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COMPREENDENDO OS TRANSTORNOS INTESTINAIS EM AVES E SUÍNOS

Publicado: 9 de março de 2015
Por: ¹ Gerente Técnico e Comercial– Aves e Suínos – Phytobiotics América Latina; ² Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios - Phytobiotics América Latina.
Distúrbios intestinais são certamente  a causa mais relevante de perda de desempenho animal. Estima-se que o trato digestório seja responsável por 70% de todas as reações inflamatórias que ocorrem nos animais, o que torna o papel do sistema imune fundamental para o equilíbrio intestinal e a manutenção da saúde animal.
A inflamação intestinal, se não for prontamente controlada, conduz a consequências adversas a produção animal, alterando o consumo, absorção e utilização dos nutrientes pelos animais.
Identificando as causas
Diversos fatores podem causar enterites:  bactérias patógenas oportunistas presentes no ambiente intestinal; toxinas originárias da oxidação lipídica e/ou presença de fungos no alimento; parasitas invasivos; vírus de  rápida disseminação, e até mesmo o próprio alimento. A presença de  nutrientes pró inflamatórios na ração, tais como, ômega 6 e gorduras saturadas, são inevitáveis.
Na prática, as causas de enterites são multifatoriais, e diversos agentes estão associados ao mesmo problema. Isto dificulta o diagnóstico preciso do quadro e consequente definição do tratamento adequado, ao mesmo tempo que a rápida evolução dos sintomas acentuam as perdas.
COMPREENDENDO OS TRANSTORNOS INTESTINAIS EM AVES E SUÍNOS - Image 1
Compreendendo a inflamação local
A inflamação é um importante mecanismo de defesa da resposta imune inespecífica. Ela é estabelecida minutos após uma infecção. Barreiras corporais como a pele, trato respiratório e a mucosa intestinal são confrontadas incessantemente por antígenos presentes no ambiente, inclusive o próprio alimento. Por isso, o sistema imune necessita estar constantemente decidindo se deve tolerar substâncias ou agentes invasores, ou lutar contra eles. Nessas primeiras barreiras de defesa, como o trato intestinal por exemplo, fica claro que existe um processo inflamatório (clínico ou sub clínico, de acordo com a intensidade) ocorrendo de forma constante. E além disso, muitas vezes essa resposta imune não acontece da forma ideal, e reações inflamatórias exageradas também podem ocorrer.
De maneira geral, a reação inflamatória intestinal se inicia com o reconhecimento do patógeno pelos enterócitos. Estes alertam os macrófagos, que por sua vez, coordenam o processo inflamatório através da produção e liberação de citosinas pró inflamatórias. Na mucosa, as citosinas estimulam a produção de peptídeos antibióticos pelas células de paneth e de muco pelas células de goblets.
Localmente, as citosinas ainda induzem a infiltração de células imunes nas vilosidades intestinais culminando com a destruição dos patógenos, mas também de células intestinais funcionais. É importante lembrar também que uma das reações básicas de todo processo inflamatório consiste na perda da função do tecido, o que para um intestino isso significa redução drástica da capacidade de absorção e digestibilidade de nutrientes e perda da capacidade de barreira da mucosa intestinal. O resultado: descamação, diarreia e um ambiente adequado para instalação de patógenos oportunistas.
COMPREENDENDO OS TRANSTORNOS INTESTINAIS EM AVES E SUÍNOS - Image 2
Sistemicamente,  as citosinas também atuam diretamente no tecido muscular e em órgãos vitais, como cérebro e fígado. As consequências são importantes mudanças fisiológicas que provocam a diminuição do apetite, aumento da demanda por nutrientes e consequente degeneração muscular.
Existem vários estudos recentes que mapeiam a demanda de energia e proteínas em um processo de resposta imune inata. Lochmiller e  Deerenberg (2000) afirmaram que uma inflamação local ou sistêmica pode canalisar mais de 30% da energia no organismo. Da mesma forma Klasing (1998) constatou que a demanda por aminoácidos e alguns micro minerais é claramente aumentada em períodos de processos inflamatórios.
Na prática, em animais de produção como aves e suínos os reflexos da inflamação intestinal  podem ser visualizados na redução de consumo, menor eficiência alimentar, perda de peso, menor rendimento de carcaça, presença de muco nas fezes e diarreias. Sintomas que em quadros mais graves e intensos podem levar inclusive a mortalidade animal.
Sendo assim, compor estratégias e práticas que contribuam para reduzir ao máximo o período em que os animais estão sendo acometidos por transtornos inflamatórios entéricos dentro das fases de criação pode ser determinante para o sucesso de um sistema de produção de aves e suínos.
Estratégias para o controle das enterites
Dentro da produção de aves e suínos, existem diversas estratégias de combate a inflamação intestinal. As práticas mais comuns consistem em desenhar um pacote de aditivos com o objetivo de combater diretamente ou neutralizar a ação de agentes infecciosos ou substancias pró inflamatórias. Dessa forma, são selecionados agentes anticoccidianos, promotores de crescimento, adsorventes de micotoxinas, antioxidantes, fitases, ácidos orgânicos, óleos essenciais e probióticos, por exemplo. Essa estratégia é considerada patógeno específica, focando eliminação das causas da enterite. Entretanto, mesmo adotanto esse pacote de aditivos como estratégia, o que se vê a campo nem sempre configura uma total eficiência, e se opta por mudar a composição do pacote de aditivos mesmo sem ter-se um diagnóstico preciso de qual aditivo havia falhado no combate ao seu patógeno alvo.
Por outro lado, medicamentos com ação anti inflamatória direta, esteroidais ou não esteroidais, são cada vez menos utilizados em produção animal por promoverem efeitos colaterais sistêmicos aos animais a longo prazo, comprometendo assim o processo de produção animal. Esses medicamentos acabam ficando restritos a utilizações terapêuticas dentro de tratamentos de enfermidades específicas e graves, cuidadosamente acompanhados por médicos veterinários.
Paralelamente a isso, alguns antibióticos propriamente usados como promotores de crescimento já têm sido destacados por conter características anti inflamatórias, especialmente por terem capacidade de se acumular em células inflamatórias e inibirem as respostas inflamatórias locais, porém com intensidade variável (Niewold, 2007). 
Atualmente, alguns extratos de plantas específicas que contém em sua composição alguns grupos de alcalóides vem sendo utilizados como aditivo para dietas animais de forma associada ou isolada aos pacotes de aditivos já atualmente utilizados, demonstrando bons efeitos na redução da inflamação a nível de mucosa intestinal, nos levando assim a uma nova estratégia para ajudar no controle de problemas entéricos em aves e suínos de produção. Estas categorias de aditivos representam uma revitalização da forma como nos posicionaremos no combate às enterites em aves e suínos, em um futuro próximo.   
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