Porque e como devemos vermifugar nossos cavalos

Devemos vermifugar nossos cavalos para evitar danos aos animais e prejuízos aos proprietários. Estes danos podem ser desde queda de performance, perda de peso, pêlo opaco, até a morte por cólica verminótica.
Segundo o censo de 2007 - do IBGE, o Brasil possui aproximadamente 6 milhões de eqüinos, e de acordo com os dados do mercado veterinário brasileiro, apenas 750.000 animais são vermifugados duas a três vezes por ano. Este é um número muito baixo se comparado ao potencial de mercado do Brasil.
Quando vamos vermifugar um cavalo não podemos esquecer que o vermífugo é apenas uma das ações necessárias para se ter o controle dos endoparasitas (vermes) em nossa criação. Os seguintes fatores devem ser sempre levados em conta:

1. Idade do animal: Os animais jovens são mais sensíveis à verminose do que os animais adultos.

2. Raça: Certas raças como por exemplo, PSI, Quarto de Milha, Árabe, são mais sensíveis à verminose do que outras como Campolina, Mangalarga Marchador e Crioula.

3. Éguas prenhes: Devido à presença do hormônio progesterona que mantém a gestação e ocasiona uma diminuição nas defesas da égua, estas tornam-se mais sensíveis à verminose do que as éguas vazias.

4. Tipo de piquete: Os piquetes mais úmidos também propiciam um maior desenvolvimento dos ovos e das formas larvais dos vermes.

5. Alimentação: Animais que recebem uma boa alimentação e suplementação de minerais são mais resistentes à infecção parasitária do que os animais debilitados.

6. População: Quanto maior a população de cavalos em um mesmo piquete/pasto, maior a contaminação por ovos e larvas de vermes nos mesmos.

 

Os vermes são classificados em:

- Nematóides ou vermes redondos
- Cestóides ou vermes chatos, também conhecidos como tênias.

OBS: Larvas de Gasterophilus sp não são vermes, mas sim larvas de moscas que habitam o estômago dos cavalos.

 

- Avermectinas: Os vermífugos pertencentes à essa classificação são aqueles à base de ivermectinas, abamectinas e moxidectin que atuam sobre 100% dos vermes redondos e não apresentam ação ovicida. Produto no Mercado: IVERMIC (Microsules)

- Pirimidina: O vermífugo pertencente à essa classificação é o pamoato de pirantel com ação limitada nos vermes redondos e eficácia de 87% sobre as tênias na dose de 6,6 mg/Kg p.v. e uma eficácia de 93,7% sobre as tênias na dose de 13,2 mg/Kg p.v..

- Benzimidazóis: Os vermífugos que pertencem à essa classificação são os produtos à base de mebendazole, fenbendazole, etc. Esses produtos só atuam sobre formas adultas de vermes redondos, sendo já diagnosticada a resistência de várias espécies destes vermes à esta base.

- Produtos Associados : ivermectina + praziquantel - O vermífugo é 100% eficaz contra vermes redondos, tênias e larvas de Gasterophilus sp . Produto no Mercado: IVERMIC T (Microsules.)

Ivermectina + pamoato de pirantel - O vermífugo é 100%  eficaz contra vermes redondos e larvas de Gasterophilus sp, 87% de eficácia contra as tênias.

Mebendazole + Triclorfon - : Os vermífugos que pertencem à essa classificação apresentam boa ação frente às larvas de Gasterophilus sp, não apresentando boa ação frente aos vermes redondos e nenhuma ação sobre as tênias. Além disso, vermífugos à base de triclorfon não devem ser utilizados em éguas prenhes pois podem causar aborto.

O exame de fezes chamado de OPG é muito importante para se ter uma idéia do grau de infecção por vermes em nossa criação. Mas é importante ressaltar que esta técnica apresenta falhas como por exemplo, na maioria das vezes não é possível diagnosticar a infecção por tênias, infecção por Oxyuris equi ( verme redondo) - que provoca prurido anal intenso e casos de diarréia provocados por Cyathostomum spp.( verme redondo).
Portanto, o exame de fezes ( OPG) é muito importante para monitoração do grau de infecção por endoparasitas ( vermes redondos) presentes nos cavalos da propriedade.

O OPG ( exame de fezes) nos indica quando devemos vermifugar os animais pois à partir de 200 a 400 Ovos Por Gramas de fezes é o momento em que devemos lançar mão de um vermífugo.
Na impossibilidade de se fazer este exame de OPG é indicado um intervalo de 60 dias entre uma vermifugação e outra.

Os potros podem ser vermifugados à partir da quarta semana de vida, sendo prática comum intervalos de 30 dias entre uma vermifugação e outra até o primeiro ano de vida.
É fundamental que éguas prenhes sejam vermifugadas em média a cada 60 dias com produtos que não possam causar aborto, ou seja, com produtos que não contenham em sua fórmula o triclorfon.

Como já foi comprovada a resistência de vermes redondos sobre produtos derivados de benzimidazóis e à base de pamoato de pirantel e não foi comprovada cientificamente a resistência de vermes redondos frente à ivermectina, abamectina e moxidectin damos preferência ao uso contínuo de produtos da família das avermectinas ou produtos associados como por exemplo, ivermectina + praziquantel para que se obtenha um maior espectro de ação sobre o controle de 100% dos vermes redondos, larvas de Gasterophilus sp e tênias.

Com base nestes dados, você já pode analisar e tirar suas conclusões se está realizando um bom controle parasitário dentro do seu haras, ou não. É muito importante que você sempre consulte um médico veterinário para garantir a boa saúde de seus animais.