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Vacina recombinante teste frango

Desenvolvimento de uma vacina recombinante e sua eficácia num teste com frango de corte

Publicado: 20 de outubro de 2011
Por: JA Morales 1, E Merino1, D García1, R Ortega1, N Christy1, D Marrufo1, R Cascante1, E Lucio1, M Cruz1, AE Absalón2, DV Cortés2, A Mariano2, A Vazques2 1Investigación Aplicada S.A. de C.V.,Tehuacan, Puebla, México; 2Instituto Politécnico Nacional, Unidad Profesional Adolfo López Mateos, Zacatenco, Delegación Gustavo A. Madero, Distrito Federal, México.
Sumário

Com o objetivo de conseguir um controle mais efetivo dos problemas causados pelo vírus da Doença de Newcastle (ENC) em regiões específicas, foi desenvolvida uma vacina viva recombinante que expressa o gene da proteína de alta patogenicidade hemaglutinina-neuraminidase (HN) de um vírus do genótipo V (Linhagem P05). Isso foi realizado através de técnicas de genética inversa. O vírus velogênico utilizado no desenvolvimento desta vacina foi modificado geneticamente no lugar de corte de sua proteína de fusão, com o objetivo de mudar seu genoma altamente patogênico a um similar ao da linhagem La Sota, e assim diminuir sua virulência. Realizou-se um experimento de campo para avaliar a proteção da vacina num lote de frangos de corte, além de seus efeitos nos parâmetros produtivos, em comparação com a aplicação de uma vacina com a linhagem La Sota. Os resultados para o grupo vacinado com o vírus experimental mostraram uma menor mortalidade, menor idade para venda, melhor conversão alimentar e melhor índice de produtividade. Também, determinou-se a excreção viral, que foi menor no grupo que recebeu a vacina experimental.
Palavras-chave: Doença de Newcastle, Homologia, Genótipo V, Vírus recombinante, Proteína de fusão.

Introdução
A presença do vírus da Doença de Newcastle em sua apresentação velogênica continua sendo um grave problema na avicultura em todo o mundo. As medidas de biossegurança e vacinação são, atualmente, os métodos de controle disponíveis mais efetivos para seu controle. No entanto, a diversidade antigênica e genética do vírus distanciou filogeneticamente as linhagens vacinais atuais dos isolamentos velogênicos recentes, encontrados na América Central, América do Sul (Miller et al., 2010), algumas regiões dos Estados Unidos (Peedersen et al., 2004) e do México pertencentes ao Genótipo V, da classe II (Perozo et al., 2008). A heterologia mencionada poderia facilitar a evolução do vírus da ENC virulento (Miller et al., 2007). Num estudo, Lucio et al.(2007), demonstraram a distância filogenética entre linhagens de campo isoladas no México e a linhagem La Sota, amplamente utilizada neste e outros países. Diversos estudos foram feitos para comparar a eficácia das vacinas utilizadas frequentemente e das vacinas com linhagens homólogas aos desafios (Miller et al., 2009). Existe evidência recente de que o uso de vacinas homólogas aos vírus de desafio pode reduzir a excreção viral. Miller et al. (2007) mostraram que uma vacina homóloga à linhagem de desafio (CA02 do genótipo V) reduziu a excreção viral oral significativamente mais que as vacinas heterólogas inativadas com linhagens como a B1 e a Ulster (Genotipo II e I respectivamente). Hu et al. (2009) mostraram efeitos semelhantes contra o vírus do genótipo VII.
O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma vacina com um vírus recombinante (quimera) que expresse o gene da hemaglutinina-neuraminidase de um vírus do Genótipo V (classe II), realizando uma modificação na sequência genética, no ponto de ruptura de sua proteína de fusão, e determinar sua eficácia contra a mortalidade diante de um desafio de campo, e seus efeitos nos parâmetros produtivos num lote de frangos de corte, assim como na excreção viral.
Materiais e Métodos

Desenvolvimento da linhagem vacinal recombinante recP05
O genoma em forma de ARN da linhagem La Sota foi proporcionado pelo Laboratório de Biologia de Investigación Aplicada S. A. de C.V. A linhagem P05 foi isolada em 2005 por Investigación Aplicada S.A. de C.V. e seu genoma em forma de ARN foi proporcionado pelo Laboratório de Biologia da mesma empresa.
Foi utilizado o método da transcriptase La Sota. Finalmente, foram construídos três vetores plasmídicos de expressão pIASAP, pIASANP e pIASAL para os genes P, NP e L do vírus P05 para as proteínas que conformam o complexo da ARN polimerase e se recuperou o vírus em células Hep 2, após ser infectado com o vírus "Vaccinia" modificado Ankara para expressar a ARN polimerase do bacteriófago T7. A construção final do genoma do vírus recombinante aparece na  figura 1.
Figura 1. Construção do vírus linhagem recP05.
Desenvolvimento de uma vacina recombinante e sua eficácia num teste com frango de corte - Image 1
Uso da vacina com linhagem recP05 num lote de frango de corte
Foi avaliada a proteção proporcionada pela vacina recombinante do genótipo V recP05 numa granja de frango de corte em que foram utilizados um total de 299.943 frangos da linhagem Ross, os quais foram divididos em 2 grupos: Grupo A de 96.869 frangos e Grupo B de 203.074 frangos. As aves de ambos os grupos receberam o mesmo manejo médico e zootécnico. Por isso, todas foram vacinadas com uma vacina bivalente a vírus inativo contra a ENC (genótipo V) e Influenza Aviária (A/Chicken/México/232/94CPA) em emulsão nos dias 1 e 10 de idade. Nos dias 10, 20 e 31 de idade as aves do Grupo A receberam a vacina experimental a vírus vivo de ENC, linhagem do genótipo V (recP05), enquanto que as do Grupo B receberam uma vacina a vírus vivo de ENC,  do genótipo II (La Sota). Na granja foram realizadas as mesmas prática de manejo, alimentação e biossegurança para ambos os grupos, e foram registrados os seguintes parâmetros produtivos do lote: total de baixas, porcentagem de mortalidade, idade média de venda, peso médio de venda, conversão alimentar, ganho diário de peso (GPD) e índice de produtividade. Foram coletados swabs traqueais nas 4ª, 5ª e 6ª  semanas para detecção de partículas virais por PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real. Foram realizados o isolamento e o sequenciamento genético do vírus.
Resultados & Discussão

Porcentagem de Mortalidade (%)
O Grupo A vacinado com vírus vivo com linhagem do Genótipo V mostrou uma mortalidade menor (4,76 %), com uma diferença de 12,17 % com relação ao Grupo B (16,93 %) vacinados com linhagem do genótipo II (Tabela 1).
Idade média de venda (dias)
El Grupo A vacinado a vírus vivo com linhagem do Genótipo V resultou com 0,8 dias menos para a venda (42,1 dias) em comparação com as aves do Grupo B vacinadas a vírus vivo com linhagem do Genótipo II (42,9 dias) (Tabela 1).
Peso médio de venda (gramas)
O Grupo A vacinado com a vacina experimental com vírus vivo recP05 mostrou 98g menos na venta (1.965 g) em comparação com o Grupo B vacinados a vírus vivo com linhagem do Genótipo II (2.063 g). (Tabela 1)
Conversão alimentar
O Grupo A vacinado a vírus vivo, linhagem do Genótipo V mostrou 0,056 melhor conversão alimentar ou 56 gramas menos de ração consumida por quilograma produzido (1.902), em comparação com o Grupo B vacinados a vírus vivo com linhagem do Genótipo II (1.958).
Ganho diário de peso (gramas)
O Grupo A vacinado a vírus vivo com linhagem do Genótipo V teve 1,34 g menos de GDP no final da criação (46.44 g) em comparação com o Grupo B, vacinados a vírus vivo com linhagem do Genótipo II (47.78 g). (Tabela 1)
Índice de produtividade
O Grupo A vacinado vírus vivo com linhagem do Genótipo V mostrou um melhor índice (214,40) em comparação com o Grupo B vacinados a vírus vivo com linhagem do Genótipo II (202,68). (Tabela 1)
Tabela 1. Parâmetros produtivos do lote e diferença de resultados entre Grupo A e Grupo B.
Parâmetro produtivo
Grupo A
Grupo B
Diferença
Grupo A vs. Grupo B
No. de aves
96.869
203.074
 
Idade média na venda (dias)
42,1
42,9
0,80 dias
Peso médio na venda (g)
1.965
2.063
- 98 g
Conversão alimentar
1,902
1,958
- 0,056
Ganho de peso diário (g)
46,44
47,78
- 1,34 g
% de Mortalidade final
12,17 a
16,93 a
- 4,76 %
Índice de produtividade
214,40
202,68
11,72
Na semana 4, o teste de PCR, em tempo real, foi positivo em ambos os grupos. No entanto, se observou um título maior de partículas virais no Grupo B vacinado com a linhagem La Sota, com uma diferença logarítmica (Tabela 2). Foi feito sequenciamento genético e identificado o vírus do genótipo V. O isolamento viral demonstrou a presença de vírus velogênico.
Tabela 2. Excreção viral. Resultados de PCR em tempo real de detecção de partículas virais em exsudado faríngeo.
Grupo A
Grupo B
Resultado
Título DI/mL
Resultado
Título DI/mL
Semana 4
Positivo
6.3X105
Positivo
2.04X106
Semana 5
Negativo
Não detectável
Negativo
Não detectável
Semana 6
Negativo
Não detectável
Negativo
Não detectável
Os resultados obtidos coincidem com o que foi observado por  Miller et al. (2007), que demonstraram que as vacinas elaboradas com vírus homólogos ao de desafio reduziram mais a excreção viral que as vacinas heterólogas, e por isso sugerem que as vacinas formuladas para ser filogeneticamente mais próximas ao vírus potencial de desafio podem facilitar o controle da ENC, reduzindo a transmissão a partir das aves infectadas. As vacinas utilizadas atualmente, em geral, protegem contra a morbilidade e a mortalidade em desafios de campo. No entanto, de acordo com van Boven et al. (2008) a efetividade das vacinas deve ser determinada, além disso, por sua capacidade para diminuir a excreção viral.
Conclusões
Nos últimos anos, cresceu o interesse por atualizar as linhagens vacinais contra a ENC, com o propósito de proporcionar uma maior proteção aos lotes, controlando a recirculação de vírus nas granjas pela excreção viral, que geralmente se detecta nas aves que recebem vacinas com linhagens heterólogas. O uso da vacina elaborada com um vírus recombinante de genótipo homólogo ao de um vírus de campo demonstrou que é possível oferecer uma adequada proteção contra a mortalidade e proporcionar um melhor controle da excreção viral, além de melhorar os parâmetros produtivos de um lote de frango de corte. Isto demonstra que são consistentes os benefícios obtidos com o aproveitamento dos avanços em tecnologia genética e com a análise da situação no campo, em relação a uma doença que continua preocupando tanto a indústria como a comunidade científica que procura melhorar os métodos de controle.
Bibliografia
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Lucio E, Morales A, Ortega R, Rodríguez A, Absalón A. 2007. Características de los virus de la enfermedad de Newcastle que circulan en México y sus repercusiones en protección y persistencia en las zonas afectadas. Tehuacán, Pue., México. Investigación Aplicada SA de CV e Instituto de Biotecnología del IPN, Tlaxcala, México.
Miller PJ, King DJ, Afonso CL, Suarez DL. 2007. Antigenic differences among Newcastle disease virus strains of different genotypes used in vaccine formulation affect viral shedding after a virulent challenge. Vaccine 25:7238-7246.
Miller PJ, Estevez C, Yu Q, Suarez D, King D. 2009. Comparison of viral shedding following vaccination with inactivated and live Newcastle disease vaccines formulated with wild-type and recombinant viruses. Avian Dis. 53:39-49.
Miller PJ, Lucio E, Afonso CL. 2010. Newcastle disease: Evolution of genotypes and the related diagnostic challenges. Infection Gen. Evol.10:26-35.
Pedersen JC, Senne DA, Woolcock PR, Kinde H, King DJ, Wise MG, Panigrahy B, Seal BS. 2004. Phylogenetic relationships among virulent Newcastle disease virus isolates from the 2002-2003 outbreak in California and other recent outbreaks in North America. J. Clin. Microbiol. 42:2329-2334.
Perozo F, Merino R, Afonso CL, Villegas P, Calderon N. 2008. Biological and phylogenetic characterization of virulent Newcastle disease virus circulating in Mexico. Avian Dis. 52:472-479.
Van Boven M, Bouma A, Fabri TH, Katsma E, Hartog L, Koch G. 2008. Herd immunity to Newcastle disease virus in poultry by vaccination. Avian Pathol. 37:1-5.
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