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O processo de gestão agropecuária como instrumento do desenvolvimento regional para a agricultura familiar

Publicado: 27 de setembro de 2013
Por: Adelina Azevedo Botelho (Adm. Emp., PqC do Polo Regional Noroeste Paulista/APTA).
No processo de gestão agropecuária a propriedade rural deve ser vista e administrada como uma empresa. Qualquer empresa precisa ter retorno para garantir a sobrevivência e a prosperidade, e isso vale tanto para propriedades familiares quanto patronais. Portanto, o processo de gestão pode ser aplicado na atividade familiar agrícola, por meio de adoção de práticas administrativas.
A aplicação do processo de gestão dá suporte à atividade rural em busca da redução de riscos e de melhores resultados na produção e na lucratividade; auxilia o produtor na minimização dos custos de produção; na captação de crédito; no aumento da produtividade e em uma melhor qualidade de seus produtos. Proporcionando também uma melhor distribuição de renda proporcionando em estar e melhor qualidade de vida, fixando o homem e sua família no campo.
Existem produtores rurais localizados em regiões com condições naturalmente favoráveis, com amplo mercado e crédito disponível e que, apesar disso, não obtiveram sucesso em suas atividades. A capacidade de gestão da atividade, ferramenta essencial para garantir competitividade e maior controle da produtividade pode ser a principal diferença entre estes produtores.
Destaca-se que a agricultura familiar tem grande capacidade de gerar emprego e distribuir renda. Enquanto a agricultura empresarial emprega uma pessoa a cada 60 hectares, a agricultura familiar necessita de apenas 9 hectares para gerar o mesmo emprego (EMBRAPA, 1998).
A propriedade familiar ocupa pequenas áreas e explora ou utiliza sistemas produtivos intensivos em mão de obra (FAO, 1999). Dessa forma, poderá absorver toda a mão de obra ainda existente no meio rural.
A agropecuária de base familiar pode, ainda, ocupar espaço no mercado com produtos diferenciados, agregando valor a partir do uso de tecnologias adequadas, com novas estratégias de mercado, que vão atender o anseio do atual consumidor. A qualidade e produtividade são parâmetros essenciais para a competitividade e manutenção no mercado atual (OLIVETTE et al. 2000).
A região Noroeste Paulista é formada por pequenas propriedades e em sua maioria com agricultura familiar (LUPA, 2007/2008), podendo ter um melhor desenvolvimento com a implantação do processo de gestão agrícola em suas propriedades, transformando–as numa empresa rural.
Pode-se citar como exemplo a produção de leite que é explorada em quase todos os países do mundo e apresenta grande importância para a alimentação humana devido ao seu alto valor nutritivo e geração de renda a milhares de produtores (CREVELIM, SCALCO 2009).
Uma característica marcante dessa atividade e de fundamental importância para agricultura familiar é a geração de renda contínua desta atividade, sendo um suporte para outras atividades ou até mesmo manutenção da propriedade gerando renda e viabilizando a pequena propriedade rural.
A produção de leite ocorre em diferentes graus de especialização na atividade, desde os mais modernos, usando tecnologias avançadas, até os de subsistência, com técnicas rudimentares e pequena produção diária (EMBRAPA, Comunicado Técnico nº.39).
O processo de gestão contribui para a condução da atividade, melhorando a capacidade gerencial dos produtores como uma ferramenta a mais, melhorando os índices de produtividade, aumentando a qualidade do produto, proporcionando maiores lucros e menores custos e maximizando o uso de recursos disponíveis dentro da propriedade. Além disso, contribui com o planejamento da atividade, o estabelecimento de metas e padrões, fazendo uma análise e integração do ambiente interno (dentro da porteira) e ambiente externo (fora da porteira).
 
Referências
CREVELIN, Sandra Aparecida; SCALCO, Andréa Rossi Processo de implantação do projeto agricultura familiar gado de leite: avaliação das práticas gerenciais. Informações Econômicas, SP, n.11, nov.2009.
EMBRAPA. Balanço Social. Brasília, 1998.150p.
ZOCCAL, Rosangela; Cem recomendações para o bom desempenho da atividade leiteira. EMBRAPA. Comunicado Técnico nº. 39.
FAO. Novo retrato da agricultura familiar: o Brasil redescoberto.
Brasília, dez.1999. 66p. (Convênio INCRA/FAO). Mimeo.
OLIVETTE Mário Pires de Almeida et al; EMPREGO E RENDA: o processo participativo como instrumento para o desenvolvimento regional. . SP, V.30, n.10, out.2000.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Instituto de Economia Agrícola. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo - LUPA 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2008. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/ projetolupa>.
***O trabalho foi originalmente publicado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 
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Autores:
Adelina Azevedo
APTA
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Fernando Fonseca
8 de julio de 2014

O governo coloca terra na mão de quem não tem capacidade para gerenciar nem para dar assistência técnica, isso é o que acontece.

Kleber Severino da Rocha Faria
22 de junio de 2014

Concordo com o amigo Engenheiro Agrônomo, pois muitos dos colegas pecuaristas desconhecem os métodos de gestão das empresas e que também são aplicados nas propriedades rurais. Contudo esse problema não será corrigido entre nós usuários da internet e detentores de conhecimento acadêmico, mas pelos nossos governantes que estão exigindo maior produtividade por hectare explorado, se fazendo necessário a intervenção da extensão rural principalmente nas regiões mais isoladas, pois são nessas regiões que se localizam as pessoas mais desprovidas de informação de como aumentar a produtividade de suas terras e animais.
A população mundial está crescendo, o mundo cada vez mais nos exige mais eficiência na produção de alimentos, então não adianta dar terra às pessoas que não tem conhecimento e capacidade para fazê-la produzir e mantê-las lá a custo de cestas básicas, construção de casas, etc., elas não irão resolver o problema dos estoques baixos de alimentos. Se faz necessário uma intervenção associada a uma fiscalização das propriedades rurais para que haja intensificação da produção de alimentos e isso é papel do governo.

Antônio Carlos Coutinho
27 de mayo de 2014

Realmente, o "grande pecado" do Agricultor Familiar é baixa capacidade gerencial, não monitorando os processos e custos de produção!
A Extensão Rural "peca" em não priorizar ações nesse sentido!

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