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Farelo Algodão Alimentação Suinos

Farelo de algodão em dietas para suínos na fase de terminação formuladas com base em aminoácidos totais e digestíveis

Publicado: 12 de abril de 2011
Por: Antonio Carlos de Laurentiz (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira/ UNESP); Gabriela de Mello; Antônio Fernando Bergamaschine; Rosemeire Filardi; Danilo Augusto Buschin; Vivian Lo Tierzo
Resumo: Um experimento foi realizado para verificar os efeitos da inclusão de farelo de algodãonas dietas de suínos. Foram utilizados 48 suínos cruzados (Duroc x Moura), distribuídos em umdelineamento em blocos casualizado com esquema fatorial 3x2, constituído pela combinação detrês níveis do farelo de algodão (0, 10 e 20 %) e formulação de rações de acordo com duasrecomendações de aminoácidos (totais ou digestíveis), com quatro repetições de dois animais(um macho e uma fêmea) por unidade experimental. Para as rações permanecerem isonutritivas,com a substituição do farelo de soja pelo farelo de algodão, foram incluídos diferentes níveis deóleo de soja e de L-lisina, elevando assim o custo médio do quilo das dietas. As variáveisestudadas foram: ganho de peso médio diário na fase, consumo de ração médio diário econversão alimentar. A formulação de acordo com aminoácidos totais e digestíveis e os níveis deinclusão do farelo de algodão não comprometeram o desempenho animal (P>0,05), sendopossível incluir até 20% de farelo de algodão em rações para suínos na fase de terminação.
Palavras-chave: alimento alternativo, desempenho, moura 
Cottonseed meal in diets for swine in the finishing phase formulated on total and digestibleamino acids basis
Abstract: The experiment was conducted to evaluate the effects of crescent levels of cottonseedmeal in swine diets formulated according recommendations of total and digestible amino acids.Forty eight crossed (Duroc x Moura) swine were allotted to a randomized experimental blocksdesing in a 3x2 factorial arrangement with four replicates and two animals per experimental unit(one male and one female). The treatments consisted in a combination of three inclusion levelscottonseed meal (0, 10 and 20%) and feed formulation according two amino acidrecommendations (total or digestible). To the diets remain isonutritive, with the substitution ofsoybean meal by the cottonseed meal, were addicted different levels of soybean oil and L-lysine,thus raising the average cost of diets. The parameters studied had been profit of daily weight gainin the phase, daily feeding intake and feed gain ratio. The diets were formulated according torecommendations of total and digestible amino acids and the levels of cottonseed meal inclusiondidn't affect the animal performance (P>0.05). It's possible the inclusion up to 20% of cottonseedmeal in swine in the finishing phase.
Keywords: alternative feedstuffs, moura, performance 
Introdução
A utilização racional dos diferentes subprodutos da agroindústria na alimentação de suínosrepresenta uma alternativa para a diminuição nos custos com alimentação, sendo que a utilizaçãodestes depende basicamente da composição química, dos valores de digestibilidade e dadisponibilidade dos nutrientes (FERREIRA et. al., 1997). O farelo de algodão é o terceiro dosfarelos protéicos mais produzidos no mundo, sendo a maior parte utilizada na alimentação de2ruminantes. Sua utilização em rações para suínos, e monogástricos em geral, é limitada devido aoconteúdo de gossipol e baixa digestibilidade de aminoácidos essenciais, além do incerto valornutritivo da proteína desta fonte (PRAWIRODIGDO et al., 1997). O gossipol (C30H30O8), umpigmento polifenólico amarelo presente na semente do algodão, encontra-se na forma livre edurante o processamento, grande parte desse composto se liga às proteínas reduzindoconsideravelmente sua qualidade (CHIBA, 2000). Diante da escassez de informações sobre autilização do farelo de algodão em rações para suínos, e até mesmo da diversidade de resultados,uma alternativa para viabilizar a utilização deste ingrediente não convencional, é considerar adigestibilidade dos aminoácidos nas formulações, um procedimento que vem tornando-se cadavez mais comum. Dessa forma, o presente trabalho avaliou o efeito de rações contendo farelo dealgodão, formuladas com aminoácidos totais e digestíveis, sobre o desempenho de suínos nafase de terminação. 
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE), no setor desuinocultura da Faculdade de Engenharia UNESP - Ilha Solteira. O período experimental foi nafase de terminação dos 60 aos 90 kg de peso vivo, utilizando-se 48 suínos cruzados (Duroc xMoura).Os animais foram distribuídos em 24 unidades experimentais, em um delineamento emblocos casualizado em um esquema fatorial 3x2, constituído pela combinação de três níveis dofarelo de algodão (0, 10 e 20 % de farelo de algodão - FA) e duas recomendações deaminoácidos (totais - AAT e digestíveis - AAD), com quatro repetições de dois animais (ummacho e uma fêmea) por parcela. Cada baia apresentava as seguintes dimensões 1,75 x 1,45 m,equipada com bebedouro tipo vaso comunicante e comedouro tipo cocho com dimensões de 0,60x 0,29 x 0,14 m de profundidade.As rações experimentais fareladas foram formuladas baseado na composição química dosalimentos e nas recomendações de exigências nutricionais mínimas para fase de terminação, deacordo com Rostagno et al. (2005). Uma amostra de farelo de algodão foi enviada para olaboratório Labtec - Campinas/SP, para determinar as quantidades de gossipol livre econdensado, sendo estes valores, respectivamente, 385 ppm e 863 ppm. Para prevenirproblemas causados pelo gossipol, foi utilizado sulfato de ferro na proporção de 1:1 (ferro:gossipollivre). Durante o período experimental, as baias foram lavadas diariamente e a ração fornecidaduas vezes ao dia para evitar desperdício.As variáveis estudadas foram: ganho de peso médio diário na fase (GMD - g), consumo deração médio/dia (CRD - g) e conversão alimentar (CA - g/g). Os resultados obtidos foramsubmetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). 
Resultados e Discussão
Os resultados de desempenho, ganho de peso médio diário (GMD), consumo de raçãomédio diário (CRD) e conversão alimentar (CA), encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1. Efeito dos fatores sobre o desempenho dos suínos na fase de terminação 60 a 90 kg. 
Farelo de algodão em dietas para suínos na fase de terminação formuladas com base em aminoácidos totais e digestíveis - Image 1
Na fase considerada, não houve efeito significativo (P>0,05) das recomendações deaminoácidos ou dos níveis de inclusão do farelo de algodão sobre o consumo de ração médiodiário, ganho de peso médio diário e conversão alimentar. A ausência de efeito significativo dasrecomendações de aminoácidos sobre os parâmetros analisados pode ser atribuída ao fato dasdietas serem isoprotéicas e os níveis de lisina e metionina utilizados para a formulação das dietasserem superiores aos preconizados pelo NRC (1998). Para as rações permanecerem isonutritivas, com a substituição do farelo de soja pelo farelo de algodão, foram incluídosdiferentes níveis de óleo de soja e de L-lisina, elevando assim o custo médio do quilo das dietasde R$ 0,54 para R$ 0,57 e R$ 0,61, para inclusão de 10 e 20 % de farelo de algodão,respectivamente. Os níveis de farelo de algodão não afetaram adversamente o desempenho dosanimais, o que também foi constatado por Moreira et al. (2006), quando utilizaram 12% deinclusão de farelo de algodão na dieta inicial de suínos (15 a 30 kg). No mesmo estudo, foiavaliado ainda o efeito da adição de sulfato ferroso como forma de evitar o efeito tóxico dogossipol, sendo que mesmo na ausência do sulfato ferroso o maior nível de inclusão do farelo dealgodão não comprometeu o desempenho dos animais, o que foi justiçado pela baixaconcentração do gossipol. No presente estudo, o nível de gossipol no farelo de algodão (385ppm) também foi inferior ao limite máximo de 400 ppm, sugerido por Ezequiel (2002). 
Conclusões
O farelo de algodão pode ser utilizado em até 20% nas rações para suínos na fase determinação, entretanto, é necessária a inclusão de L-lisina, óleo de soja e sulfato de ferro nasrações, o que determina aumento no custo/kg de suíno produzido.
Agradecimentos
FAPESP - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo pela bolsa de ICFEPE - Fazenda de Ensino Pesquisa e Extensão - FE/UNESP - Ilha Solteira 
Literatura citada
CHIBA, L.I. Protein supplement. In: LEWIS, A.J.; SOUTHERN, L.L. Swine Nutrition. 2.ed. CRCPress. Boca Roton, p.813-815, 2000.
EZEKIEL, J. M. B. Farelo de algodão como fonte alternativa de proteína alternativa de origemanimal. In: SIMPÓSIO SOBRE INGREDIENTES NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL. 2, 2002,Uberlândia. Anais...Uberlândia: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 2002. p.137-162.
FERREIRA, E.R.A.; FIALHO, E.T.; TEIXEIRA, A.S. et al. Avaliação da composição química edeterminação de valores energéticos e equação de predição de alguns alimentos para suínos.Revista Brasileira de Zootecnia, v.26, n.3, p.514-523, 1997.
MOREIRA, I.; SARTORI, I. M.; PAINANO, D.; et al. Utilização do farelo de algodão, com ou semadição de ferro, na alimentação de leitões na fase inicial. Revista Brasileira de Zootecnia,v.35, n.3, p.1077-1084, 2006 (supl).
PRAWIRODGDO, S.;BATTERHAM, E.S. et al. Nitrogen retencion in pigs given diets containingcottonseed meal or soybean meal. Animal Feed Science and Technology. v.67, n.2-3.p.205-211, 1997.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; et al. Composição de alimentos eexigências nutricionais (Tabelas Brasileiras para aves e suínos). Viçosa: UFV, 2005, CD. 
 
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Autores:
Antonio Laurentiz
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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