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Manejo do estresse oxidativo para melhorar a saúde dos leitões

Publicado: 21 de julho de 2015
Por: Pierre-André Geraert, Yves Mercier e Florian Couloigner, Adisseo France
Manejo do estresse oxidativo para melhorar a saúde dos leitões
Os leitões nascem com potencial imunológico e antioxidante baixíssimos, o que torna os animais jovens vulneráveis a todo tipo de patógeno. É possível dar-lhes uma ajuda fornecendo às matrizes fontes adequadas de Selênio orgânico.
Por Pierre-André Geraert, Yves Mercier e Florian Couloigner, Adisseo France
Sem dúvida, o desmame é o período mais difícil, não só para os leitões, mas também para os produtores. Na suinocultura moderna tradicional, os leitões são comumente desmamados após quatro semanas do nascimento. É um momento estressante para os leitões, que precisam enfrentar o estresse social do convívio com outros leitões e a passagem da dieta líquida de leite para a dieta sólida.
Essas condições estressantes costumam estar associadas a transtornos digestivos decorrentes da imaturidade do trato gastrointestinal que gera inflamação intestinal. Nos piores casos, isto pode induzir diarreia grave, capaz de causar a morte dos leitões. Mesmo sob condições de estresse moderado, e sem problemas clínicos visíveis, o status inflamatório induzido é sempre acompanhado por um quadro de estresse oxidativo, cujo impacto sobre os leitões durante este período é severo. Pesquisas mostraram claramente que o status oxidativo é exacerbado durante a primeira semana subsequente ao desmame em relação ao período de amamentação, sem sinais clínicos visíveis nos leitões. Esta situação de redox enfraquecida ocorre por meio da diminuição dos teores plasmáticos de vitamina C e vitamina E e da elevação da relação glutationa oxidada/reduzida (GSSG/ GSH) e dos níveis plasmáticos de espécies reativas de oxigênio (ROS). Além disso, há muito se sabe que, ao nascer, os leitões apresentam baixos níveis de vitamina E e de atividade de glutationa peroxidase (GPx).
A nutrição adequada das matrizes pode fornecer compostos antioxidantes, tais como Selênio (Se) e vitamina E, aos leitões através do colostro. No entanto, há grandes variações entre as matrizes. E os teores de Selênio e vitamina E parecem diminuir rapidamente, sendo observado até - 68% e -86%, respectivamente, uma semana após o parto. Além disso, os leitões de matrizes mais velhas (ordem de parto superior a quatro) costumam apresentar deficiência de Se e antioxidantes ao nascer. Também se observou que a transferência de vitamina E e Se ao colostro e ao leite é menos eficaz nas fêmeas mais velhas.
Demonstrou-se que as situações de estresse aumentam as necessidades de aminoácidos sulfurados, particularmente cisteína. Um estudo recente de Li et al, do início deste ano, avaliou o efeito das fontes de metionina (metionina, DLM ou hidroxi-metionina, HMTBA) e seus teores na dieta de matrizes durante a lactação sobre a qualidade do leite, crescimento e defesas antioxidantes dos leitões. Comparado com tratamentos controle ou contendo DL-metionina, o tratamento contendo hidroxi-metionina (HMTBA) propiciou maior ganho de peso corporal aos leitões durante os períodos de amamentação e desmame comparado com outros tratamentos. Além disso, os leitões do grupo alimentado com hidroxi-metionina (HMTBA) apresentaram atividade plasmática de GPx significativamente mais alta e conteúdo de glutationa (GSH) plasmática reduzido, além de relação GSSG/GSH plasmática mais baixa no dia do desmame comparado a outros leitões, o que demonstra melhor status antioxidante do que outros grupos (ver Figura 1). Este efeito da hidroxi-metionina é explicado por sua maior capacidade de ser transulfurada transformando-se em cisteína e taurina, o que leva ao aumento da produção de compostos antioxidantes, como a glutationa.
Manejo do estresse oxidativo para melhorar a saúde dos leitões - Image 1
Orgânico x inorgânico
Para aumentar ainda mais os potenciais antioxidante e imunológico dos leitões, foram feitas pesquisas para definir as diferenças entre a eficiência das fontes orgânicas e inorgânicas de Selênio. Já em 2004, os pesquisadores Mahan e Peters mostraram que a suplementação da dieta das matrizes com Selênio de fontes orgânicas resultou em conteúdo de Se duas vezes mais alto em seu colostro e leite do que a dieta basal e do que a suplementação com a fonte inorgânica de Se (selenito de sódio) quando fornecida desde 25 kg de peso corporal até a o quarto parto. Além disso, o conteúdo de Se nos tecidos de leitões neonatos de fêmeas que haviam recebido Se orgânico foi mais alto do que nos outros grupos. O melhor fornecimento de Selênio através do leite da porca aumentou o conteúdo sérico de Se dos leitões ao desmame.
Além disso, Matte e colaboradores mostraram este ano que a transferência pré-natal de Se inorgânico e vitamina E da fêmea para sua leitegada só atingiu 36% e 44% quando medida, respectivamente, pela diferença entre as concentrações séricas nas matrizes no final da gestação e nos leitões ao nascer. Além disso, a transferência perinatal chegou a 49% para o Se inorgânico e a 210% para a vitamina E quando foram comparadas as concentrações séricas de matrizes no final da gestação e nos leitões de três dias de idade. Estes resultados confirmam o baixo status antioxidante dos leitões ao nascer e a necessidade de melhorar a transferência de antioxidantes da fêmea para a leitegada, especialmente no caso do Se. A substituição de Se inorgânico pela forma orgânica aumentaria drasticamente a eficiência da transferência de Selênio da matriz para a leitegada. Esses resultados mostram a importância da suplementação da dieta das matrizes com antioxidante durante a gestação e a lactação para aumentar as defesas antioxidantes dos leitões ao nascer, o que também afeta seu status antioxidante ao desmame. Este conceito de proteção materna é bem reconhecido em relação a anticorpos que, durante os períodos de gestação e lactação, passam da fêmea para sua leitegada e a proteção por meio de compostos antioxidantes, tais como vitamina E e Selênio, está despertando interesse crescente, pois estes podem ser armazenados nos tecidos da leitegada.
Melhor nutrição aos leitões
A transferência das fêmeas para os leitões e o armazenamento de reservas de Se por eles depende de três fatores: absorção, transferência e retenção nos tecidos. Em 2006, Surai relatou que a transferência do Se orgânico das matrizes para os leitões é mais eficiente e promove uma maior retenção nos tecidos dos leitões. A melhora na retenção de Se orgânico comparada com a do inorgânico é explicada principalmente pelo armazenamento não específico de seleno-metionina no lugar de metionina na proteína corporal que pode ser mobilizada para a produção ativa de seleno-proteínas, como glutationa peroxidase (GPx), uma das principais enzimas antioxidantes. No entanto, nos leitões que recebem suplementação com uma solução antioxidante (vitamina, polifenol e minerais traço como Se) durante as duas semanas subsequentes ao desmame, o Se plasmático apresentou a mais forte correlação negativa com as ROS plasmáticas.
A suplementação com Selênio durante o desmame ou período inicial pós-desmame é igualmente crucial, pois a absorção de Se também depende da fonte fornecida. Fonte pura de Selênio, a seleno-hidróxi-metionina (HMSeBA, Selisseo®), incorporou-se ao fígado (ver Figura 2) e aos músculos (ver Figura 3) com 40% e 60% mais de eficiência do que a Se-levedura em leitões jovens, respectivamente. Essa deposição eficiente melhora o status de Se e de antioxidante em leitões jovens e melhora o status antioxidante.
Manejo do estresse oxidativo para melhorar a saúde dos leitões - Image 2
Manejo do estresse oxidativo para melhorar a saúde dos leitões - Image 3
De fato, se a seleno-metionina é a forma como o corpo armazena o Selênio, a forma ativa nas seleno-proteínas ativas, tais como GPx, é a seleno-cisteína (Se-Cis), e o fornecimento de HMSeBA aumenta ainda mais esta Se-Cis quando comparado com a seleno-metionina da Se-levedura. Com base na melhora demonstrada na transulfuração da hidróxi-metionina comparada com a metionina em leitões, o que leva à melhora do status antioxidante, a estimulação da transelenação leva à maior formação de selenoproteína, o que aumenta ainda mais o potencial antioxidante comparado com produtos baseados em seleno-metionina.
Quanto à preocupação habitual com o status sanitário e clínico dos leitões na fase de lactação e no desmame, o estresse oxidativo suscita interesse crescente, pois sempre aumenta durante esses períodos, mesmo sem sinais clínicos visíveis. Considerando este ponto, as estratégias antioxidantes precisam ser ajustadas com exatidão no intuito de fornecer todos os elementos necessários para sustentar os sistemas antioxidantes nos períodos críticos, como esta etapa inicial dos leitões. A melhora da saúde e da resistência nessas fases críticas não só aumenta o número de leitões vivos, mas também promove melhor crescimento nas fases subsequentes de crescimento-terminação.
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Autores:
Maria Spindola
Alura Animal Health
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Jose Guilherme Goncalves
Jose Guilherme Goncalves
29 de julio de 2015
Obrigado!
Maria Spindola
Alura Animal Health
29 de julio de 2015
Prezado Daniel, Apenas retificando o email acima: guilherme.goncalves@adisseo.com Aguardamos seu retorno, Abs
Jose Guilherme Goncalves
Jose Guilherme Goncalves
29 de julio de 2015
Olá Daniel! Podemos lhe fornecer mais artigos via email, ok? Segue meu email: guilherme.goncalves@adisse.com Abraço,
Daniel Medeiros De Noronha Albuquerque
29 de julio de 2015
Tem algum trabalho correlacionando melhora oxidativa com menor mortalidade de leitões na maternidade? obrigado.
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