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Frangos Intoxicados Aflatoxinas Dieta

Desempenho produtivo de frangos de corte intoxicados com diferentes concentrações de aflatoxinas na dieta

Publicado: 20 de novembro de 2007
Por: CA Mallmann, P Dilkin, RH Rauber, CE Pereira, MR Dal’berto, AO Mallmann / Laboratório de Análises Micotoxicológicas – DMVP/CCR/UFSM. Santa Maria, RS, Brasil.
Aflatoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos do gênero Aspergillus, principalmente A. flavus e A. parasiticus, que são contaminantes naturais de cereais, comumente utilizados na preparação de dietas para frangos. A presença e magnitude da contaminação aflatoxínica varia em função de fatores geográficos e estacionais, também pelas condições de cultivo, colheita e armazenamento do produto agrícola (O.M.S., 1983). Segundo Tanaka et al. (2001), o desenvolvimento e a formação das aflatoxinas em alimentos são dependentes de uma série de fatores, principalmente daqueles relacionados à umidade, à temperatura, oxigênio e constituição do substrato. Dados do Laboratório de Análises Micotoxicológicas da Universidade Federal de Santa Maria, que faz um monitoramento micotoxicológico de matérias-primas e alimentos destinados à nutrição humana e animal, demonstram que, no ano de 2006, mais de 40% dos alimentos analisados apresentaram contaminação por aflatoxinas (Lamic, 2007). O presente trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho de frangos de corte submetidos à intoxicação com diferentes concentrações de aflatoxinas na dieta.


Material e Métodos


As aflatoxinas utilizadas no experimento foram produzidas pelo cultivo da cepa toxígena de Aspergillus parasiticus (NRRL 2999) em arroz, conforme metodologia desenvolvida por Shotwel et al. (1966).

Foram utilizados 648 frangos de corte de 1 dia de idade, machos, foram alojados em gaiolas por 21 dias, com alimentação (ração isonutritiva e água) ad libitum. As aves foram divididas em 6 tratamentos conforme a dose de aflatoxinas utilizadas na dieta: T1= 0 μg/kg; T2= 50 μg/kg; T3= 250 μg/kg; T4= 500 μg/kg; T5= 1000 μg/kg e T6= 3000 μg/kg.

A observação clínica dos animais foi feita duas vezes ao dia, em todos os dias do experimento.

O peso das aves e o consumo foram mensurados semanalmente (7, 14 e 21 dias).

Os dados obtidos, referentes ao ganho de peso e consumo de ração, foram submetidos à análise de regressão linear simples e à análise estatística descritiva (ANOVA) para cálculo de média e coeficiente de variação e as médias foram comparadas pelo teste de Bonferroni (P≤ 0,05).


Resultados e Discussão

As aves que foram alimentadas com ração contendo 1000 mg e 3000 mg/kg de aflatoxinas apresentaram sinais clínicos de aflatoxicose a partir da primeira semana do experimento, como amontoamento das aves nos cantos das instalações, prostração, apatia e palidez de crista, barbela e patas. Sinais clínicos semelhantes foram descritos por Giacomini et al. (2006) em frangos de corte alimentados por 42 dias com 3000 mg de aflatoxinas por kg de ração. Na Tabela 1 constam os dados do consumo médio de ração durante o experimento. Pode-se observar que doses de aflatoxinas a partir de 1000 mg/kg em condições experimentais interferem significativamente sobre o consumo de alimento destas aves.

Aos 21 dias, conforme a Tabela 2, as aflatoxinas demonstraram efeito significativo sobre o peso corporal nas aves que consumiram ração contendo 1000 e 3000 mg de aflatoxinas por kg de ração. O peso corporal, aos 21 dias apresentou-se dose dependente (R=-0,71), sendo que a dose de aflatoxinas administradas às aves foi inversamente proporcional ao ganho de peso corporal.

A incorporação de aflatoxinas ao alimento fornecido às aves não afetou significativamente a conversão alimentar, sendo que este parâmetro não é indicativo da contaminação por aflatoxinas, uma vez que tanto o consumo de ração como o peso corporal das aves são diminuídos na presença das aflatoxinas na dieta.


Conclusão

Segundo os resultados obtidos neste experimento, conclui-se que a presença de aflatoxinas na dieta de frangos de corte, durante os primeiros 21 dias de vida determina perdas significativas no desempenho destas aves. A partir da primeira semana do experimento já se pode observar como sinais clínicos, amontoamento das aves nos cantos das instalações, prostração, apatia e palidez de crista, barbela e patas. Parâmetros como consumo de ração e peso vivo são significativamente reduzidos nas aves que recebem aflatoxinas, sendo que esta redução é dependente da dose de toxina utilizada nas dietas.


Desempenho produtivo de frangos de corte intoxicados com diferentes concentrações de aflatoxinas na dieta - Image 1

Desempenho produtivo de frangos de corte intoxicados com diferentes concentrações de aflatoxinas na dieta - Image 2


Referências Bibliográficas

Giacomini LZ. et al. Desempenho e plumagem de frangos de corte intoxicados por aflatoxinas.

Ciência Rural, 36(1):234-239, jan-fev,2006 LAMIC – Laboratório de Análises Micotoxicológicas – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria – RS, Brasil. Tabelas de resultados, 2007. Acesso em abr. 2005. Online. Disponível na Internet: www.lamic.ufsm.br

Organización Mundial De La Salud (O.M.S.) Critérios de salud ambiental 11: Micotoxinas. O.P.S., Cidade do México, p.131, 1983.

Shotwel OL. et al. Production of aflatoxin on rice. American Society for Microbiology, Michigan, USA, 14(3):428-429, 1966.

Tanaka MAS. et al. Microflora fúngica de sementes de milho em ambientes de armazenamento. Sci Agric, 58(3):501-508, 2001.
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Autores:
CA Mallmann
LAMIC - LABORATÓRIO DE ANÁLISES MICOTOXICOLÓGICAS
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Adriano Olnei Mallmann
Pegasus Science
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Paulo Dilkin
LAMIC - LABORATÓRIO DE ANÁLISES MICOTOXICOLÓGICAS
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Ricardo Hummes Rauber
Vetinova - Strategic Animal Health
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Carlos A. Mallmann
LAMIC - LABORATÓRIO DE ANÁLISES MICOTOXICOLÓGICAS
14 de diciembre de 2012
Fernanda, O ACP (CPA) é encontrado associado as aflatoxinas com frequencia. O problema reside em isolar os efeitos usando a toxina em um estado mais concentrado em um numero maior de animais. Estou lhe comentando das condições existentes em Santa Maria. A produção do Ácido é muito complicada. Quanto a patogenia, existem publicações especializadas sobre ele na internet. Não me recordo de algum grupo brasileiro que trabalhe especificamente no tema. att
Carlos A. Mallmann
LAMIC - LABORATÓRIO DE ANÁLISES MICOTOXICOLÓGICAS
14 de diciembre de 2012
Patricia, o consumo numericamente pode apresentar algumas variações, especialmente em doses baixas. Observe que não há diferença estatística. Essa é uma das principais razões para que se use doses elevadas nos experimentos de avaliação de aditivos antimicotoxinas (adsorventes) o outros estudo controlados. att
Fernanda Do Prado
3 de octubre de 2012
Gostaria de saber se você também estudou sobre o ácido ciclopiazônico, outro metabólito tóxico do fungo do gênero Aspergillus. Qual a patogenia encontrada nos animais afetados com o ácido ciclopiazônico? Aguém teria esta informação? Obrigada, Fernanda
Patricia Rossi
Nutreco
16 de diciembre de 2008
Dr. Mallman Gostaria de saber o motivo do consumo medio e peso medio das aves que receberam dietas com 250 e 500 ug/kg de aflatoxina ser numericamente maior quando comparado com a dieta controle (0 ug/kg). Pois eu esperava, que numericamente, esses valores fossem menores que o do controle. Obrigada. Patricia
Dennis Omar Molina Rios
19 de diciembre de 2007
Excelente trabajo Dr Mallman y colaboradores, muy clara la evidencia del efecto micotoxico de aspergilus. Cuales fueron los resultados, patologicos, tanto macro, como histopatologico, de los organos mas afectados, en la investigacion?, por ejemplo lesiones hepaticas visibles? Gracias y mi felicitacion por contribuir enormente en mi enriquecimiento en esta area Atentamente, Dr. Dennis Omar Molina R Medico Veterinario Independiente
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