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EXIGÊNCIA INDIVIDUAL E GRUPO DE TREONINA PARA SUÍNOS EM CRESCIMENTO.

Publicado: 12 de maio de 2016
Por: ALINI MARI VEIRA¹; LUCIANO HAUSCHILD¹; RENAN DI GIOVANNI ISOLA¹; DANI PERONDI¹; LUAN SOUSA DOS SANTOS¹ ¹Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP-Jaboticabal.
Sumário

O objetivo do presente estudo foi avaliar as respostas de um grupo de suínos em crescimento com diferentes níveis de treonina na dieta. Foi realizado um experimento com sete suínos machos castrados com peso vivo médio inicial de 21,66±0,77 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, em que a unidade experimental foi o animal. O período experimental foi dividido em adaptação (oito dias) e coleta de dados (21 dias). Foram formuladas duas dietas experimentais semi-purificadas, a primeira isenta de aminoácidos e proteína e a segunda dieta com 1,70% de Lisina digestível, por meio da mistura das duas dietas foi possível estabelecer sete níveis intermediário de treonina digestível. A coleta de fezes e urina foi realizada diariamente. Foi determinado balanço de N, por meio do consumo de N e excreção de N das fezes e urina. Os dados obtidos foram ajustados ao modelo linear response plateau (LRP) para cada animal e para o grupo, a fim de avaliar a retenção de N em função do consumo de treonina. O modelo linear response plateau (LRP) demonstrou ótimo ajuste aos dados com coeficiente de determinação geral de 0,91. Quando avaliado individual identificou-se um ajuste máximo de 0,99 e mínimo de 0,92. As respostas individuais e em grupo de retenção de nitrogênio para os níveis de ingestão de treonina obtidos neste estudo fornecem informações relevantes sobre a variabilidade dos indivíduos, podendo ser usadas para melhorar os modelos estocásticos, programas nutricionais e genéticos de maior precisão.

 

Palavras-chave: aminoácidos; dose-resposta; retenção de nitrogênio.


Introdução
A determinação acurada dos aminoácidos é fundamental para máxima resposta da população. Alguns aminoácidos como a treonina é essencial para mantença e crescimento dos suínos, pois é utilizada para a síntese da proteína muscular, de mucina no sistema gastrointestinal e imunoglobulinas (NICHOLS & BERTOLO, 2008). Os principais métodos utilizados para determinar a exigência de treonina para suínos são dose-resposta, que se baseia na resposta média da população, ou fatorial, que se baseia na resposta de um indivíduo médio. Porém estes métodos não levam em consideração a dinâmica das exigências e a variabilidade entre os indivíduos dentro de uma população (HAUSCHILD et al., 2010). Quando se estima a resposta individual ou de grupo de diferentes a diferentes ingestões de um nutriente a variabilidade deve ser levada em consideração, a fim de aumentar a precisão das estimativas. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar as respostas de um grupo de suínos em crescimento com diferentes níveis de treonina na dieta.
 
Material e Métodos
Foi realizado um experimento na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, (UNESP – FCAV) no Laboratório de estudos em Suinocultura. O período experimental foi dividido em adaptação (oito dias) e coleta de dados (21 dias). Utilizou-se sete suínos machos castrados com peso vivo médio inicial de 21,66±0,77 kg. Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, em que a unidade experimental foi o animal. Foram formuladas duas dietas experimentais semi-purificadas, a primeira isenta de aminoácidos e proteína e a segunda dieta com 1,70% de Lisina digestível (SID lisina), por meio da mistura das duas dietas foi possível estabelecer sete níveis intermediário de SID treonina. As dietas foram formuladas conforme as exigências preconizadas por Rostagno et al. (2011). Os animais foram alimentados durante três días com cada uma das sete dietas. O consumo de ração foi controlado, sendo fornecida para cada animal 2,6 vezes a sua exigência de energia de mantença (250 kcal de energia metabolizável/kg0,60) conforme preconizado por Noblet et al., 1993. A coleta de fezes e urina foi realizada diariamente e separadamente conforme a dieta que estava sendo fornecida, assim como preconiza Sakomura e Rostagno (2007). Foi determinado balanço de N, por meio do consumo de N e excreção de N das fezes e urina. Assumiu-se que a quantidade de treonina na proteína corporal de um suíno em crescimento corresponde a 24% de N retido (SHIELDS & MAHAN, 1998) e foi realizada estimativa da retenção de N. Os dados obtidos foram ajustados ao modelo linear response plateau (LRP) para cada animal e para o grupo, a fim de avaliar a retenção de N em função do consumo de treonina. Os dados foram ajustados pelos procedimentos NLIN e NLMixed do pacote estatístico SAS (SAS Inst. Inc., Cary, NC, USA).
 
Resultados e Discussão
O modelo linear response plateau (LRP) demonstrou ótimo ajuste aos dados com coeficiente de determinação geral de 0,91. Quando avaliado individual identificou-se um ajuste máximo de 0,99 e mínimo de 0,92 (Tabela 1).
 
Tabela 1 – Parâmetros de modelos LRP entre a retenção de nitrogênio (NR) e consumo de treonina (Treint) e os valores calculados da inclinação (b), ponto de quebra (I) e de platô (NRp).
EXIGÊNCIA INDIVIDUAL E GRUPO DE TREONINA PARA SUÍNOS EM CRESCIMENTO. - Image 1
 
No modelo LRP, gerado pelo processo NLIN, para todos os animais a ingestão foi determinada como 41,89g de treonina. Sendo 42,42 g o valor mais evado, enquanto o valor mais baixo encontrado foi 34,16 g, correspondente a uma diferença de ingestão de treonina de 19% da resposta máxima. Já para a retenção de N, o valor mais alto foi 66,71 g, e o menor de 49,48 g, representando uma diferença de aproximadamente 25%. Não houve correlação significativa entre os valores de inclinação e de platô (r = -0,34; p = 0,41) ou entre valores de inclinação e ponto de quebra (r = 0,02; p = 0,97). No entanto, houve uma correlação positiva entre os valores de ponto de quebra e platô (r = 0,72; p = 0,04). A importância da variabilidade individual entre animais tem sido observada por várias décadas, mas poucos estudos avaliaram seus efeitos sobre estimativas das exigências de aminoácidos (POMAR et al., 2003). O método utilizado para avaliar as respostas individuais no presente estudo, mostrou que há uma variação individual na retenção de N em função do consumo de treonina. O método de ajuste do procedimento NLMIXED incluiu os efeitos aleatórios de um modo gradual, permitindo quantificar a variabilidade dentro do grupo para a ingestão de treonina e retenção de N, de forma diferente de alguns estudos anteriores (COMA et al., 1995; SALDANA et al., 1994 ), que aplicaram métodos que consideraram apenas a resposta média da população. O coeficiente de variação do parâmetro retenção de N foi de 9%, o que é consistente com os estudos de Heger et al., (2007), que verificou coeficiente de variação de retenção de N de 6% para o consumo de treonina em suínos com 45 kg de peso vivo. Os animais provavelmente possuíam potencial genético muito semelhantes, o que pode explicar a baixa variabilidade entre as respostas individuais. Quando o grupo de suínos é heterogêneo, isto é, quando existe uma variabilidade entre indivíduos mais ampla, os resultados obtidos com esta metodologia podem ser significativos, pois a variação na retenção de N detectada no presente estudo foi de apenas 9%.
 
Conclusões
As respostas individuais e em grupo de retenção de nitrogênio para os níveis de ingestão de treonina obtidos neste estudo fornecem informações relevantes sobre a variabilidade dos indivíduos, que podem ser usadas para melhorar os modelos estocásticos, bem como desenvolver estratégias, programas nutricionais e genéticos de maior precisão.
 
Agradecimentos
Os autores agradecem (Projeto nº. 2012/03781-0) a Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) por financiar este projeto.
 
Referências Bibliográficas
1. COMA, J.; CARRION, D.; ZIMMERMAN, D.R. Use of plasma urea nitrogen as a rapid response criterion to determine lysine requirement of pigs. Journal of Animal Science 73: 472-481. 1995.
2. HAUSCHILD, L.; POMAR, C.; LOVATTO, P. A. Systematic comparison of the empirical and factorial methods used to estimate the nutrient requirements of growing pigs. Animal 4: 714-723. 2010.
3. HEGER, J.; KRIZOVA, L.; SUSTALA, M.; NITRAYOVA, S.; PATRAS, P.; HAMPEL, D. Assessment of statistical models describing individual and group response of pigs to threonine intake.
4. Journal of Animal and Feed Science 16: 420-432. 2007.
5. NICHOLS, N. L.; BERTOLO, R. F. Luminal Threonine concentration acutely affects intestinal mucosal protein and mucin synthesis in piglets. Journal of Nutrition 138:1298-1303. 2008.
6. NOBLET, J.; SHI, X. S. Comparative digestibility of energy and nutrients in growing pigs fed ad libitum and adult sows fed at maintenance. Livestock Production Science 34: 137-152. 1993.
7. POMAR, C.; KYRIAZAKIS, I.; EMMANS, G.C.; KNAP, P.W. Modeling stochasticity: Dealing with populations rather than individual pigs. Journal of Animal Science 81: 178-186. 2003.
8. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T.; EUCLIDES, R.F. Tabelas brasileiras para aves e suínos; composição de alimentos e exigências nutricionais. 3ed. Editora UFV, Viçosa, MG, Brasil. 2011.
9. SAKOMURA, N.K.; ROSTAGNO, H.S. Métodos de pesquisa em nutrição de monogástricos. Jaboticabal: FUNEP. p.283. 2007.
10. SALDANA, C.I.; KNABE, D.A.; OWEN, K.Q.; BURGOON, K.G.; GREGG, E.J. Digestible threonine requirements of starter and finisher pigs. Journal of Animal Science 72: 144-150. 1994.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Luciano Hauschild
UFSM - Universidad Federal de Santa María
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Dani Perondi
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