Suínos / Manejo Nutricional da Fêmea Suína-Gestação

Fellipe Freitas Barbosa, zootecnista com mestrado e doutorado em nutrição e produção de monogástricos. Nutricionista da Agroceres Multimix Nutrição Animal.

Fellipe Freitas Barbosa

A matriz suína é onde tudo começa na suinocultura e todo investimento possível deve ser feito para que elas possam produzir e exibir seu máximo potencial genético. O desempenho de uma granja de suínos pode ser medido pelo número de desmamados por porca/ano e número de partos por ano. A nutrição e o manejo alimentar das fêmeas em reprodução são fundamentais para que se atinjam índices econômicos e reprodutivos satisfatórios.

As fêmeas mudam de peso constantemente durante todo o processo reprodutivo: ganham peso na gestação, perdem repentinamente no parto e perdem gradativamente na lactação. Há, portanto, uma inter-relação entre as etapas do ciclo sendo que os efeitos da nutrição em uma fase podem ser determinantes na outra.

Consumo de ração na gestação:

Os objetivos a serem atendidos pela nutrição são específicos para cada etapa. Na gestação o que se deseja é um alto número de nascidos, desenvolvimento das glândulas mamárias e um bom escore corporal. Dois problemas característicos quando pensamos em alimentação de fêmeas gestantes são:

1-A “superalimentação” das fêmeas pode ocasionar danos tanto de desempenho quanto econômicos como o gasto desnecessário com excesso de ração; desenvolvimento comprometido das glândulas mamárias (pelo excesso de energia) com consequente diminuição na produção de leite; além da redução da ingestão de ração na fase subsequente, a lactação.

2- A “subalimentação” leva a fêmeas muito magras, o que pode causar redução do desempenho reprodutivo do plantel, aumentar a mortalidade e diminuir o desempenho dos leitões na maternidade, além de aumentar a taxa de descarte de porcas.

A gestação é dividida em três etapas. O primeiro terço representa um período crítico de sobrevivência embrionária e baixo crescimento fetal. O excesso no consumo de nutrientes nesse primeiro terço pode gerar uma maior perda embrionária. A segunda etapa pode ser caracterizada pela chamada “correção corporal” e início do desenvolvimento mamário. Dessa forma, a nutrição tem de ser voltada para que o rebanho atinja o escore de condição corporal recomendado (conforme discutido a seguir).

E, finalmente, o terço final da gestação. As exigências da fêmea aumentam de maneira considerável, principalmente pelo crescimento fetal, que atinge níveis de até 70% nesse período. Em associação com o crescimento fetal, há também o desenvolvimento das glândulas mamárias.

Para a nutrição correta das matrizes nas três fases torna-se fundamental a presença do nutricionista dentro da granja, avaliando o plantel e recomendando o melhor programa alimentar para cada situação.

Condição corporal na gestação
Há 3 formas de avaliar a condição corporal das femeas durante a gestação:

1-Pesagem periódica e avaliação da espessura de toucinho com auxílio de um aparelho de ultrassonografia.

2-Escore de condição corporal, (um método que combina a avaliação visual e a estimativa das reservas corporais de gordura-Figura 11).
FIGURA 2 – Escore corporal visual da fêmea suína (muito magra, magra, ideal, gorda e muito gorda).

3-Avaliação do"status" metabólico, o critério capaz de permitir as fêmeas expressar todo o seu potencial produtivo.

STATUS METABÓLICO
Podemos nos assegurar que a matriz está num ótimo "status" metabólico, quando ela tem sua exigência nutricional atendida, em condições de poucos desafios seja do ambiente seja de sanidade e esteja produzindo de acordo com seu potencial genético e que seu desempenho não mereça reparos.

Considerações finais
Fica claramente evidenciado que os programas nutricionais devem atender os objetivos tanto na gestação quanto na lactação para que se possa tirar maior proveito do potencial genético das fêmeas modernas. Investimentos em genética, biosseguridade, ambiência, manejo e nutrição são fundamentais para que se obtenha máxima produtividade numa granja produtora de suínos.