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Entrevista: estudo do trato gastrointestinal na produção de aves e suínos - Marcos Rostagno (USDA)

Publicado: 10 de setembro de 2010
Fonte : Engormix
O médico veterinário, cientista do United State Departament of Agriculture (USDA), Marcos Rostagno, concedeu entrevista a comunidade Engormix, comentou sobre sua trajetória acadêmica e profissional, e sobre seu foco no estudo do trato gastrointestinal na produção de aves e suínos.
Boa Leitura. 
1- Um resumo do seu perfil profissional.
Sou Médico Veterinário formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), com mestrado em Medicina Veterinária Preventiva pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutorado (sanduíche) em Ciência Animal realizado na UFMG e no National Animal Disease Center (NADC) do USDA, e pós-doutorado realizado no USDA-NADC. A minha carreira tem se concentrado na área acadêmica, apesar de sempre manter estreito contato com a indústria de produção de suínos e aves. Tive a oportunidade de integrar a equipe de implantação do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras (UFLA), e atualmente exerço as funções de cientista do USDA e de professor adjunto da Purdue University, nos EUA. O acúmulo de experiências ao longo de minha formação e atuação profissional em diferentes instituições e países me permitiu desenvolver uma visão ampla da indústria de produção animal, tanto do ponto de vista acadêmico como aplicado/prático.
2- Uma apresentação do seu tema de estudo e/ou área de trabalho.
Durante o periodo em que trabalhei na UFLA, as minhas atividades didáticas concentravam-se nas disciplinas de imunologia e microbiologia veterinária, doenças infecciosas de suínos e aves, e biosegurança em sistemas de produção animal. Durante os últimos anos, tenho me concentrado mais na área científica, sendo que as linhas de pesquisa desenvolvidas por nossa equipe concentram-se nas grandes áreas de segurança dos alimentos de origem animal e ecologia microbiana do trato gastrointestinal monogástrico. Dentro destas áreas, temos adotado uma combinação de abordagens incluindo estudos epidemiológicos (i.e., de campo) e experimentais (com animais e/ou no laboratório).  Na área de segurança dos alimentos, temos realizado diversos estudos sobre a ecologia e epidemiologia de Salmonella e de bactérias resistentes a antimicrobianos (patógenos e comensais). Além disso, também temos realizado estudos sobre a utilização de aditivos alimentares antibióticos e potenciais alternativas. As nossas pesquisas tem se concentrado em suínos e aves.
3- Como surgiu o interesse pelo tema de estudo e/ou área de trabalho?
Desde que me formei em Medicina Veterinária, tenho trabalhado com suínos e aves. Como qualquer estudante, durante a graduação realizei diversos estágios até me interessar nestas duas espécies, principalmente pela complexidade e pelo constante desafio e dinamismo de ambos os sistemas de produção. Procurei aprender sobre as diversas áreas envolvidas na produção de suínos e aves (e.g., manejo, nutrição, reprodução, etc.), até que me fascinei pela área de doenças infecciosas. Devido a grande importância do trato gastrointestinal na produção de ambas as espécies e ao pouco conhecimento sobre o seu complexo ecosistema microbiano, desenvolvi uma curiosidade crescente em tentar entender mais sobre o tema, suas ramificações e implicações (tanto para os animais, como para os humanos).
4- Comentar uma experiência profissional e/ou acadêmica de destaque.
É dificil selecionar apenas uma experiência de destaque, pois acredito que o conjunto das experiências vivenciadas ao longo da vida e da carreira, fundamentalmente, formam o indivíduo e o profissional. Neste sentido, me considero um profissional privilegiado por ter vivenciado experiências amplas e variadas ao longo da minha carreira. Tive a oportunidade de fazer parte de equipes excepcionais, mas também medíocres, de vivenciar sucessos, mas também fracassos, e de conhecer profissionais e culturas de todos os tipos (com seus pontos positivos e negativos). Assim sendo, acredito que todas as experiências profissionais, acadêmicas, ou simplesmente pessoais, merecem destaque, pois cada uma delas contribuiu um pouco para a minha formação pessoal e profissional.
5- Como vê as discussões futuras sobre o seu tema de estudo?
A nossa área de atuação (ou estudo) tem recebido muita atenção nos últimos anos e, certamente, continuará a ser intensamente debatida, em função dos desafios atuais na produção de suínos e aves. Os tópicos de segurança dos alimentos de origem animal, bem como a manutenção da produtividade e da saúde dos animais apesar da redução da disponibilidade de drogas antimicrobianas, são assuntos de discusses, hoje, e ao me ver, continuarão em evidência pelos próximos anos. Novas estratégias de intervenção para a prevenção e controle de riscos, e alternativas à utilização de antimicrobianos na produção animal continuarão a demandar grande atenção por parte dos profissionais envolvidos na indústria de produção de alimentos de origem animal. Entretanto, devido à complexidade dos sistemas de produção animal, as abordagens necessárias para resolver desafios e/ou problemas estão se tornando cada vez mais multidisciplinares, demandando profissionais com capacidade de ampla visão e de trabalhar em equipes.
6- Teria algum recado para deixar aos colegas profissionais e acadêmicos que estão atuando na mesma área?
Mudanças e desafios constituem partes inerentes da indústria de produção animal e, portanto, não devem ser vistos como obstáculos, mas sim como oportunidades para melhorias, pois fazem parte do processo de evolução. Aos profissionais e acadêmicos que já fazem parte desta indústria, há algum tempo, os parabenizo pelo ótimo trabalho realizado ao longo dos anos para termos hoje sistemas de produção tão eficientes. Aos mais jovens que ainda estão se preparando para entrar no mercado e para os que apenas começam as suas carreiras, também os parabenizo pela escolha desta área de trabalho. Recomendo que se concentrem em aprender o máximo possível, e em trabalhar de forma honesta e árdua, pois deste modo, os resultados/sucessos são garantidos. Desejo-lhes boa sorte, e contem conosco (i.e, os "mais velhos").
Fonte
Engormix
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Marcos Rostagno
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Romão Miranda Vidal
28 de septiembre de 2010
Dr.Marcos. E sem falsa modéstia eu me sinto orgulhoso de pertencer a esta Classe de Profissionais da qual o nobre colega pertence. Não sabe o senhor as dificuldades que nós passamos nos anos de 70 e 80 quando a avicultura brasileira experimentou o grande avanço, que a consolidou como uma das maiores do mundo. O mesmo se deu com a suinocultura, se bem que, mal administraeda e que sofreu inúmeros percalços nestes anos todos. Mas em relação aos avanços, as pesquisas, aos estudos e resultados disponibilisados à toda a Classe Médica Veterinária, a exemplo do que o competente colega o fez, o faz e o fará, acredito que só nos restas citar duas frases: 1- Nós nos sentimos orgulhosos de ter um Colega como o senhor. 2-Obrigado pelos seus esforços e seu profissionalismo. Atenciosamente. Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
Maíra Vasconcelos
27 de septiembre de 2010
Olá, comunidade Engormix. Gostaria de propor aos usuários a leitura da entrevista realizada com o pesquisador do United State Departament of Agriculture (USDA), Marcos Rostagno, com o objetivo de iniciar aqui uma discussão sobre os estudos atuais do trato gastrointestinal na produção de suínos. Por ser um tema amplo, deixo a critério dos usuários que especifiquem o que seria de maior interesse à ser debatido. Aproveitem esse espaço para o intercâmbio de informações. Obrigada.
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