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Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção

Publicado: 5 de maio de 2015
Por: Nei André Arruda Barbosa1 e Carlos De La Cruz2 *América Latina - Evonik Degussa Brasil Ltda. 2 Expert Egg Production - Evonik Industries AG – Hanau.
1- Introdução
A demanda por alimento aumenta, mediante ao crescimento projetado da população mundial em 2050 para 9,1 bilhões pessoas (FAO, 2009), onde-se estima que o consumo de cereais será de 3 bilhões de toneladas em 2050 (MIELE et al., 2011), e consumo de carne passará de uma demanda mundial de 305 milhões de toneladas estimadas em 2015 para 463 milhões de toneladas em 2050, sendo uma taxa de crescimento anual de 1,5% entre 2015 e 2030 e de 1,0% entre 2030 e 2050, representando um aumento mundial de 9 kg no consumo de carne per capita, atingindo 52 kg em 2050 (ALEXANDRATOS, 2009).
O foco na produção de carnes e derivados para elevar oferta de alimentos a essa demanda, proporciona constante busca na melhora da eficiência produtiva, com foco no aumento de produtividade e baixo custo de produção. Em se tratando da cadeia produtiva para carne e derivados, o custo alimentar tem uma significante participação dos custos finais, sendo na alimentação de aves e suínos, responsáveis por cerca de 70%. Com base da alimentação no milho e farelo de soja, onde representam em torno de 50-60% e 20- 30% respectivamente nas formulações, os custos por tonelada produzida das rações têm aumentado em função do mercado dessas commodities.
Para melhor a eficiência e eficácia produtiva, os nutricionista trabalham para balancear as dietas, com objetivo de atender estritamente as exigências nutricionais nas diferentes fases de produção. Um tema muito abordado é o emprego da nutrição de precisão, onde o conhecimento do valor nutricional dos alimentos é de fundamental importancia nutricional e econômica, para a formulação de rações (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).
2- Milho e Soja: Alimentação Animal
O milho e a soja tem elevada importância pelo amplo uso na fabricação de rações animais como fontes principais de proteína e energia, em especial para aves e suínos. É expressiva a participação destes dois insumos nos custos de produção e no desempenho animal. A importância econômica do milho se caracteriza pelas diversas formas de utilização, onde que como ingrediente de ração animal representa 70% do consumo desse cereal no mundo, segundo dados do departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA), no qual o Brasil destina de 60 a 80% de sua produção para essa atividade.
Dados citados por DUARTE e JUNQUEIRA (2013) mostram que Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a ração representa 67,0% do custo de produção de frangos vivos e 55,0% do custo do frango abatido, sendo que o milho corresponde a 67,0% da ração, e o farelo de soja, a 33,0%, sendo outros ingredientes apenas marginais. Por outro lado, a avicultura comercial representa ao redor de 30,0% a 40,0% do consumo de milho do país, sendo dois terços usados para frangos de corte e um terço para a produção de ovos.
3- Mercado das commodities
Nos últimos anos, a indústria de carne e derivados tem sinalizado frente aos grandes impactos em custo e produção, uma vez que o aumento dos preços da soja e do milho a níveis recordes elevou os custos de ração animal. As oscilações constantes de preços dessas commodities representam um fator de insegurança no controle de custos de produção de carne e derivados no Brasil.
De acordo com LIBERA (2009), essas oscilações nos preços de milho e da soja, tanto no mercado físico como no mercado futuro, reflete possivelmente a integração entre os dois mercados, onde estas relações podem ter característica de substituição (em termos de oferta, considerando a opção de plantar uma ou outra cultura) ou ser complementarem, dependendo do mercado analisado. O mesmo autor reporta dados de pesquisas que se refere à redução dos estoques mundiais de milho e soja, em que Estados Unidos e China sinalizaram aumento no consumo de milho, na medida em que a produção de álcool a partir do milho nos Estados Unidos aproxima-se do planejado e que seja mantido o crescimento de renda da China. No caso da soja, os estoques mundiais estão se reduzindo devido à conjugação dos dois fatores: aumento no consumo mundial e redução da área cultivada com a cultura.
Também no mercado de soja, a formação de preço ocorre a partir de preços em mercados internacionais e de fatores internos, como condições de oferta e demanda, diferenças qualitativas principalmente ligadas a teores proteicos do farelo, eficiência do porto exportador, disponibilidade do produto em armazéns portuários, greves portuárias, chuvas, etc.
Os recentes aumentos nos custos da cadeia produtiva de aves e suínos em decorrência da alta nos preços dos ingredientes utilizados na alimentação animal demandam a adoção de estratégias nutricionais que resultem em melhor aproveitamento dos nutrientes com consequente aumentando da eficiência produtiva (COSTA et al., 2012).
4- Estratégias de redução de custo alimentar
4.1 – Alternativas
Pesquisas mostram diversos estudos de ingredientes alternativos às dietas com os insumos tradicionais. A questão chave nesses estudos, ainda incipientes, é a combinação com outros grãos que possibilitem o aporte adequado de nutrientes (proteínas, minerais, vitaminas, aminoácidos, entre outros) e de energia para a expressão do potencial genético dos animais de produção e ao longo de todos os seus estágios de desenvolvimento.
Diversos dados já foram apresentados para a avaliação de alimentos alternativos, como fosfatos (COUTO et al., 2008) e alimentos proteicos (MANTOVANI, et. al. 2000); subprodutos, como farinhas de carne (GRAVENA 2012); aditivos, como enzimas (BARBOSA, et. al. 2008); planos de alimentação por fases (BUENO 2014) e sexo e avaliação de parâmetros nutricionais, como energia metabolizável (NASCIF et al. 2004); determinação de exigências nutricionais utilizando equações de predição (SAKOMURA et al., 2005) e, formulação de rações baseada na digestibilidade de aminoácidos (ROSTAGNO et al., 2011), entre outras linhas.
4.2 – Aminoácidos cristalinos nas formulações
Recentes avanços da nutrição animal foram desenvolvidos, e uma prática muito comum e adotada pelos nutricionistas para reduzir a proteína bruta e atender os níveis de aminoácidos desejados, graças à inclusão dos aminoácidos cristalinos nas formulações. De acordo com RODRIGUEIRO (2011), o fortalecimento da nutrição de aminoácidos, com certeza, basearam-se na produção dos aminoácidos suplementares em escala comercial, gerando uma nova era da nutrição onde surgiu o conceito da proteína ideal, permitindo ao nutricionista balancear as rações adequadamente com o objetivo de atende as exigencias nutricionais das diferentes fases de cada espécie animal para o máximo aproveitamento dos nutrientes.
Por outro lado, a inclusão de aminoácidos industriais, entretanto, dependerá dos custos da fonte de aminoácidos, dos principais macroingredientes (farelo de soja, milho, sorgo, etc.) e da diferença de preço (spread) entre a fonte proteica (farelo de soja) e a fonte energética utilizada (milho, sorgo, etc.), que substituirá o farelo de soja, quando da sua redução na dieta (ABREU et al., 2013).
Com isso, um tema atual ganha muito espaço no cenário da nutrição. Com foco de buscar o equilíbrio dos aminoácidos, surgiu o conceito da proteína ideal, definido como o balanço exato de aminoácidos que é capaz de prover se excesso ou a falta, os requerimentos de todos os aminoácidos necessários para a manutenção e a máxima deposição de proteína corporal. Tais relatos já foram demonstrados em diversas pesquisas, como os achados nos trabalhos de CHENG et al., (1997), SABINO et al., (2004), DEAN et. al., (2006) e CHO (2011).
Uma aplicação prática resultante disto é o estabelecimento de dietas com menor nível de proteína bruta e sem queda de desempenho, trazendo na cadeia produtiva reduções significativas no custo de formulação além de uma série de benefícios relacionado ao impacto ambiental.
4.3 – Indicativo no mercado: Spread (Soja e Milho)
A entrada dos aminoácidos cristalinos nas formulações proporcionou reduzir a proteína bruta, podendo atender com os cristalinos as exigências dos aminoácidos sem elevar a proteína da dieta. Com isso, tornou-se possível reduzir a entrada de farelo de soja (ingrediente proteico) nas formulações.
Um exemplo prático disso seria uma formulação para poedeiras leves com uma exigência de 16,5% de proteína bruta. A utilização de aminoácidos cristalinos nas formulações em uma dieta basal de milho e soja resultaria em uma utilização de 26 a 28% de farelo de soja na formulação, dependo do teor de proteína bruta contida na fonte de farelo de soja utilizado. Nesse mesmo exercício, uma formulação sem aminoácido cristalino, resultaria em uma dieta ao redor de 30% de proteína bruta (onde buscar atender as exigências de aminoácidos requeridas) e uma inclusão acima de 40% de farelo de soja.
Por esse lado, essas commodities se tornaram um indicativo da oferta e demanda desses produtos, o que resultaria no preço deles no mercado. Um indicativo muito bem trabalhado no passado foi o spread da soja e do milho para determinar a oferta e demanda do consumo dos aminoácidos lisina e treonina, sendo um excelente driver na formação de preços (gráfico 1). A palavra spread (inglês) nada mais que a diferença entre o preço do farelo de soja e do milho/ou sorgo/ou outro ingrediente energético.
Essa prática ficou conhecida pelo melhor indicativo de quando se é ou não interessante utilizar lisina industrial ao observar o spread. Com isso, quanto maior o spread, maior oportunidade para lisina baixar os custos, sendo assim mais alto seria o preço de equilíbrio da lisina industrial. Todavia, atualmente com grande número de players no mercado que oferecem esses aminoácidos cristalinos acabam se tornando os drivers nos preços, ficando ao spread determinar a demanda desses produtos.
Gráfico 1. Spread do farelo de soja e milho com base de preços de Campinas/SP de safras e mercados (consulta Janeiro de 2015)..
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 1Fonte: http://www.safras.com.br/produtos/safrasnet/index.asp
4.3 – Qualidade da matéria-prima
Um fator muito importante é qualidade de matéria-prima. Os ingredientes utilizados nas formulações podem sofrer grandes variações em suas composições nutricionais, em virtude de inúmeros fatores, como genética do grão, adubação, armazenamento, época do ano, entre outros.
Tais variações existentes, se não identificadas e ajustadas causam grandes impactos no desempenho animal com perdas econômicas significativas. A desuniformidade e as alterações da qualidade da maioria das matérias-primas existentes no mercado brasileiro são alguns dos principais problemas enfrentados pela indústria de alimentação animal, no Brasil e, segundo PENZ JR. (1995), afetam a qualidade da ração, comprometendo o desempenho animal.
Portanto, é muito importante a existência de um padrão de qualidade para o aferimento dos valores e da qualidade dos produtos utilizados, estabelecido e adequado às condições pré-estabelecidas. BARBARINO Jr (2001) em sua tese de doutorado reporta muito bem em relação aos ingredientes, que devem ser continuamente monitorados, para assegurar-se que apresentam consistência com seu perfil nutricional e a ausência de contaminações potenciais. O mesmo autor ressalta um ponto importante no controle de qualidade é a avaliação criteriosa dos fornecedores dos diferentes ingredientes. Novos fornecedores devem ser testados com maior frequência e atenção. Além disso, BARBARINO Jr (2001) menciona que a frequência e o número de amostras dependem da importância do ingrediente na ração e, uma vez que tenha sido possível obter um histórico consistente de análises, a frequência pode ser reduzida.
Em outras palavras, um bom fornecedor é um fornecedor monitorado. Com isso, a seleção de fornecedores que têm a competência de oferecer matérias-primas com menor variabilidade auxilia no procedimento de separação de ingredientes e reduz a variabilidade das formulações.
Para mais um exemplo prático, apresentamos os dados de proteína bruta, metionina e lisina (tabela 1) de amostras de milho nos anos de 2013 e 2014 (2500 amostras para cada ano) retirados do banco de dados da Evonik Degussa que são gerados pelas análises bromatológicas e aminoácidos realizadas em seus laboratórios satélites e através do serviço AMINONIR ADVANCED utilizando o equipamento NIR para diversas matérias primas por todo Brasil.
Tabela 1. Comparação entre as analises de NIR provenientes de 2500 amostras de milho para os anos de 2013 e 2014 no Brasil.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 2
Fonte: AminoNir Advanced/Evonik Degussa
Pode-se observar que a diferença dos nutrientes entre os anos de 2013 e 2014 não apresentam grandes problemas. Todavia, cabe-se ressaltar que o espaço amostral é de 2500 amostras para cada ano. No gráfico 2 e 3, podemos observar a grande variação das amostras quando comparado com a linha da média para cada nutriente. Assim, a informação torna-se importante e fundamental.
Gráfico 2. % de metionina total, proteína bruta e lisina total em 2500 amostras de milho coletadas de distintos clientes no Brasil no ano de 2013.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 3Fonte: AminoNir Advanced/Evonik Degussa
Gráfico 3. % de metionina total, proteína bruta e lisina total em 2500 amostras de milho coletadas de distintos clientes no Brasil no ano de 2014.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 4Fonte: AminoNir Advanced/Evonik Degussa
Hipoteticamente, sua empresa recebeu as 2500 cargas durante um período. Observe em cada figura que alguns pontos (nesse caso as cargas) estão longe da média geral.
Da mesma maneira, vamos fazer o mesmo exercício para o farelo de soja, utilizando a mesma base de dados e número de amostras, conforme apresentados na tabela 2 e nos gráficos 4 e 5.
Tabela 2. Comparação entre as analises de NIRS provenientes de 2500 amostras de farelo de soja para os anos de 2013 e 2014 no Brasil.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 5
Fonte: AminoNir Advanced/Evonik Degussa
Gráfico 3. % de metionina total, proteína bruta e lisina total em 2500 amostras de farelo de soja coletadas de distintos clientes no Brasil no ano de 2013.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 6Fonte: AminoNir Advanced/Evonik Degus
Grafico 4. % de metionina total, proteína bruta e lisina total em 2500 amostras de farelo de soja coletadas de distintos clientes no Brasil no ano de 2014.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 7Fonte: AminoNir Advanced/Evonik Degussa
Existem algumas notas importantes nesse contexto apresentado: A empresa está perdendo dinheiro, onde não aproveita oportunidade de utilizar o real valor da matériaprima; Perda de desempenho, por trabalhar com uma matriz nutricional inadequada. Além disso, erros como a classificação na etiqueta da matéria-prima. Podem observar que algumas amostras estão com uma média de proteína de 33%, que leva a uma hipótese que essa amostra foi classificada como um farelo de soja e não como uma soja integral, por exemplo. Esse é um detalhe pequeno, mas um simples erro na nomeação do ingrediente pode não ajudar no entendimento da média, dificultando a analise do nutricionista com os dados avaliados.
E a escolha do fornecedor de matéria-prima é importante? Como tem sido relatada, a composição de nutrientes das matérias-primas podem apresentar diferenças significativas e impactar diretamente no custo de formulação e desempenho animal. Por mais um exemplo prático, tomamos dois fornecedores de farelo de soja, conforme são apresentados os resultados nos gráficos 5 e 6 . O nutricionista em questão trabalhava com uma matriz nutricional para o farelo de soja com 46,8% PB e 2,84%, e tem nesse exemplo o fornecimento de 2 provedores de farelo de soja, com variações diferentes.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 8
Gráfico 5. Quantidade de lisina total em % no farelo de soja de um fornecedor 1 (desvio padrão calculado de 0,04). -  Gráfico 6. Quantidade de lisina total em % no farelo de soja de um fornecedor 2 (desvio padrão calculado de 0,08).
A variação apresentada pelo fornecedor 2 deve ser vista com muita atenção. Observe que o conteúdo de lisina tem uma variação maior com esse fornecedor em questão em relação ao fornecedor 1. As explicações podem ser diversas, desde fraude, processo, variedade de cultura, problemas no cultivo entre outros. Cabe ressaltar mais uma vez, a importância do monitoramento da matéria prima e adequada utilização nas formulações.
Nesse caso, o nutricionista adotou retirar ½ desvio padrão de cada partida de farelo para ser adotada na matriz nutricional do programa de formulação como é mostrado no gráfico abaixo.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 9
Nesse cenário teríamos 3 formulações, onde seria adotado para o farelo de soja uma matriz de 2,84 (média adotada pelo departamento de nutrição); 2,82 (média – ½ desvio padrão do fornecedor 1) e 2,80% (média – ½ desvio padrão do fornecedor 2) de lisina para cada formulação. Essas 3 formulações, considerando as diferentes matrizes nutricionais, apresentaram diferenças nos custos de formulações, dependendo do preço das matérias primas, podem ser pequeno ou até expressivos. No entanto, cabe relembrar alguns centavos reduzidos no custo por tonelada métrica produzida torna-se significativo quando avaliadas o total de ração produzida mensalmente.
Todavia, os nutricionistas trabalham com as margens de segurança. Essa prática é muito trabalhada no mercado. Qual a melhor maneira de trabalhar com o desvio padrão? Na prática, seria recomendado observar o coeficiente de variação (CV) dos nutrientes e assim, adotar a maneira de trabalhar com o desvio padrão (DP) na margem de segurança.
Por exemplo:
  • CV > 10%, recomenda-se reduzir a média em 1 DP (para margem de segurança);
  • CV > 5%, recomenda-se reduzir a média em 0,5 DP (para margem de segurança);
  • CV < 5%, não teria a necessidade de aplicar a margem de segurança.
Existem dois importantes pontos a serem considerados: a aplicação correta na atualização da matriz nutricional do ingrediente pode acarretar na manutenção de desempenho e redução de custo de formulação; e aplicação incorreta resulta além da queda de desempenho das aves, aumento no custo de ração, e consequentemente com esses dois fatores, aumenta mais o custo final de produção.
WU et at., (2007) avaliaram o desempenho de poedeiras comerciais (21 a 36 semanas ) alimentadas com 3 dietas com diferentes níveis de energia, aminoácidos, cálcio e fósforo disponível, intituladas como baixa (2747 kcal EM; 3,86% de Ca, 0,41% Pd; 0,98% de Lis e 0,73% de M+C), média (2874 kcal EM; 4,00 % de Ca; 0,42% Pd; 1,02 % de Lis e 0,77% de M+C) e alta (3002 kcal EM; 4,18 % de Ca; 0,44% Pd; 1,07 % de Lis e 0,80% de M+C). Esses autores, apresentaram (tabela 3) as diferenças no desempenho das aves comparando as 3 dietas, evidenciando a melhora na produtividade à medida que aumenta a densidade nutricional.
Tabela 3. Efeito de diferentes níveis de energia, aminoácidos, cálcio e fósforo disponível no desempenho de poedeiras comerciais no período de 21 a 36 semanas.
Atualização da matriz nutricional como fator de redução no custo de produção - Image 10Letras nas colunas apresentam as diferenças estatísticas. Adaptado de WU et al., (2007).
Com esses resultados apresentados, podemos imaginar as consequências com o desempenho das aves, caso venha ocorrer uma redução da densidade nutricional em uma dieta comercial oriunda de uma formulação que a matriz nutricional dos ingredientes não foi corrigida, ou até mesmo os dados das analises não foram muito bem interpretados.
4.4 – Qualidade de matéria-prima
4.4.1: Avaliação
O setor de qualidade torna-se a barreira de entrada da matéria prima, e serve de base de dados para atualização das matrizes nutricionais nos programas de formulação. Em geral, quando dependemos de análises convencionais de laboratório, o tempo de resposta chega a mais de uma semana e, na maioria das vezes, quando o resultado chega, o produto já foi utilizado na produção ou o alimento já foi consumido nas dietas.
Na busca por um serviço rápido e preciso, os equipamentos NIR (Near Infrared Spectroscopy) tem sido importante na mensuração da qualidade. Isso porque essa ferramenta proporciona precisão e reprodutibilidade da análise, rapidez, baixo custo, podendo analisar vários nutriente ao mesmo tempo, maior controle de processo e muito importante, que permite uma tomada de decisão imediata.
Além de permitir monitorar o fornecedor de matéria prima, auxiliando na fabrica de ração até uma segregação de produtos conforme um padrão estabelecido pela empresa, o que permite obter melhor desempenho dos animais, pois as variações na qualidade das matérias-primas são ajustadas regularmente.
Dados reportados por TAHIR et al. (2012) já mencionam sobre a implantação dos sistemas de avaliação imediata por esse equipamento, o que tornou o processo mais fácil a análise de recepção e a estimativa dos valores nutricionais dos ingredientes em uma ração, todavia os mesmos autores ressalvam que o nutricionista utilize essas informações de forma segura. Tais informações, que corroboram com SOTO et. al. (2013), onde não apenas testaram dietas formuladas com aminoácidos digestíveis e energia metabolizável determinadas com o NIR como encontraram incremento no desempenho geral e da qualidade da carcaça de frangos em que o equipamento estimou os níveis nutricionais das dietas.
Já os autores STRIGHINI et al. (2014) elucidaram a importância de obtenção de dados muito interessante e a utilização dessas informações obtidas no NIRS podem ser um excepcional meio de conseguir atualizar a composição dos ingredientes e, com isso, permitir uma formulação mais precisa. Porém, os dados precisam ser trabalhados de forma adequada, e em seguida, será apresentado um exemplo dessa aplicação de dados do NIR para composição de uma equação para correção de dados do milho.
4.4.2: Impacto da atualização da matriz nutricional em custos 
Foram adotados valores de R$ 28,00 a saca de milho, R$ 1030,00 a tonelada de farelo de soja, taxa de cambio de 1 USD = R$ 2,69 coletados da fonte Safras & Mercado (www.safras.com.br) de Janeiro 2015, com base de preço São Paulo. Os demais ingredientes foram de acordo com os preços de mercado no período de Janeiro do mesmo ano. Os requerimentos nutricionista foram de acordo com as recomendações de ROSTAGNO et.al. (2011) para Poedeiras Leves com consumo de 100g/dia.
Partindo do pressuposto uma dieta padrão onde o nutricionista em questão adota as matrizes nutricionais para milho e farelo de soja com 8 e 46% de proteína bruta respectivamente, o custo de formulação seria de R$ 681,82/tonelada de ração. Todavia, em outro caso hipotético, o produtor recebeu uma carga de farelo de soja com 44% de proteína (todavia o mesmo preço do farelo de soja 46%, ou seja, nesse caso de R$ 1030,00), e o nutricionista teve tempo de ajustar a formulação para que as aves recebam os requerimentos esperados e não tivesse prejuízo no desempenho. Todavia, observou que o custo da ração subiu para R$ 712,46/tonelada com a redução de 2% de proteína bruta proveniente da diferente carga de farelo de soja.
Porém, muitas vezes isso não acontece, e descobre que teve algum problema na matéria prima quando a ração já está no campo, ou até muitas vezes com o desempenho das aves. Nesse mesmo caso hipotético, que muitas vezes é real, o desenho da formulação foi proposto com uma matriz de farelo de soja com 46% de proteína. A utilização de maneira errada com um farelo de soja com 44% de proteína, e isso deixa muito claro que a ração não terá os níveis nutricionais desejados para atingir o desempenho projetado. Consequentemente, queda de produção, aumento da conversão alimentar e consequentemente aumento no custo de produção.
Com uma ferramenta rápida na tomada de decisão poderá auxiliar de uma maneira mais eficiente. Partindo desse mesmo raciocínio, uma dieta para atender as mesmas exigências do exemplo anterior, porém formulada com um farelo de soja com 44% e milho a 8%, e, recebeu as cargas de farelo mensuradas pelo NIR reportam uma proteína de 46%, ou seja, com 2% a mais de proteína pelo mesmo preço do farelo 44%. Uma excelente oportunidade para reduzir o custo da dieta.
BARBARINO Jr (2001) cita em sua tese que melhores rações são produzidas quanto de melhor qualidade e menor variabilidade dos ingredientes, com isso o conhecimento dos valores nutricionais, resulta em resultados zootécnico mais próximo dos esperados.
5- Conclusões
Com a alta demanda mundial no consumo de carne e derivados, a constante busca para reduzir custo de formulação é primordial para garantir as margens de lucro pelos produtores. As novas tendências de nutrição, assim como controle de qualidade e atualizações das matrizes nutricionais acompanhadas de ferramentas como NIR, serão fundamentais para nutricionistas e produtores alcançar a máxima eficiência produtiva e reduzir o custo de formulação.
6- Referências
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Nei Arruda
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Ivanir Ramos.
8 de mayo de 2019
Bom Nei, Fico por aqui, teria muita coisa mais pra falar e mostrar que estes dados podem ser mudado ,com apenas algumas mudança que traria um aumento imediata e vários setores do agro negocio sem alterar o que tem. Nossa empresa Eco Pintura Industrial , busca dar soluções que melhorem a qualidade e desprodutividade do que já se tem.
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Ivanir Ramos.
8 de mayo de 2019
Continuando Ney. dando continuidade sobre nosso produto. • Pode ser empregada em qualquer tipo de sistema de armazenamento, em qualquer país do mundo, • Não exige alterações das estruturas existentes nem procedimentos especiais, bem como investimentos pesados e perda de tempo para obter resultados; • Tem alta durabilidade e estende a vida das estruturas existentes; • Pode ser aplicado em silos, graneleiros, tulhas e até mesmo em tecidos lonados, reduzindo imediatamente o calor absorvido pelos grãos; • Pode, (e deve) ser aplicado em lonas e carrocerias de caminhões, estruturas portuárias, containers, vagões ferroviários e barcaças; e • Tem custo baixo e longa vida, diluindo o investimento em diversas safras. • Dependendo dos produtos armazenados, a Economia de Energia Elétrica para ventilação dos grãos poderá recompensar rapidamente o investimento. • A qualidade dos bens armazenados e a classificação, ao final do período, aumentará o lucro do armazenamento. • É compatível com produtos alimentícios, pois não produz odor e não libera nenhuma substância tóxica. • Tem baixíssima taxa de manutenção. Nos galpões de proteína animal, os benefícios vão muito mai alem, com um aumento nos lucros e, e redução das perdas. EFEITO TÉRMICO DA PINTURA EXTERNA EM SILOS DE GRÃOS “Além do problema quantitativo acerca do tema, a falta de normativas específicas para execução de tais obras oferece ao mercado um sem número de execuções empíricas, métodos quase “caseiros” pautados em pouca fundamentação científica para melhorar a qualidade dos grãos armazenados. Dentre estes a execução de pintura branca nas chapas dos silos, o que altera obviamente o albedo do material e consequentemente o balanço de energia do silo e por fim a temperatura interna da massa de grãos. É certo que a alteração do albedo de determinado material para cores mais claras afeta de algum modo a temperatura interna do corpo (silo) e consequentemente da massa de grãos, porém há de se apresentar ao mercado uma forma de mensurar e qualificar tais alterações, e ainda a viabilidade de se incrementar tal procedimento junto ao silo, analisando por exemplo o consumo de energia ou mesmo o resíduo e o custo do procedimento em comparação a outra unidade onde o procedimento não foi adotado.” https://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/6312/1/CRISTIANO%20GOULARD.pdf
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Ivanir Ramos.
8 de mayo de 2019
Ola, Amigo Ney. Muito interessante estas informação que vc nos apresenta, mais chamo sua a atenção dos leitores para um detalhe muito importante, onde pequenas mudança no controle de irradiação solar, no controle do infra vermelho poderá aumentar muitos os ganhos na produção de alguns setores do agro melhorando a qualidade e em muitos casos a quantidade. Armazenar grãos de qualquer espécie exige técnica e conhecimento específico. Cerca de 27% do PIB brasileiro vem do agronegócio e este índice subirá ainda mais em vista da melhoria da qualidade e das técnicas de plantio e produção; do crescimento da população; da migração para as cidades, onde os oriundos do campo deixarão de ser produtores de alimentos para serem apenas consumidores; pelo aumento da exportação e maior consumo de proteína animal, que também demanda grande quantidade de grãos para ser produzida. Entretanto, não há uma preocupação generalizada com diversos estudos, que apontam perdas de até 30% de toda safra mundial de alimentos, grãos, legumes e frutas. ¹) ²)³) No plantio, sementes mal conservadas ou contaminadas deixam de germinar; durante a colheita, as sementes de má qualidade produzem menos alimentos e grãos menores, ocasionando perdas pelo desajuste das colheitadeiras. Independente dos outros problemas conjunturais de transporte e logística, os grãos precisam ser armazenados corretamente, para serem vendidos na entre safra e isto demanda a existência de silos e graneleiros adequados e em boas condições, de acordo com os princípios técnicos mundialmente reconhecidos. E neste ponto que a nossa Tecnologia Thermo-Off se apresenta como uma das mais democráticas, simples e eficientes soluções para o Pós –Colheita e Armazenamento no Agronegócio,e na criação da proteína animal esta solução em muito aumentaria o volume da produção brasileira.
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