral de raízes de mandioca suplementado com carboidrases exógena

Publicado: 23 de junho de 2021
Por: Leandro Ricardo Rodrigues de Lucena, Marta Coelho Fernandes, Wedja Edite de Oliveira Silva, Mônica Calixto Ribeiro de Holanda, Marco Aurélio Carneiro de Holanda Antônio Daniel Lima, Camilla Léticia de Castro Silva
Introdução
A avicultura é um dos setores da produção animal mais desenvolvido nos últimos anos, principalmente no setor de produção de carne de frango (Henrique et al., 2017; Nogueira et al., 2019; Lucena et al., 2020).
Máxima eficiência alimentar e redução de custos em aves são pontos críticos a serem considerados em granjas comerciais porque um alimento devidamente balanceado e nutricionalmente completo reduzirá o estresse, minimizará deficiências, melhorará a competência imunológica e produzirá carcaças de qualidade com melhor desempenho e maior lucratividade (Pires et al., 2019; Lucena et al., 2020).
O custo da alimentação dos animais pode chegar a cerca de 70% do valor total gasto na produção e é afetado pelo preço dos grãos e ingredientes, como a soja, fazendo com que o setor produtivo utilize fontes alternativas de alimentos com custos mais baixos (Berwanger et al., 2017).
O preço do grão de milho tem oscilado consideravelmente, fazendo com que avicultores busquem alimentos alternativos para uso na alimentação avícola (Swain et al., 2006; Ashour et al., 2015; Niamat, 2017). Farinha de raiz de mandioca que tem sido usada como boa fonte alternativa de energia na dieta de aves e suínos (Diarra & Devi, 2015; Kyawt et al., 2014; Zanu et al., 2017).
O uso da mandioca se destaca como ingrediente rico em carboidratos, fibra alimentar, amido, proteínas, lipídios e cinzas (Holanda et al., 2015), sendo capaz de compor dietas proporcionando ótimo ganho de peso e contribuindo para a redução do custo de produção de frangos de corte (Diarra & Devi, 2015; Zanu et al., 2017). O farelo de mandioca pode ser utilizado em até 50% nas dietas de frango de corte em substituição ao milho sem comprometer o desempenho zootécnico das aves (Holanda et al., 2015; Enyenihi et al., 2009; Tesfaye et al., 2014) .
Deste modo, objetivou-se avaliar o desempenho de frangos de corte industriais criados em clima semiárido alimentados com dietas contendo farelo integral de raízes de mandioca, suplementadas com pool de enzimas exógenas especificas para carboidratos.
Metodologia
A pesquisa foi realizada no aviário da Fazenda São João, localizada no distrito de Santa Rita, município de Serra Talhada-PE, na microregião do Sertão do Pajeú, mesorregião do Sertão de Pernambuco, sob a licença número 127/2019 do comitê de ética no uso de animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco. A pesquisa teve o caráter de estudo quantitativo, caracterizada como pesquisa experimental, realizada por meio de técnicas de execução e análise de testes, avaliação numérica e processamento de dados por meio de técnicas estatísticas (Pereira et al., 2018).
Foram utilizados 450 pintos de corte da linhagem Cobb, machos, com um dia de idade, peso inicial de 42 gramas, vacinados no primeiro dia ainda no incubatório, contra Mareck, Newcastle, Gumboro e revacinados aos 14 dias contra Newcastle e Gumboro.
As aves foram alojadas em aviário construído em alvenaria, com telhas cerâmicas e piso de concreto, forrado com cama de material inerte (casca de arroz) à altura de 15 cm, telado com tela de arrame galvanizado e cortinado para evitar correntes de ar e controlar a temperatura do ambiente. Durante os primeiros 14 dias de vida, foi utilizada uma lâmpada incandescente de 150 watts como fonte de calor para as aves. O aviário foi dividido em 25 parcelas experimentais, medindo cada uma dois metros quadrados, sendo que a densidade de criação foi de nove aves/m².
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições, onde cada unidade experimental foi composta por 18 aves. Os tratamentos consistiram de uma ração testemunha à base de milho e farelo de soja, e quatro dietas testes contendo 25, 50, 75 e 100% de inclusão de farelo integral de raízes de mandioca (FIRM) suplementados com enzimas endógenas, na quantidade de 500 gramas por tonelada de ração.
As raízes de mandioca foram adquiridas no município de Araripina-PE, processadas em moinho próprio para fabricação de farinhas de mesa e a massa desidratada ao sol por cinco dias até perder o máximo em umidade para obtenção do farelo seco, posteriormente uma amostra foi levada ao laboratório para analises bromatológicas e apresentou 88,56 % de matéria seca, 2,54% de proteína bruta, 0,62 % de lipídeos, 5,32% de fibra bruta, 10,84% de FDN e 3,96% de FDA, 84,92% de matéria orgânica, 3,52% de cinzas, 0,18% de cálcio e 0,09% de fósforo, a energia bruta foi determinada no calorímetro IKA 200 e foi obtido 4.123 kcal/kg. Estes resultados de composição bromatológica foram utilizados para formulação das dietas experimentais juntamente com o resultado da energia metabolizável que foi determinada em um experimento de metabolismo realizado previamente com pintos determinando-se o valor de 2.986 Kcal/kg.
O complexo multienzimático foi composto de galactosidase 35 U/g, galactomananase 110 U/g, xilanase 1.500 U/g, βglucanase 1.100 U/g, e foi adicionado ao premix na proporção de 500 gramas por tonelada de ração, em um misturador tipo Y para mistura dos ingredientes de baixo nível de inclusão nas dietas.
A partir do primeiro dia de vida as aves receberam as dietas experimentais de acordo com os tratamentos, sendo a fase pré-inicial estabelecida do primeiro ao sétimo dia, a inicial dos oito aos 21 dias, a de crescimento dos 22 aos 35 dias e a de terminação dos 36 aos 42 dias, seguindo as Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos - Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais (Rostagno et al., 2017) e são apresentadas nas Tabelas 1, 2, 3, 4.
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Para a avaliação dos parâmetros de desempenho em função dos níveis de FIRM nas dietas, as aves e as rações foram pesadas a cada sete dias para mensuração do ganho de peso médio diário (GPMD, g/ave), consumo de ração diário (CRD, g/ave) e conversão alimentar (CA, g/g) e foram analisadas de acordo com a fase de produção e nos períodos de um a 21 dias, de 22 a 42 dias e no período de um a 42 dias de idade.
Ao final do experimento foi realizada a avaliação econômica da inclusão do farelo de raízes de mandioca com a apuração dos custos e das receitas relativas ao experimento de desempenho. Os preços das rações experimentais foram calculados com base nos preços dos ingredientes durante o período experimental e são apresentados na Tabela 5.
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O cálculo da receita bruta foi realizado através da multiplicação do ganho de peso médio das aves no período pelo valor do quilo do frango vivo ao término do experimento que foi de R$ 4,50, representado pela equação:
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A despesa foi calculada através da multiplicação do consumo médio de ração no período pelo valor da ração de cada tratamento dividido por 0,7, admitindo que a ração represente 70% do custo de produção do frango, e descrita pela equação:
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A margem bruta foi calculada subtraindo a despesa da receita, e definida por:
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A rentabilidade foi calculada pelo quociente entre a margem bruta pela despesa, e multiplicada por 100, definida pela equação abaixo:
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As variáveis: ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), Receita (R), despesa (D), margem bruta (MB) e rentabilidade (REN) foram submetidas à análise de variância (ANOVA). As variáveis que apresentaram diferença significativa na ANOVA foram submetidas à análise de regressão, tomando como variável explicativa os diferentes níveis de inclusão de farelo de mandioca na dieta dos frangos de corte. Para todas as análises foi adota nível de significância de 5% (p<0,05). Todas as análises foram realizadas utilizando o programa computacional R Project 2.13.1 for Windows (R Core Team, 2019).
Resultados e Discussão
Nas fases pré-inicial (0 a 7 dias), inicial (8 a 21 dias) e crescimento (22 a 35 dias) não foram observadas diferenças estatísticas (p>0,05) entre os níveis de inclusão de farelo de mandioca nas dietas dos frangos de corte para as variáveis: ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar (Tabela 6). Na fase final da criação (36 a 42 dias) foram observadas diferenças estatísticas entre os tratamentos para as variáveis: ganho de peso (p-valor=0,001) e conversão alimentar (pvalor=0,032), porém não observou diferença para o consumo de ração (p-valor=0,194), Tabela 6. No período total de experimento (1 a 42 dias) não foram observadas diferença no ganho de peso (p-valor=0,55), consumo de ração (p-valor=0,476) e conversão alimentar (p-valor=0,451) quando comparadas as diferentes dietas (Tabela 6).
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Os diferentes níveis de inclusão de farelo de mandioca nas dietas dos frangos de corte nas fases iniciais não afetam o comportamento zootécnico das aves, porém diverge dos observados por Souza et al., (2012), Geron et al., (2015) e Holanda et al., (2015) que observaram piora no desempenho zootécnico das aves durante a fase inicial com a inclusão de farelo integral de raízes de mandioca na dieta de aves tipo caipiras.
Contudo, corroboram com os observados por Fernandes et al., (2017) que observaram melhora no ganho de peso e na conversão alimentar das aves aos 21 dias de idade, com a melhora concomitante da digestibilidade da energia proveniente do carboidrato. A suplementação dietética com o complexo multienzimático composto apenas por carboidrases exógenas deste experimento, pode ter disponibilizado mais carboidratos solúveis para utilização pelas enzimas endógenas no lúmen intestinal implicando em maior utilização desses carboidratos para produção de energia melhorando o ganho em conversão de produtos que aumentam a deposição de massa corpórea. Segundo Slominski (2011) a adição de enzimas que degradam polissacarídeos pode liberar o amido encapsulado, por solubilização da parede celular, melhorando o acesso de enzimas digestivas e a disponibilidade dos nutrientes para o organismo animal (Slominski, 2011).
Na fase final da criação (36 a 42 dias) observa-se um comportamento quadrático para o ganho de peso das aves em função dos diferentes níveis de inclusão de farelo de mandioca, tendo as aves maximizado seu ganho de peso em 920,18 gramas quando o nível ótimo de inclusão de farelo integral de mandioca nas dietas foi de 92%, determinado pela equação GP =750,9+3,68x-0,02x² com poder de explicação de 91,2%, Figura 1.
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A conversão alimentar apresentou melhora linear em função do aumento dos níveis de inclusão de farelo de mandioca nas dietas das aves, e atingiu seu mínimo em 1,658 para um nível ótimo de 100% de inclusão de farelo de mandioca, determinado pela equação CA= 1,908-0,0025x com poder de explicação de 88,0 %, Figura 2.
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Os resultados apresentados no período total do experimento (1 a 42 dias) se mostraram mais eficazes que os relatados por: Carrijo et al., (2010), Souza et al., (2012), Geron et al., (2015), Holanda et al., (2015) e Fernandes et al., (2017) estes últimos, que avaliando a utilização de enzimas em dietas com milho classificado ou não, verificaram que não houve diferença entre os tratamentos, sugerindo que houve um efeito positivo da adição de enzimas sobre o consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar das aves. Tal fato pode provavelmente ter ocorrido, pois a suplementação do farelo integral de raízes de mandioca com enzimas exógenas tenha melhorado significativamente a digestibilidade dos carboidratos da mandioca, assim como dos demais ingredientes das dietas, produzindo um efeito melhorador sobre o consumo de ração, o ganho de peso e a conversão alimentar visto que houve efeito positivo da inclusão do farelo de mandioca nas dietas sobre o ganho de peso das aves.
A análise econômica da inclusão do farelo integral de raízes de mandioca nas dietas de frango de corte mostrou que não houve diferença estatística com a receita obtida com a venda dos frangos em todos os períodos avaliados (p-valor>0,05), porém para as variáveis: despesa, margem bruta e rentabilidade foram observadas diferenças estatísticas em função dos diferentes níveis de inclusão de farelo da mandioca nas dietas dos frangos de corte em todos os períodos avaliados (Tabela 7).
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Na fase pré-inicial (01 a 07 dias) observou-se diminuição da despesa em R$ 0,0005 para cada ponto percentual de inclusão de farelo integral de raízes de mandioca nas dietas (Ŷ = 0,358-0,0005x; R2=0,92) o que proporcionou uma melhora na margem bruta de aproximadamente R$ 0,24 quando o nível ótimo de inclusão de farelo integral de raízes de mandioca nas dietas foi de 66,4%, determinado pela equação (Ŷ=0,0073x-0,000055x2 ; R2=0,89) indicando que os animais se mostraram intolerantes a níveis superiores ao determinado. Do mesmo modo, a rentabilidade observada aumentou, obtendo-se um rendimento de 75,08% quando a inclusão do farelo integral de raízes de mandioca nas dietas atingiu o nível ótimo de 68,5% (Ŷ=2,192x-0,016x2 ; R2=0,91).
Na fase inicial (08 a 21 dias) observou-se diminuição das despesas em R$ 0,0039 para cada ponto percentual de inclusão de farelo integral de raízes de mandioca nas dietas (Ŷ=2,36-0,0039x; R2=0,99), aumentando a margem bruta em R$ 0,0675 para cada 25% de inclusão do FIRM nas dietas, chegando ao valor de R$ 1,62 quando foi incluído o nível 100% de FIRM (Ŷ=1,346+0,0027x; R2=0,91), o que proporcionou um aumento na rentabilidade de 6,68% (Ŷ=56,722+0,267x; R2=0,98) para cada 25% de inclusão do FIRM nas dietas, implicando num aumento da rentabilidade de 83,42% entre a ração referência e a dieta que continha o nível de inclusão 100%.
Na fase de crescimento (22 a 35 dias) observou-se diminuição da despesa em R$ 0,01 para cada um ponto percentual de aumento na inclusão do FIRM nas dietas (Ŷ=4,72-0,01x; R 2=0,95), e aumento na margem bruta de R$ 0,0092 para cada ponto percentual de inclusão do FIRM na dieta, implicando em R$ 0,92 de ganho a mais quando a inclusão for de 100% de FIRM (Ŷ=1,87+0,0092x; R2=0,93), o que reflete sobre a taxa de rentabilidade de aproximadamente 0,359% a mais para cada um ponto percentual de inclusão do FIRM na dieta (Ŷ=38,382+0,3591x; R2=0,92), implicando em ganho de 93,5% quando comparamos os ganhos entre o tratamento da dieta referência e o ganho da dieta com 100% de inclusão.
Na fase final (36 a 42 dias) observou-se diminuição das despesas em R$ 0,003 para cada um ponto percentual de aumento na inclusão de FIRM nas dietas (Ŷ=2,834-0,003x; R2=0,84) e aumento na margem bruta de R$ 0,0105, implicando em R$ 1,05 de ganho a mais quando o nível de inclusão for de 100% (Ŷ=0,65+0,0105x; R2=0,97), o que repercute positivamente sobre a taxa de rentabilidade que chegou a 66,4% quando o nível de FIRM nas dietas é de 100% (Ŷ=22,724+0,437x; R2=0,99), implicando em um ganho de 192,3% quando comparamos os ganhos entre o tratamento da dieta referência e o ganho da dieta com 100% de inclusão do FIRM.
Para o período total de criação (01 a 42 dias) as despesas diminuíram em R$ 0,0165 para cada ponto percentual de inclusão de FIRM (Ŷ=10,336-0,0165x; R2=0,96), este efeito repercutiu positivamente sobre a margem bruta que aumentou em R$ 2,2 para o nível de 100% de inclusão (Ŷ=3,982+0,022x; R2=0,95). A taxa de rentabilidade aumentou em 0,326% para cada aumento de 1% de inclusão de FIRM (Ŷ=37,896+0,326x; R2=0,97), implicando em aumento da rentabilidade de 86,0% do tratamento referência para o tratamento com 100% de inclusão de FIRM.
A medida que os níveis de FIRM aumentaram nas dietas do nível 0 para o nível 100%, observou-se aumento na inclusão do farelo de soja e dos aminoácidos industriais nas dietas (Tabelas 1, 2, 3 e 4) isto provocado pela necessidade do balanceamento dos teores de proteína e consequentemente da disponibilidade de aminoácidos digestíveis, em todas as fases de criação. No entanto, a diferença entre os preços do milho em grãos e do FIRM desidratado e processado foi tão grande que a inclusão do FIRM nas dietas provocou diminuição nos preços das rações experimentais do nível 0 para o nível 100% em todas as fases avaliadas conforme observado na Tabela 5.
Estes resultados divergem dos observados por Souza et al. (2012) que observaram aumento no custo das dietas que continham bagaço de mandioca em função do aumento da inclusão dos aminoácidos industriais que aumentaram consideravelmente o preço das dietas experimentais o que levou os autores a apuração de resultados econômicos negativos na fase inicial de criação, e também são superiores aos observados por Costa et al. (2009) que avaliando o ganho econômico produzido pela inclusão de mandioca em dietas de poedeiras comerciais observaram ganhos com a inclusão de até 15% de mandioca em detrimento do uso do milho nas dietas.
Lucena et al. (2020) verificaram que a substituição farelo de mandioca na suplementação alimentar de frangos de corte, além de promover melhor desempenho zootécnico das aves, diminui o custo da produção em R$ 0,06 por quilo da ração. Souza et al. (2012) trabalhando com bagaço de mandioca em dietas para frangos de corte observaram prejuízo financeiro quando o nível de inclusão do bagaço de mandioca nas dietas foi superior a 20%. Melo et al. (2017) avaliando a utilização da farinha de cará na alimentação de poedeiras comerciais concluíram que o nível de inclusão de 5% produz o melhor desempenho econômico, indicando que níveis acima de 15% de inclusão nas dietas provocam perdas econômicas significativas. Estes resultados são divergentes dos encontrados nessa pesquisa, onde o aumento da inclusão de farelo de mandioca proporcionou redução dos custos além de aumentar a rentabilidade.
Os ganhos econômicos observados neste experimento mostram-se extremamente importantes principalmente para produtores situados em regiões onde haja produção de mandioca em quantidades que possa atender a demanda da produção avícola, pois na época da realização deste experimento o preço do quilo do milho foi de R$ 1,00 e o preço do quilo da raiz de mandioca desidratada e processada de R$ 0,14, o que proporcionou uma redução nos custos de produção significativa. Costa et al. (2009) e Rufino et al. (2015) relatam que antes da tomada de decisões quanto a utilização de um alimento alternativo em escala industrial de produção, deve-se levar em consideração os resultados da análise de rentabilidade e lucratividade deste nas rações, e se possível, constatar a uma relação positiva entre a análise nutricional e a análise produtiva, obtendo reduções significativas de custo e ganhos potenciais.
Conclusão
O farelo integral de raízes de mandioca suplementado por carboidrases exógenas pode ser utilizado na dieta de frangos de corte em todas as fases da criação em detrimento do uso do milho, sem prejuízo ao desempenho zootécnico e promovendo ganhos econômicos pela redução nos custos de produção da ração.
Trabalhos futuros devem ser realizados com outras fontes de alimentos alternativos em substituição do milho em dietas de poedeiras visando minimizar os custos de produção da ração.

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