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Aminoácidos valina e isoleucina na nutrição de frangos de corte

Publicado: 8 de julho de 2014
Por: Guilherme Rodrigues, Doutor em Zootecnia na área de não-ruminantes.
Avicultura de corte é a atividade mais dinâmica relacionada à produção de carne. Ela desenvolveu-se a partir do final da década de 1950, na Região Sudeste, principalmente, no estado de São Paulo. Na década de 70, deslocou para a Região Sul devido as condições climáticas, e grande produção de grãos utilizados na alimentação das aves. Recentemente a região Centro-oeste do Brasil é destaque no crescimento devido a necessidade de expansão no setor para atender a demanda nacional e internacional.
Segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Brasil fechou o ano de 2013 como o terceiro maior produtor de frangos de corte do mundo com 12 milhões de toneladas. Quanto à exportação de carne de frangos, o Brasil ocupa a primeira posição, com cerca de quatro milhões de toneladas exportadas.
Durante muitos anos, as rações para frangos de corte foram formuladas com base nas quantidades de proteína bruta dos ingrediente, resultando em dietas com conteúdo de aminoácidos acima do necessário pelas aves. Com a disponibilidade de aminoácidos sintéticos, surgiu o conceito de proteína ideal, o qual preconiza que as rações sejam formuladas com o balanço exato de aminoácidos, sem deficiência e nem excesso.
O aminoácido é uma molécula orgânica formada por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio unidos de maneira característica, e podem conter enxofre em sua composição. São essenciais para a produção de proteínas e podem ser obtidos a partir da alimentação, serem produzidos pelo próprio organismo, ou produzidos pela indústria, chamado de aminoácidos industriais.
A adição de aminoácidos industriais nas dietas de frangos de corte traz benefícios diretos, como a redução do custo da ração, melhora do ganho de peso e conversão alimentar e, ainda, uma menor contaminação do meio ambiente, pois reduz a excreção de nitrogênio. Entretanto, os aminoácidos devem estar equilibrados na ração, pois o excesso deles pode reduzir a utilização de outros.
A valina é o quarto aminoácido limitante na dieta de frangos de corte a base de milho e farelo de soja, posterior à metionina, lisina e treonina. A isoleucina é citada como quinto aminoácido limitante e para alguns pesquisadores, pode ser considerada como co-limitante da valina.
Altos níveis de leucina na ração de frangos de corte reduzem a utilização de Valina e Isoleucina, isso ocorre principalmente nas dietas a base de milho e farelo de soja, devido a altas quantidades de leucina em relação a valina e isoleucina nesses ingredientes (Figura 1). Os três aminoácidos fazem parte dos chamados aminoácidos de cadeia ramificada, e são importantes fontes de energia e síntese proteica nos músculos esquelético.
 
Figura 1. Quantidade de valina, isoleucina e leucina no milho e farelo de soja utilizados nas rações de frangos de corte (Tabelas Brasileira de aves e suínos).
Aminoácidos valina e isoleucina na nutrição de frangos de corte - Image 1
 
Determinar os níveis ideais de aminoácidos digestíveis na dieta de frangos de corte nas diferentes fases de criação permitirá manter as tabelas de exigências atualizadas e a formulação de rações especificas visando melhorar o desempenho animal e minimizar o custos de produção.
Neste contexto foram avaliados diferentes níveis de Valina digestível (Val dig) em dietas a base de milho e farelo de soja para frangos de corte nas fases pré-inicial (1 a 8 dias), fase inicial (9 a 21 dias) e fase de crescimento (21 a 42 dias), na Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Os valores recomendados de Val dig para frangos de corte nas fases pré-inicial, inicial e crescimento foi de 1,028%, 0,905% e 0,789%, respectivamente, que corresponde a 78, 77 e 76% da relação valina/lisina, que apresentaram melhor conversão alimentar (relação do ganho de peso e do consumo de ração) nas dietas com adição de aminoácidos industriais e consequente redução no teor de proteína.
Com o objetivo de melhorar o desempenho de frangos de corte, outra pesquisa buscou estudar a adição de valina e isoleucina digestíveis (Val dig e Ile dig) nas dietas com redução no teor de proteína bruta para frangos de corte na fase inicial (1 a 21) e na fase de crescimento (22 a 42 dias).
Na Figura 2 podemos observar que a suplementação de valina de 0,957 para 1,077% de Val dig aumentou o requerimento de Ile dig para 0,880% para a melhor conversão alimentar das aves na fase inicial de 1 a 21 dias. O aumento nas quantidade de Val e Ile na dieta reduziu o efeito do excesso de leucina, tendo em vista, que o excesso de leucina causa queda no desempenho de frangos de corte.
 
Figura 2. Conversão alimentar de frangos de corte de 1 a 21 dias com diferentes níveis de Val e Ile dig.
Aminoácidos valina e isoleucina na nutrição de frangos de corte - Image 2
 
Na fase de crescimento, o aumento no nível de Val de 0,815 para 0,937% na dieta resultou em aves com maior ganho de peso quando o nível de Ile dig foi de 0,740%, no entanto, foi menor que o ganho de peso das aves que receberam a dieta controle (Figura 3). A redução no ganho de peso ocorreu devido à redução no consumo de ração, resultado da maior quantidade de aminoácidos industriais, que são prontamente utilizados pelas aves, reduzindo assim o consumo de ração.
 
Figura 3. Ganho de peso de frangos de corte de 21 a 42 dias com diferentes níveis de Val e Ile dig.
Aminoácidos valina e isoleucina na nutrição de frangos de corte - Image 3
 
Apesar da redução no ganho de peso, a conversão alimentar melhorou com a suplementação de Val dig no nível de 0,770% de Ile dig, em relação à dieta controle (Figura 4), resultado do menor consumo de ração, resposta semelhante foi obtida na fase inicial.
 
Figura 4. Conversão alimentar de frangos de corte de 21 a 42 dias com diferentes níveis de Val e Ile dig.
Aminoácidos valina e isoleucina na nutrição de frangos de corte - Image 4
 
Os níveis recomendados de Val e Ile dig na fase inicial são 1,077 e 0,880%, ou 87 e 71% da relação valina e isoleucina/lisina, enquanto que na fase de crescimento foram 0,937 e 0,770%, ou 90 e 74% da relação valina e isoleucina/lisina. Dietas a base de milho e farelo de soja formuladas com conceito de proteína ideal, com utilização de aminoácidos industriais, é necessária a suplementação de valina e isoleucina na dieta de frangos de corte para alcançar melhores resultados de desempenho.
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Autores:
Guilherme Rodrigues
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